segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

ESPÍRITO NATALINO

“E vós, irmãos, não vos canseis de fazer o bem.” (2 Tess 3:13)

É interessante como, nessa época de Natal, boas ações são praticadas em grande profusão, por pessoas as mais variadas, desde pobres até milionários, tendo como fundamento o espírito do Natal. Essas pessoas afirmam que, por ser período de Natal, uma data que mexe com o coração e traz (ou deveria trazer) uma mensagem de paz e amor, o momento é propício para a realização de obras de caridade, para tornar o Natal de outros um pouco mais feliz.

Assim, veem-se pessoas fazendo doações de brinquedos para as crianças carentes, alimentos para necessitados, roupas para os menos favorecidos, cestas de Natal para os empregados, enfim, diversos gestos que demonstrem bondade e amor ao próximo, pois o espírito do Natal é esse, ajudar os pobres, perdoar ofensas, demonstrar generosidade.

Mas será que isso é correto? Analisando do ponto de vista bíblico, encontramos base para que, no Natal, todos sejam tomados pelo espírito natalino e se tornem “boas pessoas”? Que me desculpem os que defendem essa prática, todavia a Bíblia ensina algo bastante diferente.

Em primeiro lugar, como já dissemos em outra postagem, o Natal deve ser lembrado e comemorado todos os dias do ano, e não apenas em 25 de dezembro, pois o nascimento de Cristo (a encarnação do Deus vivo em forma de homem) foi um momento marcante e único na história da humanidade, que mudou seus rumos para sempre, vindo trazer salvação aos que nEle creem, e condenação aos que rejeitam Seu chamado.

Leia em: Devemos comemorar o Natal?


Além disto, a Bíblia, que é a Palavra de Deus e contém os ensinamentos para uma vida conforme a Sua boa e amorosa vontade, nos ensina que amor, bondade, generosidade, caridade, são virtudes que devem ser cultivadas e praticadas durante cada instante de nossa vida, e não apenas em uma determinada época do ano.

Sabemos que muitas das atitudes movidas pelo espírito natalino são apenas uma fachada, pois o coração de quem pratica os atos de bondade estão, muitas vezes, impregnados de sentimentos que não têm nada a ver com amor. São pessoas que, não raramente, estão buscando compensar com tais atos tudo de ruim que fizeram durante todo o ano, como se isso fosse capaz de apagar os rastros deixados pela maldade, negligência, ganância, soberba, luxúria, exploração do próximo, etc.

Não adianta ser “bondoso” em um momento específico, se durante todo o ano não se observou a justiça, o amor, a caridade, a misericórdia. Quem explora as pessoas e cresce com base nessa prática detestável, não precisa se enganar achando que boas obras natalinas apagarão todo o mal feito. Quem rouba, engana, adultera, mente, corrompe, humilha o próximo, não espere uma boa colheita para sua vida. Deus conhece o coração e retribui a cada um segundo as suas obras, concedendo-lhe, ainda nesta vida, e também na vindoura, o pagamento por sua maldade (Salmo 94; Gl. 6:7). Deus requer de nós uma atitude contínua de amor ao próximo (Salmo 82; Gl 6:9-10).

Outros veem nessa prática uma forma de ganhar pontos no céu, julgando que, com boas obras, principalmente na época de Natal, terão o perdão de pecados e conquistarão um lugarzinho ao lado de Jesus no Reino de Deus.

Ora, há somente um ato que pode apagar todo o mal de nossas vidas, extirpar de nossos corações os sentimentos plantados pela filosofia materialista deste mundo, levar a uma verdadeira reconciliação com Deus e com os demais seres humanos, trazer o perdão dos pecados e nos garantir o acesso à Vida Eterna com Deus em Seu Reino: a fé em Jesus Cristo.

Eis o que diz a Escritura: “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie. Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” (Efésios 2:8-10)

Boas obras não salvam e não garantem perdão de pecados. A fé em Jesus Cristo, esta sim tem o poder de realizar esse feito maravilhoso, porque Ele, ao morrer na cruz e ressuscitar, pagou integralmente o preço do nosso pecado, e basta que nos entreguemos a Ele, vivendo conforme Sua Palavra, nEle confiando unicamente, para que obtenhamos a Vida Eterna, sem termos que fazer sacrifícios. As boas obras, então, passam a fazer parte da vida do cristão, não como forma de obter ou manter a salvação, mas como exteriorização dessa salvação, pois aquele que é salvo por Jesus, é transformado em uma nova criatura (2 Cor 5:17) e tem prazer em viver da forma como Jesus viveu (1 Jo 2:6), procurando fazer as obras que Ele fez, obras de amor a Deus e ao próximo (Mt 22:37-40; Salmo 146).

Obras de amor e caridade devem ser praticadas o tempo todo. Fazer isto apenas no período do Natal é uma hipocrisia, se no restante do ano estivermos concentrados somente em nós mesmos, vivendo à parte da vontade de Deus. Não há nenhuma mágica no Natal. O lobo não se tornara ovelha porque é Natal e fez algumas boas obras, de maneira nenhuma.

A única possibilidade de transformação é Jesus Cristo. As únicas boas obras que valem perante Deus são aquelas feitas como demonstração de verdadeiro amor ao próximo, sem sentimentos de barganha ou compensação, mas simplesmente com a vontade de cumprir o mandamento de amor que Jesus nos deixou (Jo 14:21-24), não pretendendo ganhar nada com isso, senão a satisfação de ver o amor realizado na vida das pessoas, trazendo cura, libertação, vida plena na presença de Deus.

Importa, para que tenhamos uma vida agradável a Deus, que não nos deixemos tomar pelo espírito natalino, mas, sim, pelo Espírito Santo de Deus, que nos regenera e nos capacita a andarmos conforme a vontade do Pai (Rm 8:9; Tt 3:5).

Que YAHWEH nos revista com Seu Espírito Santo e nos leve a sermos como Jesus, não somente em uma época do ano, mas durante toda a nossa vida.

José Vicente

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