domingo, 7 de agosto de 2022

Virtudes para superar momentos difíceis

 


Filipenses 4.4-9

Atualmente vivemos em uma sociedade em que as pessoas enfrentam inúmeros problemas diariamente. Questões financeiras, familiares, de saúde, políticas, religiosas, contribuem para que as pessoas andem sobrecarregadas, preocupadas, inseguras, com medo e com a esperança se desvanecendo.

Isto, porém, não é algo restrito ao nosso tempo. Na época da Igreja primitiva os cristãos também enfrentavam situações aflitivas que eram capazes de comprometer a sua fé e gerar sofrimentos incontáveis.

Quando Paulo escreveu a Carta aos Filipenses ele se encontrava preso, muito provavelmente em Roma, por causa da pregação do Evangelho de Cristo. Os cristãos da cidade de Filipos mostraram solidariedade para com o apóstolo, enviando-lhe donativos para atender às suas necessidades e oferecendo apoio moral e espiritual para que ele permanecesse firme.

Paulo, nessa carta, agradece aos irmãos pela demonstração de amor, e renova orientações para que eles continuem a crescer como discípulos de Jesus Cristo, mantendo-se fieis mesmo em meio às perseguições que a Igreja sofria naquele momento.

As orientações de Paulo aos irmãos de Filipos se aplicam à Igreja de hoje, porque embora muitos séculos tenham se passado desde aquela época, as situações de perseguição, de sofrimento e de turbulências se repetem, mas com outras roupagens.

A Igreja de hoje necessita revisitar a Carta aos Filipenses para avivar em sua mente os ensinos apostólicos com relação ao Reino de Deus e à forma como os cristãos devem se portar neste mundo, enquanto aguardam o retorno de Cristo.

Vamos analisar o que Paulo ensinou aos filipenses, e que continua ensinando a nós, que somos Igreja de Cristo.

1)      Alegria no Senhor (v. 4)

Quando Paulo escreveu essa carta aos filipenses ele se encontrava preso por causa da pregação do Evangelho de Cristo. Para muitas pessoas esse seria um motivo para viver triste e reclamando, pensando até em desistir de tudo. Inclusive os cristãos de Filipos estavam tristes pela situação de Paulo. Todavia, em vez do preso ser consolado pelos que se encontravam em liberdade, estes é que foram consolados pelo prisioneiro.

Paulo exortou os filipenses a serem alegres. Mas ele não estava se referindo a uma alegria circunstancial, que depende dos acontecimentos da vida, e sim à alegria superior que tem quem vive para Jesus. Paulo falava de uma alegria espiritual. Por esta razão ele disse: “alegrai-vos no Senhor”. Ele não disse alegrai-vos nas riquezas, nas vitórias ou em qualquer outra coisa meramente terrena.

Essa alegria à qual Paulo se refere se manifesta mesmo em meio a tribulações, tristezas e sofrimentos. Quando Paulo e Silas foram açoitados e presos (Atos 16.22-25), em vez de chorar e murmurar eles estavam na prisão orando e cantando louvores a Deus, o que demonstra que, embora privados da liberdade e muito machucados, eles sentiam a alegria de pertencer a Deus e de poderem servir ao Senhor, sabendo que coisas excepcionalmente melhores lhes estavam reservadas na vida vindoura.

A Palavra não está dizendo que é pecado sentir tristeza, muito menos que devemos fingir sentir aquilo que não sentimos. Vejam que Jesus demonstrou tristeza ao falar sobre o que aconteceria a Jerusalém devido ao fato de rejeitar a Deus e ao Seu Filho. Ele também ficou triste quando seu amigo Lázaro morreu.

Na carta aos filipenses o próprio Paulo deixou claro que ele experimentava sentimentos de tristeza devido à sua situação. No capítulo 2, versículos 27 e 28, Paulo fala de Epafrodito, um companheiro que adoeceu gravemente e esteve à beira da morte, mas foi restaurado por Deus. Paulo afirma que a cura de Epafrodito demonstrou a compaixão de Deus não apenas para com aquele homem, mas também para com Paulo:

“Com efeito, adoeceu mortalmente; Deus, porém, se compadeceu dele e não somente dele, mas também de mim, para que eu não tivesse tristeza sobre tristeza. Por isso, tanto mais me apresso em mandá-lo, para que, vendo-o novamente, vos alegreis, e eu tenha menos tristeza.” (Filipenses 2:27,28)

A tristeza é um sentimento que faz parte do ser humano. O que a Bíblia nos ensina é que, apesar dos inúmeros motivos para termos tristeza, e embora o semblante algumas vezes possa expressar esse sentimento, a alegria nunca deve deixar de habitar nosso coração, de maneira que a tristeza não poderá encontrar morada permanente, mas apenas uma parada momentânea.

A alegria que deve encher o coração do cristão é baseada no amor que ele recebe de Deus, na salvação garantida por Jesus Cristo, na certeza do cuidado divino em todos os momentos, na esperança dos dias melhores que estão prometidos nas Escrituras.

Embora estivesse na prisão, Paulo certamente sentia o desejo de estar livre para continuar a pregar o Evangelho em diversos lugares, e isso lhe causava tristeza, mas ao mesmo tempo ele sentia alegria pelo fato de poder fazer parte de tão maravilhoso projeto de Deus para o ser humano, e se dispunha a servir a Deus em todas as circunstâncias, certo de que até mesmo preso poderia ser usado por Deus para alcançar vidas e glorificar ao Eterno.

Paulo sentia alegria pelo desenvolvimento espiritual dos filipenses (1.3-5), ao saber que outras pessoas estavam pregando o Evangelho, ainda que algumas tivessem interesses egoístas (1.12-18). Ele também se alegrava ao saber que os irmãos de Filipos estavam orando por ele, e porque aqueles cristãos demonstravam na prática o amor por meio da ajuda que prestavam ao apóstolo (4.10).

A alegria de Paulo era poder servir aos propósitos de Deus e ver o Evangelho transformando vidas, apesar das perseguições.

É interessante ver como há cristãos que não parecem cultivar essa alegria, porque vivem com semblantes carrancudos, murmuram constantemente, não conseguem ver nada de bom nos acontecimentos do dia a dia, olham para a vida e não enxergam o agir de Deus.

Pessoas que focam seu olhar apenas nas coisas negativas, nas dificuldades, e permitem que isso afete seu ânimo, sua confiança em Deus, sendo tomadas por tristeza e abatimento.

A alegria espiritual é decorrente de fixarmos nossos olhos em Jesus, de onde vem o nosso socorro, sustento, esperança, força e salvação. Nossa alegria vem do fato de termos uma esperança que não se frustra, com relação à vida no Reino de Deus e à completa libertação quanto às maldades deste mundo.

Alegremo-nos no Senhor, pois Ele cuida de nós em meio às turbulências, ainda que tudo pareça estar dando errado, porque “sabemos que Deus age em todas as coisas para o bem daqueles que o amam, dos que foram chamados de acordo com o seu propósito.” (Romanos 8:28)

 

2)      Moderação/amabilidade (v. 5)

No versículo 5 Paulo diz: “seja a vossa moderação conhecida de todos os homens”. Em outras versões, como a NVI, a palavra utilizada é amabilidade.

Paulo está exortando os cristãos a serem pessoas moderadas, amáveis, de fácil trato, capazes de agir com paciência e de retribuir com gentileza e amor a todas as pessoas, independentemente de como fossem tratadas.

Pessoas sem moderação tendem a ser destemperadas, impacientes, sem domínio próprio, prontas para retribuir na mesma moeda a quem as ofende ou lhes faz algum mal.

São pessoas que não conseguem se manter equilibradas diante de situações difíceis, perdendo a calma e o controle, o que acaba por lhes trazer consequências ruins, além de ser um péssimo testemunho da fé cristã.

Nossa referência em moderação e amabilidade é o Senhor Jesus Cristo, que demonstrava amor ao próximo mesmo em situações extremas, como no momento em que estava sendo levado para a morte na cruz.

Jesus não era uma pessoa explosiva, mas demonstrava grande equilíbrio emocional. Não falava sem refletir, antes, meditava no que iria dizer. Não era alguém que simplesmente reagia diante da fala alheia, mas tinha suas ações guiadas pelo amor e pela serenidade.

Paulo afirmou que essa moderação ou amabilidade deveria ser conhecida de todos, ou seja, não haveria de ficar restrita aos relacionamentos dentro da igreja, mas se estender a todas as pessoas com quem os cristãos viessem a ter algum contato, porque seria um testemunho eficiente da fé em Jesus diante do mundo, um traço que diferenciaria os cristãos dos ímpios.

O próprio Paulo, estando na prisão, procurava ser moderado e amável com todas as pessoas, pois tinha ciência de que deveria imitar o seu Senhor, Jesus Cristo, que tratava o próximo com atenção, respeitando as fraquezas e dificuldades de cada um.

E o apóstolo complementa dizendo: “Perto está o Senhor”. Na versão King James está traduzido da seguinte forma: “Breve voltará o Senhor.”

Trata-se de uma exortação para não descuidarmos de nosso modo de viver conforme o Evangelho de Jesus, porque o Senhor não tarda a voltar, e precisamos estar prontos para nos encontrarmos com Ele, além de precisarmos ser testemunhas fieis do Senhor para que o maior número possível de pessoas sejam alcançadas pelo anúncio das Boas Novas.

  

3)      Oração e gratidão em lugar de ansiedade (v. 6)

O apóstolo Paulo prossegue exortando os cristãos a não andarem ansiosos, mas a colocarem diante de Deus todas as suas necessidades, sempre com o coração grato pelo que Deus já fez em nosso favor.

É bastante elucidativa a tradução da Nova Versão Transformadora:

“Não vivam preocupados com coisa alguma; em vez disso, orem a Deus pedindo aquilo de que precisam e agradecendo-lhe por tudo que ele já fez.” (Filipenses 4:6)

A ansiedade é um problema sério que afeta milhares de pessoas no mundo. Trata-se de um estado psicológico em que a pessoa sofre antecipadamente por coisas que muitas vezes nem chegam a acontecer, ou por problemas que, em sua mente, tomam proporções muito maiores do que realmente têm.

Para a pessoa ansiosa, a simples possibilidade de um problema é suficiente para causar enorme sofrimento psicológico, com desgaste emocional que repercute em todo o corpo. Muitas pessoas sentem dores em várias partes do corpo e nem imaginam que são causadas pela ansiedade, como dor de estômago, dor de barriga, dores musculares, dor nas costas, dor na mandíbula, dor no peito, etc.

Existe um nível de ansiedade que se constitui em um problema de ordem psicológica e que muitas vezes necessita de auxílio profissional, todavia, o apóstolo Paulo nos afirma que o melhor caminho para evita a ansiedade causada pelas coisas da vida é entregar nossas necessidades e dificuldades a Deus por meio de oração e súplicas, sempre com ações de graças.

Orar é conversar com Deus, é dedicar um tempo à adoração, buscando ouvir a voz do Altíssimo. Esse ato de adoração não envolve pedidos, mas um diálogo com o Pai, um estreitamento desse relacionamento com nosso Senhor.

As súplicas são os pedidos propriamente ditos. Dizemos a Deus o que está nos afligindo e rogamos a sua providência, a sua atuação em nosso favor ou de outra pessoa para que determinada situação seja solucionada.

Ações de graças são os agradecimentos a Deus por tudo quanto Ele já fez e pelo que ainda fará em nossa vida.

Esses três elementos, oração, súplicas e gratidão, são essenciais para conseguirmos aquietar nossa mente e vencer a ansiedade, experimentando a paz que excede todo entendimento, conforme está prometido no versículo 7:

“E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará o vosso coração e a vossa mente em Cristo Jesus.” (Filipenses 4:7)

Quando Paulo diz que a paz de Deus guardará nosso coração, está falando de nossos sentimentos, que serão transformados por Deus. E ao falar que essa paz guardará nossa mente, está se referindo aos nossos pensamentos, pois experimentaremos serenidade, venceremos o medo e a insegurança, certos de que, em Cristo, estamos a salvo e temos ampla suficiência de tudo, e nada nos faltará (Salmo 23).

A paz de Deus afasta a ansiedade, traz harmonia, restaura o ânimo, revigora as forças e renova a alegria em nossa vida.


4)      Pensamentos dignos de um filho de Deus (v. 8)

Aqui, Paulo prossegue exortando os cristãos a cuidarem de seus pensamentos. Sabemos que nossas ações passam, antes de se tornarem reais, pela nossa mente, assim como tudo o que é criado pelo ser humano.

Um carro, por exemplo, é pensado e projetado antes de ser construído. O mesmo se diga para um edifício, uma casa, um telefone celular, uma cadeira, um lápis, etc. Primeiro, o objeto é criado no pensamento, e posteriormente ganha forma no mundo físico.

Da mesma forma, as coisas que fazemos passam primeiro por nossa mente, na forma de pensamentos. Quando nossos pensamentos são ruins, cheios dos valores do mundo, certamente nossas ações serão compatíveis com esse padrão de pensamento. Jesus disse que do coração humano é que vêm os adultérios, homicídios, maledicências, conforme vemos em Mateus 15.19:

“Porque do coração procedem maus desígnios, homicídios, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos, blasfêmias.” (Mateus 15:19)

Coração, no texto de Mateus, representa a fonte da vontade humana, que na verdade corresponde à nossa mente, onde estão nossos pensamentos.

Então, maus pensamentos geram más ações. Aquilo que ocupa nossa mente vai determinar como será nosso comportamento no dia a dia. E se cometermos erros e maldades, isso se deverá ao fato de nutrirmos pensamentos inadequados, enchendo nossas mentes com coisas que deveríamos lançar fora.

Ciente disto, Paulo conclama os cristãos a sondarem suas mentes e a cultivarem pensamentos bons, onde haja verdade, nobreza, pureza, honestidade, justiça, amabilidade, louvor, para que suas condutas possam refletir o exemplo de Jesus Cristo.

A melhor maneira de substituirmos os pensamentos ruins por pensamentos bons é alimentarmos nossa mente com aquilo que é saudável espiritualmente, ou seja, com a Palavra de Deus. Quando nossa mente está repleta da Palavra de Deus, nossa conduta será naturalmente guiada pelos princípios da Palavra, e o Espírito Santo terá um solo muito fértil para trabalhar e produzir o fruto do Espírito.

O problema é que grande parte dos cristãos acabam ocupando suas mentes com coisas que além de não acrescentarem nada de bom, ainda fazem surgir dúvidas quanto a verdades bíblicas, sutilmente incutem valores contrários à Palavra, abalam o valores morais até então cultivados e ameaçam a integridade do caráter do cristão.

A prática do cultivo de pensamentos bons deve ser incentivada desde a infância, com os pais ensinando aos filhos a Palavra de Deus, e dando-lhes o exemplo por meio de sua conduta diária. Mas o que acaba acontecendo é que as crianças são expostas fartamente a programas de televisão, filmes, desenhos, músicas e diversas mídias que vão transmitindo, gradativamente, valores mundanos e incompatíveis com a Palavra de Deus.

Portanto, vigiemos nossos pensamentos, porque a partir deles serão pautadas nossas ações.

  

5)      Vida de prática da Palavra (v. 9)

Após essas exortações, Paulo afirma aos filipenses que, uma vez que eles aprenderam, receberam, ouviram e viram os ensinamentos quanto ao Evangelho de Jesus, era necessário colocar em prática tudo quanto foi aprendido, por meio de uma vida de obediência.

Na vida cristã a teoria e a prática têm que caminhar juntas. De nada adianta se encher de conhecimento mas viver como se não conhecesse a Cristo. É ilusão memorizar textos bíblicos, ser profundo conhecedor dos estudos da teologia, saber o que é correto, mas não fazer o que se aprendeu, tendo uma vida de incoerência.

Desde o início da Bíblia constatamos que Deus requer de nós uma vida de obediência. Não foi à toa que Ele enviou profetas, Seu próprio Filho Jesus e os apóstolos para nos ensinarem sobre o Reino de Deus. Ele queria um povo fiel e obediente, que O honrasse por meio de um estilo de vida guiado por Seus mandamentos.

A prática da Palavra de forma obediente e fiel traz como resultado a presença marcante de Deus, conforme está prometido no fim do versículo 9: “e o Deus da paz será convosco”.

A obediência nos aproxima de Deus e nos torna testemunhas de Seu amor e Sua graça, de maneira que, assim como aconteceu com Paulo, também nós podemos ser usados como instrumentos para alcançar outras pessoas e glorificar a Deus por nossa vida.

 

CONCLUSÃO

A Igreja de Cristo continua a ser desafiada a se manter fiel à Palavra de Deus, mesmo em meio a adversidades e distrações com que se depara diariamente. E para vencer esse desafio, a Igreja precisa estar firmada na Palavra e repleta do Espírito Santo, cultivando uma vida de coerência com as Escrituras.

A Igreja deve ser instrumento de Deus para alcançar e transformar vidas por meio da pregação do Evangelho, e isto será feito por cristãos que mantêm o coração aquecido pela alegria de pertencer a Cristo, que são moderados e amáveis, que vencem a ansiedade por meio da oração com súplicas e ações de graças, que cultivam pensamentos dignos de filhos de Deus e vivem a fé que professam de maneira integral.

Esta é a Igreja que Paulo diz que deve resplandecer como estrelas em meio a um mundo cercado por trevas de corrupção e pecado (1.15).

José Vicente

JESUS PROCURA FRUTOS EM NÓS

 


Mateus 21.18-21

Os fatos narrados nessa passagem no Evangelho escrito por Mateus ocorrem em um período bem próximo ao fim do ministério terreno de Jesus, estando perto o momento do sacrifício de Jesus.

Ele intensifica as advertências quanto à dureza do povo de Israel e à sua falta de uma verdadeira comunhão com o Deus Altíssimo.

No mesmo capítulo, um pouco antes pudemos ver Jesus entrando em Jerusalém, seguido por uma multidão que proclamava: “Hosana ao Filho de Davi”. Na sequência, Ele expulsou do templo aqueles que estavam ali apenas buscando lucros, transformando aquele lugar em um comércio, desonrando a Deus. Jesus ainda curou cegos e coxos, e ao ser interpelado pelos líderes judeus, invocou as Escrituras para responder aos seus questionamentos e demonstrar a sua natureza divina e a sua autoridade.

Logo depois, Jesus foi para Betânia, onde passou a noite. Betânia era uma aldeia onde viviam seus amigos Lázaro, Marta e Maria.

E então chegamos ao momento em que, voltando para Jerusalém, Jesus sentiu fome e foi procurar figos em uma figueira cheia de folhas, nada encontrando.

Do texto é possível extrair lições valiosas. Vamos destacar algumas:

 

    1)   Jesus não pode ser enganado por aparências (v. 19)

O versículo 19 narra que Jesus, estando com fome, viu uma figueira cheia de folhas e foi procurar figos para comer. Não encontrando nenhum fruto, disse “nunca mais nasça fruto de você”, e a figueira secou. Parece algo sem sentido, principalmente quando lemos o texto paralelo, em Marcos (Mc 11.13), quando o evangelista esclarece que não era tempo de figos.

Ora, se não era tempo de figos, por que razão Jesus foi procurar figos naquela figueira? Será que ele não tinha conhecimento com relação às épocas em que as figueiras deveriam produzir seus frutos?

É óbvio que tanto Jesus como seus discípulos sabiam que não era tempo de figos. Entretanto, há uma particularidade que precisa ser observada para que possamos compreender o ensino que o texto nos traz. A figueira, ao contrário de outras árvores, produz primeiro os frutos, e somente depois vêm as folhas. Uma figueira cheia de folhas indicava que ela tinha frutos. E embora não fosse época de figos, o fato de aquela figueira estar com farta folhagem indicava que ela teria frutos temporãos.

A região onde Jesus estava possuía muitas oliveiras e figueiras. E naturalmente as figueiras estavam sem folhagem, justamente porque não era época de produzir frutos. Aquela figueira se destacava dentre as demais porque aparentava ter figos, devido à sua folhagem, e por isso Jesus foi até ela, e não procurou nas outras. Ele sabia que as outras não tinham fruto, mas aquela indicava que teria.

Todavia, nenhum fruto foi encontrado naquela figueira. Ela só tinha folhas, sua aparência era enganosa, e por isso Jesus disse que não mais nasceriam frutos dela.

A figueira no texto representa Israel (Jr. 8.13; Os. 9-10; Lc. 13.6-9). A situação de Israel era como a daquela figueira, pois estando infrutífera, a nação tentava passar uma imagem de saúde espiritual que não correspondia à sua realidade.

Israel tinha muita religiosidade, mas estava longe de Deus. Durante todo o ministério terreno de Jesus vemos que os líderes religiosos, em vez de ficarem felizes e glorificarem a Deus diante das curas realizadas, somente se dedicavam a encontrar meios de condenar Jesus, chegando até mesmo a dizer que ele expulsava demônios pelo poder do maioral dos demônios.

Verifica-se que, pouco antes, Jesus havia feito a purificação do templo (Mt 21.12-13), porque o local onde se deveria prestar adoração sincera a Deus foi transformado em um comércio onde a fé era fonte de lucro.

Muitas pessoas seguiam Jesus interessadas naquilo que Ele poderia lhes oferecer de imediato (alimento, cura, libertação), mas não estavam dispostas a ter suas mentes e seus corações transformados para que pudessem ter uma real mudança de vida.

Os líderes religiosos eram os principais a passar uma imagem enganosa, transmitido uma vida piedosa que não tinham. Não havia amor, arrependimento, solidariedade, humildade, etc., mas apenas a busca por vantagens pessoais.

Quem olhava para Israel via um povo religioso e poderia ser enganado por essa aparência, assim como a aparência da figueira enganava. As folhas da religiosidade cobriam a falta de frutos autênticos de uma vida santa e coerente com a Palavra de Deus.

Entretanto, o texto mostra que não é possível enganar a Jesus. Ele não se satisfaz com a aparência, mas procura por frutos entre as folhas.

O que Jesus ensina nessa passagem, porém, não é restrito a Israel, mas se aplica a todo o seu povo, alcançando também a nós, que fazemos parte de seu rebanho.

Assim como Israel era uma figueira enganosa, igualmente nós podemos nos encontrar em situação semelhante, preocupando-nos com nossa “aparência religiosa” e negligenciando o mais importante, a produção de frutos que demonstrem que realmente somos nascidos de novo.

A aparência da figueira era incompatível com sua realidade, assim como pode ser que nossa aparência não guarde coerência com o que está em nosso coração.

É possível que estejamos focados em seguir regras religiosas, cumprir compromissos religiosos, mas esquecendo do principal, que é a vida de comunhão autêntica com Deus, de obediência, de submissão à sua vontade expressada nas Escrituras.

Pode ser que estejamos nos esforçando para passar uma imagem que não corresponde de fato a quem nós somos, incidindo em um autoengano, porque acreditamos ser quem não somos.

Devemos lembrar, porém, que a Bíblia afirma claramente que Deus vê o coração, e não a aparência:

“Porém o Senhor disse a Samuel: — Não olhe para a sua aparência nem para a sua altura, porque eu o rejeitei. Porque o Senhor não vê como o ser humano vê. O ser humano vê o exterior, porém o Senhor vê o coração.” (1 Samuel 16:7)

Essa verdade ficou expressa na passagem da figueira, porque Jesus não se contentou com a aparência da árvore, mas foi até ela para procurar frutos, porém não os encontrou, ficando decepcionado com aquela propaganda mentirosa.

Não adianta tentarmos aparentar ser quem não somos. As pessoas podem até ficar iludidas conosco, mas Jesus vai além das folhagens, os olhos dEle vão ao nosso íntimo para sondar nossa essência e ver quem realmente somos.

Israel vivia uma espiritualidade falsa, sem coerência, e nós precisamos nos examinar para verificar se não estamos vivendo uma mentira, um autoengano, pois não temos como enganar nosso Senhor Jesus.

Ainda no versículo 19 Jesus disse: “nunca mais nasça fruto de você”.

Jesus demonstra que a mentira não será aceita no Reino de Deus. O fato de ter se secado a figueira nada mais é do que a representação da situação daquele que vive uma espiritualidade de fachada, mentirosa, sem frutos: uma vida seca espiritualmente, sem o fluir da água abundante que é o Espírito Santo de Deus.

Aquele que diz ser parte do povo de Deus mas não tem uma vida compatível, vivendo apenas de aparências, porém sem produzir frutos que glorifiquem a Deus, na verdade vive uma seca espiritual, e vai continuar assim, porque Jesus não quer mentirosos em Seu Reino, mas adoradores sinceros, que, embora sejam falhos, produzam frutos que demonstrem uma piedade verdadeira.

 

     2)   Jesus ensina a necessidade de uma fé operante (v. 21-22)

Os discípulos ficaram admirados ao verem que a figueira secou diante da palavra de Jesus, e quiseram saber como isso tinha acontecido. Jesus, então, ministrou um ensino que é profundo e trata da necessidade de cultivar uma fé operante.

Jesus afirma que se os discípulos tiverem fé e não duvidarem, ordenarão ao monte que se levante e se jogue no mar, e assim ocorrerá. E conclui que eles receberão o que pedirem em oração com fé.

Em primeiro lugar, devemos destacar o fato de que esse ensino de Jesus acaba por esclarecer que Israel não produzia frutos porque não tinha uma fé operante.

Toda a religiosidade de Israel não resultava em uma vida frutífera na presença de Deus, porque a fé que eles tinham não os levava a uma vida coerente com a Palavra. Era uma fé insuficiente para agradar a Deus, pois estava firmada em regras religiosas e sentimentos de autossuficiência.

Desta forma, era impossível que, com aquele tipo de fé inoperante, Israel conseguisse produzir frutos compatíveis com sua condição de povo de Deus.

A figueira é uma árvore cujas raízes são fortes, e se for plantada em áreas urbanas há até o risco de danificar estruturas de imóveis, de pavimentos públicos, etc. Ela se dá bem em locais onde há boa quantidade de água, crescendo com vigor e frutificando.

Israel era uma figueira cujas raízes não estavam firmadas na fé genuína em Deus e Sua Palavra, de maneira que a seiva que recebiam não vinha de Deus, uma vez que não mantinham comunhão verdadeira com Ele, e isto acabava por impedir que o povo frutificasse como deveria.

A fé operante é aquela que nos conduz não apenas a crer em Deus – o diabo também crê em Deus -, mas a agir em conformidade com essa fé, obedecendo à Palavra e nos empenhando para sermos pessoas melhores, como é o desejo de Deus.

É uma fé que não fica restrita a palavras, mas se traduz em atos no dia a dia, e que mostra coerência entre o que falamos e o que fazemos.

Sem a fé operante não há como produzir frutos.

Quando nossa fé é autêntica e operante, o Espírito Santo tem amplo espaço para produzir em nós o fruto do Espírito, que é maior evidência de que estamos sendo transformados por Deus e que somos figueiras frutíferas, e não apenas cobertas de folhas, sem frutos.

Em segundo lugar, a fé operante leva a crer no impossível e a não duvidar do que Deus pode fazer. Jesus usa um exagero de linguagem, chamado hipérbole, ao falar de ordenar ao monte para se jogar no mar, com a finalidade de ensinar aos discípulos que não existe nada impossível para Deus, e que é necessário crer firmemente nessa realidade.

É uma fé que conduz à certeza de que Deus atenderá à oração daquele que O busca com coração sincero e quebrantado.

É a fé que leva à perseverança na oração, que não duvida por mais difícil que seja a situação. É a fé que tem como objetivo principal cumprir a vontade de Deus, servir aos propósitos de Deus.

Na carta aos Hebreus é dito o seguinte sobre a fé:

“Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dele se aproxima precisa crer que ele existe e que recompensa aqueles que o buscam.” (Hebreus 11:6)

Portanto, a fé é o elemento chave no relacionamento com Deus. Orar com fé é o caminho para receber a resposta do Pai.

 

 

CONCLUSÃO

Somos desafiados pela Palavra de Deus a sermos figueiras frutíferas, não apenas com bela folhagem, mas cheias de frutos, ou seja, que nossa fé em Deus se exteriorize na forma de atitudes e palavras que sejam coerentes entre si e deixem evidente que somos discípulos de Cristo, como Ele afirmou em João 15:

“— Eu sou a videira, vocês são os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim vocês não podem fazer nada. Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam. Se permanecerem em mim, e as minhas palavras permanecerem em vocês, pedirão o que quiserem, e lhes será feito. Nisto é glorificado o meu Pai: que vocês deem muito fruto; e assim mostrarão que são meus discípulos.” (João 15:5-8)

Nessa passagem do Evangelho escrito por João, Jesus usa a figura da Videira, que é Ele próprio, sendo nós os seus ramos. A mensagem é a mesma da figueira: é necessário produzir frutos compatíveis com nossa fé em Jesus.

E o Mestre deixa claro que somente conseguiremos produzir frutos se permanecermos nEle. A sequência do texto em João evidencia que produzir frutos tem a ver com uma vida de obediência aos Seus mandamentos, onde o amor ao Senhor e ao próximo são os alicerces.

Que a nossa vida seja coerente com a fé que professemos, e que, firmados em Jesus, produzamos muitos frutos para a glória de Deus e para testemunho de Seu poder perante o mundo.

José Vicente

domingo, 26 de junho de 2022

Os filhos “sim-não” e “não-sim”

 


Texto base: Mateus 21.23-32

 

No capítulo 21 de Mateus vemos Jesus entrou em Jerusalém acompanhado de uma multidão que proclamava “Hosana ao Filho de Davi”. Logo depois, expulsou do templo os que praticavam comércio, e curou pessoas enfermas. Questionado pelos sacerdotes e escribas, invocou as Escrituras e deu a entender que era sobre Ele mesmo que as Escrituras falavam. Depois, foi para Betânia, onde ficou na casa de amigos. No outro dia, pela manhã, retornou à cidade, e no caminho procurou figos em uma figueira cheia de folhas. Nada encontrando, determinou que não mais nascesse fruto daquela árvore, e ela secou. Ali, ministrou também uma lição sobre a necessidade de ter uma fé inabalável em Deus.

Após esses acontecimentos, Jesus voltou ao templo para ensinar a Palavra de Deus. E nesse momento ele foi interpelado pelos lideres religiosos (principais sacerdotes e anciãos do povo), que queriam saber com que autoridade Ele fazia aquelas coisas (a purificação do templo, as curas e o ensino).

Jesus sabia que eles na verdade tinham a intenção de armar uma cilada para Ele. Afinal, diante dos fatos que haviam ocorrido, eles, como autoridades religiosas responsáveis pelo templo, tinham o direito de perguntar a Jesus com que autoridade ele estava ali fazendo aquelas coisas, mas dependendo da resposta de Jesus, ele poderia ser colocado em uma situação bastante complicada.

Eles queriam induzir Jesus a declarar que era o Messias, o Filho de Deus, para poderem acusá-lo de blasfêmia. E se Jesus dissesse que sua autoridade era terrena, poderiam denunciá-lo como um revolucionário inimigo de Roma.

Então, Jesus lhes respondeu lançando uma pergunta: de onde era o batismo de João Batista? Do céu ou dos homens? De Deus ou terreno?

E por que Jesus respondeu fazendo essa pergunta?

João Batista foi o profeta que veio para preparar o caminho do Messias. Ele pregou uma mensagem de arrependimento, denunciando o pecado e anunciando que o Reino de Deus estava próximo. Mas os líderes religiosos de Israel, embora tenham ficado interessados em João Batista, não acreditaram nele, pois não viam um profeta enviado por Deus. Tanto que não impediram que João fosse preso por Herodes, o que culminou com a sua morte.

Tanto João como Jesus receberam autoridade do Pai Eterno. Porém, se aqueles homens não reconheceram a autoridade outorgada a João Batista, também não reconheceriam a autoridade de Jesus, ainda que Ele lhes declarasse que fora enviado por Deus.

Como eles não souberam dizer de onde vinha a autoridade de João, então não adiantaria Jesus revelar que sua autoridade vinha do Pai Eterno, porque eles apenas utilizariam isso para acusá-lo, porque havia neles uma predisposição de não crer, afinal, eles já haviam visto Jesus fazer sinais que evidenciavam que Ele agia em nome de Deus.

Mas, para que aqueles líderes entendessem a consequência de sua postura incrédula, Jesus contou a parábola dos dois filhos (28-32).

Na versão da Bíblia Almeida Revista e Atualizada o primeiro filho foi o que disse sim, mas não cumpriu a palavra, enquanto o segundo disse não, mas foi trabalhar na vinha. Outras versões, como NAA, NVI e King James trazem a ordem invertida: o primeiro filho disse não, mas foi, ao passo que o segundo disse sim e não foi. Nesta reflexão estamos usando a Almeida Revista e Atualizada.

Para entendermos a passagem, é necessário identificar quem são os dois filhos da parábola.

Jesus disse que um homem pediu aos filhos para que fossem trabalhar na vinha. Essa vinha representa Israel, como em diversas outras passagens bíblicas. O primeiro filho representa os líderes religiosos, e o segundo filho, os publicanos, meretrizes e demais pecadores que havia no povo de Israel.

Os líderes (primeiro filho) ouviram a pregação de João Batista, todavia acharam que a mensagem não era para eles, e desprezaram o profeta. Ao fazerem isso, desprezaram o próprio Deus, que havia enviado João. Eles eram pessoas que julgavam conhecer muito as Escrituras, pensavam que com sua conduta agradavam a Deus, falavam coisas bonitas, ensinavam a Palavra, todavia sua conduta demonstrava que eles estavam muito longe de obedecerem a Deus.

Eles se consideravam justos, crendo que não necessitavam de arrependimento, e por isto não deram atenção a João Batista. Com sua conduta disseram “não” a Deus.

Já os pecadores (segundo filho), quando ouviram a pregação de João Batista, foram tocados, sentiram sua condição de pecadores, temeram a Deus e se arrependeram, sendo batizados por João. Embora sua vida tivesse sido de pecados, quando foram confrontados demonstraram arrependimento, e com sua conduta disseram “sim” a Deus.

Aprendemos algumas coisas muito importantes nesse ensino de Jesus.

 

     1)   A autoridade de Jesus está acima dos interesses humanos

Os líderes religiosos judeus já estavam cansados de ver Jesus ensinando a Palavra de Deus, curando pessoas enfermas, abrindo os olhos daqueles que não conseguiam ver o amor de Deus, porque isso se constituía em uma ameaça à sua posição de liderança e de privilégios na sociedade judaica.

Quando Jesus lhes respondeu com uma pergunta, podemos observar que, na verdade, a questão não era que eles não soubessem a resposta, mas queriam encontrar uma resposta que fosse mais conveniente e não os comprometesse.

Quando eles se reuniram para discutir sobre a pergunta de Jesus, não disseram: “de onde vem o batismo de João?”, mas, “se dissermos: do céu, ele nos dirá: Então, por que não acreditastes nele? E, se dissermos: dos homens, é para temer o povo, porque todos consideram João como profeta.” (Mateus 21:25,26)

A preocupação deles era com a sua própria situação diante do dilema colocado por Jesus. Eles queriam questionar a autoridade de Jesus, mas não pretendiam que a sua própria autoridade como líderes espirituais sofresse algum tipo de mácula.

Eles queriam colocar em dúvida a autoridade de Jesus para desacreditá-lo perante o povo. Afinal, se as pessoas deixassem de ver Jesus como um Mestre e parassem de segui-lo, eles voltariam a ter as atenções de todos apenas para eles mesmos.

Eles não queriam que as pessoas tivessem seus olhos abertos, antes, tencionavam que elas permanecessem presas ao sistema legalista que imperava, repleto de religiosidade, mas vazio da presença de Deus.

Entretanto, a autoridade de Jesus está acima de qualquer interesse humano, porque ela vem do Pai Eterno. A autoridade de Jesus é eterna e não depende da aprovação humana. Ele não precisa fazer prova de sua autoridade, e ela permanece pelos séculos.

Já os líderes religiosos daquela época, que se apegavam a coisas transitórias e negavam a autoridade de Jesus, viram a sua autoridade passar, testemunharam o Evangelho sendo anunciado por todos os lugares após a morte e ressurreição de Jesus, e puderam ver que ninguém pode se opor aos planos de Deus.

Não é raro que hoje muitas pessoas ainda procurem pretextos para negar a autoridade de Jesus, fazendo um esforço tremendo para sustentar aparências e privilégios meramente humanos.

Há, inclusive, muitos crentes que, para não se sujeitarem à autoridade de Jesus, procuram misturar conceitos bíblicos com filosofias e ensinos de outras religiões, minimizando, assim, a autoridade dos ensinos bíblicos, com vistas a poder atender às suas próprias conveniências, pois suas pseudojustificativas amparam suas condutas e elas não se sentem tão acusadas por sua consciência, que está cauterizada.

Mas o fato é que, quer queiramos ou não, a autoridade de Jesus é real e não depende de nossa vontade ou de nossas conveniências. Ele é Senhor sobre tudo e sobre todos, ainda que as pessoas insistam em discutir até mesmo sobre sua existência.

Jesus é o Filho de Deus, e recebeu do Pai autoridade sobre toda a criação, como Ele próprio afirmou: “Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.” (Mateus 28:18)

Portanto, em vez de perder tempo levantando questionamentos sobre a autoridade de Jesus, o mais sábio é aceitá-la e nos submetermos ao Senhoria de Cristo, ao contrário do que fizeram aqueles líderes judeus.

 

 

    2)   Os atos falam mais alto que as palavras

Os líderes religiosos de Israel foram representados na parábola pelo filho que disse “sim” ao pai, mas deixou de lado a ordem de ir cuidar da vinha, demonstrando desobediência.

Isto porque eles eram homens que conheciam as Escrituras, eram responsáveis por ensinar as pessoas e orientá-las quanto à Palavra de Deus, todavia, embora falassem coisas corretas, não obedeciam aos mandamentos do Senhor, pois sua conduta era oposta ao que ensinavam.

Jesus falou sobre eles em outras passagens, como, por exemplo, Mateus 23.2-3:

“Na cadeira de Moisés, se assentaram os escribas e os fariseus. Fazei e guardai, pois, tudo quanto eles vos disserem, porém não os imiteis nas suas obras; porque dizem e não fazem.” (Mateus 23:2,3)

Eram homens que oravam bonito, pregavam bem, falavam sim a Deus com seus lábios, todavia com seu modo de viver falavam não, porque eram egoístas, arrogantes, legalistas, tinham maior preocupação consigo mesmos do que com Deus e as pessoas a quem deviam ensinar.

Ainda no Evangelho escrito por Mateus Jesus disse o seguinte:

“Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens.” (Mateus 15:8,9)

Por outro lado, os pecadores (publicanos, meretrizes, demais pessoas) foram representados pelo filho que disse “não”, mas por fim obedeceu. Eles eram pessoas que viviam no pecado, mas quando João pregou a mensagem de arrependimento reconheceram que estavam fadados à condenação e se arrependeram, sendo batizados por ele.

Essas pessoas, que inicialmente haviam dito não, acabaram por dizer “sim” por meio de sua conduta de arrependimento e submissão a Deus.

O que falamos é importante, mas são as nossas ações que vão dizer o que realmente ocupa nosso coração. Isto porque é relativamente fácil falar coisas bonitas, cantar louvores, declarar amor a Deus e ao próximo, entretanto, colocar em prática o que dizemos é bem mais complicado quando o que confessamos não está arraigado em nosso coração, mas provém de mera religiosidade.

A Palavra nos ensina que professar a fé em Jesus com nossa boca é extremamente importante, conforme Romanos 10.9-10:

“Se, com a tua boca, confessares Jesus como Senhor e, em teu coração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação.” (Romanos 10:9,10)

O ensino de Paulo está coerente com o que Jesus ensinou, porque quando Paulo fala de confessar Jesus como Senhor, está falando de se submeter ao senhorio de Cristo, e isto envolve a atitude da obediência. Em Mateus 7.21 Jesus fez a seguinte afirmação:

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” (Mateus 7:21)

Portanto, não é o simples ato de falar e fazer declarações de fé, mas a adoção de uma forma de viver que demonstre que, de fato, a fé confessada é autêntica e se traduz em termos práticos no dia a dia.

Deus se agrada muito mais daqueles que, embora possam até ser relutantes no início, reconhecem sua necessidade de arrependimento e obedecem à Palavra, do que daqueles que vivem falando coisas bonitas e declarando amor a Deus, mas que negam essa fé por meio de atitudes incoerentes, tendo uma vida infrutífera.

Há uma coisa que Deus sempre quis ver em Seu povo, desde o início da criação, e continua sendo um requisito indispensável até hoje para diferenciar os crentes autênticos dos meros religiosos: a obediência!

E a obediência somente pode vir de corações transformados. Os líderes religiosos daquele tempo não tinham como obedecer a Deus porque seus corações não estavam em Deus, mas, sim, nos formalismos e legalismos da religião, bem como nos privilégios que eles tinham por serem homens de posição respeitável perante o povo, que gozavam de prestígio e eram egocentristas.

As pessoas que ouviram a pregação de João e se arrependeram demonstraram ter no coração a vontade de servir a Deus, elas sentiam fome de Deus e estavam sendo mal conduzidas pelos líderes que tinham bons ensinos teóricos mas, na prática, eram péssimos exemplos, porque não tinham real relacionamento com Deus.

Quem somos nós nessa parábola? O filho que disse sim, mas não obedeceu, ou o filho que disse não, porém depois obedeceu?

Nossas palavras encontram eco em nossas ações, ou a incoerência permeia nossa conduta e demonstra que, na verdade, estamos apenas cultuando a nós mesmos e não a Deus?

 

CONCLUSÃO

Ainda hoje os dois filhos da parábola de Jesus continuam existindo. Precisamos nos autoanalisar para verificarmos qual dos dois filhos nós somos. É essencial que sejamos o filho que obedece, que se submete a autoridade de Jesus e que o honra por meio de uma vida de imitação ao Mestre, caminhando com amor e firmeza na fé.

Diariamente devemos trazer à nossa memória a verdade bíblica de que nossos atos falam mais alto do que nossas palavras, e que deve haver coerência entre o que falamos e o que fazemos, porque somos testemunhas de Jesus Cristo perante este mundo.

Que o nosso sim a Deus seja um “sim” autêntico, refletido em uma vida de piedade e submissão à vontade do Pai.

Que o Espírito Santo de Deus nos capacite e conduza para que honremos ao Senhor com nossa vida no dia a dia, jamais servindo como motivo de vergonha ao Evangelho de Jesus.

 

José Vicente

domingo, 15 de maio de 2022

UM REI MUITO DIFERENTE

 


Mateus 21.1-17

Ao longo dos anos as pessoas sempre demonstraram um certo fascínio por histórias envolvendo reis. A figura do rei parece atrair muito a atenção das pessoas, e já foram escritos muitos romances que tinham como cenário um palácio e, algumas vezes, um rei destemido, nobre, que enfrentava grandes batalhas e se preocupava com seus súditos, ou um rei tirano que explorava o povo e era confrontado por algum herói popular como Robin Hood, etc. Enfim, não faltam histórias sobre reis na literatura mundial.

A figura do rei ainda existe em alguns países, como a Inglaterra, e chama a atenção das pessoas que têm curiosidade de saber mais sobre a vida da realeza.

O próprio povo de Deus demonstrou uma admiração pela figura do rei, quando, durante o período em que Samuel julgava a nação, pediu que fosse coroado um rei para governar o povo, assim como acontecia com as demais nações ao seu redor, o que deu início ao período da monarquia, sendo Saul o primeiro rei de Israel.

A Bíblia toda é centrada na história de um Rei. Esse Rei, porém, é muito diferente de todos os demais. É um Rei que vem da linhagem do rei Davi, mas é superior a Davi.

É um Rei cujo reino não é deste mundo, e que veio com uma missão muito árdua, de dar sua vida para que muitos tivessem acesso ao seu Reino Eterno.

O texto que lemos nos mostra o Rei Jesus entrando em Jerusalém, pouco tempo antes de sua prisão e morte na cruz. Naquele momento a reação das pessoas que o seguiam foi de reconhecimento de que Ele era o Messias, o Rei prometido a Israel, tanto que vinham gritando: “Hosana ao Filho de Davi”, que significa “salva-nos agora, Filho de Davi”.

Essas palavras estão no Salmo 118, conforme vemos a seguir:

“Oh! Salva-nos, Senhor, nós te pedimos; oh! Senhor, concede-nos prosperidade!

Bendito o que vem em nome do Senhor. A vós outros da Casa do Senhor, nós vos abençoamos.

O Senhor é Deus, ele é a nossa luz; adornai a festa com ramos até às pontas do altar.” (Salmos 118:25-27)

Além de clamarem “Hosana ao Filho de Davi”, as pessoas colocavam suas capas para que Jesus passasse sobre elas, e espalhavam ramos ao longo do caminho, lembrando o versículo 27 do Salmo 118,

Jesus realmente é o Rei, como nos afirmam as Escrituras Sagradas. Em suas mãos está o poder. O Pai lhe entregou o domínio sobre tudo o que existe, e Ele reina com poder e majestade.

Mas, Jesus é um Rei muito diferente, e isto pode ser percebido quando lemos sua biografia nos quatro Evangelhos que narram sua vida entre os seres humanos. Do texto lido vamos extrair alguns pontos que demonstram que Jesus é um Rei muito diferente.

 

     1)   Um Rei Humilde (v. 5)

No versículo 5 está dito o seguinte: “Dizei à filha de Sião: Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de animal de carga.” (Mateus 21:5)

Jesus foi um Rei muito diferente, porque Ele era humilde, tendo rejeitado por completo qualquer sentimento de arrogância. Ele sabia que era superior a todos os que ali se encontravam, mas não agia como se fosse melhor do que as pessoas que o seguiam, Ele não reivindicava para si nenhum glamour, nenhuma ostentação, pelo contrário, cultivava uma vida simples e se agradava da simplicidade em tudo.

Jesus era superior a todos os reis que o antecederam, inclusive o grande rei Davi, mas isso não o fez se portar de maneira orgulhosa, pelo contrário, Ele sempre agiu de forma humilde.

Em qualquer país do mundo o Chefe de Estado, seja o presidente da república, o imperador, o primeiro ministro ou o rei, quando sai em público é precedido por uma escolta formada por agentes da polícia federal, soldados, assim como a retaguarda também é coberta por pessoas que asseguram a proteção ao líder que ali está. E geralmente esses líderes contam com ministros e assessores que são muito bem preparados para ocupar essas funções.

E então, vemos o Rei dos reis entrando em Jerusalém sem pompa, montado em jumentinho, e não em carruagem real puxada por cavalos. Sem escolta de soldados, mas precedido de pessoas comuns e crianças. Sem uma comitiva de nobres conselheiros e assessores, mas apenas um pequeno grupo de homens rudes, que estavam aprendendo a ser pessoas melhores, e não políticos a serviço de um rei comum.

Em Jesus vemos um Rei que não estava interessado em atrair as atenções para si, mas queria em tudo que o Pai fosse conhecido e glorificado por todos.

Humildade é uma virtude que a cada dia parece mais distante das pessoas. Entretanto, quando nos lembramos de que servimos ao Rei dos reis, devemos ter em mente que não há como sermos maiores ou melhores do que Ele. Aliás, conforme Ele próprio afirma, o discípulo não está acima do seu Mestre, mas pode ser como o Mestre:

“O discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre.” (Lucas 6:40)

A humildade é um dos pilares da vida cristã. A Bíblia nos diz que essa virtude é agradável a Deus, enquanto o orgulho é rejeitado pelo Altíssimo.

Quando nossos olhos estão voltados para Jesus não há como sermos tomados pelo orgulho, porque o exemplo de nosso Mestre estará sempre em nossa mente. Basta nos lembrarmos de que o Rei dos reis foi humilde desde o seu nascimento até a sua morte na cruz, e nos chamou a aprender com sua humildade.

Não há sentido em estarmos debaixo do poder de um Rei humilde, mas agirmos como servos arrogantes!

Nos tempos em que a monarquia era o regime mais praticado no mundo, o rei era a cabeça de seu povo, o líder maior, o exemplo. Ao longo da história de Israel e Judá vemos reis que foram bons e outros que foram maus, e a conduta do povo variava de acordo com a índole de quem o governava.

A Igreja é governada pelo Rei Jesus. Ele é a cabeça da Igreja. E como Ele é humilde, todos os seus súditos também devem aprender com Ele a humildade, porque nós não somos maiores do que nosso Rei.

 

     2)   Um Rei Dotado de autoridade divina

Jesus expulsou do templo os que o estavam profanando, que haviam transformado o templo em local de comércio, em fonte de lucro. Aqueles homens poderiam ter resistido, ter enfrentado Jesus e se recusado a sair, mas não fizeram isso.

Afinal, quem era aquele homem que se achava no direito de expulsar do templo aqueles “trabalhadores” que estavam ali ganhando o pão de cada dia? O que os impedia de revidarem e continuarem praticando seu comércio livremente?

Eles viram autoridade em Jesus. Autoridade que não vinha dos homens, mas de Deus. Autoridade que o povo reconhecia, e que incomodava os líderes religiosos, pois era um risco à autoridade deles, pois esta tinha natureza terrena.

Aqueles homens viram que Jesus chegara acompanhado de uma grande multidão, e que Ele não era qualquer um. Eles ouviram as vozes que clamavam “Hosana ao Filho de Davi”. E certamente eles já haviam visto as obras de Jesus, pois Ele já estivera em Jerusalém em outras ocasiões.

Mateus já havia registrado que o povo via autoridade em Jesus por causa da forma como Ele ensinava, bem diferente dos líderes religiosos:

“Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.” (Mateus 7:28,29)

A autoridade de Jesus era inquestionável, e vinha do fato de que Ele era o Filho de Deus, tinha um amor incompreensível pelo ser humano, ensinava as Escrituras e era o primeiro a agir da forma como falava, dando o exemplo a todos. Jesus impunha respeito sem usar força ou intimidação, mas apenas sendo coerente, amando as pessoas e agindo com fidelidade ao Pai.

Em Mateus 28.18 o próprio Jesus fala sobre a autoridade que recebeu do Pai:

“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.” (Mateus 28:18 )

Até mesmo os demônios reconheciam a autoridade de Jesus e obedeciam prontamente à sua ordem, deixando livres pessoas que antes estavam possuídas, levando as pessoas a ficarem admiradas:

“Todos ficaram grandemente admirados e comentavam entre si, dizendo: Que palavra é esta, pois, com autoridade e poder, ordena aos espíritos imundos, e eles saem?” (Lucas 4:36)

Reconhecer a autoridade suprema de Jesus sobre nossa vida é essencial para que possamos compreender que já não pertencemos mais a nós mesmos, mas a Ele, que nos comprou com o seu sangue derramado a cruz.

E esse reconhecimento de Sua autoridade deve nos conduzir a uma atitude de respeito e obediência para com nosso Rei, e de cuidado para com a Sua Igreja.

Reconheça a autoridade de Jesus em sua vida e viva de forma a glorificar ao Rei Eterno e ao Pai Altíssimo, pois essa é a atitude que se espera dos súditos

 

     3)   Um Rei Acessível e Disposto a servir

Os reis não recebiam pessoas do povo a qualquer momento e para tratar de qualquer assunto. O acesso aos reis não era algo fácil de ser conseguido, assim como hoje não é tão simples conseguir uma audiência com o Presidente da República ou o Governador do Estado. Na verdade, é muito improvável que uma pessoa comum como eu e você consiga uma audiência com o líder máximo da nação ou o governador.

Jesus, porém, era um Rei muito diferente porque as pessoas tinham facilidade em chegar até Ele. Jesus era um Rei acessível, que não colocava obstáculos a quem o buscava. Não era necessário agendar dia e hora para falar com o Rei Jesus. E Ele não negava atendimento a ninguém, sempre se mostrando disposto a ouvir e ajudar as pessoas.

É interessante lembrar que Jesus é o Rei dos reis, está acima de qualquer autoridade constituída na terra. Ele é superior aos presidentes, reis, imperadores, governadores, ministros, mas enquanto estes são de difícil e, em alguns casos, de impossível acesso a pessoas comuns, Jesus se mostra acessível a todos que confiam nEle e que O buscam.

Portanto, o Rei a quem servimos é acessível e continua disposto a nos atender. Jesus ouve as nossas orações a qualquer hora do dia ou da noite, todos os dias da semana, sem necessidade de agendamento prévio. Para falar com Jesus não precisamos implorar a algum assessor ou pagar propina a algum agente corrupto, pelo contrário, nosso acesso a Ele é livre e só depende de fé e sinceridade.

Será que nós temos aproveitado esse livre acesso que temos ao Rei Jesus? Quanto nós valorizamos os momentos que passamos na presença do Rei Eterno?

E além de ser acessível, Jesus é o Rei que está disposto a servir.

Os reis eram servidos, tinham todos à sua disposição, eram venerados por sua posição. Jesus, ao contrário, disse que veio para servir às pessoas. Ali no templo vieram cegos e coxos e Jesus os curou. Jesus restaurou a saúde, a visão, a dignidade daquelas pessoas escravizadas por enfermidades e defeitos físicos.

Jesus se dedicou a servir, ensinando as pessoas sobre o Reino de Deus, curando, libertando, amando de forma incondicional.

O exemplo de nosso Rei deve ser seguido por nós, seus súditos. Servir é uma das mais dignas e difíceis missões que os discípulos de Jesus devem aprender com o Mestre. Difícil porque requer desapego, renúncia ao ego, amor prático e humildade.

 

     4)   Um Rei Apegado à Palavra de Deus

A entrada de Jesus em Jerusalém cumpria o que havia sido profetizado sobre o Messias. Quando confrontado pelos líderes religiosos, Jesus invocou as Escrituras. Em diversas passagens vemos Jesus citando as Escrituras para falar de si ou para rebater os que o confrontavam, inclusive quando o diabo o tentou no deserto.

Logo no início, quando Jesus diz aos discípulos para irem buscar um jumentinho, é esclarecido que cocm isto se cumpria a profecia dada por Zacarias, que assim dizia:

“Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta.” (Zacarias 9:9)

Jesus se preocupou em fazer tudo conforme havia sido escrito na Palavra de Deus.

No texto, quando os sacerdotes e escribas questionaram Jesus sobre o fato de que as crianças clamavam “Hosana ao Filho de Davi”, o Rei assim respondeu:

“Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor?” (Mateus 21:16)

Aqui Jesus está citando o Salmo 8, e por meio das Escrituras está transmitindo aos líderes que o interpelavam a mensagem de sua divindade, porque nesse trecho o Salmo 8 está se referindo a Deus.

Certamente aqueles líderes religiosos ficaram ainda mais furiosos diante da resposta de Jesus, e mais à frente eles acabaram tramando a sua morte.

Todo o ministério de Jesus na terra foi baseado nas Escrituras. Em nenhum momento Jesus se afastou das Escrituras Sagradas, pelo contrário, Ele mostrou como as Escrituram falavam a seu respeito e como Ele era o cumprimento de tudo quanto havia sido profetizado a respeito ao Messias, o Rei de Israel.

Com isso o Rei Jesus nos ensina que a principal arma a ser utilizada para refutar os ataques dos adversários e, principalmente, do diabo, é a Palavra de Deus, que deve embasar nossa fé, nossa conduta, nossa esperança.

A Palavra de Deus é o guia do servo de Jesus. Da mesma forma que Jesus se apegou às Escrituras e as cumpriu, Ele requer que nós também, como seus discípulos, sigamos o seu exemplo e tenhamos na Palavra de Deus nossa regra de fé e prática.

A Palavra de Deus nos dá ensino, encorajamento, testemunho para edificar nossa fé, advertências para não nos desviarmos do caminho de Deus, confrontação de nossos pecados. A Palavra nos mostra quem realmente somos e, quando somos sinceros e humildes, ela nos ensina o que fazer para mudar o que está errado em nós.

Nas Escrituras encontramos o testemunho sobre o Rei Jesus. Nas Escrituras encontramos o remédio de Deus para o pecado humano, o caminho para a redenção e a vida eterna.

Assim, valorizemos a Palavra de Deus assim como nosso Rei Jesus a valorizou, e vivamos por ela assim como Ele viveu.

 

CONCLUSÃO

Jesus é o Rei Supremo, entretanto, se dermos sequência à leitura do Evangelho Segundo Mateus, veremos que, embora a multidão O tenha reconhecido como Rei, não compreendeu que o seu reinado não seria político, mas, sim, espiritual.

Aquela mesma multidão que acompanhou Jesus na entrada de Jerusalém, e que via nEle o Messias prometido, pouco tempo depois gritava “crucifica-o”, porque houve a decepção de ver que Jesus não era um revolucionário que iria tomar o poder de Roma e libertar Israel do Império Romano.

Eles acharam que aquela entrada de Jesus em Jerusalém representava o início de uma nova era política, onde os romanos seriam derrotados e Israel veria sua restauração como nação. Eles não entenderam que Jesus vinha libertar Israel e os gentios do pecado e lhes assegurar um lugar no Reino Eterno que estava por vir.

A percepção errada da multidão não impediu a concretização dos planos de Deus, pois Jesus se deu em sacrifício, morreu na cruz, mas ressuscitou e nos assegurou a redenção e a vida eterna, sendo Ele o Rei eterno ao qual servimos.

O Reino de Jesus não é deste mundo, como Ele próprio disse a Pilatos:

“Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.” (João 18:36)

Nós, que recebemos a Jesus como nosso Senhor, Rei e Salvador, devemos cultivar a consciência de que o Rei a quem servimos não morreu para nos dar privilégios neste mundo, mas para nos assegurar um lugar em seu Reino Celestial eternamente.

Entretanto, enquanto estamos aqui, devemos nos lembrar de que somos cidadãos desse Reino Eterno, e embaixadores de Cristo na terra, servindo-O com amor, dedicação e fidelidade, de maneira que o Rei seja exaltado e honrado por meio de nosso testemunho.

José Vicente