segunda-feira, 7 de setembro de 2015

SERVINDO A DEUS EM MEIO ÀS TRIBULAÇÕES



ÊXODO 2.23-25

O texto em questão é um trecho da história de libertação do povo de Deus da escravidão do Egito. A situação do povo era dramática, desesperadora, pois vivia sob a opressão dos egípcios, sem liberdade e sem dignidade.

Relembremos a trajetória de Israel até esse momento: José, filho de Jacó, havia sido vendido por seus irmãos como escravo, e ele foi levado ao Egito. Lá, depois de várias desventuras, tendo sido inclusive preso injustamente, foi levado por Deus a ser governador do Egito, ficando abaixo apenas do Faraó em autoridade.

Em um período de grande escassez de alimentos em todas as terras, conforme José havia predito ao interpretar o sonho de Faraó, os irmãos de José foram ao Egito comprar mantimentos, e após algum tempo ele se revelou a esses irmãos. Toda a família de José veio viver no Egito, inclusive seu pai, Jacó (Israel). O faraó os instalou em uma região de terras férteis, e eram tratados com respeito e consideração.

Após a morte de José e do Faraó, passou a comandar o Egito outro rei, que, conforme a Bíblia, não conheceu José. A partir daí o povo de Israel passou a sofrer opressão, pois o rei temia que se tornasse um povo muito forte e dominasse o Egito. Os anos foram se passando e aquele povo outrora livre, agora era escravo, experimentando um grande sofrimento.

A história de Israel no Egito, especificamente no texto em referência e outras passagens correlatas, traz para nós lições muito importantes, que devemos assimilar e colocar em prática para que experimentemos muito mais do poder de Deus em nossas vidas.

Vamos destacar três ensinamentos que podemos extrair do texto.

1)      As tribulações devem nos aproximar de Deus
A nação de Israel viveu 430 anos no Egito (Ex 12.40-41). Durante a maior parte desse tempo o povo, que era livre, se viu privado de sua liberdade, passando à condição de escravidão em um país onde deuses estranhos eram adorados, sendo explorado para aumentar a prosperidade dos egípcios.

O povo sofria com a violência dos feitores, e não havia alegria em seus corações, pois todos os dias tinham que enfrentar essa dura realidade. Os israelitas construíram duas cidades-celeiros, chamadas Pitom e Ramessés. Apesar disso, o povo crescia em número.

A violência era tamanha que o rei ordenou a morte de todo bebê do sexo masculino que nascesse entre os hebreus, devendo ser preservadas apenas as meninas, pois assim Israel não constituiria um exército forte para se insurgir contra o Egito.

A situação de Israel era terrível. Parecia não haver saída para aquele sofrimento, a não ser a morte. Havia tristeza nos corações e a esperança já perecia. Mas foi então que os hebreus tomaram uma atitude que mudou a sua sorte: eles clamaram a Deus, suplicando a Sua providência para que cessasse aquela escravidão e todo o martírio que lhes era imposto.

Em meio à enorme tribulação, Israel se aproximou de Deus em oração.

Eis a atitude que deve ter todo aquele que crê em Deus, principalmente quando estiver enfrentando situações que tragam grande sofrimento e aflição.

É certo que todos nós passamos por tribulações em nossa vida. Há momentos em que parece não haver saída, pois para onde quer que olhemos as portas estão fechadas e não encontramos uma solução que venha nos devolver a paz e nos dar livramento. Nesses momentos, muitos que se dizem crentes se afastam de Deus, pois sua fraqueza de fé não lhes permite vislumbrar o que Deus pode fazer em seu favor.

O povo de Israel, no entanto, nos dá o exemplo a ser seguido: em meio aos maiores sofrimentos, Deus deve ser o nosso refúgio e fortaleza, como cantava o salmista. Estar perto de Deus quando tudo está caminhando maravilhosamente bem é algo fácil. Quando, porém, o mar da vida se transtorna e nos encontramos em meio a uma violenta tempestade, e nossa atitude com relação a Deus vai fazer toda a diferença, pois se deixarmos que as circunstâncias abalem nossa fé e nos levem pra longe de Deus, certamente naufragaremos.

Não é raro encontrar pessoas que, ao se defrontarem com problemas, tribulações, param de orar, abandonam a leitura da Bíblia, afastam-se da Igreja e da comunhão com os irmãos. Muitos acreditam que Deus não ouve suas orações, que Ele está ocupado com outras coisas para se preocupar com os problemas de um simples ser humano, ou até mesmo duvidam que Ele possa fazer algo para mudar a situação.

Essa atitude, porém, apenas conduz a mais sofrimento, relegando a pessoa a uma vida de fracassos, principalmente em termos espirituais, pois está longe do Altíssimo e muito próxima do mundo e de seus encantos maléficos. Afastar-se de Deus no momento da dificuldade pode criar no ser humano a falsa impressão de que ele pode resolver a situação sozinho, ou que outra pessoa igualmente fraca, mas forte aos seus olhos, terá condições de lhe proporcionar alívio em meio à tormenta.

Que ninguém se engane, pois o mundo não tem nada a nos oferecer, a não ser mais obstáculos à comunhão com Deus e, consequentemente, a morte.

 E quando decidimos nos aproximar de Deus, buscando o seu auxílio para nos livrar das situações que nos trazem aflição e sofrimento, devemos perseverar confiantes no Altíssimo, pois Ele ouve nossa oração e vem em socorro de Seus filhos. 

Algumas vezes é possível que, mesmo orando, a situação pareça estar piorando em vez de melhorar. Isso aconteceu com Israel. Logo que Moisés e Arão, enviados por Deus para libertar os israelitas, falaram com o Faraó, este se irou e aumentou a opressão sobre o povo, exigindo o cumprimento de cotas na fabricação de tijolos sem fornecer a palha que era empregada nesse trabalho. Os capatazes israelitas, que respondiam pelos demais, sofriam açoites porque as metas não eram cumpridas (Ex. 5.1-21)

Isso parece um paradoxo! Afinal, no momento em que o povo buscou a Deus, a situação piorou, aumentando o sofrimento dos hebreus, e eles não conseguiam compreender o que estava acontecendo, o que os levou a se queixarem de Moisés e Arão, afirmando que por culpa deles o Faraó os estava afligindo, e poderiam morrer por causa disso.

Quantas vezes nos encontramos em meio a situações que nos angustiam, e oramos ao Senhor clamando por sua misericórdia, mas em vez de recebermos o imediato livramento experimentamos um período de agravamento dos problemas!

Isso, porém, não pode abalar nossa fé, pois devemos permanecer firmes, sabedores de que Deus não nos frustra, e no Seu tempo, Ele agirá e nos concederá livramento.

“E não somente isto, mas também nos gloriamos nas próprias tribulações, sabendo que a tribulação produz perseverança; e a perseverança, experiência; e a experiência, esperança. Ora, a esperança não confunde, porque o amor de Deus é derramado em nosso coração pelo Espírito Santo, que nos foi outorgado.” (Rm 5.3-5)

A tribulação deve nos aproximar de Deus, fortalecer nossa fé e nos proporcionar crescimento e maturidade espiritual.

2)      Deus manifesta Seu poder em meio às nossas tribulações
Diante da atitude do Faraó, Deus disse a Moisés que faria demonstrações do Seu Poder, e com isto o povo seria libertado, visto que o rei ignorava tudo quanto Moisés e Arão lhe falavam.

Na sequência da narrativa bíblica veremos que Moisés e Arão voltaram a falar com Faraó, e ele permaneceu inflexível, negando-se a libertar Israel. Então, Deus deu início a uma séria de 10 (dez) pragas enviadas sobre a nação do Egito, deixando claro tanto aos egípcios quanto ao povo de Israel o Seu Poder para fazer coisas impossíveis. E após a saída do povo do Egito, quando Faraó empreendeu uma perseguição aos hebreus, Deus fez algo assombroso: abriu o Mar Vermelho para que o povo passasse a pés secos, e fechou as águas sobre o exército egípcio, fato que se tornou conhecido de outras nações, que temeram o Deus de Israel.

É claro que Deus poderia libertar o povo no momento em que desejasse, e nem precisaria utilizar Moisés e Arão para isso, mas o Altíssimo pretendia que o Seu povo O reconhecesse como o Deus único, o Todo Poderoso, e aprendesse a confiar nEle (Ex. 14.31), assim como era sua intenção que os egípcios entendessem que seus deuses eram falsos, uma mentira, e somente Ele era o verdadeiro Deus (Ex. 14.18).

O Eterno queria que Seu Nome fosse conhecido no Egito e em todas as nações, e que Seu povo fosse respeitado por causa dEle. Deus queria dar a conhecer mais de Si a Israel e aos demais povos da terra.
Além disto, sabemos que é do ser humano não valorizar aquilo que é obtido com facilidade ou de forma muito rápida. Então, se Deus simplesmente fizesse um único milagre e libertasse o Seu povo, este provavelmente não daria o devido reconhecimento ao Altíssimo. Se bem que, mesmo diante das inúmeras maravilhas feitas por Deus em favor de Israel, ainda houve muita murmuração após a libertação, visto que o povo ainda não havia aprendido a confiar plenamente no Todo Poderoso.

A exemplo de Israel, nós também podemos ter que esperar um pouco mais para que venha o livramento definitivo quando estivermos em situações tormentosas, em tribulações que nos trazem agonia.

Mas não nos deixemos enganar pelas aparências, pois embora possa parecer que Deus está em silêncio, ou que não está nos ouvindo, Ele está agindo e fará demonstrações de Seu Poder em nossas vidas e nas vidas de pessoas que estejam envolvidas na situação que traz aflição.

Assim como Deus abriu o Mar Vermelho para que Israel escapasse do exército egípcio, num momento em que não havia mais para onde correr, Ele hoje manifesta o Seu Poder abrindo caminhos para nós onde não há nenhuma saída.

Os prodígios feitos por Deus mostraram que Ele tem poder sobre toda a criação. Ele domina os animais (pragas das rãs, piolhos, moscas, gafanhotos, Ex. 8.1-32, 10.1-2-) comanda o sol, a lua, as nuvens (praga das trevas, Ex. 10.21-29), as águas do mar (praga da transformação da água em sangue e abertura do mar, Ex. 7.14-25 e 14.21-29), os eventos da natureza (praga da chuva de pedras, Ex. 9.13-35), o corpo dos animais (praga da peste, Ex. 9.1-7), o corpo humano (praga das úlceras, Ex. 9.8-12), a vida e a morte (Ex. 12.29-33).

Em nossa vida, Deus faz demonstrações de Seu Poder de várias formas. Ele opera a cura de enfermidades, a transformação do coração, o livramento diante de opressões e perseguições, o sustento em meio à escassez, a reconciliação de pessoas que se magoaram, a restauração de laços familiares, enfim, não existe limite ao Poder de Deus.

Deus não mudou, Ele continua sendo o mesmo Deus que libertou Israel do Egito com Mão Poderosa, demonstrando seu domínio sobre tudo o que existe no mundo. Para Ele não existem impossíveis (Lucas 1.37).

Creia, persevere, confie nas promessas de Deus, reconheça-O como o único e verdadeiro Deus em sua vida, e com certeza você provará o poder do Altíssimo, seja nos momentos bons, ou principalmente naqueles em que tudo parece perdido.

3)      Deus faz mais do que esperamos
O grande anseio de Israel era a libertação. O povo clamou a Deus porque não suportava mais aquela situação de escravidão, e almejava voltar a ter liberdade, cultivar terras para o sustento próprio, cuidar de seus rebanhos, sem ter tiranos que os oprimissem.

Após um longo período de sofrimento e aflição, finalmente o sonho dos israelitas se concretizava: a liberdade.

Deus foi fiel à Sua Palavra e tirou o Seu povo do Egito, para conduzi-lo de volta à terra de Canaã, que Ele havia prometido a Abraão, Isaque e Jacó (Ex. 6.2-8).

E o povo de Israel não saiu do Egito de mãos abanando, pelo contrário, seguindo orientação do Altíssimo cada pessoa solicitou ao vizinho objetos de ouro e prata (Ex. 11.2), e no momento em que a nação saiu do Egito, todos levaram consigo ouro, prata e roupas obtidas dos egípcios (Ex. 12.35-36).
A terrível tribulação que pesava sobre o povo de Israel finalmente cessou. Deus lhes concedeu o livramento. Os escravos tornaram-se livres, e ainda receberam bens dos egípcios, saindo do Egito como uma nação que tinha um Deus Poderoso que pelejava por ela.

Os resultados de ter o Altíssimo por nós são tremendos. José passou de escravo a governador do Egito. Os israelitas saíram da escravidão para a liberdade. Davi foi elevado de pastor de ovelhas à condição de rei de Israel. Jesus transformou simples pescadores em ousados Ministros do Evangelho, que impactaram o mundo para sempre.

Conosco não é diferente. Embora atravessemos momentos de dificuldades, o Altíssimo é conosco e quando Ele age, ficamos surpresos com o que Ele faz, pois Deus faz mais do que esperamos, Sua ação ultrapassa os limites de nossa imaginação, de forma que ficamos maravilhados. A ação de Deus surpreende até mesmo os que nos rodeiam, sejam amigos ou aqueles que nos oprimem e perseguem.
Por maiores que sejam as nossas tribulações, por mais violenta que seja a tormenta em que estejamos mergulhados, o resultado da confiança em Deus é que vemos acontecer coisas que excedem o nosso entendimento, que extrapolam as previsões mais otimistas que possamos ter, conforme nos garante a Palavra de Deus:

“Ora, àquele que é poderoso para fazer infinitamente mais do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós” (Efésios 3.20).

Quando nos afastamos de Deus, as surpresas são negativas e nos causam tristeza, mas quando dEle nos aproximamos e perseveramos na fé, somos surpreendidos positivamente, e nosso coração se enche de alegria.

CONCLUSÃO
As tribulações que enfrentamos na vida são oportunidades para que nossa fé seja aperfeiçoada e para que Deus seja glorificado por meio dos livramentos que experimentaremos. É necessário buscar a presença do Altíssimo e perseverar, ainda que nossos olhos não vejam nenhuma alteração favorável ou mesmo que a situação fique mais difícil, porque os propósitos de Deus vão se cumprir, e eles são infinitamente melhores do que qualquer plano que nós façamos.

“Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos, os meus caminhos, diz o SENHOR, porque, assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos, mais altos do que os vossos pensamentos.” (Isaias 55.8-9)

“Meus irmãos, tendo por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.” (Tiago 1.2-4)

Que o Deus Altíssimo nos abençoe e capacite a nos mantermos fieis e perseverantes, a fim de que Ele seja glorificado em nossas vidas.

Amém.
José Vicente

Nenhum comentário:

Postar um comentário