sexta-feira, 5 de março de 2010

GUIADOS PELA SABEDORIA

TEXTO BASE: 1 Reis 12:1-20


Salomão foi um grande rei. Segundo a Bíblia, ele foi o mais sábio dentre os reis de Israel e do mundo. Governantes de outras nações vinham conferir de perto o que ouviam falar sobre a sabedoria de Salomão, e ficavam boquiabertos quando constatavam que a realidade superava o que lhes havia chegado aos ouvidos.

Acontece que Salomão era humano, imperfeito, e também acabou cometendo erros, desagradando a Deus, pois se dobrou diante de ídolos e permitiu a idolatria em Israel, o que era expressamente condenado por Deus.

Logo após a morte de Salomão, seu filho Roboão subiu ao trono de Israel como seu sucessor. Roboão era um jovem e, com certeza, ficou entusiasmado e talvez assustado com a ideia de governar uma nação como Israel, sabendo de toda a história desse povo. Mas, para facilitar o seu governo, ele poderia contar com os conselheiros do rei, os mesmos que haviam trabalhado com seu pai, Salomão, e tinham muita experiência no assunto.

No início de seu reinado, Roboão recebeu a visita de Jeroboão e de representantes do povo, que vieram lhe pedir que tivesse misericórdia da população, visto que Salomão havia imposto um jugo pesado sobre a nação, e todos estavam sofrendo com aquela situação. É claro que Salomão fez isso quando pisou na sabedoria e passou a agir de forma insensata, afastando-se do Conselho de Deus.

Roboão demonstrou, inicialmente, alguma sabedoria, pois pediu àquelas pessoas que retornassem depois de alguns dias para ouvirem a resposta (um tempo de reflexão), e recorreu de imediato aos experientes conselheiros do rei, entretanto, o desenrolar da história mostra que ele não foi nada sábio, e, ao final, provocou a divisão do reino de Israel.

Observando a passagem bíblica em questão podemos destacar alguns pontos importantes:
1) Devemos buscar o conselho da sabedoria (v. 6)

Geralmente, a sabedoria está associada à idade, pois com esta vem a experiência. Na própria Bíblia vemos isso muitas vezes dito de forma explícita. É claro que uma pessoa que já viveu cinquenta anos passou por situações que um jovem de dezoito anos ainda não enfrentou, portanto, teoricamente possui melhores condições de aconselhar aquele que é imaturo, expondo conselhos sábios.

Roboão, como dissemos, em princípio consultou os conselheiros do rei, anciãos experientes, que já tinham visto todo tipo de situação em termos de reino, e poderiam orientá-lo a tomar decisões importantes.

Quantas vezes você, antes de tomar uma decisão, pediu conselhos a alguém mais experiente? Quantas vezes você se aconselhou com seus pais? Você costuma se aconselhar com a liderança da comunidade cristã onde congrega?

Os jovens, em geral, são movidos mais por entusiasmo do que por análises críticas e ponderadas quanto a todos os elementos envolvidos em uma decisão. Às vezes até mesmo o orgulho (uma certa arrogância) os impede de buscar o conselho de alguém com maior experiência, pois sua empolgação os leva a acreditar que estão sempre certos e nada vai dar errado. Uma pessoa com mais idade muito provavelmente já terá passado por situações idênticas ou parecidas, e seu conselho, se tomado no momento certo, pode poupar muitas desilusões.

É sábio ouvir os mais experientes. É sábio ouvir os pais. É sábio obedecer aos pais (Ef 6:1-3). Aliás, a desobediência aos pais está entre os sinais dos últimos tempos (2Tim 3:1-2).

A visão do jovem muitas vezes é restrita, envolvida pela empolgação, mas pais atentos enxergam mais longe, e há sabedoria no filho que ouve os conselhos dos pais, pois estes desejam o seu bem, e não a sua perdição.

Entretanto, não é raro encontrar pessoas idosas que não têm sabedoria, afinal, um tolo não se torna sábio simplesmente pelo passar dos anos. Assim é que, algumas vezes, o conselho do mais experiente pode acabar sendo uma catástrofe.

Aqui, então, entra um divisor de águas: o temor do Senhor. A Bíblia nos assegura, em Provérbios 9:10, que “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria”. Aliás, quem quiser saber mais sobre sabedoria, leia o livro de Provérbios e poderá aprender algo importante, se colocado em prática.

Assim é que, um velho sem temor do Senhor, não possui a verdadeira sabedoria. Convém lembrar que aquilo que o mundo muitas vezes chama de sabedoria não passa nem perto do que verdadeiramente venha a ser sabedoria.

Para o mundo, é sábio um homem que, do alto de seus sessenta anos, abre sua boca e diz: “a vida é curta, portanto, aproveite cada momento, não perca tempo com regras, com religião, mas se tiver vontade de beber, beba; se tiver vontade de sexo, faça; se quiser fumar, fume; eu aprendi que a gente tem que aproveitar a vida, fazer tudo o que der vontade, e se pudesse voltar atrás faria mais do que fiz, e nem teria me casado, pra poder ter quantas mulheres quisesse”.

O mundo vê sabedoria de uma forma distorcida. Sabedoria, para o mundo, se confunde com aproveitar a vida (no sentido de fazer o que der na telha). A mulher sábia, então, é aquela que não fica cheia de pudores, mas que exibe sua beleza, que paga chifre com chifre, que não fica “encanada” com essa história de fidelidade, pois o que importa é ser feliz.

Nestes termos, tanto faz ser um jovem como um idoso, ao abrir a boca não falará com sabedoria, pelo menos não a verdadeira sabedoria, pois perante Deus tudo isso é uma grande tolice.

Ora, até mesmo entre pessoas que creem em Deus e procuram andar nos Seus caminhos é possível encontrar os que têm falta de sabedoria. Isso se vê claramente em Jó 32:6-9, quando Eliú, o mais jovem dentre os amigos de Jó, após ter permanecido calado por algum tempo, crendo que os demais amigos, por serem mais velhos, teriam palavras de sabedoria, acabou ficando irritado ao ver que eles não falavam coisas sábias, antes, apenas tentavam explicar o inexplicável e jogavam em Jó a culpa por sua situação, querendo descobrir nele algum pecado. Eles se fizeram juízes de Jó, secretários de Deus, achando que tinham as respostas para a tragédia da vida de Jó.

Eliú disse que a sabedoria não está exclusivamente nos mais velhos (às vezes lhes falta), mas até mesmo um jovem pode ser sábio, porque a verdadeira sabedoria vem de Deus.

Neste ponto está a chave: Deus é a fonte legítima e eterna de Sabedoria. Tiago ratificou isso, muitos anos depois, em sua epístola (Tg 1:5), quando afirmou que aquele que deseja sabedoria deve pedi-la a Deus, que a todos dá sem nada cobrar.

Portanto, quem quer ser sábio deve, antes de tudo, ir à fonte da Sabedoria, Deus, e lhe pedir humildemente, como fez Salomão no início de seu reinado. Quando pedimos sabedoria a Deus estamos reconhecendo que não sabemos nada, e que se formos depender de nossa capacidade de compreender as coisas e de tomar decisões, somente meteremos os pés pelas mãos.

Quem fizer isto, verá que há sabedoria em andar conforma a Palavra de Deus, pois tudo quanto Deus nos diz nas Escrituras é para nosso próprio bem, e ali encontramos orientações para a vida, de forma que alcancemos dias felizes nesta terra e na vida vindoura.

Deus nos concede Sabedoria pela ação do Espírito Santo, pelas Escrituras, por pessoas com conhecimento (Pv 11:14; 15:22), pelas experiências que Ele nos permite ter durante nossa vida.

Portanto, é possível tanto ao jovem quanto ao idoso obter a Sabedoria. É necessário buscá-la na fonte certa.


2) Negligenciar a Sabedoria traz consequências ruins

Roboão, que parecia, inicialmente, ser sábio, por ter procurado o conselho dos anciãos, acabou mostrando que era um tolo, pois rejeitou a orientação dos homens experientes, que era a melhor, e recorreu aos seus jovens amigos, pessoas inexperientes como ele e motivadas pela empolgação, sem grandes preocupações com o que aconteceria.

Ora, os amigos de Roboão provavelmente eram de famílias nobres, e talvez nem soubessem o que era trabalhar de verdade. Eles não sentiam sobre si o peso do jugo que Salomão havia imposto sobre a nação. Eles não tinham compromissos com o povo, talvez não precisassem trabalhar para se sustentar. Eles não entendiam absolutamente nada de governo, de relações públicas, do trato com pessoas.

Logo, vê-se que Roboão bebeu da fonte errada, pois rejeitou o conselho sábio e adotou a orientação equivocada e tola de seus jovens amigos.

Hoje, vemos isso a todo instante. Os filhos, em vez de se aconselharem com seus pais, e de os obedecerem, preferem ouvir o que dizem os amigos, que não têm nenhuma experiência de vida, e acabam entrando em caminhos que levam a situações desesperadoras.

Os pais dizem: “filho, não vá a tal lugar pois ali há consumo de drogas e bebidas, há pessoas com comportamento reprovável, isso não é bom pra você, etc.”. Os “amigos”, por outro lado, dizem: “seus pais são caretas, deixa disso, não tem nada a ver, você não precisa fumar, é só pra ficar com a gente, vamos só curtir, nós somos jovens, etc...”.

Geralmente a opção é pelo segundo “conselho”, e a frequência a esse tipo de ambiente, a convivência com esse tipo de companhia, acaba influenciando, e aquele jovem, que não ouviu seus pais, agora está bebendo, fumando, talvez usando drogas, se prostituindo, mantendo relacionamentos promíscuos, sofrendo muito.

"O tolo não tem prazer na sabedoria, mas só em que se manifeste aquilo que agrada o seu coração" (Pv 18:2).

Roboão, por não ouvir o conselho da sabedoria, provocou a revolta do povo e a divisão do reino de Israel.

Quando negligenciamos o conselho da sabedoria, também podemos acabar provocando divisões. Respostas irrefletidas geram mágoas, contendas. Nossa conduta pode levar ao rompimento de laços familiares e de amizade. Vidas podem ser destruídas (principalmente a nossa). Os sofrimentos que temos que experimentar muitas vezes são insuportáveis.

Quantos jovens se suicidam por não conseguirem encontrar saída diante de situações em que eles mesmos se meteram por terem negligenciado o conselho da sabedoria! Quantas pessoas estão se submetendo a tratamentos psiquiátricos porque tomaram decisões precipitadas, deixaram de ouvir as vozes da experiência, ouviram apenas os gritos dos levianos e tolos que os chamavam para o abismo!

Quantas pessoas estão, hoje, sofrendo pelo término de casamentos, porque negligenciaram o conselho da sabedoria! Inúmeras pessoas compraram para si mesmas uma vida de tormenta, simplesmente porque, em algum momento, resolveram agir por impulso, ou ouviram pessoas insensatas!

Quantas pessoas estão sofrendo por não darem ouvidos a DEUS! Sim, a Deus, fonte da Sabedoria. São aqueles que rejeitam o que está nas Escrituras Sagradas. Vivem como se não houvesse Deus e como se não tivessem que prestar contas a ninguém. Fazem de si mesmos deuses que têm que ser satisfeitos a qualquer custo, e depois se veem imersas no sofrimento, na amargura. São advertidas por pessoas que desejam o seu bem, mas veem nesses verdadeiros inimigos, e só depois, quando o vaso está quebrado, percebem que não eram inimigos, mas amigos leais.

Há tantas esposas que, por não seguirem as orientações de Deus, constantes na Bíblia, simplesmente “empurram” seus maridos a relações extraconjugais! Há tantos maridos que, ignorando os preceitos bíblicos, levam suas esposas a se sentirem humilhadas, rejeitadas, e, quando elas encontram alguém que lhes demonstre algum afeto, acabam não resistindo.

Negligenciar a Sabedoria é a fórmula para a infelicidade, para famílias desestruturadas, para filhos desnorteados, para pais perdidos, para uma sociedade desajustada e corrompida.

Sejamos sábios! Busquemos a Sabedoria que vem do alto, de YAHWEH, o Deus Altíssimo, único e soberano, e tenhamos uma vida mais abundante de bênçãos.

José Vicente

13.02.2010

Um comentário:

  1. POR QUE SALOMÃO USOU DE JUGO PESADO SOBRE OS ISRAELITAS, A PONTO DE O REINO DIVIDIR-SE NOS DIAS DE SEU FILHO ROBOÃO?

    Por causa de um princípio básico: Salomão viveu em ostentação e luxo, e um governante não pode usar essa qualidade de liberal sem sofrer dano.

    Nicolau Maquiável explica na obra "O Príncipe", que "a liberalidade, usada de forma que se torne conhecida de todos, te prejudica, porque, se usada virtuosamente e como se a deve usar, ela não se torna conhecida e não conseguirás tirar de cima de ti a má fama do seu contrário; porém, querendo manter entre os homens o nome de liberal, é preciso não esquecer nenhuma espécie de suntuosidade, de forma tal que um príncipe assim procedendo consumirá em ostentação todas as suas finanças e terá necessidade de, ao final, se quiser manter o conceito de liberal, gravar extraordinariamente o povo de impostos, ser duro no fisco e fazer tudo aquilo de que possa se utilizar para obter dinheiro. Isso começará a torná-lo odioso perante o povo e, empobrecendo-o, fá-lo-á pouco estimado de todos; de forma que, tendo ofendido a muitos e premiado a poucos com essa sua liberalidade, sente mais intensamente qualquer revés inicial e periclita face ao primeiro perigo".

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