domingo, 11 de agosto de 2013

LIVRES DO EXCESSO DE CARGA


Texto base: Mateus 11.28-30

Durante seu ministério terreno, Jesus foi procurado pelas multidões, por pessoas que almejavam libertação, cura, atenção. Ele sabia que aquelas pessoas eram carentes e necessitavam da sua palavra e de gestos amorosos de sua parte.
Jesus se dedicava a pregar a Palavra a todos os que vinham a Ele, ministrava curas, procurava demonstrar às pessoas que elas tinham valor. Jesus conhecia as necessidades das pessoas e não as despedia sem antes agir em suas vidas para que experimentassem o Poder de Deus.
Nos dias atuais vemos pessoas esgotadas emocionalmente, depressivas, com problemas psíquicos, não suportando a pressão que lhes é imposta. Pessoas que estão em busca de uma saída mas acabam esbarrando em obstáculos criados pela sociedade em que estão inseridas, pelos líderes a que estão sujeitas ou por crenças equivocadas que alimentam.
As palavras de Jesus no texto lido se aplicam a todos aqueles que se encontram cansados, sobrecarregados, ou seja, a todos os seres humanos, porque todos necessitamos do alívio que é oferecido por Jesus. Ele chama os cansados e sobrecarregados para que venham até Ele.
Podemos achar que Jesus estava se referindo a dois grupos de pessoas, o grupo dos cansados e o dos sobrecarregados, mas na verdade ele se dirige a um único grupo, formado pelas pessoas que estão cansadas justamente porque se veem sobrecarregadas.
A Bíblia King James traz o versículo 28 da seguinte forma: “Vinde a mim todos os que estais cansados de carregar suas pesadas cargas, e eu vos darei descanso.”
Consultando o dicionário, constatamos que alguém sobrecarregado é quem está com excesso de carga. Trata-se de quem tem um peso extra sobre seus ombros. É claro que a certa altura o cansaço virá, pois a carga vai pesando cada vez mais, extenuando as forças físicas, mentais e espirituais. Experimente fazer uma caminhada carregando uma mochila nas costas. Ainda que dentro dela haja algo com meio quilo, depois de certo tempo estará parecendo que tem cinquenta quilos, e o cansaço virá com maior intensidade do que se não houvesse a mochila.
Várias coisas podem ocasionar uma sobrecarga na vida de uma pessoa. Tentaremos falar sobre algumas delas:

1)      FATORES DE SOBRECARGA E CANSAÇO

a)      Religiosidade: as pessoas desejam ter uma vida espiritual saudável, ter comunhão com Deus, mas muitas vezes acabam sendo submetidas a uma religiosidade inútil, que apenas vai minando suas forças e não as leva a uma espiritualidade satisfatória.
No texto em questão, as pessoas estavam sobrecarregadas com as muitas regras religiosas criadas pelos líderes judaicos. Não se tratava da Lei de Deus, porque esta, como diz a Escritura, não é um peso, todavia os doutores da Lei, fariseus, saduceus, criaram todo um sistema de normas que tinham que ser cumpridas pelo povo. Eles vinculavam suas tradições, suas regras, à Lei de Deus, de maneira que acabava parecendo que a Lei era pesada.
Os judeus viviam sobrecarregados com uma vida repleta de regras que extrapolavam aos Mandamentos de Deus. Em Atos 15 vemos os apóstolos e presbíteros reunidos para tratarem do assunto, e Pedro foi sincero ao dizer que não deveriam por sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem mesmo eles e seus pais puderam suportar (At 15.10).
Ainda hoje, muitas pessoas estão sobrecarregadas com regras religiosas, normas criadas por homens e que não representam a Palavra de Deus. Criam-se regras sobre roupas, comidas, cabelos, exige-se do cristão que ele seja uma pessoa que ele não é, criam-se campanhas para obter algo de Deus, estipulam-se comportamentos e atos que não estão previstos na Bíblia, enfim, as pessoas são levadas a uma vida de cumprimento de regras, pensando com isto agradar a Deus, e isso vai se tornando um peso sobre seus ombros, de maneira que muitos desistem no meio do caminho e não querem mais ouvir falar em Igreja.

b)     Pecado: o pecado também se constitui em algo que sobrecarrega o pecador quando não há confissão e arrependimento, ou quando o pecador tenta pagar pelo pecado com seus esforços pessoais.
Nos dias de Jesus havia a necessidade de oferecer sacrifícios para purificação do pecado, e até nisso os homens desprovidos de verdadeira comunhão com Deus obtinham lucros, pois instituíram um comércio de animais para serem oferecidos em sacrifício pelos que vinham adorar a Deus no Templo.
Nos dias atuais ainda há muitas pessoas que vivem sobrecarregadas pelo pecado. Muitas lutam para vencê-lo, mas não possuem força suficiente para isso, e, por vezes, acabam se entregando. Outras vivem tentando compensar seus pecados com a prática de atos considerados como sacrifícios a Deus, como a prática de penitências, de boas obras, de uma religiosidade vazia e desprovida da ação do Espírito Santo.
Essas pessoas a cada dia se sobrecarregam com o pecado, pois não conseguem se livrar dele.
Há os que fazem, equivocadamente, diferenciação entre pecados, achando que há uns mais inofensivos e outros maiores, e que somente os “grandes” é que precisam de confissão e arrependimento, assim, vão acumulando “pequenos” pecados, e quando percebem estão sobrecarregados, sua mochila está repleta de pecados e o peso é cada vez maior, minando as forças espirituais.

c)      Sentimentos negativos: diversos sentimentos podem gerar uma sobrecarga, afetando profundamente a vida de quem os carrega. Sentimentos como culpa, mágoa, ódio, inveja, complexo de inferioridade, soberba, etc.
O sentimento de culpa é um dos maiores pesos que uma pessoa pode carregar sobre si. O povo judeu daquela época era levado a sentir culpa por não conseguir cumprir as regras impostas pelos líderes religiosos. Também sentiam o enorme peso da culpa por seus pecados. Os líderes somente sabiam apontar os erros das pessoas e, com isto, levavam-nas a se sentirem cada vez mais culpadas.
A mágoa é um sentimento que vai minando as forças de quem a nutre. Trata-se da falta de liberar perdão a quem errou, e de pedir perdão a alguém com quem se cometeu um erro.
O ódio instila veneno constante no coração de quem o alimenta.
A inveja leva a desejar o mal ao próximo e a deixar de viver a própria vida para tentar viver a vida do outro.
O complexo de inferioridade leva a pessoa a se considerar menor do que todos, sem valor, sem méritos, sem perspectivas, sem possibilidade inclusive de ser amada por Deus.
A soberba leva ao autoengano e ao afastamento em relação a Deus, pois Ele resiste aos soberbos.
Esse e muitos outros sentimentos se constituem em cargas excessivas que diversas pessoas carregam sobre seus ombros dia após dia.

d)     As lutas da vida: Outra coisa que mina nossas forças é o fato de enfrentarmos lutas em nossa vida. O que provoca o cansaço não é a luta em si, mas nossa tentativa de lutarmos sozinhos, julgando que podemos vencer.
Dia a dia nos deparamos com desafios, adversidades, perseguições, enfermidades, tragédias, etc. Algumas vezes caminhamos bem, conseguimos resistir e obter poucas vitórias. Mas à medida em que as lutas vão se avolumando, percebemos que não somos fortes o suficiente para continuarmos lutando sozinhos. E mesmo recorrendo à ajuda de outras pessoas, há lutas que são só nossas e nos levam à exaustão.

2)      JESUS É A SOLUÇÃO
Quem está sobrecarregado e cansado é tentado a pensar que não há mais solução. Existem pessoas que, em certa altura, não conseguindo enxergar saída à sua situação, optam por deixar de viver. Outras preferem partir em busca de soluções em diversas crenças humanas, na ciência, na filosofia, e acabam não chegando ao conhecimento da Verdade.
Para todos os que estão cansados e sobrecarregados, porém, Jesus diz: “Vinde a mim”, e faz uma promessa: “Eu vos aliviarei”. Sim, Jesus é a solução para pessoas que já estão desfalecendo pelo caminho, que não conseguem encontrar paz, descanso, alívio. Que olham em volta e não encontram uma porta.
Jesus nos convida a tomar o seu jugo e aprender dele, que tem mansidão e humildade. Jesus é o oposto dos líderes judaicos daquela época e também de muitos líderes religiosos dos dias atuais. Enquanto tais líderes jogam sobre o povo cargas extras, Jesus se oferece para tomar essas cargas para si, e nos oferece o seu fardo, que é leve e suave.
Enquanto os adeptos da religiosidade vazia empurram regras e mais regras sobre as pessoas, Jesus convida a amar a Deus e ao próximo, e com isto ter-se-á cumprido toda a Lei.
A mansidão de Jesus o leva a ter paciência conosco, pois é conhecedor de nossas fraquezas e não veio para nos destruir ou julgar, mas para nos resgatar do império do pecado, para nos libertar da religiosidade vazia, que não conduz a Deus, e para nos dar a Vida Eterna com o Pai.
No versículo 27 Jesus diz que “ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a quem o Filho o quiser revelar”.
Jesus revela o Pai a quem atende à sua voz e vai a Ele, e essa revelação mostra o Deus que é amor, e não o Deus duro e impiedoso que os líderes judaicos apresentavam ao povo naquele tempo, nem o Deus tirano ou Deus de barganhas que é apresentado hoje por muitos líderes cristãos. É um Deus que quer salvar, e não destruir. Que quer dar vida, e não condenar à morte. Que está bem próximo, e não distante e inalcançável.
Jesus afirma que quem for a Ele encontrará descanso. Ele se identifica com o Pastor referido no Salmo 23.1-2: “O SENHOR é o meu pastor; nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso”.
Ele se identifica também com a pessoa de Deus descrita em Isaias 40.29-31: “Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam.”
O jugo que Jesus nos dá é leve e suave, porque Ele tomou sobre si todo o peso, todo o nosso pecado, nossas culpas, a condenação que havia, e nos oferece a possibilidade de vivermos em aliança com Deus, servindo ao Senhor com liberdade e alegria, livres do que poderia embaraçar nossa caminhada, aptos a experimentar o amor de Deus em sua plenitude e vivermos em fidelidade ao Pai.
Jesus é o nosso Descanso. NEle cessam nossas tentativas de nos justificarmos diante de Deus, pois Ele nos justificou com sua morte na cruz. “Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Rm. 5.1)
Em Jesus cessam nossos esforços inúteis de tentarmos pagar por nossos pecados, pois Ele pagou por nós. “Carregando ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós, mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes sarados.” (1 Pe 2.24)
Jesus toma nosso jugo sobre si e passa a caminhar conosco. Nossas lutas passam a ser lutas dele. Nosso real valor é revelado, pois passamos a ser filhos do Altíssimo. Tudo o que nos sobrecarregava e cansava agora está nas mãos de Cristo, e Ele apenas requer que caminhemos com Ele em fé e fidelidade, observando Seus mandamentos, que não são pesados.

CONCLUSÃO
Não continuemos lutando sozinhos, ou ficaremos sobrecarregados e cansados, e acabaremos desistindo.
Entreguemos a Jesus nossas vidas, nossas lutas, nossas famílias, nossos pecados, nossas fraquezas, nossas culpas. Desistamos da justiça própria e passemos a viver plenamente em Cristo, porque nEle temos vida verdadeira, e nEle podemos todas as coisas, porque Ele é quem nos sustenta e conduz em vitória.
“Entrega o teu caminho ao SENHOR, confia nele, e o mais ele fará.” (Salmo 37.5)

“Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel.” (Isaías 41.10)

José Vicente
11.08.2013

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