No texto em análise Tiago fala, dentre outras coisas, da importância da oração na vida do servo de Deus. Ele relaciona a oração ao consolo e livramento nos momentos de aflição, cura de doenças físicas e espirituais, busca do auxílio e da justiça divina. Para ilustrar o que escreve, Tiago invoca o exemplo de um eminente personagem do Antigo Testamento, o profeta Elias, homem tremendamente utilizado por Deus durante seu ministério profético, canal através do qual o poder de Deus se manifestou de forma magnífica.
Tiago faz referência a dois momentos marcantes na história do povo de Deus: a grande estiagem de três anos e meio que castigou Israel, e o retorno das chuvas ao fim desse tempo, eventos narrados em I Reis, 17:1, 18:1; 41-46.
O problema é que muitas pessoas podem fazer uma interpretação equivocada do que Tiago está dizendo em sua epístola quanto ao poder da oração. Considerando que ele apresenta os fatos relativos a Elias de forma bastante resumida, há quem acabe por concluir que Elias conseguia prodígios através da oração porque usava o expediente de “determinar”, e que, uma vez que Deus o havia ungido como profeta, fazendo repousar sobre ele o Seu Espírito, Elias poderia fazer o que quisesse através da oração, inclusive controlar os eventos da natureza, como a chuva.
Portanto, é necessário ter em mente que, quando Elias se dirigiu ao rei Acabe e anunciou que não haveria mais chuva sobre a terra (I Reis 17:1), ele não estava falando sobre a sua própria vontade ou sobre um ato sobrenatural que ele próprio realizaria. Não, Elias estava simplesmente retransmitindo a Palavra de Deus, o seu Senhor. Não foi o poder de Elias que fez cessarem as chuvas sobre Israel. Foi o poder de Deus. Se analisarmos a história relatada em I Reis, nos capítulos antecedentes, veremos que Deus estava extremamente insatisfeito com Israel, pois, guiado pelo rei Acabe, homem mau e desobediente, o povo havia se desviado de Deus, passando a adorar falsos deuses e a cometer pecados terríveis.
A seca prolongada foi uma disciplina imposta por Deus a Seu povo por causa dos pecados deles, e de sua relutância em obedecer aos mandamentos do Senhor.
Quando Elias se dirigiu novamente ao rei Acabe, notificado-o de que as chuvas voltariam (I Reis 18:41) também não estava falando por si mesmo, mas cumpria ordem de Deus (I Reis 18:1).
Em resumo, quem estava controlando os eventos da natureza (seca e chuva) era Deus, e não Elias, sendo este o canal através do qual Deus resolveu manifestar o Seu poder e levar Sua mensagem a Israel.
Então, quando Tiago nos incita a orar, citando Elias como exemplo, bem como os fatos sobrenaturais que ocorreram pela oração do profeta, não está dizendo que temos o poder de determinar o acontecimento do que desejarmos através da oração, como se fôssemos deuses, mas está, na verdade, nos orientando a orar segundo a vontade de Deus.
Sim, porque as orações que Elias fez para que cessasse a chuva e para que esta voltasse, foram feitas conforme a vontade de Deus, e por esta razão foram atendidas.
Desta forma, pouco antes Tiago fala sobre a oração que cura os enfermos, porque é da vontade de Deus curar (Jesus curou as pessoas que O conheceram); também é oração que produz quebrantamento, perdão e libertação, pois Jesus veio para trazer arrependimento aos corações, perdão e libertação aos cativos (Lc. 4:18-19).
Nossa oração tem que estar em sintonia com a vontade de Deus. Orações egoístas não serão atendidas (Tg. 4:1-3). Deus nos manda amar ao próximo como a nós mesmos. A oração que é conforme a vontade de Deus é aquela que está alicerçada no amor.
Portanto, não determine nada a Deus, pois Ele não está submisso a ninguém. Antes, submeta-se a Ele e procure conhecer a Sua vontade (Fp. 3:8-10). Ore colocando a vontade de Deus acima de tudo, como o próprio Jesus ensinou e fez (Mt. 6:10; Lc. 22:42). Seja obediente ao Pai, pois, como diz Tiago, “muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo” (Tg. 5:16), e justo nada mais é do que aquele que foi lavado no sangue do Cordeiro, Jesus Cristo, e prossegue obedecendo aos Seus mandamentos.
Ore com amor, fé, humildade e submissão a Deus. Essa oração, sim, chega ao Pai e os resultados, acredite, serão espantosos.
Fique em paz, e descanse no Altíssimo, que ouve as súplicas dos Seus filhos, e os acode nas suas necessidades.
Leia o Salmo 66 e medite nele.
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José Vicente
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