domingo, 23 de janeiro de 2011

FALANDO NA LINGUAGEM DE DEUS

TEXTO BASE: LUCAS 7.36-50

Introdução
A passagem que lemos nos mostra Jesus sendo convidado para um jantar na casa de um fariseu chamado Simão. Os fariseus, como sabemos, eram judeus extremamente zelosos pela Lei de Deus, entretanto, acabaram por desvirtuar a essência da Lei, transformando-a em um jugo pesado sobre os ombros das pessoas. Seus critérios eram muito severos, e não atentavam para o fato de que Deus não desejava aquela religiosidade zelososzezzzque eles demonstravam, mas queria que aprendessem a amar e usar de misericórdia e humildade.
Quando os fariseus convidavam Jesus para um jantar ou outro evento, normalmente tinham em mente a intenção de testá-lo e tentar mostrar que Ele não era quem dizia ser, mas seus planos sempre eram frustrados, porque Jesus era o Messias, o próprio Deus encarnado, e a sua sabedoria superava em muito à dos mestres judaicos. Ele conhecia os desígnios dos corações. Na verdade, aquela essência que os líderes judeus haviam deixado de lado na Lei, Jesus fazia questão de demonstrar na prática: o amor.
Jesus recebeu atenção e cuidado de uma mulher considerada pecadora, indigna, e não a repreendeu nem a mandou embora, antes, Ele a tratou com amor e compaixão.
O texto de Lucas mostra mais uma das ocasiões em que Jesus deixou sem palavras os mestres da Lei, revelando a dureza de seus corações em contraposição à misericórdia de Deus.
Vejamos algumas das muitas lições que podem ser extraídas da narrativa de Lucas.

1-                 NÃO BASTA CONVIDAR JESUS, É NECESSÁRIO AMÁ-LO VERDADEIRAMENTE

Simão, o fariseu, convidou Jesus para um jantar em sua casa. Conforme os costumes judaicos, ao receber em sua casa um convidado o anfitrião deveria se portar com hospitalidade, dar um beijo no convidado logo à porta, mandar um servo lavar os pés da visita, providenciar água para que pudesse lavar o rosto e as mãos,  e ungi-lo com bálsamo.
Jesus aceitou o convite e foi à casa de Simão, mas lá não recebeu as cortesias que o anfitrião deveria oferecer.

Por outro lado, apareceu na casa de Simão uma mulher, identificada apenas como uma pecadora, portando um vaso de alabastro com unguento, e passou a lavar os pés de Jesus com suas lágrimas, secando-os com os cabelos, ungindo-os com o unguento e beijando-os.
A mulher fez o que Simão deveria ter feito, mas ela foi além, pois seu procedimento não foi de simples cortesia ou formalidade, mas, sim, uma profunda demonstração de amor ao Mestre.
E essa foi a grande diferença entre ambos: o amor.
Simão era um homem da Lei, um conhecedor das Escrituras, e hoje seria comparado a um teólogo estudioso da Palavra de Deus. O problema é que o conhecimento de Simão era apenas intelectual, a Palavra ainda não havia transformado o seu ser, pelo contrário, o conhecimento gerou nele a presunção de ser alguém em condição de superioridade em relação a pessoas consideradas pecadoras.
Simão tinha uma mente auto-justificada, e não se via como um pecador necessitado da Graça de Deus.
Embora Simão tenha convidado Jesus para entrar em sua casa e cear com ele, esse convite não foi resultado do amor, tanto que Simão nem mesmo dispensou a Jesus a devida atenção, um mínimo de cortesia.
A mulher pecadora, entretanto, não convidou Jesus para ir a sua casa, talvez porque ela nem mesmo se sentisse digna de recebê-lo, mas, tendo a oportunidade de demonstrar o seu amor ao Mestre, ela o fez de todo o coração.
Duas pessoas muito diferentes: um mestre da lei e uma pecadora (talvez uma prostituta). Duas atitudes diferentes: uma recepção fria e um acolhimento caloroso.
Jesus disse a Simão que ele havia omitido a cortesia que deveria ter sido demonstrada, mas que aquela mulher demonstrara muito amor ao fazer o que fizera.
Com isso, o texto bíblico nos ensina que não basta convidar Jesus, e necessário amá-lo verdadeiramente.
Muitas pessoas se comportam como aquele fariseu, pois convidam Jesus para entrar em suas vidas, em suas casas, mas não lhe conferem a devida atenção, não lhe dispensam o tratamento que é devido ao Rei dos reis, antes, o tratam como se fosse qualquer outra pessoa, ou nem isso. Por vezes os amigos recebem mais atenção do que Jesus.
São aquelas pessoas que, nos cultos, atendem aos apelos do Pastor e dizem desejar ter Jesus como seu Senhor e Salvador, passam pelo batismo, professam publicamente sua fé, mas no seu dia a dia continuam a viver como se Jesus nem existisse, sem lhe dedicar nenhuma atenção, sem fazer caso da Sua Presença.
Para esses, o fato de terem convidado Jesus para habitar em suas vidas, e de terem repetido alguma oração de “conversão” é suficiente para se considerarem salvos, aperfeiçoados, e então deixam de prosseguir nos cuidados para uma vida de santificação, não oram, não meditam na Palavra, não buscam a intimidade do Senhor, limitam-se a frequentar mecanicamente os cultos de domingo - quando o fazem! Jesus não recebe um tratamento diferenciado. Ele não recebe toda a atenção que lhe é devida.
Também se enquadram nessa situação aqueles crentes que estão há muitos anos na Igreja, compartilham dos momentos de comunhão com os irmãos, ouvem a Palavra continuamente, mas continuam sendo pessoas duras de coração, negligentes quanto à prática da Palavra da Deus, não crescem espiritualmente e ainda atrapalham o crescimento dos outros. São crentes ciumentos, que se iram com facilidade, dão-se ao hábito de fofocas e maledicência, criam contendas por coisas tolas, enfim, não obedecem aos mandamentos de Jesus.
Quando convidamos Jesus para habitar em nossas vidas, devemos demonstrar por Ele um amor verdadeiro, que se traduz em OBEDIÊNCIA À SUA PALAVRA. Não basta dizer que O amamos, é necessário que isso fique evidenciado em nosso cotidiano através de atos de obediência ao Mestre.

“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.” (João 14.21)

Falar que amamos a Jesus pode ser fácil. Fazemos isso quando cantamos, quando oramos, etc. Mas demonstrar esse amor é o desafio que se nos apresenta dia a dia. A mulher que ungiu os pés de Jesus não falou nenhuma palavra a Jesus, mas seus atos falaram por ela. Foram atos de humildade, de respeito, de submissão, de quebrantamento, de arrependimento.
A mulher que ungiu os pés de Jesus quebrou todas as barreiras existentes para demonstrar o seu amor a Jesus. Ela superou a discriminação social e religiosa, a marginalização, a reprovação à sua forma de vida, a humilhação a que poderia ser submetida, tudo isso para estar perto de Jesus e mostrar que O amava de verdade.
Nossos atos têm servido para demonstrar o quanto amamos a Jesus?

2 – NÃO ADIANTA QUERER A PRESENÇA DE JESUS, SE EXCLUÍMOS NOSSO PRÓXIMO

Jesus, por seu ministério e por tudo quanto vinha fazendo, com milagres, prodígios, pregações impactantes que tocavam as pessoas, respostas sábias que desnorteavam seus opositores, mostrava ser alguém especial, diferenciado, e mesmo para os fariseus poderia ser interessante a Sua presença em suas casas, algumas vezes por interesses políticos, egoístas, outras pelo desejo de saber mais sobre aquele homem que arrebatava multidões.
Simão quis ter Jesus como seu convidado, entretanto, quando uma mulher considerada pecadora adentrou ao recinto e começou a lavar e ungir os pés de Jesus, logo Simão se revoltou com a presença dela, pois não era digna de estar ali, segundo seu conceito.
Não se sabe ao certo que tipo de pecado aquela mulher havia cometido, cogita-se que era de prostituição, e com isto ela era alvo de uma verdadeira exclusão social e religiosa. Deve-se atentar, ainda, ao fato de a mulher, naquela sociedade, estava muito abaixo do homem em termos de valor.
Quando Simão viu a mulher aos pés de Jesus, tocando nEle, logo começou a condenar tanto a ela como a Jesus. Afinal, nenhum homem de Deus, profeta, se deixaria tocar por uma pecadora, pois isso resultaria em contaminação com o pecado.
Dessa forma, Simão duvidou que Jesus pudesse ser um profeta, já que, se realmente fosse, deveria saber que aquela mulher era uma pecadora, e não poderia deixar-se tocar por ela.
Simão não desejava a presença daquela mulher em sua casa ou em locais por ele frequentados. Ele já a havia condenado, assim como o haviam feito os demais líderes religiosos da época, e em seu coração não havia espaço para a misericórdia, para o amor ao próximo.
A atitude de Simão foi repreendida por Jesus, que fez questão de destacar que a mulher, conquanto fosse pecadora, tratou–O com muito mais reverência do que o próprio anfitrião que havia convidado Jesus, porque ela tinha uma virtude que faltava em Simão: o amor.
Meus irmãos, não adianta desejarmos a presença de Jesus em nossas vidas, em nossas casas, no templo onde nos reunimos, se não estamos dispostos a amar o nosso próximo e acolhê-lo, se o rejeitamos por considerá-lo pecador.
Ora, todos nós somos pecadores, e carecemos da glória de Deus (Romanos 3.23). O fato de eu ser cristão, alcançado pela Graça de Deus, não deve me fazer desprezar o meu próximo, seja ele um pecador ainda não convertido ou um convertido que sofre com tropeços em sua caminhada cristã, pelo contrário, deve me impulsionar no sentido de amar as pessoas e agir como Jesus, sendo inclusivo, e não marginalizando.
Jesus, em certa ocasião, disse: “ide, porém, e aprendei o que significa: Misericórdia quero e não holocaustos; pois não vim chamar justos, e sim pecadores ao arrependimento.” (Mateus 9.13)
Jesus disse que o segundo maior mandamento da Lei de Deus é amar ao próximo como a si mesmo (Mateus 22.39), portanto, quando discriminamos o nosso próximo, quando o excluímos ou ficamos incomodados com a sua presença, não estamos cumprindo a Lei do Senhor, e, consequentemente, não estamos demonstrando amor a Jesus, pois Ele disse que quem O ama guarda os seus mandamentos.
A Palavra nos revela que não é possível amar a Deus sem amar ao próximo.

“Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar a seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama a seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê.”(1 João 4.20)

Simão não demonstrou amor pela mulher que entrou em sua casa, antes, ele a desprezou e condenou. Com essa atitude, ele estava negando amor ao próprio Deus, pois se recusava a amar e ser misericordioso para com o próximo.
Portanto, embora Jesus tivesse sido convidado para cear naquela casa, a comunhão com Simão não foi verdadeira, porque estava ausente o amor por parte deste.
Nosso comportamento tem que ser de inclusão, e não de exclusão das pessoas. Temos que ser facilitadores do acesso das pessoas às Boas Novas do Evangelho de Cristo, demonstrando pelos outros o mesmo amor e a mesma misericórdia que recebemos de Jesus.
Quando abrimos a porta para Jesus entrar, devemos saber que com Ele vêm uma grande multidão de pessoas. Parte dessa multidão é composta por pessoas que já são integrantes da família da fé, estão em fase de aperfeiçoamento como nós, são os crentes regenerados. Outra parte, porém, é constituída de todas aquelas pessoas que ainda não tiveram um encontro com Jesus, mas podem vir a ter ou estão caminhando para isso, e devemos amar incondicionalmente a todos.
Não há como desejar Jesus em nossas vidas, excluindo o próximo. O amor ao próximo vai mostrar se amamos verdadeiramente a Jesus ou não.
Esse amor é demonstrado de diversas formas: solidariedade, misericórdia, acolhimento, hospitalidade, exortação quando o outro se desvia do caminho correto, intercessão, e muitos outros atos.
O nosso exemplo de amor é Jesus Cristo. Ele demonstrou na prática como deve ser o amor ao próximo, e Ele está disposto a nos ajudar a sermos como Ele.
Quando não amamos, a misericórdia que Deus demonstra em relação a pessoas pecadoras nos incomoda.
A misericórdia de Deus incomoda você?

3 – O AMOR É O CAMINHO PARA O CORAÇÃO DE DEUS

No texto em análise, o amor que a mulher nutria por Jesus a levou ao arrependimento de seus pecados, o que pode ser visto no seu choro e em sua postura humilde perante o Mestre. Ela tocou o coração de Jesus, que manifestou misericórdia e perdoou os seus pecados.
Simeão, por sua vez, agindo de forma arrogante e desprovida de amor, atraiu para si uma repreensão de Jesus.
Se atentarmos para o início do capítulo 7 (1-10), do Evangelho de Lucas, veremos que é narrada a história do centurião romano que clamou a Jesus que curasse o seu servo enfermo.
Ele tocou o coração de Jesus com essa demonstração de amor ao seu próximo, pois talvez não fosse comum alguém se importar com um servo dessa forma. Ele demonstrou grande fé em Jesus, e sua súplica foi atendida.
Nos versículos 11-17 vemos Jesus ressuscitando o filho de uma viúva na cidade de Naim. A mulher não pediu que Jesus fizesse isso, mas Ele, por amar demais o ser humano, vendo o sofrimento da mulher, compadeceu-se e lhe restituiu o filho.
A Palavra nos ensina que “Deus é amor” (1 João 4.8). Tudo quanto existe apenas passou a existir pelo amor de Deus. Ele não precisava criar um universo, muito menos seres humanos que fariam muitas coisas erradas, como nós, mas o Seu amor é tão grande que Ele decidiu criar tudo e dedicar todo o Seu amor à Sua criação.
Assim, passamos a existir por causa do amor de Deus. Fomos resgatados e salvos da condenação eterna por causa do amor de Deus (Efésios 2.4-5).
João 3.16 é uma das passagens bíblicas que melhor expressam esse amor de Deus por nós:

“Porque Deus amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.”(João 3.16)

O amor é a essência de Deus, e por isso, quando agimos com amor, estamos em sintonia com Ele. Tiago 2.13 nos fala que “a misericórdia triunfa sobre o juízo”, e a misericórdia é fruto do amor.
Lemos em 1 Coríntios 13 que sem amor, nada tem valor, por maior que seja o ato praticado.
Paulo, escrevendo aos Colossences, diz: “acima de tudo isto, porém, esteja o amor, que é o VÍNCULO DA PERFEIÇÃO” (Colossences 3.14).
Podemos fazer muitas coisas durante nossa caminhada cristã, mas todas elas devem ser pautadas pelo amor a Deus e ao próximo.
Somente através do amor nossas orações são ouvidas por Deus. Quando oramos de forma mecânica, ou com motivos egoístas, não obtemos respostas. Mas se orarmos com amor, conseguimos chegar ao coração do Pai, e Ele estende a sua misericórdia sobre nós.
Em Isaias 58 Deus repreende o Seu povo porque faz jejuns e orações, mas não pratica o amor, a misericórdia, a justiça, e afirma que por causa disso não responde aos clamores que Lhe são feitos. Deus ainda diz que somente quando o povo aprender a amar é que suas orações serão ouvidas, e o povo receberá a cura para seus males.
Quando amamos estamos falando a linguagem de Deus, e nossa comunicação com Ele se torna mais clara e eficiente. Então, experimentamos a presença de Deus em nossas vidas de forma muito mais plena e transformadora.

 CONCLUSÃO

A Igreja de Cristo precisa ser sal da terra e luz do mundo, mas somente conseguirá cumprir essa missão se praticar o amor, assim como Jesus praticou e continua praticando.
Nossos muitos pecados foram perdoados por Cristo na cruz, e isso é motivo mais do que suficiente para que nosso amor por Ele seja cada dia maior, como aquele grande devedor da parábola contada por Jesus nos versículos 41-43.
Aprendamos a falar a linguagem de Deus, que é o amor, e veremos bênçãos incontáveis sendo derramadas sobre nós e sobre nossos semelhantes, e a Igreja de Cristo efetivamente fará a diferença nesse mundo caído e tão carente de amor.

“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” (João 13.34-35)

“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; porém o maior destes é o amor.” (1 Coríntios 13.13)


Que Deus nos ensine a amar verdadeiramente, como Ele nos ama.


José Vicente
23.01.2011

Um comentário:

  1. Esta mensagen é maravilhosa que DEUS continue te usando e te abençoando todos os dias de sua vida que a paz do nosso SENHOR JESUS CRISTO esteja sempre convosco

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