segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

EVITANDO AS ÁGUAS AMARGAS

“Depois fez Moisés partir os israelitas do Mar Vermelho, e saíram ao deserto de Sur; e andaram três dias no deserto, e não acharam água. Então chegaram a Mara; mas não puderam beber das águas de Mara, porque eram amargas; por isso chamou-se o lugar Mara. E o povo murmurou contra Moisés, dizendo: Que havemos de beber? E ele clamou ao SENHOR, e o SENHOR mostrou-lhe uma árvore, que lançou nas águas, e as águas se tornaram doces. Ali lhes deu estatutos e uma ordenança, e ali os provou. E disse: Se ouvires atento a voz do SENHOR teu Deus, e fizeres o que é reto diante de seus olhos, e inclinares os teus ouvidos aos seus mandamentos, e guardares todos os seus estatutos, nenhuma das enfermidades porei sobre ti, que pus sobre o Egito; porque eu sou o SENHOR que te sara.
Então vieram a Elim, e havia ali doze fontes de água e setenta palmeiras; e ali se acamparam junto das águas.” Êxodo 15.22-27

Após sua libertação do Egito, Israel passou a caminhar pelo deserto, rumo à terra que Deus lhe havia prometido. Deus era com Seu povo e o protegia, fazendo maravilhas diante deles.
Moisés foi o homem escolhido por Deus para liderar esse povo na jornada, desde a libertação até a chegada à entrada da terra prometida.
No deserto, como se sabe, não se encontra água com facilidade, e quem não carrega boas reservas consigo com certeza passará momentos muito difíceis, pois além do calor escaldante se verá às voltas com a sede e a desidratação.
Tendo caminhado por alguns dias, acabaram-se as reservas de água do povo, e eles sentiram sede, mas não tinham como saciá-la.
Nesse momento chegaram a um local onde havia água. Que alegria! Entretanto, ao provar da água perceberam que era amarga, impossível de ser consumida. Eis a razão de ter sido chamado o lugar de Mara, pois essa palavra significa amargura, amargor, designando o que é amargo.
Em nossa vida, não raramente nos encontramos em situações que se parecem com aquela enfrentada por Israel, pois caminhamos em meio ao deserto (tribulações, problemas, parecendo que estamos sob o sol escaldante), e nos deparamos com muitas fontes de águas amargas (palavras duras, mágoas, ressentimentos, ira, ódio, etc.).
Para que nossas vidas não se encham se amargura, precisamos olhar para o exemplo do texto e evitar algumas coisas, bem como adotar outras.

1.                  Não beber da água amarga

Quando o povo de Israel se deparou com a fonte de água, mas constato que ela era amarga, ninguém bebeu dela.
Beber água amarga realmente não é nada agradável. Em alguns tipos de enfermidade acabamos tomando algum remédio amargo, mas água amarga não há como beber, pois além de não matar a sede ainda provoca mal estar, deixa um gosto horrível na boca, e pode gerar diversas reações desagradáveis, dependendo de cada pessoa.

Em nosso cotidiano, às vezes nos deparamos com a água amarga. É a mágoa gerada por uma palavra dura que foi dita por uma pessoa, ou o ressentimento por causa de alguma discussão, desavença, uma briga familiar, ou, ainda, a frustração por não ter conseguido obter algo que se almejava, a raiva por causa de uma brincadeira mal compreendida ou até mesmo ofensiva, etc.
Não beber essa água amarga é não permitir que esses sentimentos se aninhem em nosso coração e criem raízes, contaminando todo o nosso ser.
Há pessoas que ficam tristes com algumas situações, e em vez de buscar algo que possa fazê-las esquecer essa tristeza, acabam mergulhando nela, através de pensamentos constantes sobre o assunto, que passa a ser “ruminado” na mente, agravando cada vez mais a mágoa, o ressentimento, a tristeza, etc.
Esse tipo de comportamento é como pegar uma jarra de água amarga e bebê-la por completo, não deixando escorrer nenhuma gota fora.
É necessário que, ao darmos a primeira “bicadinha” no copo de água amarga, percebendo que seu gosto não é bom, nos recusemos a continuar bebendo dela.
Fazemos isso mudando nossas atitudes, nossa postura, nossos pensamentos. Não ficar remoendo mágoas, nem relembrando aqueles acontecimentos que geraram a situação de tristeza, de ira ou qualquer outro sentimento negativo.
Beber a água amarga vai nos tornar pessoas amargas, amarguradas, e ninguém gosta de estar perto de pessoas assim. Não é isso que Deus deseja para nós, antes, ele anseia pela nossa alegria.
Você tem bebido muita água amarga?

2. Não murmurar

Somente a primeira atitude de Israel foi correta nesse episódio: eles não beberam a água amarga, mas, por outro lado, fizeram algo que Deus simplesmente abomina: murmuraram.
O texto diz que o povo murmurou contra Moisés, e considerando que Moisés era o porta-voz de Deus, o mediador entre Deus e o povo, na verdade foi contra Deus que houve a murmuração.
Murmurar, conforme o dicionário, é soltar queixumes, lastimar-se, queixar-se em voz baixa, falar mal, apontar faltas, tomar mau juízo de alguém ou de alguma coisa, viver reclamando.
Israel foi um povo murmurador. Esse foi apenas um dos episódios em que esse pecado foi cometido contra Deus, e há passagens em que Deus ficou tão irado com a atitude do povo que acabou por lhes enviar castigos terríveis (Números 11 e 14)
Não é difícil nos lembrarmos de alguma oportunidade em que tenhamos murmurado, assim como fez Israel. Temos o hábito de reclamar de tudo. Reclamamos do calor, do frio, da chuva, da estiagem, das flores espalhadas no chão na primavera, e das folhas, no outono. Reclamamos do nosso trabalho, de nosso cônjuge, de nossos pais e filhos, de nossos amigos, dos governantes, do salário, das dívidas, do dia, da noite. Enfim, cultivar um coração grato não parece ser algo muito comum entre os seres humanos.
Precisamos rever nosso comportamento. Se observarmos com atenção, encontraremos muito mais motivos para agradecer do que para reclamar. Quando acordamos logo pela manhã, isso é motivo de agradecimento, pois tivemos uma noite de descanso, e Deus nos concedeu vida e saúde para iniciarmos um novo dia, cheio de novas possibilidades. Muitas pessoas não veem o dia nascer, pois durante a noite sua vida terminou. Outros tantos até podem iniciar um novo dia, mas não conseguem sair do leito da enfermidade, não têm como andar, dariam tudo para ter sua saúde.
Nosso alimento, que Deus não deixa faltar, ainda que pouco ou diferente do que gostaríamos, é motivo de dar graças a Deus, pois tantos passam fome por causa da estupidez humana.
A Palavra de Deus, ao mesmo tempo em que nos adverte a fugirmos da murmuração, também nos exorta a rendermos ações de graças a Deus continuamente, até mesmo em situações difíceis (Efésios 5.20; Salmo 69.30; Salmo 147.7; Colossences 2.7)
Você tem sido um murmurador ou um filho grato ao Pai?

3. Clamar a Deus

Não beber a água amarga é o primeiro passo para evitar a amargura. Não murmurar contribui para manter a saúde espiritual e evitar que Deus acabe se irando com nosso comportamento. Mas além disso devemos ter a atitude que Moisés teve diante do problema: clamar a Deus.
Enquanto o povo murmurou, Moisés se afastou e orou, colocando a situação diante de Deus e buscando uma solução em quem realmente poderia fazer algo.
Expor os problemas a Deus é diferente de murmurar, porque quando oramos e dizemos a Deus o que está acontecendo, reconhecendo que não temos condições de fazer nada e que tudo está muito difícil, estamos, na verdade, declarando que Deus é poderoso para mudar qualquer situação, para resolver qualquer problema, para mostrar a saída, enfim, estamos dizendo que confiamos nEle e esperamos somente nEle uma solução.
Moisés poderia muito bem fazer como o povo: murmurar, andar pelos cantos reclamando de sua sorte, culpando Deus por tê-lo escolhido para ser o líder de uma nação tão cheia de problemas. Moisés poderia se aproximar dos amigos mais chegados e ficar se lamentando, chorando as mágoas, mas ele não fez isso, ele foi falar com o único a quem deveria se dirigir naquela situação.
Deus ouviu Moisés porque ele não foi ao Senhor com espírito de murmuração, mas, sim, com a humildade de quem reconhece sua limitação, ao mesmo tempo em que demonstra consciência quanto ao imensurável poder de Deus.
Assim, Deus olhou para Moisés e, provavelmente, deve ter dito: “Muito bem, Moisés, você veio falar com a pessoa certa. Daqui com certeza você não sairá sem resposta ao seu problema.”
Precisamos cultivar o hábito de orar em todas as circunstâncias, sejam boas ou ruins. Em vez de reclamar quando as coisas vão mal, dobrar nossos joelhos e apresentar ao Pai nossos problemas, clamando pelo socorro divino.
O murmurador não encontra favor divino, mas o humilde, de coração quebrantado, que se dobra na presença do Pai e expõe suas fraquezas com sinceridade, esse receberá do Senhor a bênção.
Ora pela pessoa que lhe causou mágoa, não pedindo que Deus pese a mão sobre ela, mas, sim, que Deus a abençoe e a faça ser uma pessoa melhor. Ora pelo cônjuge que falou aquela palavra que doeu lá no fundo. Ore pelo amigo que traiu sua confiança. Ore pelo patrão que vive lhe humilhando. Ore pelo colega de trabalho que persegue você. Enfim, ore em todas as situações, sempre pedindo a Deus que faça o melhor, que abençoe os perseguidores, que restaure os relacionamentos, e, principalmente, para que Deus restaure o seu coração.
A oração sincera e com humildade é a chave para atravessarmos e deserto sem bebermos águas amargas.

CONCLUSÃO

Para termos uma vida livre da amargura, devemos nos entregar integralmente a Jesus, e deixar que Ele faça jorrar em nós a fonte de água pura, que vai purificar todo o nosso ser, limpando nosso interior, arrancando e jogando fora toda raiz de amargura e toda impureza (João 7.37-39).
Sim, o Espírito Santo é essa fonte de água pura que jorra do interior de todo aquele que verdadeiramente crê em Jesus Cristo como o Filho de Deus, nosso Senhor e Salvador.
Por fim, vivamos em obediência ao Senhor, e Ele nos levará até locais de descanso, de refrigério.
No texto objeto dessa mensagem, vemos que o Senhor conduziu Seu povo até um lugar onde havia 70 palmeiras e doze fontes de água, e o povo se acampou junto às águas. Eles tiveram “sombra e água fresca”.
Ora, em um deserto, encontrar um lugar assim é realmente um milagre, e somente Deus pode fazer isso.
Nos desertos que atravessamos, poderemos encontrar oásis com sombra e água, que nos trarão refrigério. Para isso, devemos seguir nosso Pastor (Salmo 23), e obedecer à Sua Voz. Desta forma, não apenas teremos refrigério nesta vida, mas teremos a certeza de que, ao sermos chamados para a eternidade, viveremos para sempre na presença de Jesus, onde há muitas palmeiras e fontes de água, um paraíso perfeito.

Que Deus nos abençoe e molde nossos corações conforme Sua Palavra.

José Vicente

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