sábado, 8 de setembro de 2018

ATITUDES DE QUEM QUER USUFRUIR DAS BÊNÇÃOS DE DEUS


Texto base: Números 13.25-33; 14.1-12


Qual seria a sua resposta à seguinte pergunta: “Você gostaria de usufruir das bênçãos de Deus em sua vida?”.
É bem provável que, em se tratando de pessoas que creem em Deus, 100% delas responderiam afirmativamente. Mas, vamos mudar um pouco a pergunta: “Você QUER usufruir das bênçãos de Deus em sua vida?”

Agora, certamente muitas pessoas continuaram a responder afirmativamente, mas surgiu nas suas mentes uma pontinha de dúvida: afinal, existe alguma diferença entre as duas perguntas? Será que afirmar que eu gostaria não é a mesma coisa de dizer que eu quero? Vamos tentar descobrir isso.

Analisando a passagem lida, percebemos que se trata do momento em que o povo de Israel, liderado por Moisés e Arão, chegou às proximidades de Canaã, terra prometida por Deus, e seguindo orientação do Altíssimo, foram enviados 12 espias para conhecer a terra e trazer informações sobre os povos que ali habitavam, como eram as cidades e se o solo era produtivo. Quando os doze retornaram, trouxeram ótimas informações sobre Canaã. Apresentaram um cacho de uvas muito grande, carregado por dois homens, além de romãs e figos. Falaram que o solo produzia de forma maravilhosa, todavia, também avisaram que os povos que ali habitavam eram poderosos e numerosos, havendo gigantes entre eles.

Até aí nenhum problema, porque eles estavam fazendo o relatório de tudo quanto haviam visto. Mas as coisas começaram a se complicar quando dez dos espias, após ouvirem Calebe conclamando o povo a subir e possuir a terra, passaram a desencorajar os israelitas, dizendo que não poderiam fazer aquilo, pois os habitantes de Canaã eram muito mais fortes que o povo de Israel. Chegaram a dizer que aquela era uma terra que devorava seus moradores. Com isto, os dez levaram todo o povo a murmurar e se voltar contra Moisés e Arão, desejando retornar ao Egito.

Quando Josué e Calebe tentaram convencer o povo de que era possível conquistar a terra, pois Deus era com eles, toda a congregação queria apedrejá-los.

O restante do relato bíblico nos mostra que, conforme Deus havia determinado após a murmuração do povo, daquela geração apenas Josué e Calebe entraram na terra prometida, e os filhos com menos de vinte anos de idade de todo aquele povo, sendo que os restantes permaneceram durante quarenta anos no deserto, até que morressem, sem lhes ser permitido entrar em Canaã.

Observemos que Deus tinha bênçãos grandiosas reservadas para o Seu povo. Canaã era uma terra maravilhosa, onde Israel se instalaria e contaria com solo fértil, experimentaria prosperidade e felicidade, além de derrotar os inimigos porque Deus iria à frente nas batalhas. Entretanto, diante da atitude que adotaram, aquelas pessoas não puderam provar as bênçãos que Deus havia lhes preparado, e que somente foram contempladas por Josué, Calebe e a geração que na época tinha menos de vinte anos de idade, e isso muitos anos depois.

É bem possível que, em nossa caminhada com Deus, muitas vezes deixemos de usufruir de bênçãos que o Altíssimo tem reservado para nós, apenas por causa de atitudes equivocadas que tomamos, e que repercutem negativamente em nossa espiritualidade, demonstrando que não estamos prontos para receber alguns presentes maiores da parte do Pai.
 

Olhando para o texto bíblico, vamos destacar uma atitude básica que deve ser observada por quem realmente quer provar plenamente as bênçãos do Altíssimo, listando alguns de seus desdobramentos:


     1)    DISPOSIÇÃO PARA FAZER O QUE É NECESSÁRIO

Logo no início eu perguntei se haveria diferença entre “eu gostaria de usufruir das bênçãos de Deus” e “eu quero usufruir das bênçãos de Deus”. E sou levado a dizer que sim, há diferença, pois não se trata de expressões sinônimas.

Quando alguém diz “eu gostaria de ser, ter ou fazer algo”, isto está mais ligado a um desejo, um sonho, que nem sempre vem carregado da atitude necessária para que ele se torne realidade. Eu, por exemplo, gostaria de conhecer o Japão, mas nunca fiz absolutamente nada que me permitisse concretizar esse desejo, logo, não posso esperar visitar aquele país um dia sem antes me dispor a fazer o que é necessário.

Podemos exemplificar, ainda, com a questão da saúde física. Todos, com certeza, gostariam de ter uma ótima saúde e experimentar um nível elevado de qualidade de vida. O problema é que, embora todas as pessoas afirmem que gostariam de ter ótima saúde, são pouquíssimas as que realmente adotam atitudes para alcançar esse fim. A imensa maioria não se dispõe a abandonar hábitos alimentares ruins nem a adotar hábitos saudáveis, pois isto envolveria sair da zona de conforto, renunciar a coisas que dão prazer.

Por outro lado, a frase “eu quero” traz em si o sentido de disposição para fazer o que é necessário para alcançar aquilo que se pretende. Assim, quem diz que quer melhorar sua saúde, provavelmente terá disposição para deixar de lado o que possa lhe trazer danos e abraçará o que resulte em benefícios, não se prendendo ao prazer momentâneo, mas à alegria de viver bem e glorificar a Deus cuidando desse valioso presente que Ele nos deu.

Portanto, a principal atitude para quem realmente quer experimentar as bênçãos de Deus é ter disposição para fazer o que é necessário.

Todo o povo de Israel gostaria de entrar em Canaã. Desde a saída do Egito esse sonho era acalentado nos corações. O problema é que, já durante a caminhada, Israel vinha demonstrando certa relutância em confiar que Deus tornaria esse sonho uma realidade. E quando, às portas de Canaã, eles ficaram sabendo que a entrada não seria de todo pacífica, pois havia povos fortes habitando naquele lugar e isso envolveria conflitos, demonstraram que não estavam dispostos a pagar o preço para ver o sonho realizado.
Os únicos que demonstraram disposição para ir adiante e pagar o preço foram Josué e Calebe, porque eles realmente queriam entrar na terra prometida, queriam se apossar da bênção que Deus havia reservado especialmente para Seu povo, e essa vontade gerava neles a coragem de fazer o que fosse necessário.
Assim como Josué e Calebe, se quisermos desfrutar das inúmeras bênçãos que Deus tem preparado para nós, precisamos nos dispor a fazer o que for necessário. Sim, receber bênçãos tem a ver com a nossa disposição.


(i)  Disposição para sair da zona de conforto. Israel pensava que bastaria chegar a Canaã e entrar, sem maiores esforços. Deus já havia suprido o povo com alimento, água, manutenção das vestes e dos calçados, então Deus entregaria a terra limpa e desocupada, sem a necessidade de lutas. Mas ao perceber que haveria a necessidade de lutar, de alterar algo no seu ritmo de vida, o povo desanimou e quis retornar ao Egito.

Quem vive na zona de conforto não cresce e não se torna útil, além de não receber bênçãos que gostaria de receber, mas que não está disposto a fazer esforços para conseguir. Não se trata de uma barganha com Deus, mas de estar preparados para fazer o que nos cabe no relacionamento com o Altíssimo.

Aquela pessoa que, tendo recebido dons de Deus, insiste em ficar sentada nos bancos da igreja sem assumir suas responsabilidades no Corpo de Cristo, está deixando de abençoar vidas, assim como está impedindo que muitas bênçãos sejam derramadas sobre si mesma. Ela está acomodada na zona de conforto e não quer sair. 

Quem acha que apenas por se autodenominar cristão e frequentar os trabalhos desenvolvidos em sua congregação está fazendo o suficiente e que com isso Deus já pode lhe enviar toda sorte de bênçãos, está muito enganado, pois Deus quer que cresçamos dia a dia, e não que sejamos pessoas acomodadas.

Saia da zona de conforto.


(ii)  Disposição para renunciar ao que possa atrapalhar nossa intimidade com o Altíssimo. Durante toda a caminhada no deserto o povo de Israel deixou claro que ainda carregava o Egito dentro de si. E agora, perto de entrar em Canaã, mais uma vez ocorreu a demonstração de que aquelas pessoas ainda não haviam lançado fora os valores do Egito, pois bastou o relato da existência de povos fortes na terra prometida para logo falarem em voltar para o Egito (14.1-4).

Eles não haviam ainda renunciado ao Egito. Carregavam-no consigo bem vivo no coração e o tinham como um lugar para onde poderiam retornar caso não se dessem bem na nova vida.

Assim são muitos cristãos, pois embora tenham passado a fazer parte da Igreja de Cristo, continuam com seus corações divididos, lembrando-se frequentemente dos valores e prazeres do mundo, e vislumbrando a possibilidade de retorno caso a vida com Cristo se torne difícil, o que não raras vezes acontece, pois a vida cristã é repleta de desafios e dificuldades.

Não é possível usufruir plenamente das bênçãos de Deus assim. Deus não aceita que andemos coxeando entre dois caminhos (1Rs 18.21). Jesus já disse que não é possível servir a dois senhores (Mateus 6.24), ou seja, não há como estar com os pés em duas canoas. Ou estamos com Cristo ou estamos com o mundo, mas pretender andar com um e ter o outro como válvula de escape é impossível.

Precisamos ter disposição para renunciar a tudo o que possa comprometer nossa comunhão com Deus, seja um vício, um pecado oculto, um comportamento que acaba levando à prática de pecados, uma forma de pensar que não encontra guarida na Bíblia, a busca inconsequente de prazer, o excessivo apego a coisas materiais, não importa o que seja, deve ser lançado fora.



(iii) Disposição para confiar em Deus e enfrentar nossos medos e os gigantes que nos assombram. Josué e Calebe exortaram os irmãos israelitas dizendo: não temais o povo dessa terra” (14.9). Eles sabiam que o medo era um poderoso inimigo, mas que era necessário superá-lo para tomar posse da terra prometida por Deus.

Aquelas pessoas, contudo, recuaram diante do medo e dos gigantes, e, assim, a bênção que esperavam não veio, pois foram impedidas de entrar em Canaã.

O medo é, de fato, algo que pode nos paralisar, mas o que deve nos motivar a seguir em frente não é a nossa própria coragem, e, sim, a confiança em Deus, que caminha conosco e é maior do que qualquer obstáculo.

Os israelitas prestaram atenção à força dos adversários, à estatura dos guerreiros inimigos, e deixaram de observar o tamanho do Deus a quem serviam e que havia feito a promessa de lhes dar aquela terra. Assim, concentrando-se apenas nos empecilhos, ficaram impossibilitados de enxergar a solução, que era o próprio Deus, pois bastaria que dessem ouvidos a Josué e Calebe, que os relembravam de que o Altíssimo cumpriria Sua promessa, para que seu destino tivesse sido diferente.

Deus disse que o povo não cria nEle: “Disse o SENHOR a Moisés: Até quando me provocará este povo e até quando não crerá em mim, a despeito de todos os sinais que fiz no meio dele?” (14.11)

Quando ficamos paralisados diante de nossos medos e não enfrentamos os gigantes que se colocam em nosso caminho, demonstramos falta de confiança no poder de Deus, que assegurou que estaria conosco continuamente.

Seguir em frente, com fé em Deus, nos faz mais fortalecidos a cada dia, e torna nossos laços com o Pai Eterno mais profundos, de maneira que entregamos a Ele todos os nossos temores, e fazemos aquilo que Pedro nos orientou: “Humilhai-vos, portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que Ele, em tempo oportuno, vos exalte, lançando sobre ele toda a vossa ansiedade, porque ele tem cuidado de vós.” (1Pe 5.6-7)

Assim, veremos maravilhados o poder de Deus agindo em nosso favor.

(iv) Disposição para deixar a murmuração. A Bíblia nos ensina que a murmuração é um dos pecados que mais provocam a ira de Deus. Durante a caminhada no deserto Israel murmurou demasiadamente. Tudo era motivo para reclamação e para se lembrarem da vida no Egito, que, embora sofrida, aos seus olhos parecia melhor do que andar no deserto sob os cuidados do Altíssimo.

E tão logo os dez espias deram uma visão pessimista quanto à possibilidade de tomar posse da terra de Canaã, todo o povo se pôs a murmurar contra Moisés e Arão, os líderes que os haviam conduzido até aquele lugar (14.1-4).

Deus, que já não se agradava das constantes reclamações do povo ao longo da jornada, mais uma vez irou-se e disse: “Até quando sofrerei esta má congregação que murmura contra mim? Tenho ouvido as murmurações que os filhos de Israel proferem contra mim.” (14.27-28). E foi então que Deus reafirmou seu decreto de que todos aqueles com mais de vinte anos de idade não entrariam em Canaã: “Neste deserto, cairá o vosso cadáver, como também todos os que de vós foram contados segundo o censo, de vinte anos para cima, os que dentre vós contra mim murmurastes; não entrareis na terra a respeito da qual jurei que vos faria habitar nela, salvo Calebe, filho de Jefoné, e Josué, filho de Num.” (14.29-30)

A murmuração é um pecado que indica, principalmente, ingratidão para com Deus. É a falta de reconhecimento de tudo quanto o Altíssimo tem feito por nós, que nos leva inclusive a não confiar nas promessas dEle, achando que até podemos ter soluções melhores do que as de Deus. Para o murmurador nada está bom. Por isso ele não está apto a receber mais bênçãos de Deus, pois um coração cheio de ingratidão não tem espaço para novas dádivas do Pai.

Os israelitas reclamavam do deserto, do sol, da água, do maná que Deus enviava do céu, dos líderes levantados por Deus, da necessidade de terem que lutar, enfim, eles não conseguiam manifestar gratidão ao Pai em nada, mas apenas reclamavam mais e mais.

Nosso coração tem que ser repleto de gratidão. Precisamos aprender a olhar para tudo o que já recebemos de Deus e render graças ao Altíssimo, mesmo que estejamos passando por momentos difíceis, porque enquanto estamos vivos podemos contar com o SENHOR para nos ajudar a vencer os obstáculos, e após a morte, poderemos usufruir da promessa de vida eterna com Cristo. Gratidão é a palavra chave para termos uma vida mais abençoada por Deus e contemplarmos a concretização das promessas do Altíssimo em nossas vidas.

Josué e Calebe, que renunciaram à murmuração, viram a promessa se cumprir. Os murmuradores morreram no deserto, sem conseguirem alcançar o que desejavam.

Sejamos pessoas gratas a Deus.




(v)     Disposição para obedecer a Deus. No capítulo 14.9, Josué e Calebe dizem ao povo: “tão somente não sejais rebeldes contra o SENHOR”. Ali estava um povo que tinha dificuldades em obedecer a Deus. E diante do desafio que se desenhava à sua frente, a Israel caberia obedecer à voz de Deus e confiar nEle para marchar e tomar posse da terra prometida, entretanto, o próprio Deus disse que o povo reiteradamente o desobedecia: “nenhum dos homens que, tendo visto a minha glória e os prodígios que fiz no Egito e no deserto, todavia, me puseram à prova já dez vezes e não obedeceram à minha voz” (14.22).

Obediência é fundamental no caminho para alcançar bênçãos de Deus. Saul foi repreendido por Samuel justamente nessa área: “Porém Samuel disse: Tem, porventura, o SENHOR tanto prazer em holocaustos e sacrifícios quanto em que se obedeça à sua palavra? Eis que o obedecer é melhor do que o sacrificar, e o atender, melhor do que a gordura de carneiros” (1Samuel 15.22).

E o mesmo Samuel advertiu de que “a rebelião é como o pecado de feitiçaria, e a obstinação é como a idolatria” (1Samuel 15.23), o que deixa evidente que a desobediência é algo que desagrada profundamente a Deus, não apenas impedindo que experimentemos a plenitude das bênçãos para nós preparadas, como também trazendo sobre nós a disciplina do Pai para nos corrigir, porque Ele nos ama.

Infelizmente a quantidade de cristãos que desejam as bênçãos do Altíssimo sem manifestarem disposição para obedecê-lo é enorme. Por mais que haja conhecimento da Palavra, ela é deixada de lado ou então é torcida para se adaptar ao gosto pessoal de cada um, de maneira que seja possível desobedecer a Deus sem que isso represente um peso na consciência, que muitas vezes está cauterizada pela prática constante desse pecado.

Somos exortados, pelo exemplo de Josué e Calebe, a termos uma vida de obediência a Deus, colocando a nossa vontade submissa à vontade do Pai. A oração que Jesus fez quando estava no Getsêmani deve ser também a nossa oração: “Pai, se queres, passa de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim a tua” (Lucas 22.42).



(vi)          Disposição para esperar o tempo de Deus. Dos doze espias enviados a Canaã, os dez que desencorajaram o povo morreram atingidos por pragas, enquanto os dois que exortaram o povo a entrar seguiram firmes e, quarenta anos depois, viram a promessa de Deus se cumprir (14.36-38). Josué e Calebe poderiam se sentir desanimados ao saberem que teriam que aguardar mais quarenta anos para poderem ver a concretização do sonho de entrar em Canaã, entretanto, eles permaneceram firmes e aguardaram o cumprimento do tempo de Deus.

Quarenta anos é um tempo considerável. Não se trata de poucas semanas, mas um longo período na vida de qualquer pessoa. Poderia parecer tempo demais. Talvez tempo suficiente para levar qualquer um a desanimar. Mas Josué e Calebe tiveram paciência.

Os tempos modernos induzem as pessoas ao instantâneo. Tudo tem que ser para já, e esperar é algo que causa irritação e desencorajamento. As pessoas fazem investimentos financeiros e querem o retorno imediatamente. Tomam medicamentos e acham que a cura tem que ocorrer no ato. Da mesma forma, oram e acreditam que Deus tem que responder na hora, e se houver a necessidade de esperar por uma resposta divina, logo desanimam e dizem que suas orações não são ouvidas, ou são tomadas de ansiedade.

Esperar o tempo de Deus é um grande desafio para o ser humano. Aquietar o coração e aguardar o cumprimento da vontade de Deus é um exercício de humildade e submissão que nem todos estão dispostos a fazer.

Davi foi um homem que soube esperar. Após ser ungido por Saul, ele aguardou entre vinte e quarenta anos para assumir o reino de Israel, sem jamais tentar tomar o trono à força ou “colaborar” para que a promessa de Deus se cumprisse mais rapidamente, e em um de seus salmos Davi fala sobre o esperar em Deus: “Com efeito, dos que em ti esperam, ninguém será envergonhado” (Salmo 25.3)

A paciência é um elemento vital para que vejamos muitas bênçãos de Deus sendo derramadas sobre nós e nossas famílias. Saibamos esperar em Deus.


CONCLUSÃO

Todos nós somos abençoados por Deus em Cristo Jesus, mas há bênçãos específicas que o Pai tem reservado para cada um de nós, individualmente. Usufruir dessas bênçãos é um desejo que deve estar em nossos corações, mas para isso precisamos estar dispostos a fazer o que é necessário, observando a Palavra de Deus e buscando uma vida de maior comunhão com o Altíssimo, em um caminhar que demonstre nossa confiança no SENHOR acima de tudo.

Que Deus nos dê coração grato, confiante e obediente, para podermos contemplar tudo o que Ele já preparou para nós, não apenas nesta vida, mas também na que está por vir. Amém.

José Vicente

segunda-feira, 21 de maio de 2018

EXPERIMENTANDO A GRAÇA ILIMITADA DE DEUS



Texto base: Mateus 15.29-39

Algumas vezes, principalmente no início do ano, podemos ver diversas grandes lojas realizando promoções com anúncios de descontos que chegam a 70%. Geralmente é uma forma de queimar o estoque que sobrou após as festividades de fim de ano.

Nessas situações, não é raro ver pessoas que se dispõem a enfrentar filas enormes para poderem assegurar sua entrada no estabelecimento e adquirir o almejado produto com generoso desconto. Há, inclusive, aqueles que montam acampamento na porta da loja, passando ali a noite, para terem a certeza de que conseguirão entrar e comprar o que desejam pelo precinho imperdível.

A mesma coisa ocorre quando cantores e bandas musicais estrangeiras e famosas vêm ao nosso país para realizar turnês de shows. Os fãs passam dias em filas aguardando a abertura das bilheterias para adquirir os ingressos e não perder a única e exclusiva apresentação dos artistas.

Em marketing isso é explicado como o disparo do gatilho mental da escassez. Isto leva as pessoas a envidarem esforços para adquirirem aquilo que desejam e que pode terminar logo, não voltando a ficar disponível tão cedo. É o medo de não conseguir realizar um sonho de consumo, seja a compra de um bem, a presença em um show do artista favorito, ou qualquer outra coisa que possa ser desejada e adquirida.

Será que em nosso relacionamento com Deus precisamos temer a escassez? Será que, se não aproveitarmos as bênçãos que Deus tem para nós hoje, amanhã não haverá mais? O poder de Deus pode sofrer alguma limitação com o tempo e então Ele deixará de suprir nossas necessidades em dado momento da existência?

O texto lido mostra Jesus, próximo ao Mar da Galileia, diante de uma multidão de milhares de pessoas que O seguiam para ouvir Seus ensinamentos e buscar auxílio quanto a situações de enfermidade.

Nos versículos 29 a 31 vemos que essas multidões traziam inúmeras pessoas doentes, que não encontravam solução junto aos médicos da época, e Jesus curava a todos, levando todos a glorificarem a Deus.

E então chegamos ao momento em que Jesus realizou, pela segunda vez, o milagre da multiplicação de pães e peixes.

É interessante notar que não fazia muito tempo que Jesus havia realizado um milagre semelhante, quando, utilizando cinco pães e dois peixes, alimentou cinco mil homens, além de mulheres e crianças, conforme relatado em Mateus 14.13-21.

As duas situações, porém, eram diferentes. Na primeira multiplicação, Jesus estava na Galileia, perto de Betsaida, região predominantemente judia; já na segunda multiplicação, Jesus estava na região chamada Decápolis, onde predominavam os gentios.

Jesus estava dando sinais de que o Reino de Deus seria estendido aos gentios, e que um novo tempo chegava, onde Deus seria buscado e encontrado por aqueles que antes estavam de fora da aliança divina.

A passagem traz inúmeros ensinamentos a nós, que, assimilados, nos levarão a um crescimento espiritual cada dia maior, proporcionando maior plenitude de vida na Presença do Altíssimo não apenas para nós, mas também a nossa família. E certamente aprenderemos, também, que com Deus não há escassez.

      Vamos meditar em alguns desses ensinamentos. 

      1)      PERMANEÇA COM JESUS INDEPENDENTEMENTE DAS CIRCUNSTÂNCIAS (v. 32)
Quando Jesus olhou para a multidão que ali estava, disse o seguinte: “Tenho compaixão desta gente, porque há três dias que permanece comigo e não tem o que comer” (v. 32).

Aquelas pessoas haviam deixado o conforto de suas casas, e seguiam Jesus já há três dias, ansiosas por ouvir o que Ele ensinava e também para apresentarem a Ele aquilo que as afligia, na esperança de que poderiam obter a solução, por mais que parecesse impossível o problema que estivessem enfrentando.

Durante três dias as pessoas caminharam com Jesus, e se mantiveram firmes em seu propósito, não desanimando por causa das circunstâncias. É claro que, em certo momento, acabou o alimento que porventura tivessem levado, pois talvez não fizessem ideia de que sua jornada seria longa. Mas o certo é que, longe de casa, em local deserto, sujeitos a intempéries, sem nenhum conforto ou facilidade, elas permaneceram com Jesus.

É bem provável que, dentre a multidão que iniciou a caminhada com Jesus, tenha havido aqueles que, ao primeiro sinal de dificuldade, tenham retornado para suas casas. Esses, porém, não testemunharam os milagres que Jesus fez e que somente foram contemplados por aqueles que permaneceram com o Mestre o tempo todo.

Nossa caminhada não é fácil. Entretanto, é necessário permanecer com Jesus, independentemente das circunstâncias.

Para muitos, é fácil permanecer com Jesus quando a vida está confortável, quando tudo está indo bem e não há contratempos. Entretanto, quando surgem desafios, problemas inesperados, crises, permanecer com Jesus não parece ser algo tão fácil, principalmente para quem é imediatista e quer ver soluções instantâneas, não se dispondo a esperar por uma intervenção de Jesus.

Permanecer com Cristo exige abnegação, fé, disposição para caminhar com o Mestre, para ouvir seus ensinamentos, para suportar situações adversas sem retroceder.

No meio daquela multidão havia famílias que buscavam a Jesus. Pais, mães e filhos juntos se empenhando por conhecer a Cristo e ser transformados por Ele. Pessoas que não desistiram ao longo da caminhada, e superaram o desconforto de estar longe de casa para poderem ser abençoadas por Jesus.

Permanecer com Cristo é um desafio enorme para o ser humano, principalmente diante de tanta sedução do mundo e suas filosofias hedonistas, que induzem as pessoas a buscarem o que é mais fácil e prazeroso, em detrimento daquilo que possa exigir sacrifícios e renúncia.

Permaneça com Jesus mesmo que pareça bobagem aos olhos do mundo. Permaneça com Jesus mesmo que a situação aparentemente seja de impossível solução. Permaneça com Jesus mesmo que pareça mais fácil voltar atrás e percorrer outro caminho. 

Permaneça com Jesus, aconteça o que acontecer. 

      2)      É NECESSÁRIO ASSENTAR-SE E PRESTAR ATENÇÃO EM JESUS (v. 35)
Quando se tem uma multidão de milhares de pessoas reunidas, é natural que haja muito burburinho, muita conversa, agitação, principalmente se houver algo que possa perturbar a tranquilidade das pessoas. Certamente teremos pessoas andando para lá e para cá; crianças brincando; uns sentados, outros em pé; alguns calmos, outros mais agitados; enfim, dificilmente uma multidão será silenciosa e tranquila.

Aquela multidão que estava com Jesus provavelmente não era diferente. Entretanto, em meio à agitação do povo, Jesus ordena que todos se assentem no chão.

É provável que as pessoas não soubessem o que estava por vir. Elas apenas ouviram a ordem: “sentem-se”. Por que deveriam se sentar? Talvez alguém tenha feito essa indagação, mas o certo é que, após a ordem de Jesus, todos se assentaram.

Assentar-se, naquela circunstância, poderia ser entendido como um sinal de que Jesus iria iniciar algum ensinamento, mas, de qualquer forma, indicava que as pessoas deveriam se acalmar, se aquietar e fixar a atenção no Mestre. E foi o que a multidão fez.

Em meio a nossa aflição, inúmeras vezes permanecemos inquietos, não fazemos silêncio, agitamo-nos e ficamos perturbados. Jesus, porém, diz: “sente-se”.

Sentar-se é acalmar os pensamentos. É fazer calar aquela nossa voz que insiste em fazer questionamentos o tempo todo, e não consegue ouvir claramente a Voz do Mestre. É aquietar-se e olhar para Jesus, esperando o que Ele está preparando para nós. É cessar os esforços que são feitos sem qualquer direcionamento de Deus, baseados apenas em nossa perspectiva das coisas e em nossa vontade de resolver os problemas.

A multidão se assentou e foi alimentada por Jesus, testemunhando um milagre de proporções gigantescas, que foi a multiplicação de sete pães e alguns peixinhos para alimentar milhares de pessoas que ali se encontravam.

No Salmo 46 vamos encontrar a seguinte exortação: “Aquietai-vos e sabei que eu sou Deus” (Sl 46.10)

Quando ouvimos Jesus e nos assentamos, Ele farta nossa alma com amor e nos socorre naquilo que é necessário, saciando-nos e cuidando de nós.

      3)      CREIA QUE A GRAÇA DE DEUS É ABUNDANTE E ILIMITADA (v.37-38)
A mente humana é limitada, e isso pode nos levar a pensar que, se Deus fez um milagre uma vez, talvez seja demais esperar que Ele faça algo parecido de novo. Nem sempre esse é um pensamento consciente, mas certamente ele está entranhado nas mentes de muitos cristãos que ficam temerosos ao se verem novamente diante de uma situação difícil, pois ficam em dúvida quanto à possibilidade de receberem novo livramento de Deus.

Podemos ver isso claramente na história de Israel após a saída do Egito. Durante a caminhada pelo deserto, Deus fez inúmeros sinais e prodígios maravilhosos, entretanto, ao primeiro sinal de dificuldade parecia que o povo se esquecia do que Deus já havia realizado, ou achava que o Altíssimo talvez não pudesse fazer mais nada, pois imediatamente se levantava murmuração em meio à multidão, havia choro, medo de seguir adiante e vontade de voltar atrás.

Ora, a Bíblia toda nos revela que Deus é rico em poder, e para Ele não há limites. Deus não se cansa nem se enfraquece quando utiliza Seu poder. A misericórdia do Altíssimo não se esgota, muito menos Sua disposição em abençoar os que O amam.

Israel no deserto, apesar de toda murmuração, via Deus agindo dia após dia e realizando feitos tão grandiosos que as pessoas tinham até dificuldade em acreditar no que seus olhos viam.

E no texto lido vemos, vemos que os próprios discípulos de Jesus tinham essa mentalidade, porque, não levando em conta a multiplicação anterior, questionavam como seria possível alimentar tanta gente (v. 33). Talvez eles achassem que Jesus não faria em território gentio o mesmo milagre que fizera perante os judeus, seja por questões de diferenciação entre esses povos ou por achar que os gentios não fossem dignos de receber tão grande cuidado divino.

A atitude de Jesus, porém, mais uma vez é a confirmação da inesgotabilidade do poder e da misericórdia de Deus.

Jesus repetiu um milagre que havia feito não muito tempo atrás, quando alimentara uma multidão de cinco mil homens, mais mulheres e crianças, a partir de apenas cinco pães e dois peixes (Mateus 14.13-21). E agora, diante de uma multidão onde milhares de pessoas se encontravam em situação que não lhes permitia obter alimento, Jesus não teve dúvidas em tornar a multiplicar os pães e peixes para que todos fossem alimentados.

E Jesus não fez acepção de pessoas! Mesmo estando em uma região de povo gentio, Jesus estendeu àquelas pessoas as mesmas bênçãos que havia derramado sobre os judeus.

E mais: o texto nos revela que o milagre não foi feito com mesquinharia, mas com abundância, porque foi provido alimento para quatro mil homens, além de mulheres e crianças, e para mostrar que com Deus não há miséria, o que sobrou foi suficiente para encher sete cestos.

A palavra traduzida como “cesto”, na primeira multiplicação (Mt. 14.20) se refere a cesto pequeno, do tipo usado para uma pessoa carregar pães, talvez aquela cesta que usamos no supermercado para poucas mercadorias, enquanto na segunda multiplicação (Mt. 15.37) a palavra grega designa cestos grandes, utilizados no mercado para transporte de mercadorias, onde cabia até uma pessoa, como em Atos 9.25, onde é narrado que Paulo foi posto em um cesto para fugir dos judeus que queriam matá-lo a qualquer custo. 

Notemos, ainda, que Jesus vinha de uma maratona de curas, onde muitas pessoas haviam sido libertadas de enfermidades incuráveis! E isso não reduziu Seu poder.



Você acha que Deus já fez demais em sua vida e que as chances de que Ele venha a atender ao seu clamor são pequenas? Pensa que a sua situação é muito grave e que talvez Deus vá agir apenas em uma parte do problema, deixando sem solução o restante? Ou será que você se acha inferior a outras pessoas e acredita que Deus olhará para todos, menos para você?

É necessário crer que a Graça de Deus é infinita, inesgotável, e que a Sua ação em nosso favor pode ir muito além do que imaginamos e esperamos. Também é essencial crer que Deus não faz acepção de pessoas. Quem O busca O encontra.

Em Deus há abundância de misericórdia, de graça, de amor, de bênçãos. Quando Ele age em favor de seus filhos, Ele o faz liberalmente, com generosidade, de maneira a saciar a fome e a sede. Deus não dá migalhas aos Seus filhos.

CONCLUSÃO
Jesus veio transformar vidas, e nEle encontramos plenitude de vida. Ele está de mãos abertas para abençoar os que permanecem nEle, que se assentam e fixam nEle sua atenção, e que creem na ilimitada e infinita Graça de Deus. Com Ele não precisamos temer a escassez.

O que Jesus pode fazer em nossas vidas está além de nossa compreensão. Cumpre a nós crermos e andarmos em Seus passos, jamais nos rendendo ao comodismo e às influências do mundo, mantendo-nos firmes nos ensinamentos do Mestre.

“28 Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o SENHOR, o Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento.” (Isaías 40.28)

“20 Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós, 21 a ele seja a glória, na igreja e em Cristo Jesus, por todas as gerações, para todo o sempre. Amém!” (Efésios 3.20-21)

Que Deus nos conceda fé cada dia mais forte e inabalável, para permanecermos firmes em Cristo e com Cristo. Amém.

José Vicente