domingo, 12 de janeiro de 2014

UMA IGREJA QUE ANDA NOS PASSOS DE JESUS


Texto Base: Mateus 4.12-25

Após ser batizado e passar pela provação no deserto, Jesus deu início ao seu ministério terreno. Embora Mateus apresente o chamado de alguns discípulos logo após a vitória de Jesus no deserto, é fato que Mateus não tem uma preocupação em fazer uma narrativa cronológica, antes, ele dá maior ênfase aos fatos, pois entre o episódio do deserto e o chamado narrado no texto houve os acontecimentos descritos no Evangelho Segundo João, do capítulo 1.19 a 3.36, quando João Batista ainda não havia sido preso (João 3.24).
De qualquer maneira, vemos que Jesus escolheu discípulos para que estivessem mais perto dele e aprendessem com Ele o que era necessário para que, quando Ele partisse, eles dessem prosseguimento à Sua Obra. Os discípulos escolhidos tinham maior proximidade com o Mestre, e foram os responsáveis pela continuidade da Igreja de Jesus. Na verdade, os discípulos formavam a Igreja, pois esta é representada pela união de todos os crentes em Cristo, em todos os lugares do mundo.
Assim, vemos que o a intenção de Jesus era que a Sua Igreja prosseguisse com a Sua Obra após a sua morte e ressurreição. Da mesma forma que Ele fez discípulos, deixou a ordem para que Sua Igreja formasse discípulos (Mateus 28.19). Jesus desejava que Sua Igreja exercesse o mesmo ministério que Ele exercia, indo por todo o mundo e anunciando o Evangelho. Quando Ele disse aos discípulos: “vinde após mim” (v.19), estava convidando-os a seguirem seus passos, andarem nos seus caminhos, viverem como Ele vivia, pois isto os capacitaria a serem pescadores de homens, ou seja, a chamarem outras pessoas à salvação oferecida pelo Altíssimo.
O chamamento à formação de novos discípulos ainda não terminou. Continuamente Jesus está chamando pessoas para andarem nos seus passos, e diariamente Ele reafirma o chamado feito a nós para que O sigamos. E analisando o Ministério de Jesus podemos aprender os principais pontos que Ele quer que Sua Igreja observe para o fiel cumprimento de sua missão de andar nos passos do Mestre.

1)      ENSINO (v. 23)
A Palavra nos diz que Jesus “percorria toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas”.
Jesus sempre demonstrou preocupação com o ensino. Nos 4 Evangelhos podemos constatar que Ele dedicou muito tempo a ensinar aos seus discípulos e às pessoas que se aproximavam dEle. Na sequência do Evangelho de Mateus vamos ver uma grande explanação de Jesus, ensinando aos discípulos e ao povo as verdades de Deus. Jesus embasava seu ensino nas Escrituras, mas procurava mostrar às pessoas o real significado do que Deus havia dito.
O que é que Jesus ensinava? Do capítulo 5 até o 7 de Mateus, temos o conhecido Sermão do Monte, uma enorme porção dos ensinamentos proferidos por Jesus. Ali, Ele ensina o sentido da Lei de Deus, fala sobre o amor ao próximo, a vida de oração, a forma como o cristão deve conduzir sua vida para glorificar a Deus, o exercício da misericórdia, o perdão, a confiança no Altíssimo, a escala correta de valores, enfim, Jesus fala amplamente sobre o modo de viver dos cidadãos dos céus. Jesus se preocupa em desfazer ensinos equivocados sobre as Escrituras, levando as pessoas a verem o que Deus realmente requer de nós.
O ministério de ensino continua sendo fundamental na Igreja de Cristo. Ele requer que a Igreja transmita os ensinamentos contidos nas Escrituras, sem as deturpações promovidas por pessoas que querem adequar a Palavra às suas conveniências. É incumbência da Igreja expor as Escrituras com fidelidade, não apenas esclarecendo as pessoas que estão sendo enganadas, mas a própria Igreja deve evitar o ensino de doutrinas errôneas, equivocadas, alheias ao verdadeiro sentido do que Deus transmitiu por meio de Seus servos.
E para que a Igreja possa ensinar com autoridade e fidelidade, é necessário que tenha conhecimento. Ninguém ensina o que não sabe, porque ensinará errado. Jesus, pouco antes, tinha dado mostras do seu grande conhecimento acerca das Escrituras e seu sentido real. Quando Ele esteve no deserto, citou as Escrituras para se opor a Satanás, e quando este resolveu também invocar as Escrituras, fê-lo de forma tendenciosa, procurando distorcer o sentido da passagem citada, mas Jesus, conhecedor da Palavra, desarmou o tentador.

Satanás mencionou o Salmo 91, versículos 11 e 12, querendo induzir Jesus a provar a verdade da Palavra de Deus se expondo ao risco. Jesus sabia que a Palavra citada por Satanás não tinha a conotação que ele estava procurando dar, e que aquilo era uma manipulação que desagradava ao Pai.
Não é difícil encontrar pessoas falando heresias, mentiras, distorções absurdas, e ainda dizendo: “está na Bíblia!”. Versículos isolados das Escrituras, separados de seu contexto, são empregados para formulação de doutrinas heréticas.
A Igreja precisa se aprimorar no Ministério do Ensino, porque continuamente o tentador, por meio de pessoas diversas, lança ensinamentos errados no meio do povo de Deus. Vemos líderes religiosos usando a Palavra para disseminar heresias, para induzir as pessoas ao erro, buscando proveito próprio, e infelizmente muitos caem nessas ciladas, porque lhes falta conhecimento. O Pai disse que o Seu povo perece por falta de conhecimento (Oséias 4.6).
E esse conhecimento deve ser firmado não apenas na leitura da Palavra, mas no esvaziamento das ideias pessoais e na entrega ao Espírito Santo para que Ele nos revele o real sentido do que estamos lendo e ouvindo. A Igreja deve ensinar o que Jesus ensinou. Jesus é a chave para a compreensão das Escrituras. Toda a Palavra de Deus deve ser interpretada conforme Jesus, pois Ele é a Palavra Viva e Encarnada.
Como Igreja de Cristo, devemos nos esmerar no ensino da Palavra, jamais procurando vantagens pessoais ou conveniências, mas buscando a glória do Altíssimo e a condução das pessoas ao verdadeiro Caminho.

2)      PREGAÇÃO DO EVANGELHO (v. 23)
O ministério de ensino se refere à explicação do sentido das Escrituras, o esclarecimento sobre as doutrinas bíblicas, sem adulterações e sem a intenção de obter alguma vantagem com isso.
Mas além de ensinar, Jesus também pregou o Evangelho do Reino dos Céus.
A pregação do Evangelho implica na apresentação do plano de redenção que Deus formulou para a humanidade, para que houvesse a reconciliação, o restabelecimento da comunhão perdida no Éden com o pecado dos primeiros humanos. Envolve o esclarecimento da real condição do ser humano por causa do pecado, a sua condenação e a solução para a sua salvação, qual seja, a vinda do Filho de Deus em figura humana, sua morte e ressurreição.
Jesus outorgou à Igreja a responsabilidade pelo anúncio das Boas Novas, quando disse, em Marcos 18.15: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”. Se a Igreja tiver a preocupação de ensinar as Escrituras, mas se omitir de anunciar as Boas Novas, de apresentar Jesus aos pecadores, estará falhando em sua missão e desobedecendo ao Senhor.
O Evangelho é a mensagem central a ser pregada pela Igreja. Jesus não comissionou sua Igreja a ensinar caminhos para a riqueza, para o sucesso, para conquistas materiais, pelo contrário, o foco é o anúncio das Boas Novas, de que Deus estava em Cristo se reconciliando com a humanidade, e oferece a vida eterna aos que creem na mensagem do Evangelho.
A Igreja não deve, jamais, deixar de falar do pecado, da condenação e da redenção que há em Cristo. Jesus chamava os pecadores ao arrependimento. A Igreja primitiva da mesma forma pregava a mensagem do arrependimento para remissão dos pecados, e durante toda a sua existência é obrigação da Igreja anunciar aos pecadores que é necessário que se arrependam de seus pecados e se reconciliem com Deus.
Paulo enfatizou que esse é o nosso ministério:
“Ora, tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões, e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo, pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.” (1Cor 5.18-20)
Como Igreja de Cristo, devemos ter compromisso com o anúncio do Evangelho, testemunhando diante de todos o que Cristo fez pela humanidade, vivendo de modo digno da Palavra em que cremos, praticando os ensinamentos recebidos do Mestre.
A Igreja de Cristo é formada pelos salvos. Cada um de nós compõe a Igreja. Portanto, a responsabilidade pela pregação do Evangelho é nossa.

3)      CURA (v. 23)
Durante seu ministério terreno Jesus operou curas maravilhosas, libertou pessoas que estavam aprisionadas pelo Maligno, e suas obras eram sinais de que nEle se cumpriam as profecias dadas por Deus nas Escrituras sobre a vinda do Messias.
Pessoas enfermas vinham a Jesus de todas as partes, e Ele as curava. Cegos voltavam a enxergar, paralíticos andavam, leprosos eram purificados, endemoninhados eram libertos, surdos voltavam a ouvir, mudos falavam...
O ministério de cura foi outorgado por Jesus à sua Igreja, para que ela, assim como Ele, promova a libertação dos cativos, abra os olhos aos cegos, leve a purificação aos impuros, enfim, faça às pessoas tudo o que Jesus fez.
E como isso se dará? É claro que por intermédio da Igreja Jesus continua operando milagres em meio ao povo. Ele é o mesmo ontem, hoje e sempre, e Seu Poder não diminuiu. Pela oração da Igreja pessoas ainda são curadas de enfermidades diversas, por mais graves que sejam. Pessoas desenganadas por médicos encontram a cura quando recorrem a Jesus, e quando a Igreja, cumprindo a sua missão, ora pelos enfermos.
As curas feitas por Jesus diziam respeito a males que atacavam o físico e a mente. Eram curas reais para enfermidades reais, porém todas elas tinham um significado espiritual que vai muito além da simples restauração do corpo.
A cura de cegos, por exemplo, aponta para a abertura dos olhos daqueles que estão vagando pelo mundo sem conseguirem enxergar o Caminho, que estão com os olhos vendados pelo Maligno e não conseguem ver o quanto estão separados de Deus.
Os paralíticos, por sua vez, simbolizam aqueles que estão como se suas pernas não lhes permitissem ir no sentido do Caminho certo, e ficam estagnados onde o Maligno deseja que permaneçam, sem que possam avançar rumo à luz do Eterno.
Os surdos representam aqueles que estão com os ouvidos fechados à verdade, que caminham sem conseguir ouvir a voz do Senhor.
Os mudos são os que não conseguem louvar a Deus e adorá-lo, não podem confessar que Jesus Cristo é o Senhor.
Os endemoninhados estão sob o jugo de Satanás, são brinquedos em suas mãos.
As pessoas enfermas da mente simbolizam os que têm uma verdadeira confusão mental, uma abundância de ideias e pensamentos sobre diversos caminhos que lhes são apresentados, em sua cabeça há uma salada de filosofias, crenças, vivem como se fossem loucos, creem em várias coisas e não encontraram ainda a verdade.
Os leprosos são os que estão cobertos pelo pecado, o que os torna impuros, inaceitáveis diante de Deus.
Desta forma, a missão da Igreja abrange, sim, a cura de males reais do corpo e da mente, mas envolve principalmente a cura espiritual. Pelo anúncio do Evangelho, pela apresentação do Caminho, os cegos devem enxergar sua real situação e a porta que é colocada diante deles, o próprio Jesus; os paralíticos têm suas pernas fortalecidas para que possam caminhar rumo à Luz e saltar de júbilo diante do Senhor; os surdos passam a ouvir as maravilhas da Palavra de Deus;  os mudos passam a glorificar ao Altíssimo com seus lábios, professam que Jesus Cristo é o Senhor; os endemoninhados são resgatados do império das trevas e são transportados ao Reino dos Céus; os confusos reconhecem a Verdade e a abraçam com alegria; os leprosos são purificados de seus pecados.
A Igreja tem a responsabilidade de levar aos pecadores a cura, que é a pessoa de Jesus Cristo, nosso Salvador, e para fazer isso precisa andar nos passos de Jesus, viver como Ele viveu, ser fiel aos seus mandamentos e manter profunda comunhão com Ele, confiando em Sua promessa: “Eis que estou convosco todos os dias até a consumação do século” (Mt. 28.20).

CONCLUSÃO
Jesus Cristo nos chamou para sermos seus discípulos, para andarmos conforme Ele andou e fazermos o que Ele fez. E Ele disse: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, por eu vou para junto do Pai.” (João 14.12) Não quer dizer que vamos superar Jesus em poder e obras, mas significa que o ministério de Jesus na terra foi curto, de apenas três anos, porém a Igreja aqui permaneceu para dar continuidade à Sua Obra, e a Igreja já tem cerca de 2000 anos de existência neste mundo, portanto, num espaço de tempo muito maior é claro que será possível alcançar mais pessoas do que em três anos.
Nós devemos honrar nosso chamado e procurar cumprir nossa missão como Igreja de Cristo com fidelidade, pois para isso fomos vocacionados e assim agindo glorificaremos ao nosso Senhor e Salvador.

“Aquele, entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele: aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou.” (1Jo 2.5-6)

“Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mt. 28.19-20)

José Vicente
12.01.2014

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