terça-feira, 29 de setembro de 2009

NÃO QUEBRE O VASO

Antes de ler esta postagem, abra sua Bíblia e leia Eclesiastes 7:16-22. Aproveitando que está com a Bíblia nas mãos, prolongue-se na sua leitura e deixe Deus revelar a você o que está escrito em Sua Palavra.

Olhe para uma mesa próxima a você, ou, se não estiver perto de uma, visualize-a em sua mente. Agora, pegue um vaso muito bonito, de preferência um daqueles valiosos, e o coloque sobre a mesa, em uma posição que reduza drasticamente a chance de que ele venha a cair no chão e se quebrar. Onde foi que você colocou o vaso? Se você o pôs nas extremidades, ou próximo às extremidades da mesa, sugiro que repense suas atitudes e sua filosofia de vida, pois você parece ser alguém que deixa o vaso se quebrar com certa facilidade. Qualquer esbarrão na mesa ou no próprio vaso, estando ele próximo às extremidades, fará com que ele se precipite ao chão e se estilhace, sendo que, dependendo de como for a quebradura, talvez não haja forma de consertá-lo, ou, se houver, ainda poderão sobrar algumas rachaduras.

Mas, se você colocou o vaso na parte central da mesa, parabéns, porque você é uma pessoa que preza pelo equilíbrio e busca viver de forma sensata e sábia. No centro da mesa realmente os riscos de que o vaso caia no chão e se quebre são extremamente reduzidos.

Em nossa vida devemos prezar pelo equilíbrio. Viver nos extremos é muito arriscado, pois podemos nos machucar seriamente, além de ferir outras pessoas por causa de nossas atitudes radicais e desprovidas de sabedoria.

No texto bíblico cuja leitura foi sugerida no início desta postagem, vemos o rei Salomão pregando o equilíbrio. Ele não está dizendo para não ser justo ou sábio, nem conclama a ser ímpio ou louco, mas está afirmando que, em tudo, devemos ter uma vida equilibrada, sabendo que não há, perante Deus, homens suficientemente justos, sábios, desprovidos de pecado, e também tendo em mente que não é a busca desenfreada por essa condição que levará o homem a ser aceito por Deus, mas, sim, a consciência de que o ser humano é falho, porém o que teme a Deus e nEle confia, esse goza da misericórdia divina.

Muitas vezes somos extremistas no julgamento do próximo. Somos extremistas em relação às falhas alheias. Somos extremistas ao vermos pecado e impureza em tudo, quando, muitas vezes, o pecado e a impureza estão em nosso olhar, em nosso coração. Somos extremistas ao dar ouvidos a tudo o que nos dizem, sem maiores reflexões sobre a verdade do que é dito. Somos extremistas no revide a ofensas. Somos extremistas ao nos magoarmos com facilidade e deixarmos que raízes de amargura se proliferem em nosso íntimo. Somos extremistas ao negarmos que Deus continua operando hoje assim como o fez desde toda a eternidade, só para podermos justificar nossa apatia espiritual ou nossas doutrinas cheias de tradicionalismo, formalismo e legalismo. Somos extremistas ao afirmamos que só há presença manifesta de Deus se ocorrerem fenômenos sobrenaturais, profusão de sensações e privação do domínio próprio, como se o Espírito Santo nos possuísse e nos fizesse agir como pessoas desprovidas de saúde mental e de bom senso, contrariando o que dizem as Escrituras Sagradas.

Extremistas crucificaram Jesus, perseguiram a Igreja primitiva e continuam perseguindo a Igreja de Cristo ainda hoje, sendo que muitos deles estão dentro das próprias igrejas.

Se formos citar todos os tipos de atitudes extremistas existentes, obviamente nos faltará tempo e também não conseguiremos relacioná-las por completo.

Jesus, no entanto, ensinou um tipo de atitude em que devemos ser extremistas: no amor. Sim, quando se fala em amor, o amor bíblico, não há limites. Jesus nos mostrou isso de forma prática: Ele nos amou tanto, que entregou sua vida por nós. Ele nunca cometeu pecado, mas, por amor a nós, aceitou se submeter a um julgamento injusto perante homens ímpios e cruéis; aceitou ser crucificado como se fosse um criminoso; permitiu que o torturassem de forma extremamente desumana; morreu na cruz, com as mãos e pés perfurados, e com o corpo moído por açoites e agressões diversas. Tudo isso por amor.

Jesus disse: “Um novo mandamento vos dou: Que vos ameis uns aos outros; como eu vos amei a vós, que também vós uns aos outros vos ameis. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros.” (João 13:34-35)

A marca do discípulo de cristo é o amor. Não é pelas aparências de santidade, nem pelo zelo extremista, nem pelas orações bonitas, nem pelo conhecimento bíblico teórico, nem por qualquer outra coisa externa, mas, sim, pelo amor ao próximo, que tem como padrão o próprio amor de Jesus.

Amar como Jesus amou é um extremismo aceitável. É um amor sacrificial, que se doa; que é capaz de renunciar a direitos e privilégios em favor do próximo; que perdoa sempre, ainda que a ofensa tenha sido muito grande; que coloca a misericórdia acima do juízo; que não se alegra com a injustiça; que não despreza os mais fracos e nem supervaloriza os mais fortes; que inclui em vez de excluir; que ampara em vez de despedir; e muitas outras coisas que vemos na vida de Jesus entre os homens.

O problema é que temos muita dificuldade em viver esse amor. Conseguimos ser extremistas em muitas coisas, menos no amor. O extremismo no amor não quebra o vaso, antes, impede que ele caia no chão, porque o amor leva ao equilíbrio nas demais áreas da vida.

Apesar de nossas limitações, e embora muitas vezes ajamos de forma errada, negligenciando o amor e valorizando outras coisas, lembremo-nos de que Deus, exatamente por ser extremista no amor, compreende nossas deficiências e não nos trata com rigor extremo, antes, usa de misericórdia conosco, procurando nos levar a compreender seus desígnios como um Pai amoroso.

Amados, procuremos ser como Jesus, embora isso seja realmente difícil ante nossas fraquezas e imperfeições. Mas, se tivermos que ser extremistas em algo, que o sejamos no amor, que, como diz a Escritura, é o vínculo da perfeição (Colossenses 3:14). Amor a Deus, nosso pai, e ao próximo, em quem devemos ver a imagem de Deus, ainda que, muitas vezes, um pouco distorcida pelo pecado.

Que a paz de Cristo seja abundante em nossas vidas.

José Vicente
29/09/2009

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