sexta-feira, 26 de julho de 2019

Encorajados a responder “Eis-me aqui, Senhor”



Texto base: Atos 9.10-19

Quando lemos a Bíblia, vemos que desde o início da criação Deus chamou pessoas para servirem aos Seus propósitos. Tanto homens como mulheres ouviram o chamado de Deus e responderam, sendo que muitos se dispuseram a fazer a vontade do Altíssimo, mas houve também os que vacilaram, os que tentaram fugir, os que se desviaram no meio do caminho.

Uma coisa que percebemos ao ler as histórias das pessoas fieis chamadas por Deus é que suas respostas foram: “Eis-me aqui, Senhor”. Isso aconteceu com Abraão quando Deus o chamou para pô-lo à prova (Gn 22.1), e também quando foi chamado no momento em que estava prestes a oferecer o filho em sacrifício e foi interrompido pelo Anjo do Senhor, que providenciou o carneiro para holocausto (Gn 22.11); Jacó, também, quando Deus falou com ele em visões (Gn 46.2); Moisés quando Deus o chamou da sarça ardente (Ex 3.4); Isaias, quando ouviu a voz de Deus que dizia: “a quem enviarei, e quem há de ir por nós?”, e respondeu “eis-me aqui, envia-me a mim.” (Is 6.8), etc.

E na porção da Palavra que lemos hoje vemos uma pessoa que não era tão conhecida como Abraão, Jacó, Moisés ou Isaias, mas que também respondeu “Eis-me aqui, Senhor”. Esse homem foi Ananias, um judeu temente a Deus e crente em Jesus que, em certa ocasião, teve uma visão na qual Jesus lhe ordenou que fosse até uma casa onde estava Saulo e impusesse as mãos sobre ele para que recuperasse a visão.

Com Ananias aprendemos algumas lições importantes sobre o que significa a expressão “Eis-me aqui, Senho” na vida dos servos de Jesus.

     1)    “Eis-me aqui, Senhor” é uma resposta que indica disposição para atender ao chamado de Jesus

Quando alguém chama nosso nome, podemos ter diversas reações:
    a) Não responder: embora tenhamos ouvido o chamado, ficamos em silêncio, esperando que a pessoa não insista. Indica que não queremos, ao menos naquele momento, dar atenção àquela pessoa. Podemos tê-la ouvido, mas fingimos que não ouvimos. Por exemplo, uma visita que surge em uma ocasião em que estamos muito ocupados e nos chama, mas ficamos quietos dentro de casa para que ela pense que não há ninguém.

     b) Responder com má vontade: ouvimos o chamado, mas respondemos de forma a demonstrar que aquele chamado nos incomodou, que não queremos deixar nossa atividade (ou inatividade) para atender a quem nos chamou. Respondemos algo como “o que foi?”, “o que você quer?”, “aahnn?”, etc. Nem saímos do lugar ou nos voltamos para olhar a pessoa que chamou.

    c) Responder com disposição, com prontidão: ouvimos o chamado e imediatamente respondemos de forma a dar entender que estamos à disposição para o que quem chamou precisa, prontos a servir. Resposta como “eis-me aqui”, “aqui estou”, “sim?”, “pois não?”, etc.

No texto que lemos, Ananias respondeu ao chamado de Jesus com prontidão: “Eis-me aqui, Senhor”. Sua resposta denota respeito para com quem chama e a intenção de se colocar à disposição para servir.

Como dito antes, também assim responderam muitos anos antes Abraão, Jacó, Moisés, Isaias e outros homens tementes a Deus.

A diferença é que esses homens ficaram muito conhecidos por suas histórias cheias de experiências com Deus, sendo patriarcas e profetas de grande relevância ao povo de Deus, enquanto Ananias era um judeu comum, cujo nome somente foi mencionado na Bíblia por causa da conversão de Saulo, mas era um homem de fé, temente a Deus e crente em Jesus.

Ananias não sabia, ainda, qual seria a missão que Jesus lhe confiaria, mas mesmo assim tinha em seu coração a disposição de servir ao Senhor, e por esta razão, ao ouvir o chamado, respondeu “eis-me aqui, Senhor”. Significa que ele sabia que, assim como o Mestre Jesus veio para servir e dar a sua vida (Mt 20.28), também ele, como discípulo de Jesus, deveria estar pronto para também servir, sendo um instrumento do Senhor para propagação do Evangelho.

Da mesma forma que Jesus chamou pessoas no passado, ainda hoje Ele continua a chamar pessoas para serem instrumentos do Seu Poder para proclamação do Evangelho ao mundo, para crescimento da Igreja, que é o Corpo de Cristo, e para glorificação de Deus. E assim como Ele chamou tanto homens que se tornaram muito conhecidos, como Abraão, Jacó, Moisés e Isaías, também chama pessoas praticamente desconhecidas, porque Ele não faz acepção de pessoas, e para Ele todos vivemos (“Por que dele, e por meio dele, e para ele são todas as coisas. A ele, pois, a glória eternamente. Amém!”- Rm 11.36)

Todos nós, que formamos a Igreja e somos discípulos de Cristo, somos chamados para servir a Jesus, à Sua Igreja e ao nosso próximo. A voz dEle ecoa em nossos corações e a resposta que Ele espera ouvir é a mesma que Ananias deu: “eis-me aqui, Senhor”.

É claro que ouvir a voz de Jesus como Ananias ouviu, em uma visão, não é algo corriqueiro, que aconteça com todas as pessoas de forma habitual, embora Cristo possa fazer isso caso seja Sua vontade. Mas Ele costuma usar outras formas de falar conosco: a Bíblia, o Espírito Santo falando aos nossos corações, pessoas como os líderes da Igreja, que chamam os irmãos a exercitarem seus dons em ministérios no Corpo ou de diversas outras formas.

Mas infelizmente muitos, ao ouvirem o chamado do Mestre, fingem que não ouviram ou não entenderam, ficam quietos, procuram se esconder, respondem com má vontade, deixam claro que não estão dispostos a sair de sua zona de conforto, têm medo de que Jesus ordene algo difícil de ser feito ou que exija renúncia de coisas que lhes são agradáveis.

Igreja de Jesus, estejamos com nossos ouvidos atentos à voz de nosso Mestre, e com o coração disposto a responder com prontidão ao Seu chamado, movidos pela fé que deve nortear nossa vida e nos dar a certeza de que servir a Jesus é a Missão mais importante de nossa vida.

     2)    “Eis-me aqui, Senhor” deve ser seguido de atos de obediência

Após ter respondido com prontidão ao Senhor Jesus, Ananias recebeu uma incumbência que o deixou muito surpreso: visitar ninguém menos do que Saulo, que perseguia os cristãos com autorização dos principais sacerdotes.

Era natural que Ananias se assustasse com a ordem, como de fato se assustou. Porém, a manifestação de Ananias não foi um questionamento da ordem de Jesus, pois ele estava apenas expondo ao Mestre o seu receio em visitar o perseguidor da Igreja, mas Jesus confirmou a ordem e lhe disse que havia escolhido Saulo para ser Seu instrumento perante gentios, reis e judeus. Então, sem questionar, Ananias simplesmente obedeceu à ordem, submetendo-se à autoridade de Jesus, pois sabia que não lhe competia questionar, mas apenas obedecer.

Irmãos, assim como Ananias foi chamado para abençoar a vida de Saulo e conduzi-lo ao conhecimento de Cristo, também nós somos chamados pelo Senhor para diversas finalidades. Somos chamados para exercitar nossos dons em prol do crescimento da Igreja; para proclamar o Evangelho por palavra e pelo exemplo de vida; para servir ao nosso próximo, ainda que ele seja uma pessoa problemática; para sermos bons pais e bons filhos; para fazermos a diferença como cidadãos honestos e trabalhadores; para interceder pelas autoridades em vez de criticá-las; para mostrar ao mundo que somos felizes por servimos ao Rei dos reis.

Somos chamados por Cristo para sustentar, por meio da oração e da contribuição, aqueles que atenderam ao chamado específico de pregar o evangelho em lugares distantes, correndo risco de morte, enfrentando dificuldades de toda sorte. Sim, há pessoas que ouviram o chamado e responderam: “eis-me aqui, Senhor”, e logo em seguida receberam a ordem de deixar a localidade em que vivia e partir para anunciar as Boas Novas longe de casa, e, pela fé, obedeceram e partiram para a missão que lhes foi confiada.

Irmãos, não raras vezes até respondemos prontamente quando Jesus nos chama, mas ao tomarmos conhecimento de qual é a missão que Ele está nos confiando, e das possíveis dificuldades que enfrentaremos, logo recuamos e deixamos de fazer o que nos foi ordenado.

Somos servos de Cristo, e devemos obedecer à Sua voz. Ainda que a missão que Ele nos confie apresente dificuldades, cumpre-nos caminhar por fé, com confiança nAquele que nos chamou, sabendo que Ele nos levará a ter êxito na obra que colocou em nossas mãos.

Obedecer ao chamado de Jesus implica em bênçãos para nós mesmos, para a Igreja e todos os que forem alcançados por nossas ações. Ananias obedeceu, e aquele homem que ele visitou se tornou o maior missionário da Igreja, proclamando o Evangelho entre gentios e judeus, falando de Jesus diante de autoridades políticas e religiosas, organizando igrejas em diversas localidades, instruindo com fidelidade os cristãos e deixando muitos ensinamentos por meio de suas cartas, que formam grande parte do Novo Testamento.

Saulo, também chamado Paulo (Atos 13.9), foi um dos instrumentos de Deus para que o Evangelho chegasse até nós, e em sua origem como servo de Cristo está a obediência de Ananias, que continua abençoando vidas até o dia de hoje e prosseguirá até a volta de Cristo, pois as cartas de Paulo continuam servindo para a transformação de vidas e o crescimento da Igreja.

Como aconteceu com Ananias, que teve o prazer de ver um perseguidor da Igreja se tornar um missionário consagrado a Cristo, também nós, ao obedecermos ao chamado de Jesus, receberemos bênçãos sobre nossas vidas e nossas famílias, e teremos a alegria de vermos que muitas pessoas estão sendo abençoadas por causa de nossa obediência, com vidas sendo transformadas, a Igreja sendo edificada, a cidade experimentando um novo tempo debaixo do agir de Deus, o país prosperando por causa da obediência do povo de Deus que aqui habita, e, principalmente, vidas rendidas ao Senhor Jesus Cristo e o Deus Pai sendo glorificado.

O chamado nem sempre é para coisas grandiosas, complexas, difíceis; diversas vezes é para atos simples, como uma intercessão por alguém ou alguma causa, uma visita, uma contribuição financeira para a obra do Reino, um ato de caridade em favor de necessitados, uma palavra de consolo a alguém que sofre, etc.

Nunca sabemos qual será o resultado, a abrangência daquilo que o Senhor nos manda fazer. Ananias talvez não imaginasse que uma visita seria o ponto para que o mundo todo fosse impactado pelo trabalho do homem que ele visitou, Saulo. Nossos atos, por mais simples que sejam, quando praticados em obediência ao chamado de Jesus podem ter implicações inimagináveis na vida de muitas pessoas.

Há um chamado especial de Cristo para todos os que formam a Sua Igreja, sem exceção: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judeia e Samaria e até aos confins da terra”  (Atos 1.8).

Em 21 de abril de 1855, Edward Kimball, obedecendo ao chamado de Jesus, exercitava seus dons ensinando na Escola Bíblica Dominical, e um de seus alunos entregou sua vida a Cristo naquela data. Esse aluno era Dwigth L. Moody, que veio a se tornar um dos maiores evangelistas que o mundo conheceu.

Para que pessoas conheçam a Cristo, é necessário que respondamos ao chamado do Senhor para sermos Suas testemunhas e obedeçamos, caminhando no poder do Espírito Santo e dando bom testemunho de nossa fé a todas as pessoas que encontrarmos no caminho.

Conclusão

Jesus está nos chamando para mudarmos a realidade de nossa família, de nossos vizinhos, de nossa cidade, de nosso país, de nosso mundo. Façamos como Ananias e respondamos: “eis-me aqui, Senhor”. E disponhamos nosso coração para obedecer ao nosso Mestre, porque cumprindo a Sua vontade veremos grandes coisas serem realizadas, pois fiel e poderoso é Aquele que nos chama.

Que o Espírito de Deus nos capacite a sermos testemunhas de Cristo nesse mundo que tanto necessita de amor, misericórdia e conversão ao Único que pode salvar, Jesus Cristo.

José Vicente
18.07.2019

4 comentários:

  1. Muito bom esse estudo

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  2. Perfeitoooooo!!!!!!🙏🏼🙌🏻

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  3. Muito bom esse estudo,além de saber que Deus continua usando pessoas até hoje

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  4. estou maravilhado...e que possamos ter essa maturidade de nós colocar a disposição de senhor,e que seremos apenas ferramentas pras destravar grandes máquinas nas mãos do senhor..

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