domingo, 6 de abril de 2014

ADORANDO A DEUS COMO ELE DESEJA

Texto base:  Mateus 5.14-26

Por que razão você sai de sua casa e vai à igreja? Se sua resposta foi “para adorar a Deus” ou “para louvar a Deus”, ótimo! Este é realmente o objetivo de nossa ida ao templo, onde prestamos culto a Deus por meio de cânticos, orações e meditação na Palavra. É necessário, porém, fazer ainda outro questionamento: quando você está na igreja prestando culto a Deus, você realmente O adora? O seu culto é autêntico? Sua adoração chega ao Altíssimo?
É interessante notar que hoje, assim como nos tempos bíblicos, muitas pessoas creem que o fato de estarem em um templo no horário do culto é suficiente para que Deus se sinta satisfeito com a sua ação, com a sua disposição de sair de casa e ir até a igreja para adorá-lo. O pensamento é de que Deus se agrada com ações afetas ao exterior humano, com as práticas religiosas, a devoção a regras...
Muitos líderes religiosos dos tempos bíblicos também pensavam dessa forma. Eles olhavam para as leis de Deus e viam apenas o que estava escrito, mas não enxergavam o que estava por trás da escrita, não conseguiam ir além da simples letra, e consideravam que seguir à risca o texto da lei era o que Deus desejava.
Quando Jesus surgiu pregando de uma forma diferente, os líderes religiosos o acusaram de querer destruir a Lei e os Profetas, mas Jesus lhes respondeu que o seu objetivo não era esse, o que ele pretendia era ensinar às pessoas o significado da Lei de Deus, para que elas não se limitassem ao cumprimento de regras, mas adorassem a Deus por meio de um estilo de vida santo, compreendendo qual era a vontade do Pai.
Jesus deixou claro que Ele havia vindo para cumprir a Lei, e para ensinar ao povo de Deus a forma correta de seguir a Lei e os Profetas. O que Ele fez foi esclarecer o sentido da Lei, a fim de que o culto a Deus fosse autêntico, e não baseado em regras mal interpretadas.
Analisando o texto em questão, podemos aprender algumas lições sobre a verdadeira adoração a Deus.

1.       A COMPREENSÃO DO SENTIDO DA PALAVRA DE DEUS
Jesus disse que o servo de Deus deve ter uma vida que o leve a fazer diferença em meio à sociedade, e isso se faz mediante a observância da Lei de Deus de maneira certa, não seguindo cegamente o que está escrito, mas compreendendo o que está no cerne da Lei, o que a embasou, qual o seu sentido para a vida diária.
Para deixar mais claro o seu ensino, Jesus cita o Sexto Mandamento: “Não matarás”. E acrescenta que não apenas quem mata está sujeito a julgamento, mas também quem se ira contra seu irmão, quem profere insulto contra ele ou o chama de tolo. Muitos afirmam que, com isto, Jesus estava dizendo que ter ira contra um irmão era o mesmo que matá-lo no coração, o que equivaleria a um homicídio. Isto está correto, pois João equipara o que tem ódio a um assassino (1Jo 3.15), mas não é apenas isto que significa a passagem.
O que Jesus também está ensinando é que não se deve apenas olhar para a letra da Lei. Uma pessoa poderia, satisfeita consigo mesma, dizer que seu culto a Deus era autêntico, porque ela nunca matara alguém, portanto, não violara o sexto mandamento. Porém, Jesus chama a atenção de seus ouvintes para os sentimentos cultivados no coração de cada um.
Ora, quais são as motivações para um homicídio? O que está por trás desse crime? Quando ouvimos falar que uma pessoa foi encontrada morta sem os seus pertences, logo deduzimos que ela foi vítima de um assalto, e para roubar o que ela possuía o ladrão tirou sua vida. Por trás da morte, então, está a cobiça existente no coração do ladrão.
Quando uma pessoa sofre uma afronta e reage matando quem lhe ofendeu ou lhe provocou raiva, tem-se como uma das causas a falta de perdão. Se um sujeito mata outro porque se embebedou e ficou revoltado facilmente com alguma coisa, tem-se a falta de domínio próprio. A morte por vingança, além da falta de perdão revela o cultivo do ódio.
Então, Jesus diz que não é apenas o ato de matar alguém que é repudiado por Deus, mas todo sentimento que possa ser motivador de um ato como esse, embora o ato propriamente dito não chegue a ser praticado. Assim, quando se tem raiva de alguém, esse é um sentimento que está no coração de quem mata. Quando não se perdoa a quem nos ofendeu, também é uma atitude que faz parte das motivações de um homicida.
Mais adiante, Jesus fala sobre o adultério (27-18), e deixa claro que não é apenas o ato de ser infiel ao cônjuge na prática, mas o cobiçar outra pessoa, que caracteriza o adultério.
Podemos notar que os mandamentos da Lei de Deus estão interligados, e por esta razão Tiago escreveu que “qualquer que guarda toda a lei, mas tropeça em um só ponto, se torna culpado de todos” (Tiago 2.10).
Cumprir a Lei de Deus não tem a ver com observar atos exteriores. Muitos se colocam debaixo de regras que tratam de coisas exteriores, como vestuário, maquiagem, sisudez, proibição de prática de determinados esportes, proibição de assistir televisão e coisas do gênero.
Não é o legalismo que agrada a Deus, e precisamos compreender o sentido da Palavra para que não nos tornemos meros religiosos, mas adoremos ao Altíssimo verdadeiramente.

2.       A ADORAÇÃO É AFETADA POR NOSSO MODO DE VIDA
Compreendendo que uma vida de santidade não se refere à observância da letra da Lei, mas à busca da vontade de Deus expressa nas Escrituras, precisamos também entender que nossa adoração é aceita por Deus quando nossa vida é compatível com a Sua Palavra, e quando nossos corações estão repletos de amor, em vez de sentimentos contrários aos Seus Mandamentos.
Nos versículos 23-24 Jesus diz que não se deve prestar culto a Deus com o coração cheio de mágoa, rancor, amargura. Ele ensina que, no momento da adoração, devemos nos autoanalisar e ver se temos em nós qualquer outro sentimento que não seja o amor. E, caso constatemos isso, devemos buscar a reparação junto à pessoa envolvida, a fim de que, com o coração limpo, nosso culto seja aceitável diante de Deus.
Não adianta ir à igreja, orar, cantar, chorar, se estivermos cultivando no coração sentimentos de ódio contra alguém, se não tivermos perdoado a quem nos ofendeu ou se não pedirmos perdão a quem ofendemos, justamente porque Deus não está interessado em mero ritualismo, em um culto que envolva apenas o exterior da pessoa, mas Ele quer que a adoração venha de um coração purificado pelo amor.
Em Isaias 1.10-17, Deus, por intermédio do profeta, alerta ao povo que o culto que lhe vinha sendo prestado não era por Ele aceito, pois vinha de pessoas que estavam cheias de ódio, inveja, violência, e que compareciam ao templo para oferecer sacrifícios apenas por uma questão de religiosidade, sem, contudo, estarem com suas mentes voltadas ao Altíssimo.
E no Salmo 15 Davi revela que Deus deseja ter comunhão com aqueles que vivem com integridade, praticam a justiça, falam a verdade, não difamam, não fazem o mal ao próximo, não ofendem aos seus vizinhos, não se unem a pessoas reprováveis, mas andam com os que temem ao Senhor, que cumprem a palavra empenhada, não se aproveitam da necessidade alheia para obter lucro, não prejudicam pessoas inocentes por dinheiro.
Como diz a Palavra, “Deus é amor” (1Jo 4.8). Assim, para que a adoração agrade a Deus ela precisa ser prestada com amor. Uma oração feita sem amor não é atendida por Deus, pois, conforme Tiago, “pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres” (Tiago 4.3). É uma oração egoísta, que não pensa no bem do próximo. E isso não é aceitável por Deus, assim como um culto que não vem de um coração cheio de amor.

3.       A ADORAÇÃO DEVE PARTIR DE UM CORAÇÃO RECONCILIADO
Há dois tipos de reconciliação que devemos observar: a reconciliação com Deus e a reconciliação com o nosso próximo.
Jesus diz que é necessário ocorrer a reconciliação para que o culto a Deus seja aceitável. Devemos restaurar os laços rompidos, procurar as pessoas com quem temos algum problema e buscar a reconciliação, perdoando e pedindo perdão. Mas é certo que para nos reconciliarmos com as pessoas, precisamos estar reconciliados com Deus.
Sabemos que Deus se reconciliou conosco por meio de Cristo, como diz a Escritura:

“Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação.” (2Cor 5.18-19).

E Deus nos chama a nos reconciliarmos com Ele:

“Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus” (2Cor 5.20)

Desta forma, em Cristo Deus nos perdoou e operou a reconciliação, restabelecendo o vínculo que havia sido quebrado pela desobediência dos primeiros humanos no Éden. Ele agora nos chama a que nos reconciliemos com Ele, ou seja, que nos voltemos a Ele e O reconheçamos como nosso Deus, que peçamos perdão pelos nossos pecados e nos disponhamos a viver conforme Sua Palavra.
Feito isto, com o coração pacificado, temos condições de buscar a reconciliação com nosso próximo, com pessoas que nos ofenderam e a quem ofendemos.
Prestar culto a Deus mantendo inimizade com alguém é o mesmo que não prestar culto.
Reconciliados com Deus e com nosso próximo, enchendo nosso coração de amor, temos condições de adorar a Deus em espírito e em verdade. Conseguimos, assim, ser sal da terra e luz do mundo, como ordenou Jesus, porque estaremos seguindo os passos de nosso Mestre Jesus, dispostos a cultivar um coração como o dEle.

CONCLUSÃO
A religiosidade não se confunde com adoração. O cumprimento de regras de comportamento exterior não se confunde com adoração. Somente quando nossa vida está centrada na Palavra de Deus, com a compreensão do seu significado, e estruturada no cultivo do amor a Deus e ao próximo, podemos adorar a Deus verdadeiramente.

“A ninguém fiqueis devendo coisa alguma, exceto o amor com que vos ameis uns aos outros; pois que ama o próximo tem cumprido a lei. Pois isto: Não adulterarás, não matarás, não furtarás, não cobiçarás, e, se há qualquer outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás o teu próximo como a ti mesmo.” (Romanos 13.8-9)

“Lavai-vos, purificai-vos, tirai a maldade de vossos atos de diante dos meus olhos; cessai de fazer o mal. Aprendei a fazer o bem; atendei à justiça, repreendei ao opressor; defendei o direito do órfão; pleiteai a causa das viúvas.” (Isaías 1.16-17)

Que o Altíssimo nos ensine a amar como Ele nos ama, e nos capacite a lhe oferecer uma vida de adoração, e não apenas alguns momentos no final de semana.

José Vicente
06.04.2014

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