sábado, 16 de abril de 2016

JESUS, O NOSSO EXEMPLO



JOÃO 13.12-20

Quando lemos a Bíblia, encontramos diversos personagens que chamam nossa atenção porque, em algum momento de suas vidas, fizeram a diferença e demonstraram que a fé em Deus é essencial ao ser humano.

São pessoas que, pela fé, superaram fraquezas, adversidades, exércitos, provocaram uma revolução na sociedade em que viviam, enfim, foram instrumentos de Deus para realização de coisas maravilhosas. Vários são citados em Hebreus 11 para demonstrar que a fé é o elemento vital no relacionamento com Deus.

Analisando os diversos personagens trazidos pela Bíblia, cabe uma pergunte: quem é o seu exemplo? Que personagem bíblico você gostaria de imitar? Abraão, Moisés, Davi, Sara, Rebeca, Elias, Eliseu, Paulo, João, Pedro, Jacó, Isaque...

Essas pessoas e muitas outras foram verdadeiramente instrumentos de Deus para a concretização de Seus projetos. A história de José, filho de Jacó, por exemplo, é muito linda e cheia de ensinamentos. Um jovem amado pelo pai, que tinha visões da parte de Deus e ainda não compreendia bem o significado, que foi odiado pelos irmãos ciumentos, vendido por eles como escravo, levado ao Egito, um lugar estranho e repleto de deuses pagãos, preso injustamente, acabou sendo elevado à condição de governador do Egito, e Deus o usou como instrumento para salvar não apenas a nação egípcia, mas principalmente o povo de Israel.

É tentador dizer “eu gostaria de ser como José”, ou “... como Davi”, ou ainda “... como Abraão”, etc, mas será que é esse o propósito de Deus para nós?

Na verdade, nenhuma dessas pessoas deve ser tomada como modelo ou padrão a ser seguido. Não temos que almejar ser como Davi ou Abraão ou qualquer outro personagem bíblico, porque todos eles eram como nós, humanos falhos e carecedores da Graça de Deus.

Davi foi um homem segundo o coração de Deus. Ele passou da condição de simples pastor de ovelhas à de maior rei de Israel. Ampliou o reino israelita, venceu exércitos poderosos, com sua fé foi um instrumento valioso nas mãos de Deus. Ele foi realmente um homem que manteve intimidade com o Todo Poderoso. Todavia, Davi tinha em suas mãos muito sangue, era um homem de guerra. Deus o impediu de construir o Templo justamente por ter sido um homem sanguinário:

“Porém Deus me disse: Não edificarás casa ao meu nome, porque és homem de guerra, e derramaste muito sangue.” (1 Cr 28.3)

Davi cometeu adultério, providenciou a morte do marido de Bate-Seba, foi um pai omisso em momentos que deveria ter imposto uma disciplina a seus filhos, enfim, sua humanidade era igual à nossa. Ele teve qualidades, mas também apresentou muitos defeitos. É possível que conheçamos pessoas cristãs que, em termos de conduta, sejam até melhores do que Davi.

Abraão foi chamado o pai da fé, amigo de Deus (Tg 2.23), a ele foi feita a promessa de Deus de ter uma descendência abençoada e em quem seriam abençoadas todas as famílias da terra. Mas era humano como nós, cometeu erros, mentiu, tentou dar uma ajuda para Deus no cumprimento da promessa de ser pai, gerando um grande problema com o nascimento de Ismael, problema este que permanece até hoje.

Elias foi um profeta em quem o poder de Deus se manifestou intensamente, foi responsável pela morte de 450 profetas de Baal (1 Reis 18), era um homem cuja fé o impelia a atos de coragem, entretanto, quando ameaçado por Jesabel, fugiu e entrou em depressão.

Enfim, todos os personagens bíblicos, conquanto tenham manifestado virtudes dignas de elogios, também cometeram erros e pecaram como qualquer um de nós. Assim, é óbvio que não faz sentido querer imitar quem é como nós.

O propósito de Deus para o seu povo é mais ousado: Ele quer que sejamos imitadores de Cristo. Sim, o Filho de Deus é o nosso modelo, é nos passos dEle que devemos andar, conforme a vontade do Pai.

Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29).

Em Lucas 6.40 Jesus faz a seguinte afirmação: “O discípulo não está acima do mestre: todo aquele, porém, que for bem instruído será como seu mestre”. Uma clara admoestação aos discípulos para que busquem ser como o Mestre, instruindo-se na Palavra e procurando imitar o Senhor com vistas a nos parecermos com Ele.

É claro que seguir o exemplo de Jesus não é tarefa fácil. Ele era perfeito mesmo enquanto homem, não cometeu pecado, era sábio, tinha virtudes que devemos procurar cultivar. Todavia, sendo exatamente esse o propósito de Deus para seu povo, podemos ter a certeza de que, uma vez que nos disponhamos a obedecer e cumprir a vontade do Altíssimo, Ele agirá de forma a cumprir seus desígnios em nós, levando-nos cada dia a um nível mais elevado de espiritualidade, comunhão com o Espírito e semelhança a Jesus.
      
      Do texto lido vamos destacar apenas algumas virtudes presentes em Jesus e que devem se fazer presentes naqueles que afirmam ser discípulos do Mestre. 

1)      SUBMISSÃO AO PAI 
 
Jesus deu o exemplo de submissão ao Pai. Ele veio cumprindo os desígnios de Deus, e a Escritura diz que foi “obediente até a morte e morte de cruz” (Fp 2.8).

Jesus cumpriu todo o projeto que Deus Pai havia arquitetado para a salvação do ser humano, e em nenhum momento se rebelou contra o Pai, pelo contrário, submeteu-se à vontade do Altíssimo durante toda a sua vida, até o cumprimento final, que se deu com a Sua morte na cruz do calvário.

Jesus não mediu esforços para obedecer ao Pai. Ele se submeteu por completo, apesar de ser igual ao Pai em essência e poder. Em João 5.19 Jesus afirma que aquilo que o Pai faz, o Filho igualmente o faz.

Jesus foi enviado pelo Pai, e nós fomos enviados por Jesus. O Filho não é maior do que o Pai, e nós não somos maiores do que o Filho, como Jesus disse no versículo 16: “em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou”.

Devemos obedecer a Deus irrestritamente. Ele consignou em Sua Palavra o Seu desejo, as Suas ordens, Seus mandamentos. A nós, Seu povo, cabe obediência, submissão completa.

Ainda que seja difícil e envolva renúncia, sofrimentos, perseguições, a vontade de Deus deve motivar nossa caminhada, e não a nossa própria vontade. Submissão a Deus é essencial na vida do cristão, caso contrário estaremos diante de um quadro de rebeldia.

A submissão a Deus envolve também obediência às autoridades instituídas. A Bíblia assim expressa: “Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação” (Rm 13.1-2).

Jesus se submeteu às autoridades humanas. Em certa ocasião, diante da cobrança de tributos, Jesus disse a Pedro para pescar um peixe e retirar de dentro dele uma moeda, utilizando-a para pagar a parte de ambos no tributo. Isso é submissão à autoridade, cumprindo a lei humana de pagar tributo (Mt. 17.24-27). Além disto, Jesus se submeteu às autoridades quando foi levado a um julgamento injusto e condenado à morte. Ele não disse uma palavra contra Herodes ou Pilatos, mas apenas ressaltou a este que ele não teria nenhuma autoridade se de cima não lhe fosse dada (Jo 19.10-11).

Quando deixamos de cumprir leis, estamos sendo insubmissos, pois não nos sujeitamos às autoridades instituídas e que foram responsáveis por criar as leis.

Vamos tomar um exemplo simples, do dia a dia: as leis de trânsito. Elas existem para ser cumpridas. Muitos cristãos, porém, não dão a mínima para o uso do cinto de segurança, trafegando pela cidade e às vezes até nas estradas sem fazer uso desse equipamento. Ora, se há lei estabelecendo a obrigatoriedade de sua utilização, aquele que dirige sem o cinto de segurança e permite que passageiros também permaneçam sem o equipamento está desobedecendo a lei. Essa lei foi instituída por uma autoridade civil. Logo, a desobediência à lei implica em insubmissão à autoridade constituída, e, via de consequência, ao mandamento de Deus, conforme Rm. 13.1-2.

A mesma coisa podemos dizer de quem procura burlar leis fiscais, previdenciárias, trabalhistas, etc. Também quanto aos filhos que não obedecem aos pais, visto que estes são autoridades instituídas por Deus sobre os filhos. Alunos que desrespeitam os professores, que são autoridades na sala de aulas. Há tantas situações cotidianas em que somos desafiados a agir com respeito e submissão à autoridade instituída, que se formos analisar detidamente, perceberemos o quanto temos falhado em cumprir a vontade de Deus.

Pensemos bem antes de deixarmos de cumprir as leis. Jesus cumpria as leis civis, respeitava as autoridades constituídas, e somos chamados a imitá-lO também nisto.

2)      AMOR 

Jesus viveu acima de tudo o amor. Tudo o que Ele fez foi por amor. Sua vinda a este mundo se deu por amor a nós. Ele amou ao Pai e por isto lhe foi submisso. Ele nos amou e por isto deu sua vida por nós na cruz. As curas que ele fez foram por amor. As advertências e admoestações foram feitas por amor.

Jesus ordenou aos seus discípulos: “que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros” (Jo 13.34).

E Ele afirmou que o amor seria a marca dos seus discípulos (v. 35).

O amor bíblico não deve ser confundido com afeto. Há pessoas que dizem não poder amar a quem lhes fez algum mal, pois seria hipocrisia abraçar essa pessoa, falar que a ama, sorrir para ela. Ora, amar não significa gostar da companhia e desejar estar junto. Tanto que Jesus nos ordena a amar os inimigos. Obviamente ninguém tem afeto por inimigos.

Esse amor é superior ao afeto. Envolve o não retribuir o mal com o mal. Orar por quem nos faz o mal e também o bem. Desejar que Deus alcance com Sua Graça a todas as pessoas, inclusive aquelas que não gostam de nós ou que nos perseguem.

Amar é compreender que quem nos fere possui feridas não tratadas; que aqueles que agem de maneira a nos prejudicar ou nos tratam mal, possuem raízes de amargura em seu coração que precisam ser arrancadas, e o único que pode fazer isso é Jesus. É interceder por tais pessoas, para que, da mesma forma que nós fomos atingidos em cheio pelo amor de Cristo, que nos atraiu e nos transformou, também aquelas pessoas amarguradas, vazias de Deus, repletas de ódio, inveja ou cobiça, sejam alcançadas pela Graça que converte e dá nova vida, que faz com que os dias sejam encarados com confiança no Altíssimo e com alegria e leveza no coração.

Esse tipo de amor não envolve afeição, ele requer obediência a Deus e compreensão da inigualável Graça, que alcança as pessoas mais improváveis e quebranta os corações mais endurecidos, gerando filhos de um Pai amoroso e perdoador.

Não fosse o amor, Jesus não teria se submetido aos desígnios de Deus Pai e jamais teríamos experimentado a salvação.

O amor, da mesma forma, deve nos conduzir a obedecer a Deus e a almejar a salvação para todos, indistintamente.

O amor deve ser manifestado em todos os momentos da nossa vida, em todos os setores, seja em casa, no trabalho, na Igreja, nas atividades de lazer ... Ele deve ser demonstrado em palavras, em atitudes, por meio dos nossos pensamentos ...

Na Igreja é essencial porque o amor é a base para a unidade do Corpo de Cristo.

O amor faz com que nossas orações sejam ouvidas por Deus, porque o amor é a linguagem de Deus. João nos afirma que Deus é amor. Orações feitas com amor, onde se busca o bem do próximo; orações em que se clama a misericórdia de Deus sobre os que nos perseguem, sobre os que ignoram o amor do Altíssimo; orações que não buscam vingança, não pedem para Deus “pesar a mão” sobre os outros, mas que imploram que Sua Graça alcance os cegos e purifique os impuros, que transforme aqueles que parecem ser caso perdido.

Tudo o que Jesus fazia era impregnado de amor. Como discípulos de Cristo, nossa missão é seguir Seus passos e deixar que o amor esteja presente em nossas palavras, nossos pensamentos, nossas ações. Se o amor de Cristo está em nós, isso deve ser evidenciado de forma prática, como sempre aconteceu com Jesus.

3)      VIDA DE SERVIÇO A DEUS E AO PRÓXIMO 
O Rei dos reis, que se identificou como Senhor e Mestre (v. 13), lavou os pés dos discípulos e os exortou a tomá-lo como exemplo, seguindo Seus passos. Lavar os pés dos hóspedes era um serviço dos escravos menos qualificados. Jesus não se importou em fazer isso com seus discípulos.
Jesus nunca pretendeu dominar ninguém, não almejou status, não quis prevalecer por sua condição de Filho de Deus. Pelo contrário, assumiu a postura de servo. Ele mesmo disse que não veio para ser servido, e sim para servir e dar sua vida em resgate por muitos (Mt. 20.28).
Durante seu ministério terreno, enquanto Jesus ia caminhando as pessoas com quem se encontrava iam sendo transformadas. Ele as servia com seu amor, seu poder, sua graça e misericórdia. Ele não exigia que fizessem algo por Ele, antes, fazia o que podia pelas pessoas. Até mesmo abria mão de momentos de descanso para poder servir aos que O buscavam
Como discípulos de Cristo, não podemos agir de forma diferente daquela que Ele próprio manifestou. Se nosso Senhor foi humilde e veio como servo, também nós devemos ter humildade e estar dispostos a servir. Servir a Deus e ao nosso próximo.
Os apóstolos e demais discípulos de Jesus seguiram o seu exemplo e dedicaram suas vidas a servir a Deus, por meio do serviço ao próximo, anunciando o Evangelho da Salvação, ministrando palavras de consolo, curando enfermidades, intercedendo pelas pessoas, promovendo ações sociais em favor dos necessitados, etc.
Assim, se quisermos realmente servir a Deus, nossas atividades não devem se restringir às programações da Igreja em que congregamos, mas devem abranger o cuidado com o ser humano. Jesus veio para que o ser humano se voltasse para Deus e obtivesse uma transformação de vida. Igualmente, cabe a nós dar prosseguimento ao trabalho de Jesus.
Foi para servir que recebemos dons. Esses dons devem ser empregados para edificação da Igreja, para o aperfeiçoamento dos filhos de Deus, para que cresçam e sejam transformados.
Servir não deve ser confundido com ter ministérios. Somente terá um ministério quem primeiro tiver a capacidade de servir. Se a ordem for invertida, haverá problemas sérios na vida das pessoas envolvidas e da Igreja, porque o exemplo de Cristo não estará sendo seguido.
Servir deve ser um estilo de vida.
Quando servimos, adotamos atitude de humildade, não nos considerando superiores aos demais. Não há níveis sociais ou culturais. O servo deve servir em qualquer circunstância. Títulos não devem ser empecilhos ao serviço. Um engenheiro deve servir da mesma forma que o gari. Ambos são humanos, iguais perante Deus, servos que foram chamados para fazer a obra de Deus e trabalhar em prol das pessoas.
“Mas entre vós não será assim; antes, qualquer que entre vós quiser ser grande, será vosso serviçal; E qualquer que dentre vós quiser ser o primeiro, será servo de todos. Porque o Filho do homem também não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos.” Marcos 10:43-45
Devemos ser servos na Igreja, em casa, no trabalho, na escola, onde estivermos.
O servo deve ter: (i) humildade; (ii) diligência; (iii) buscar a glória de Deus.
CONCLUSÃO
Jesus nos ensina a viver de forma a agradar a Deus. Não há exemplo melhor a ser seguido. Qualquer personagem bíblico pode nos ensinar muito sobre vida com Deus, mas somente Jesus nos mostra como efetivamente sermos santos e glorificarmos a Deus com nossas vidas.
O Servo perfeito nos chama a servir.
Vivamos nossa fé tendo como modelo nosso Mestre Jesus.
José Vicente
24.01.2016

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