segunda-feira, 10 de outubro de 2016

O DESAFIO DE SEGUIR EM FRENTE




Texto base: Mateus 26.36-46

INTRODUÇÃO
Em nossa vida diversas vezes somos assaltados por dúvidas, medos, frustrações e outros sentimentos que nos fazem ter vontade de jogar a toalha, desistir daquilo que estamos fazendo e que tem apresentado dificuldades ao prosseguimento. São situações que nos levam a sentir dúvidas quanto a prosseguir em uma determinada direção ou abandonar a luta. Geralmente isso ocorre quando nos deparamos com obstáculos que consideramos grandes demais para serem superados, fatos que nos causam aflição, trazem desânimo e medo.
O desafio de seguir em frente está constantemente se colocando diante de nós, exigindo uma decisão que, muitas vezes, é tomada de forma precipitada, irrefletida, baseada apenas nos sentimentos negativos de medo, angústia, frustração, etc., e não raras vezes acabamos nos arrependendo por fazer escolhas erradas, ou sofremos consequências que acabam nos deixando em pior estado psicológico do que quando estávamos diante do problema.
Para uns, o desafio de seguir em frente aparece quando o casamento passa por momento difícil, surgindo a dúvida entre manter os laços matrimoniais ou partir para o divórcio. Alguns enfrentam o desafio de seguir em frente quando são confrontados pela fé que professam, principalmente em locais onde a igreja é perseguida. Existe o desafio de prosseguir em um trabalho onde há desavenças ou insatisfação; em um projeto que está se mostrando complicado por dificuldades que vão surgindo dia a dia; enfim, praticamente todas as áreas da vida vão nos levar, em algum momento, a nos depararmos com o desafio de seguir em frente.
Um dos maiores desafios que enfrentamos, porém, é o de nos mantermos firmes na caminhada cristã, porque ao longo do caminho acontecem muitas coisas que nos fazem pensar em desistir. São as oposições, as distrações do mundo, as perseguições, as dificuldades de renúncia, a batalha espiritual diária, as falhas nossas e das pessoas com quem nos relacionamos no Corpo de Cristo. Tudo começa bem, mas logo vêm as provações, as tempestades, e nem todos conseguem seguir em frente quando são chamados a decidir.
Na passagem que lemos, Jesus estava justamente diante do desafio de seguir em frente. Após ter caminhado por três anos instruindo seus discípulos quanto ao Reino de Deus e proclamando as verdades do Altíssimo entre o povo, com a realização de sinais e prodígios nunca antes vistos, Jesus chegou ao momento mais difícil de sua missão: o sacrifício. E o que mais pesava era o fato de que Ele próprio era o sacrifício a ser oferecido. Estava se aproximando o momento em que o Filho de Deus seria entregue nas mãos de homens iníquos, passaria por sofrimento extremo e morreria pregado em uma cruz, sem jamais ter feito nada para merecer essa sentença de morte.
O texto bíblico nos revela que Jesus se entristeceu e ficou muito angustiado. Na narrativa de Marcos (Mc. 14.32-42) é dito que Jesus foi tomado de pavor e angústia. Lucas, por sua vez, narra que a agonia de Jesus era tão grande que durante a oração “o seu suor se tornou como gotas de sangue caindo sobre a terra” (Lc. 22.44).
De fato, o que esperava Jesus não era algo agradável, e Ele estava diante do desafio de seguir em frente ou abandonar a missão para a qual viera a este mundo.
                O que mais angustiava o coração do nosso Redentor era o fato de beber o cálice da ira de Deus. Sim, Ele que nunca cometera pecado, era puro, receberia sobre si os pecados do mundo todo, e como o pecado faz separação entre o homem e Deus, durante o período em que durasse seu flagelo o Filho estaria separado do Pai. Essa era a dor mais forte a ser suportada, e não o sofrimento físico que seria provocado pela violência humana.
                Com seu exemplo, Jesus nos ensina lições valiosas para que, assim como Ele fez, nós também tomemos decisões acertadas no sentido de prosseguir ou não em um determinado caminho ou propósito. Vamos destacar alguns pontos importantes.  

                  I. TENHA UM OBJETIVO SUPERIOR EM SUA VIDA: FAZER A VONTADE DE DEUS (vv. 39 e 42)
Ter objetivos é essencial para que nos mantenhamos animados em nossa jornada nesta terra. Alguém sem objetivos não sai do lugar, não consegue encontrar um sentido para sua existência, está praticamente morto em vida, pois não almeja nada.
Assim, ter objetivos é saudável e necessário ao ser humano.
Há diversos objetivos a serem cultivados, e vão mudando conforme sejam atingidos: uns almejam se casar; depois, o objetivo é ter filhos. Há os que têm o objetivo de cursar uma faculdade, e uma vez atingido o alvo, traçam objetivos profissionais, visando ao exercício daquilo para o que se prepararam. Pessoas têm como objetivo alcançar crescimento familiar, espiritual, pessoal, profissional, financeiro, etc., e isso é muito bom. Devemos sempre ter objetivos.
Entretanto, todos os nossos objetivos devem ser guiados e sustentados por um objetivo superior, muito maior do que qualquer outro, que vai se constituir no grande alicerce para tudo quanto almejamos. Um objetivo que não muda com o tempo, pelo contrário, deve se solidificar cada vez mais em nosso coração, e que sempre moveu o Mestre Jesus em toda a sua caminhada nesta terra.
Nosso primeiro e maior objetivo deve ser: fazer a vontade de Deus.
Quando observamos a oração que Jesus fez quando foi até o Getsêmani, constatamos que Ele apresentou ao Pai a sua angústia e indagou quanto a uma possível solução que não demandasse aquele sacrifício, entretanto, Ele foi enfático ao dizer: “não seja como eu quero, e sim como tu queres” (v. 39). E Jesus repetiu no segundo momento de oração: “faça-se a tua vontade” (v. 42).
Embora Jesus estivesse angustiado, temendo o sofrimento que logo viria sobre Ele, a sua atitude foi de colocar em primeiro lugar a vontade do Pai, pois esse era o seu objetivo principal desde sempre, fazer a vontade do Pai.
Em certa ocasião, os discípulos insistiam para que Jesus se alimentasse, e Ele respondeu: “A minha comida consiste em fazer a vontade daquele que me enviou e realizar a sua obra.” (João 4.34).
Ao ensinar aos discípulos a conhecida oração do Pai Nosso, Jesus assim orou: “venha o teu reino, faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt. 6.10). E ainda, exortando seus ouvintes a agirem como Ele, Jesus assim ensinou: “Porque qualquer que fizer a vontade de meu Pai celeste, esse é meu irmão, irmã e mãe” (Mt. 12.50).
A leitura bíblica nos revela que, embora Jesus fosse igual ao Pai em essência e poder, Ele sempre procurou fazer a vontade de Pai, e não a sua própria, porque a sua própria vontade era submissa à vontade do Pai.
Quando temos como nosso maior objetivo fazer a vontade de Deus, nossa visão sobre as coisas da vida sofre uma profunda mudança, pois passamos a enxergar tudo por um ângulo diferente. Já não mais partimos de uma postura egocêntrica para tomar decisões, antes, compreendemos que tudo quanto fazemos deve glorificar ao nosso Deus Eterno. A tentação de buscar apenas nossa própria satisfação e guiar nossa vida conforme nossos anseios e conceitos pessoais cede espaço para que em todas as coisas busquemos exaltar o Pai Celeste, sabendo que Ele tem propósitos que são muito melhores do que nossos melhores planos.
Uma pessoa que coloca em primeiro lugar em sua vida o objetivo de fazer a vontade de Deus, ao se deparar com problemas de relacionamento na igreja não se precipitará em abandonar aquela congregação ou se afastar das atividades que ali são realizadas, pois terá consciência de que, acima do seu orgulho e de seus melindres, está a vontade do Pai Celeste de que haja unidade no Corpo de Cristo, e que todos estejam ligados pelo amor.
Aquele casamento que está na berlinda poderá ser renovado quando o casal compreender que a vontade do Deus é que marido e esposa se amem, se respeitem e permaneçam juntos, honrando o compromisso que assumiram quando celebraram os laços do matrimônio perante Deus e diversas testemunhas. O empregado prosseguirá em seu trabalho empenhando-se em fazer o melhor, sabendo que a vontade de Deus é que ele desenvolva suas atividades para o patrão como se estivesse fazendo diretamente para o Senhor.
A vontade de Deus é boa, perfeita e agradável (Rm 12.2). Quando nos submetemos a ela, a nossa própria vontade é transformada, pois passamos a conhecer o que antes ignorávamos, e a ver o que antes nos estava oculto. Fazendo a vontade de Deus, todos os nossos demais objetivos são redirecionados e tomam um sentido muito mais elevado, pois estão em sintonia com a vontade do Altíssimo. Nosso coração não alimentará projetos que estejam foram dos planos de Deus.
Uma vez que nos declaramos discípulos de Jesus, devemos imitá-lo nisso e ter como nosso maior objetivo fazer a vontade de Deus.

                   II.                    PROCURE CONHECER A VONTADE DE DEUS (vv. 36, 39, 42 e 44)
Estabelecer como objetivo principal de nossa vida fazer a vontade de Deus é o primeiro passo, entretanto essa disposição pode ficar comprometida se não adotarmos outra atitude igualmente essencial: buscar conhecer a vontade de Deus.
Ora, nós podemos até desejar fazer o que Deus quer, mas se não nos empenharmos em saber o que Ele quer, ficará bastante difícil alcançar esse objetivo, e então começaremos a nos mover de forma confusa, julgando ser de Deus uma vontade que, na maior parte das vezes, é apenas nossa.
E para que tenhamos êxito em conhecer a vontade de Deus, é necessário que imitemos Jesus também neste ponto, estreitando nosso relacionamento com o Pai.
O texto lido nos mostra que, aproximando-se o momento em que Jesus seria entregue para morrer em nosso lugar, Ele se afastou das multidões e da agitação da cidade, dirigindo-se até um local tranquilo, onde poderia conversar com o Pai sem ser interrompido. Ele precisava desse momento. Ninguém poderia lhe dar conforto naquele momento tão difícil, somente o Pai Celeste seria capaz de acalmar seu coração e confirmar que aquela era a Sua vontade.
Jesus não poderia contar com seus discípulos para lhe proporcionarem algum consolo, pois eles nem mesmo conseguiam compreender aquela situação. Eles ainda não haviam se dado conta do que estava acontecendo, e não tinham condições de demonstrar empatia com o Mestre naquele momento tão dramático. Provavelmente eles tentariam dissuadi-lo da ideia de morrer sem dever nada, como tentou Pedro, e foi repreendido pelo Senhor (Mc. 8.32-33).
Portanto, Jesus somente poderia confirmar que aquela era a vontade do Pai conversando com o próprio Pai.
Assim como Jesus, para conhecermos a vontade de Deus precisamos aumentar nossa intimidade com Ele. Faremos isso por usando alguns meios que Deus nos proporciona, pois Ele deseja que conheçamos a Sua vontade:
i)     Oração: a oração é um instrumento extremamente valioso para que alcancemos um nível de comunhão com Deus que nos permita conhecer a Sua vontade. Oração é relacionamento. Entre nós, seres humanos, vamos nos conhecendo à medida que convivemos e conversamos, expondo nossos pensamentos e nossa forma de ser. Marido e esposa se conhecem no dia a dia por meio do relacionamento. Se não há diálogo, não há conhecimento verdadeiro, apenas uma presunção de conhecimento, que se desfaz no primeiro momento de dificuldade.
Jesus orava com muita frequência. Não havia hora marcada. Não havia local mais apropriado. Ele simplesmente se retirava para algum lugar onde pudesse se concentrar na conversa com o Pai, e iniciava o diálogo. Ali Jesus expunha tudo o que se passava em seu coração, e do Alto recebia o consolo, a orientação.
Na passagem lida, podemos presumir que o primeiro momento de oração durou cerca de uma hora, pois Jesus disse a Pedro que os companheiros não puderam vigiar com ele por uma hora. Durante esse tempo Jesus conversou com o Pai sobre o que estava por vir, expôs sua angústia e ouviu do Pai qual era a Sua vontade. Depois, Jesus se retirou novamente para orar, repetiu as mesmas palavras, e ainda uma terceira vez.
Desejamos conhecer a vontade de Deus? A oração perseverante deve permear nossa existência. Apresentemos ao Pai nossos anseios, nossas dúvidas, e esperemos pacientemente a resposta. Talvez tenhamos que repetir a oração uma, duas, três vezes, até que consigamos discernir o que o Pai está nos dizendo, até que nossas vozes internas se calem e consigamos ouvir com clareza a inconfundível voz do Pai.
ii)   Conhecimento da Palavra: Jesus conhecia as Escrituras de maneira profunda. Quando Ele foi tentado no deserto, resistiu às investidas do maligno fazendo o uso correto das Escrituras, enquanto o diabo as empregava de forma distorcida.
As Escrituras Sagradas nos revelam a vontade de Deus. Ali encontramos o que o Pai deseja fazer em nós e por meio de nós.
Quando um cristão estiver pensando em ficar em casa em vez de ir à igreja congregar com os irmãos, por problemas de relacionamento com outro membro,ou por não gostar do pastor, do presbítero, diácono ou qualquer outra pessoa, saberá qual a vontade de Deus ao ler em Hebreus 10.25, onde se diz: “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima”.
As Escrituras apresentam a vontade de Deus para a Igreja, para o casamento, para pais e filhos, para nossa vida profissional, para nosso convívio social, etc.
iii) Enchimento do Espírito Santo: o apóstolo Paulo, propagando os ensinamentos de Jesus, afirmou que apenas uma mente transformada e renovada pode conhecer a vontade de Deus: “E não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus” (Rm 12.2).
Ora, somente quando nos enchemos do Espírito Santo é que temos a nossa mente transformada e renovada. O enchimento do Espírito Santo é o oposto da conformação a este século. Quando aceitamos tomar a forma do mundo, somos arrebatados por uma cultura egocêntrica, onde o ser humano é seu deus, e onde a vontade pessoal é que prevalece. O mundo ensina a viver em um sistema hedonista, onde obediência a Deus é vista como algo ridículo. Quem nada contra a correnteza é taxado de radical, quadrado, intolerante, entretanto esse é o que alcança o conhecimento do Altíssimo, enquanto os demais estão perdidos em uma existência sem sentido, onde tudo se resume ao agora.
Portanto, conhecer a vontade de Deus é essencial para que tenhamos condições de responder de maneira correta ao desafio de seguir em frente.

                                III.            DISPONHA-SE A PAGAR O PREÇO E RECEBER A RECOMPENSA
Uma vez que temos como objetivo principal fazer a vontade de Deus e nos empenhamos em conhecê-la, devemos dar um passo decisivo: estar dispostos a pagar o preço de ir em frente, e de experimentar a recompensa que nos está reservada.
Jesus almejava cumprir a vontade do Pai, e a conhecia de maneira inquestionável, mas tinha a possibilidade de tomar uma decisão contrária. Entretanto, Ele decidiu seguir em frente. Ele conhecia o preço que teria que pagar para fazer a vontade de Deus, mas também tinha consciência de que a recompensa que o aguardava era superior a todo o sofrimento.
Nosso Mestre pagou realmente um preço extremamente elevado ao escolher fazer a vontade de Deus. Ele provou em sua carne o sofrimento que estava reservado a nós. O justo pagou pelos injustos. O Rei foi humilhado e tratado como escória da humanidade. A dor atravessou seu coração como uma espada afiada. Sua escolha custou sua própria vida. Ele foi morto em uma cruz sem que tivesse cometido nenhum crime.
Entretanto, após todo o sofrimento, Jesus experimentou a glorificação que lhe estava reservada pelo Pai. Ele ressuscitou e foi exaltado acima de todo nome. Tudo lhe foi entregue pelo Pai (Mt. 28.18). Ele se tornou o nosso Sumo Sacerdote, e pelo seu sacrifício nós fomos feitos filhos de Deus. Com sua decisão de seguir em frente, Jesus praticou um ato cujas consequências se prolongaram por toda a eternidade e atingiram toda a humanidade em todos os tempos.
A decisão de Jesus, de seguir em frente, deu um sentido à nossa existência, abrindo o caminho para nossa reconciliação com o Deus Pai, mediante a remissão de nossos pecados e a nossa lavagem e purificação com o seu sangue precioso.
Sim, quando decidimos seguir em frente devemos saber que há um preço a pagar. Podemos ser alvo de incompreensão, de críticas. Podemos enfrentar lutas ferrenhas, que esgotarão nossas forças, exigirão de nós talvez mais do que podemos dar. Não é porque estamos cumprindo a vontade de Deus que as coisas serão facilitadas. Assim como não houve facilitação para o Mestre Jesus, que enfrentou a cruz; da mesma forma que seus apóstolos e discípulos nunca experimentaram facilidade, mas foram perseguidos, também nós, ao decidirmos seguir em frente e fazer a vontade de Deus, vamos atravessar vales sombrios.
Estaremos nadando rio acima, e não nos movendo no mesmo sentido do restante do mundo. Jesus disse que aqueles que escolhessem ser seus discípulos seriam odiados e perseguidos como ele fora.
Portanto, ao decidirmos seguir em frente na caminhada cristã, não vamos nos deparar com um mundo receptivo e amoroso, mas teremos batalhas constantes.
Mas também precisamos saber que, se estamos fazendo a vontade de Deus, o que está reservado para nós é o melhor. Após toda a batalha veremos a maravilhosa recompensa que espera por nós.
O cristão não caminha movido por aquilo que vê, mas sim pela fé, pela confiança nas promessas de Deus para o seu povo, que são constantemente reiteradas nas Escrituras.
Após decidirmos seguir em frente, poderemos ver Deus restaurando aquele casamento que se encontrava abalado, salvando aquele familiar ou amigo que estava rumando para o abismo, curando aquela enfermidade que tanto atormentava a família, libertando pessoas do cativeiro do maligno, abrindo portas para um emprego onde haja mais satisfação, preparando a concretização de nossos sonhos e projetos, que estarão em conformidade com a Sua vontade pois partirão de corações transformados.
A maior promessa, porém, é a da vida eterna, que aguarda todos os que perseverantes se mantêm firmes em Jesus Cristo, e não se deixam abater pelas investidas do maligno e do mundo, mas olham firmemente para o Autor e Consumador da nossa fé.
A glória que está reservada para aqueles que amam a Deus e que seguem em frente é infinitamente maior do que qualquer coisa que possamos imaginar. Com Cristo seremos glorificados, com Ele habitaremos na eternidade, onde não entrarão o pecado, a tristeza, as doenças nem qualquer coisa que possa abalar nossa íntima comunhão com Deus.
Paulo, escrevendo aos cristãos de Corinto, assim falou: “Nem olhos viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração humano o que Deus tem preparado para aqueles que o amam”. (1Cor 2.9)
       
       CONCLUSÃO
Jesus nos ensinou muitas coisas com sua vida, e uma das lições mais valiosas foi que, diante do desafio de seguir em frente, devemos avançar movidos pelo objetivo de fazer a vontade de Deus, conhecendo-a por meio de um relacionamento íntimo com o Pai, e dispostos a pagar o preço por nossa escolha, sabendo que a recompensa que nos espera é muito maior do que qualquer sofrimento que venhamos a experimentar nesta vida.
Como discípulos de Cristo, procuremos imitá-lo, sem jamais vacilar ou retroceder, mas seguindo em frente na força do Espírito Santo, que nos ensina e consola, munindo-nos das ferramentas necessárias à continuidade dessa caminhada.
“Portanto, também nós, visto que temos a rodear-nos tão grande nuvem de testemunhas, desembaraçando-nos de todo peso e do pecado que tenazmente nos assedia, corramos, com perseverança, a carreira que nos está proposta, 2 olhando firmemente para o Autor e Consumador da fé, Jesus, o qual em troca da alegria que lhe estava proposta, suportou a cruz, não fazendo caso da ignomínia, e está assentado à destra do trono de Deus. 3 Considerai, pois, atentamente, aquele que suportou tamanha oposição dos pecadores contra si mesmo, para que não vos fatigueis, desmaiando em vossa alma.” (Hebreus 12.1-3)
Que o Espírito Santo de Deus nos capacite a sermos como Cristo, jamais abandonando a missão para a qual fomos chamados, mas sempre seguindo em frente, para que Deus seja glorificado em nossa vida e sejamos instrumentos da Graça de Deus neste mundo. Amém.
José Vicente
09.10.2016

terça-feira, 17 de maio de 2016

CHAMADOS PARA SER INSTRUMENTOS DO PODER DE DEUS


Base: Mateus 10.1-4

Jesus Cristo veio ao mundo com uma missão bem definida, e a cumpriu cabalmente, não restando nada a ser feito em termos de oferta pelo pecado, já que o Cordeiro de Deus foi imolado na cruz a fim de redimir todos os que nEle creem. Jesus se mostrou ser o Único Caminho para a reconciliação com Deus, e por meio de Sua morte e ressurreição Ele nos proporcionou a Vida Eterna.
A fé cristã se alicerça nessa verdade, todavia, para que essa Boa Nova chegasse a todos os lugares do planeta, Cristo deixou na terra a Sua Igreja, composta por todos os que nEle creem e que O tem como Senhor e Salvador.
Essa Igreja é formada pelos que foram chamados por Cristo para serem Seus embaixadores, os proclamadores do Reino, aqueles que têm a responsabilidade de dizer a todos que Jesus morreu e ressuscitou para nos dar a salvação, e um dia voltará para buscar a Sua Igreja, assim como para julgar os vivos e os mortos, cientes de que todos os que rejeitam o Cristo receberão sobre si a condenação por sua vida de pecados e rebeldia.
Analisando o texto bíblico, porém, percebemos que Jesus, ao escolher aqueles que levarão o Evangelho adiante, não se preocupa em chamar pessoas grandemente instruídas nem de destaque na sociedade. As escolhas de Jesus surpreendem a todos, pois Ele não olha para os seres humanos como nós olhamos, Ele não busca pessoas extremamente capacitadas, mas vislumbra corações aptos a serem trabalhados para que o Poder de Deus seja manifesto.
A passagem que lemos nos traz algumas lições importantes, que devem estar fixas em nossa mente, porque também nós somos chamados, a exemplo daqueles homens, para anunciarmos as Boas Novas, e embora não nos sintamos capacitados, a Palavra nos mostra que devemos nos dispor e obedecer, porque quem nos capacita é Cristo.
Vamos ver alguns pontos relevantes do texto bíblico.

1)      Jesus chama pessoas improváveis 
Os discípulos de Cristo não eram pessoas diferenciadas, pelo contrário, eram homens comuns, a maioria tinha pouca instrução, e seus temperamentos eram variados. Não havia nada especial naqueles homens, e provavelmente eles não seriam considerados como boas opções de líderes, de prosseguidores da Obra do Filho de Deus.
Os homens chamados por Jesus para serem seus discípulos e apóstolos tinham defeitos como qualquer ser humano. Eles não eram pessoas influentes na sociedade, não ostentavam títulos ou qualquer poder.
Pedro era impulsivo, ambíguo – tinha fé, mas ao mesmo tempo fraquejava; era corajoso, mas ao mesmo tempo tinha medo -; afirmou que morreria por Jesus, mas o negou quando Ele foi preso, e depois se arrependeu amargamente.
Tiago e João eram bem dispostos, mas cogitavam ter a primazia entre os demais, causando mal estar e levando Jesus a adverti-los. Em certa ocasião propuseram a Jesus usar o poder celestial para trazer o mal a uma aldeia por vingança, pois tinham se recusado a receber o Mestre, precisando ser repreendidos por Jesus (Lucas 9.54).
Tomé era um homem que precisava de provas para acreditar. Quando Jesus ressuscitou, Tomé não acreditou no testemunho dos demais discípulos, afirmando que somente creria se visse Jesus e tocasse em seus ferimentos.
Mateus era um coletor de impostos, e como todo publicano, não era bem visto pelo povo, pois geralmente os coletores exigiam mais do que era devido, defraudando as pessoas.
A maioria dos discípulos chamados eram pescadores. Não havia doutores em teologia. Jesus não escolheu escribas nem mestres, mas pessoas comuns, improváveis, sem maiores qualificações, e de quem não se poderia esperar muita coisa. Eram diferentes uns dos outros, com opiniões e atitudes distintas.
Da mesma forma Jesus continua agindo hoje. Ele escolhe e chama pessoas como nós, que não temos grandes atrativos como seres humanos, somos pessoas comuns. Nós que temos falhas, medos, pecados, temos dificuldades com nossos temperamentos, somos infiéis, mentirosos, não confiáveis, desprovidos de grandes conhecimentos sobre Deus e Seu Reino.
E mesmo que tenhamos algum título que as pessoas valorizem, isso não é considerado por Cristo, pois diante dEle todos somos iguais. Depois de sua ressurreição, Cristo vocacionou Paulo para ser apóstolo. Paulo era um homem culto, um doutor da Lei, todavia ele mesmo testificou em suas cartas que o seu conhecimento anterior ao encontro com Cristo era considerado refugo, e que somente depois que sua vida foi entregue a Cristo é que ele soube o que era o verdadeiro conhecimento, a verdadeira sabedoria e a verdadeira riqueza.
Os títulos humanos não são nada para Cristo. Diante dEle todos são pecadores e necessitam desesperadamente da Graça Salvadora.
Mas muitos acham que possuir títulos, posição social, é algo relevante para ser usado por Deus. Ora, para ser instrumentos de Deus não somos escolhidos por nossas prerrogativas ou qualificações, e Jesus mostrou exatamente isto ao escolher um grupo de homens que não tinham status nem eram notáveis, antes, eram comuns.
Jesus usa pessoas imperfeitas.

2)      Jesus conhece a quem Ele chama 
Jesus não chamou pessoas sem saber de suas características. Ela sabia quem era cada um dos escolhidos. Jesus conhecia o caráter de Pedro, Tiago, João, Filipe, Bartolomeu e todos os demais que Ele chamou para serem seus discípulos e apóstolos.
Jesus não foi surpreendido com as atitudes dos que Ele chamou. Ele não ficou perplexo diante da negativa de Pedro, muito menos diante dos arroubos de fidelidade desse mesmo Pedro.
Dentre os discípulos, um não estava comprometido com o Reino de Deus da forma que Jesus veio ensinar, mas pensava em um reino político, tinha pretensões opostas ao que o Mestre pregava, e isso o levou a entregar Jesus aos que queriam prendê-lO e matá-lO. Judas fazia parte do grupo de discípulos, mas foi o traidor. Ele não estava imbuído da mesma mentalidade dos demais. Há uma passagem em que Judas é chamado de ladrão, porque retirava valores da bolsa de ofertas coletadas (João 12.4-6).
Porém Jesus não foi surpreendido com a atitude de Judas, porque Ele o conhecia e sabia exatamente o que Judas faria.
Cada um de nós é ampla e profundamente conhecido por Jesus. Ele sabe o que se passa em nosso coração, conhece nossos medos, nossas dúvidas, nossas fraquezas, nossos anseios, nossos dramas, nossos traumas.
Nós não surpreendemos Jesus com nossas atitudes, com nossos momentos de recuo, com as recaídas em algum pecado. Não há nada em nosso ser que seja desconhecido por Jesus. Nada oculto, ainda que no mais íntimo do nosso ser, que esteja encoberto aos olhos dEle. Ele sabe se somos como Pedro ou como Judas.
Por vezes as pessoas se mostram temerosas de desenvolver algum trabalho na Igreja porque não se consideram capazes nem dignas. Há pessoas que pensam que talvez Jesus não saiba de algum defeito escondido que possuem, e que se Ele soubesse elas seriam rejeitadas.
O Salmo 139 se aplica como uma luva aqui, pois revela o amplo conhecimento de Deus sobre cada um de nós, até mesmo em áreas escondidas, que a ninguém revelamos.
Em João 1.43-51 temos a passagem em que Filipe leva seu irmão Natanael até Jesus, e o Mestre, assim que o vê, afirma: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não há dolo!”. Natanael ficou perturbado e Jesus disse: “Antes de Filipe te chamar, eu te vi, quando estavas debaixo da figueira”. A reação de Natanael mostra que Jesus estava falando de algo que provavelmente ninguém sabia, o que demonstra o conhecimento que Jesus tinha de Natanael antes mesmo deste lhe ser apresentado.
Jesus não se engana conosco.

3)      Jesus transforma a quem Ele chama 
Os homens escolhidos por Jesus passaram três anos caminhando com Ele, sendo instruídos e conhecendo mais a fundo os valores do Reino.
E enquanto caminhavam com Cristo, eram transformados. Homens temerosos se transformaram em ousados pregadores das Boas Novas. Homens infiéis, que fugiram quando Jesus foi entregue para ser morto, se tornaram testemunhas fiéis de Cristo, morrendo por Ele. Homens com pouca instrução foram feitos pregadores audaciosos, capazes de falar com sabedoria e intrepidez até mesmo diante de autoridades.
Jesus trabalhou o temperamento daqueles homens.
Jesus os chamou como eram, mas não os deixou daquele jeito, pois não poderiam ser instrumentos de Deus sem que fossem antes transformados em novos homens.
Da mesma forma, Jesus nos chama no estado em que nos encontramos, mas Ele quer nos usar como instrumentos para a glória de Deus, como embaixadores do Reino, e para isto Ele molda nosso caráter, age em nossas fraquezas, em nossos medos, envia o Seu Espírito Santo para nos instruir e transformar.
Todos nós, que fomos chamados por Cristo para sermos Suas testemunhas, precisamos ser lapidados. Devemos caminhar com Cristo, aprender dia a dia a nos conhecermos mais, e a conhecermos profundamente o nosso Senhor, submetendo-nos à ação do Espírito Santo.
Cristo quer fazer de nós instrumentos úteis ao Reino de Deus. Ele quer que nos esvaziemos de nós mesmos para sermos cheios do Espírito Santo. Ele quer que nossa caminhada seja acompanhada da manifestação do Poder de Deus, levando vida onde estivermos, assim como o fizeram aqueles que Ele vocacionou no início da Igreja.
Os apóstolos foram os homens que deram prosseguimento à obra de Cristo na terra, levando a Igreja a crescer e se espalhar por todo o mundo, mas só conseguiram isso porque foram profundamente transformados pelo poder de Deus e viram o caráter de Cristo ser formado e fortalecido neles a cada dia.
Assim também nós, que hoje somos chamados por Cristo para sermos Seus embaixadores, necessitamos passar pela completa transformação de nosso ser, com o caráter de Cristo sendo moldado em nós, de maneira que possamos efetivamente ser utilizados como instrumentos de honra na Casa do Altíssimo, jamais trazendo vergonha ao Nome de Deus, mas trabalhando para engrandecê-lO cada vez mais entre as nações.
Os doze apóstolos de Cristo – exceto Judas, que tinha outra finalidade – transformaram o mundo por meio da pregação do Evangelho, anunciando a Cristo. E nós, feitos embaixadores de Cristo, somos transformados dia a dia para que o mundo conheça a Cristo por meio de nós.
Jesus nos faz novas criaturas.

CONCLUSÃO
A obra de Cristo não terminou, e a cada dia ele comissiona mais pessoas para que deem prosseguimento a esse trabalho, anunciando a morte e ressurreição do Filho de Deus, e a sua volta futura, quando então fará separação entre o joio e o trigo, lançando fora todo aquele que rejeitar a Palavra da Fé, que não O reconhecer como Senhor e Salvador, que se mantiver em inimizade contra Deus.
Para isto, Jesus continua chamando pessoas comuns, cujos defeitos são por Ele conhecidos, e que serão por Ele transformadas profundamente, a fim de que se tornem instrumentos do poder de Deus e glorifiquem ao Altíssimo.
Ouvindo a voz de Cristo respondamos afirmativamente, e nos submetamos sempre ao Seu senhorio, porque Ele deseja demonstrar, por meio de nossas vidas, o Seu imenso amor ao ser humano e a oportunidade oferecida de reconciliação com Deus.

“Esquadrinhas o meu andar e o meu deitar, e conheces todos os meus caminhos. Ainda a palavra me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda.” (Salmo 139.3-4)

“Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração, e prova-me e conhece os meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.” (Salmo 139.23-24)

Que o Cristo nos faça compreender a importância do nosso chamado, e nos capacite para sermos instrumentos de glorificação de Deus.
José Vicente 
24.04.2016

domingo, 17 de abril de 2016

NÓS SOMOS A LUZ DO MUNDO?




Texto base: Mateus 5.14-16



Na passagem lida, Jesus estava proferindo o conhecido Sermão do Monte, por meio do qual ensinou às pessoas quais eram as características de um cidadão dos céus. Trata-se de uma sequência de ensinamentos preciosos e profundos, que tinham como finalidade conscientizar os ouvintes de que sua fé deveria ser acompanhada de sinais externos que referendassem essa fé, de maneira que não bastava dizer “eu creio”, mas seria necessário demonstrar que isso era uma realidade no dia a dia.
Após falar sobre as bem-aventuranças, Jesus afirmou que seus discípulos são o sal da terra, estimulando-os a cumprirem sua função de preservar este mundo, não permitindo que a corrupção e a maldade se alastrassem.
Chegamos, então, ao texto lido, onde Jesus usa a figura da luz para apontar outras características que devem estar presentes em seus discípulos.
A mensagem transmitida por Jesus na ocasião não ficou restrita àqueles discípulos que o ouviam, mas se estende a todos quantos creram nEle e se tornaram também seus discípulos no decorrer dos anos, ou seja, é aplicável a nós, Igreja de Cristo, que hoje temos a responsabilidade de prosseguir sendo testemunhas do Senhor diante de um mundo caído.
Vamos analisar alguns ensinamentos de Jesus nessa passagem.

1.       Temos uma grande responsabilidade (v. 1)
Jesus começa dizendo: “vós sois a luz do mundo”.
Essa fala de Jesus aparenta alguma contradição em relação ao que as Escrituras falam sobre a luz do mundo, afinal, a Bíblia apresenta a Jesus Cristo como sendo a luz, enquanto Ele afirma que nós, seus discípulos, somos a luz do mundo.
No capítulo anterior (4), Mateus, referindo-se à pessoa de Jesus, faz menção ao profeta Isaías, citando a seguinte profecia: “O povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz.”
João, ao escrever o Evangelho, assim se referiu a Jesus: “A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela. Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João. Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem.” (João 1.4-9)
E Jesus, falando acerca de si mesmo, assim afirmou: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida.” (João 8.12)
Ora, se a Bíblia afirma claramente que Jesus é a luz do mundo, e Ele próprio assim o disse, como pode Jesus ter dito que seus discípulos são a luz do mundo? Isso não parece contraditório?
Na verdade, não há contradição nenhuma na afirmação de Jesus. Ele, de fato, é a luz do mundo, que veio para dissipar as trevas e salvar os que andavam perdidos, sem rumo, não enxergando o caminho por onde iam nem o destino a que chegariam.
Acontece que nós, como discípulos de Cristo, temos sobre nós uma responsabilidade que não é nem um pouco pequena: nós devemos ser imitadores de Cristo.
Jesus declarou que o discípulo deve ser como o seu mestre (Mt. 10.25), e João escreveu que “aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou” (1Jo 2.6).
Quando Jesus declara que nós somos a luz do mundo, Ele não está afirmando que temos brilho próprio e que podemos, por nós mesmos, fazer algo capaz de transformar as pessoas. Ele ensina que, sendo Ele a Luz, e nós os seus discípulos, temos a responsabilidade de viver de tal forma que o brilho de Cristo em nós seja notado, ou seja, devemos refletir a verdadeira luz.
Antes que isso possa nos fazer sentir envaidecidos, convém esclarecer que o intuito de Jesus não é despertar esse tipo de sentimento em nós, pelo contrário, a afirmação feita por Ele deve nos levar à humildade e ao quebrantamento, posto que se trata de uma grande responsabilidade, já que temos que viver de maneira a imitar nosso  Mestre.
Jesus é a verdadeira luz do mundo, e nós, como seus discípulos, temos a incumbência de continuar a obra que Ele fez na terra. Nós somos seus sucessores na missão de pregar o Evangelho e levar os seres humanos a conhecerem o Deus Altíssimo.
A luz dissipa as trevas. Onde não há luz, não se enxerga o caminho e é muito fácil se perder, cair, ir rumo a um destino de infelicidade.
Jesus exige de nós nada menos do que Ele próprio fez enquanto esteve aqui: iluminarmos o mundo, trazendo vida nova às pessoas. Quando Ele diz: “vós sois a luz do mundo”, está dizendo: “vós tendes a incumbência de ser como Eu”.
E esta é uma grande responsabilidade.

sábado, 16 de abril de 2016

JESUS, O NOSSO EXEMPLO



JOÃO 13.12-20

Quando lemos a Bíblia, encontramos diversos personagens que chamam nossa atenção porque, em algum momento de suas vidas, fizeram a diferença e demonstraram que a fé em Deus é essencial ao ser humano.

São pessoas que, pela fé, superaram fraquezas, adversidades, exércitos, provocaram uma revolução na sociedade em que viviam, enfim, foram instrumentos de Deus para realização de coisas maravilhosas. Vários são citados em Hebreus 11 para demonstrar que a fé é o elemento vital no relacionamento com Deus.

Analisando os diversos personagens trazidos pela Bíblia, cabe uma pergunte: quem é o seu exemplo? Que personagem bíblico você gostaria de imitar? Abraão, Moisés, Davi, Sara, Rebeca, Elias, Eliseu, Paulo, João, Pedro, Jacó, Isaque...

Essas pessoas e muitas outras foram verdadeiramente instrumentos de Deus para a concretização de Seus projetos. A história de José, filho de Jacó, por exemplo, é muito linda e cheia de ensinamentos. Um jovem amado pelo pai, que tinha visões da parte de Deus e ainda não compreendia bem o significado, que foi odiado pelos irmãos ciumentos, vendido por eles como escravo, levado ao Egito, um lugar estranho e repleto de deuses pagãos, preso injustamente, acabou sendo elevado à condição de governador do Egito, e Deus o usou como instrumento para salvar não apenas a nação egípcia, mas principalmente o povo de Israel.

É tentador dizer “eu gostaria de ser como José”, ou “... como Davi”, ou ainda “... como Abraão”, etc, mas será que é esse o propósito de Deus para nós?

Na verdade, nenhuma dessas pessoas deve ser tomada como modelo ou padrão a ser seguido. Não temos que almejar ser como Davi ou Abraão ou qualquer outro personagem bíblico, porque todos eles eram como nós, humanos falhos e carecedores da Graça de Deus.

Davi foi um homem segundo o coração de Deus. Ele passou da condição de simples pastor de ovelhas à de maior rei de Israel. Ampliou o reino israelita, venceu exércitos poderosos, com sua fé foi um instrumento valioso nas mãos de Deus. Ele foi realmente um homem que manteve intimidade com o Todo Poderoso. Todavia, Davi tinha em suas mãos muito sangue, era um homem de guerra. Deus o impediu de construir o Templo justamente por ter sido um homem sanguinário:

“Porém Deus me disse: Não edificarás casa ao meu nome, porque és homem de guerra, e derramaste muito sangue.” (1 Cr 28.3)

Davi cometeu adultério, providenciou a morte do marido de Bate-Seba, foi um pai omisso em momentos que deveria ter imposto uma disciplina a seus filhos, enfim, sua humanidade era igual à nossa. Ele teve qualidades, mas também apresentou muitos defeitos. É possível que conheçamos pessoas cristãs que, em termos de conduta, sejam até melhores do que Davi.

Abraão foi chamado o pai da fé, amigo de Deus (Tg 2.23), a ele foi feita a promessa de Deus de ter uma descendência abençoada e em quem seriam abençoadas todas as famílias da terra. Mas era humano como nós, cometeu erros, mentiu, tentou dar uma ajuda para Deus no cumprimento da promessa de ser pai, gerando um grande problema com o nascimento de Ismael, problema este que permanece até hoje.

Elias foi um profeta em quem o poder de Deus se manifestou intensamente, foi responsável pela morte de 450 profetas de Baal (1 Reis 18), era um homem cuja fé o impelia a atos de coragem, entretanto, quando ameaçado por Jesabel, fugiu e entrou em depressão.

Enfim, todos os personagens bíblicos, conquanto tenham manifestado virtudes dignas de elogios, também cometeram erros e pecaram como qualquer um de nós. Assim, é óbvio que não faz sentido querer imitar quem é como nós.

O propósito de Deus para o seu povo é mais ousado: Ele quer que sejamos imitadores de Cristo. Sim, o Filho de Deus é o nosso modelo, é nos passos dEle que devemos andar, conforme a vontade do Pai.

Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29).

Em Lucas 6.40 Jesus faz a seguinte afirmação: “O discípulo não está acima do mestre: todo aquele, porém, que for bem instruído será como seu mestre”. Uma clara admoestação aos discípulos para que busquem ser como o Mestre, instruindo-se na Palavra e procurando imitar o Senhor com vistas a nos parecermos com Ele.

É claro que seguir o exemplo de Jesus não é tarefa fácil. Ele era perfeito mesmo enquanto homem, não cometeu pecado, era sábio, tinha virtudes que devemos procurar cultivar. Todavia, sendo exatamente esse o propósito de Deus para seu povo, podemos ter a certeza de que, uma vez que nos disponhamos a obedecer e cumprir a vontade do Altíssimo, Ele agirá de forma a cumprir seus desígnios em nós, levando-nos cada dia a um nível mais elevado de espiritualidade, comunhão com o Espírito e semelhança a Jesus.
      
      Do texto lido vamos destacar apenas algumas virtudes presentes em Jesus e que devem se fazer presentes naqueles que afirmam ser discípulos do Mestre. 

1)      SUBMISSÃO AO PAI 
 
Jesus deu o exemplo de submissão ao Pai. Ele veio cumprindo os desígnios de Deus, e a Escritura diz que foi “obediente até a morte e morte de cruz” (Fp 2.8).

Jesus cumpriu todo o projeto que Deus Pai havia arquitetado para a salvação do ser humano, e em nenhum momento se rebelou contra o Pai, pelo contrário, submeteu-se à vontade do Altíssimo durante toda a sua vida, até o cumprimento final, que se deu com a Sua morte na cruz do calvário.

Jesus não mediu esforços para obedecer ao Pai. Ele se submeteu por completo, apesar de ser igual ao Pai em essência e poder. Em João 5.19 Jesus afirma que aquilo que o Pai faz, o Filho igualmente o faz.

sábado, 23 de janeiro de 2016

ATITUDES DIANTE DE SITUAÇÕES SEM SAÍDA




Base: Êxodo 14.9-14

INTRODUÇÃO

Nossa vida é uma caminhada cheia de momentos bons e também aflitivos. Com relativa frequência nos vemos em situações difíceis, que nos trazem sofrimento, preocupação, angústia, tiram nossa paz.
Há situações, porém, que são mais graves, pois ao olharmos para os lados não conseguimos encontrar saída, parece que estamos acorrentados e seremos alvo fácil à calamidade.
A nação de Israel experimentou uma situação assim logo após ter saído do Egito. Enquanto caminhavam pelo deserto, o exército egípcio saiu para persegui-lo e o alcançou próximo ao Mar Vermelho. O povo olhou para trás e avistou a imensa tropa egípcia vindo em sua direção; olhou para frente e viu o imenso mar. Não havia para onde correr, a morte era certa e iminente.
Uma situação sem solução era o que Israel vivia. E é também o que muitas pessoas experimentam em diversas ocasiões da vida.
             Mas o que fazer nesses momentos? Que tipo de atitude adotar?
             A passagem lida nos mostra algumas atitudes que Deus espera de Seu povo. 
             1)      Não murmurar
Caso parássemos a leitura no versículo 10, acreditaríamos que o povo de Deus teve a atitude correta diante da situação aflitiva com que se deparara: clamar ao SENHOR.
O problema é que esse clamor levantado pelo povo não foi o clamor que Deus deseja. Não foi uma súplica, um pedido de ajuda, um reconhecimento de impotência própria e da onipotência divina. Foi um clamor de reclamação, de murmuração.
Nos versículos 11 e 12 podemos constatar que o povo não demonstrava confiança em Deus, e ainda não tinha conseguido vislumbrar os propósitos do SENHOR para sua vida. Eles esqueceram o que Deus havia feito, as demonstrações de poder testemunhadas até então, e começaram a se queixar, dizendo que seria melhor ter continuado a ser escravos no Egito do que morrer ali no deserto.
Esse não foi um episódio isolado de murmuração dos israelitas. Desde quando estavam no Egito e Moisés se apresentou para libertá-lo, o povo começou a reclamar, pois a cada praga enviada apor Deus contra os egípcios, vinha alguma retaliação do Faraó, impondo maior carga de trabalho sobre os escravos. Até o momento em que se viram à entrada da terra de Canaã, os israelitas murmuraram. O resultado, como sabemos, é que Deus não permitiu a sua entrada na terra prometida.
Ao longo da caminhada de Israel pelo deserto Deus deixou bastante claro que Ele não tolera murmuração, pois isto implica em rebeldia, ingratidão, falta de confiança no Altíssimo.
Quando nos encontramos em situações que parecem não ter saída, onde todas as opções parecem levar a um maior sofrimento ou à completa derrota, a primeira atitude é não murmurar, porque reclamações não agradam a Deus e apenas mostram que ainda não conhecemos o Deus a quem servimos.
A maioria das pessoas tem como hábito reclamar quando aparecem problemas, quando a situação fica difícil, quando pensam que não há mais saída. Reclamam a todo instante, tornando-se até companhias desagradáveis, pois quando alguém lhes pergunta se este todo bem, a resposta é um mar de lamentações.
O povo de Deus não pode ser um povo murmurador. Nossos lábios devem expor palavras de sabedoria, de confiança em Deus, pois servimos ao criador dos céus e da terra.

O RESPEITO À CRIAÇÃO DE DEUS





“E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom; e foi a tarde e a manhã, o dia sexto.” (Gênesis 1.31)
 A Bíblia narra a criação do mundo por Deus, descrevendo inclusive a satisfação do Criador ao ver Sua obra, pois Ele fez tudo muito bom e perfeito. Deus criou o clima perfeito, a vegetação perfeita, a alimentação ideal para o ser humano e todos os seres viventes, enfim, pensou em cada detalhe.
 Ocorre, porém, que o ser humano se deixou levar pelas artimanhas da serpente, que despertou nele a insatisfação, a vontade de se equiparar a Deus em conhecimento, pois, como disse a serpente, “certamente não morrereis. Porque Deus sabe que no dia em que dele comerdes se abrirão os vossos olhos, e sereis como Deus, sabendo o bem e o mal.” (Gn 3:4,5)
 Assim, o ser humano optou por um caminho contrário ao que Deus havia idealizado, e até hoje vemos as consequências dessa péssima escolha. A natureza vem sendo destruída ano após ano, e com isto vêm os desastres naturais, as mudanças do clima, as chuvas torrenciais que deixam milhares de pessoas desabrigadas, provocam mortes e destruição. A poluição do meio ambiente pouco a pouco vai tornando o planeta um lugar mais difícil de ser habitado, e doenças surgem aos montes por causa das contaminações provocadas pelos produtos criados pelos humanos. A educação das crianças cada vez mais é negligenciada e corrompida. Não satisfeito com os alimentos criados por Deus, que são perfeitos para as necessidades do corpo, o ser humano resolveu criar produtos alimentícios carregados de corantes, conservantes, açúcar e diversos aditivos químicos, além de modificações genéticas, capazes de males irreversíveis.
Infelizmente, muitos cristãos adotam esse estilo de vida, imitando o mundo que se opõe a Deus e seus valores. Abandonam os hábitos saudáveis de alimentação, tornando-se escravos dos valores mundanos que pregam o uso dos alimentos para o prazer, e não para a saúde do corpo. Deixam de educar os filhos conforme os princípios bíblicos e permitem que filosofias do mundo permeiem o que é ensinado às crianças. Desrespeitam a natureza e a agridem de várias formas.
O resultado: cristãos sofrendo as consequências de se deixarem levar por valores contrários à Palavra de Deus, equiparando-se aos que não temem ao Altíssimo. A natureza devolvendo a agressão por ela sofrida. Cristãos padecendo com doenças causadas por hábitos alimentares mortais e estilo de vida antifisiológico, que provocam câncer, diabetes, oxidação do colesterol, obesidade, osteoporose, hiperatividade em crianças e tantos outros males, por abraçar os valores do mundo quanto à alimentação. Crianças crescendo fora dos princípios bíblicos, desobedientes, desrespeitosas, irreverentes.
Os cristãos são pessoas que têm ou deveriam ter conhecimento da Bíblia e de seus valores. Pessoas que, ao contrário do mundo, deveriam enxergar os valores espirituais envolvidos na preservação do meio ambiente, no cuidado com a alimentação e a saúde, na educação dos filhos, no respeito à criação de Deus.
  Deus fez tudo bom e perfeito. Como cristãos, observemos a Palavra de Deus e vivamos de forma a glorificá-lO por nosso estilo de vida, que não deve se amoldar aos padrões do mundo, mas, sim, aos valores da Palavra de Deus.

José Vicente
16.01.2016