domingo, 15 de maio de 2022

UM REI MUITO DIFERENTE

 


Mateus 21.1-17

Ao longo dos anos as pessoas sempre demonstraram um certo fascínio por histórias envolvendo reis. A figura do rei parece atrair muito a atenção das pessoas, e já foram escritos muitos romances que tinham como cenário um palácio e, algumas vezes, um rei destemido, nobre, que enfrentava grandes batalhas e se preocupava com seus súditos, ou um rei tirano que explorava o povo e era confrontado por algum herói popular como Robin Hood, etc. Enfim, não faltam histórias sobre reis na literatura mundial.

A figura do rei ainda existe em alguns países, como a Inglaterra, e chama a atenção das pessoas que têm curiosidade de saber mais sobre a vida da realeza.

O próprio povo de Deus demonstrou uma admiração pela figura do rei, quando, durante o período em que Samuel julgava a nação, pediu que fosse coroado um rei para governar o povo, assim como acontecia com as demais nações ao seu redor, o que deu início ao período da monarquia, sendo Saul o primeiro rei de Israel.

A Bíblia toda é centrada na história de um Rei. Esse Rei, porém, é muito diferente de todos os demais. É um Rei que vem da linhagem do rei Davi, mas é superior a Davi.

É um Rei cujo reino não é deste mundo, e que veio com uma missão muito árdua, de dar sua vida para que muitos tivessem acesso ao seu Reino Eterno.

O texto que lemos nos mostra o Rei Jesus entrando em Jerusalém, pouco tempo antes de sua prisão e morte na cruz. Naquele momento a reação das pessoas que o seguiam foi de reconhecimento de que Ele era o Messias, o Rei prometido a Israel, tanto que vinham gritando: “Hosana ao Filho de Davi”, que significa “salva-nos agora, Filho de Davi”.

Essas palavras estão no Salmo 118, conforme vemos a seguir:

“Oh! Salva-nos, Senhor, nós te pedimos; oh! Senhor, concede-nos prosperidade!

Bendito o que vem em nome do Senhor. A vós outros da Casa do Senhor, nós vos abençoamos.

O Senhor é Deus, ele é a nossa luz; adornai a festa com ramos até às pontas do altar.” (Salmos 118:25-27)

Além de clamarem “Hosana ao Filho de Davi”, as pessoas colocavam suas capas para que Jesus passasse sobre elas, e espalhavam ramos ao longo do caminho, lembrando o versículo 27 do Salmo 118,

Jesus realmente é o Rei, como nos afirmam as Escrituras Sagradas. Em suas mãos está o poder. O Pai lhe entregou o domínio sobre tudo o que existe, e Ele reina com poder e majestade.

Mas, Jesus é um Rei muito diferente, e isto pode ser percebido quando lemos sua biografia nos quatro Evangelhos que narram sua vida entre os seres humanos. Do texto lido vamos extrair alguns pontos que demonstram que Jesus é um Rei muito diferente.

 

     1)   Um Rei Humilde (v. 5)

No versículo 5 está dito o seguinte: “Dizei à filha de Sião: Eis aí te vem o teu Rei, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de animal de carga.” (Mateus 21:5)

Jesus foi um Rei muito diferente, porque Ele era humilde, tendo rejeitado por completo qualquer sentimento de arrogância. Ele sabia que era superior a todos os que ali se encontravam, mas não agia como se fosse melhor do que as pessoas que o seguiam, Ele não reivindicava para si nenhum glamour, nenhuma ostentação, pelo contrário, cultivava uma vida simples e se agradava da simplicidade em tudo.

Jesus era superior a todos os reis que o antecederam, inclusive o grande rei Davi, mas isso não o fez se portar de maneira orgulhosa, pelo contrário, Ele sempre agiu de forma humilde.

Em qualquer país do mundo o Chefe de Estado, seja o presidente da república, o imperador, o primeiro ministro ou o rei, quando sai em público é precedido por uma escolta formada por agentes da polícia federal, soldados, assim como a retaguarda também é coberta por pessoas que asseguram a proteção ao líder que ali está. E geralmente esses líderes contam com ministros e assessores que são muito bem preparados para ocupar essas funções.

E então, vemos o Rei dos reis entrando em Jerusalém sem pompa, montado em jumentinho, e não em carruagem real puxada por cavalos. Sem escolta de soldados, mas precedido de pessoas comuns e crianças. Sem uma comitiva de nobres conselheiros e assessores, mas apenas um pequeno grupo de homens rudes, que estavam aprendendo a ser pessoas melhores, e não políticos a serviço de um rei comum.

Em Jesus vemos um Rei que não estava interessado em atrair as atenções para si, mas queria em tudo que o Pai fosse conhecido e glorificado por todos.

Humildade é uma virtude que a cada dia parece mais distante das pessoas. Entretanto, quando nos lembramos de que servimos ao Rei dos reis, devemos ter em mente que não há como sermos maiores ou melhores do que Ele. Aliás, conforme Ele próprio afirma, o discípulo não está acima do seu Mestre, mas pode ser como o Mestre:

“O discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, porém, que for bem instruído será como o seu mestre.” (Lucas 6:40)

A humildade é um dos pilares da vida cristã. A Bíblia nos diz que essa virtude é agradável a Deus, enquanto o orgulho é rejeitado pelo Altíssimo.

Quando nossos olhos estão voltados para Jesus não há como sermos tomados pelo orgulho, porque o exemplo de nosso Mestre estará sempre em nossa mente. Basta nos lembrarmos de que o Rei dos reis foi humilde desde o seu nascimento até a sua morte na cruz, e nos chamou a aprender com sua humildade.

Não há sentido em estarmos debaixo do poder de um Rei humilde, mas agirmos como servos arrogantes!

Nos tempos em que a monarquia era o regime mais praticado no mundo, o rei era a cabeça de seu povo, o líder maior, o exemplo. Ao longo da história de Israel e Judá vemos reis que foram bons e outros que foram maus, e a conduta do povo variava de acordo com a índole de quem o governava.

A Igreja é governada pelo Rei Jesus. Ele é a cabeça da Igreja. E como Ele é humilde, todos os seus súditos também devem aprender com Ele a humildade, porque nós não somos maiores do que nosso Rei.

 

     2)   Um Rei Dotado de autoridade divina

Jesus expulsou do templo os que o estavam profanando, que haviam transformado o templo em local de comércio, em fonte de lucro. Aqueles homens poderiam ter resistido, ter enfrentado Jesus e se recusado a sair, mas não fizeram isso.

Afinal, quem era aquele homem que se achava no direito de expulsar do templo aqueles “trabalhadores” que estavam ali ganhando o pão de cada dia? O que os impedia de revidarem e continuarem praticando seu comércio livremente?

Eles viram autoridade em Jesus. Autoridade que não vinha dos homens, mas de Deus. Autoridade que o povo reconhecia, e que incomodava os líderes religiosos, pois era um risco à autoridade deles, pois esta tinha natureza terrena.

Aqueles homens viram que Jesus chegara acompanhado de uma grande multidão, e que Ele não era qualquer um. Eles ouviram as vozes que clamavam “Hosana ao Filho de Davi”. E certamente eles já haviam visto as obras de Jesus, pois Ele já estivera em Jerusalém em outras ocasiões.

Mateus já havia registrado que o povo via autoridade em Jesus por causa da forma como Ele ensinava, bem diferente dos líderes religiosos:

“Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os escribas.” (Mateus 7:28,29)

A autoridade de Jesus era inquestionável, e vinha do fato de que Ele era o Filho de Deus, tinha um amor incompreensível pelo ser humano, ensinava as Escrituras e era o primeiro a agir da forma como falava, dando o exemplo a todos. Jesus impunha respeito sem usar força ou intimidação, mas apenas sendo coerente, amando as pessoas e agindo com fidelidade ao Pai.

Em Mateus 28.18 o próprio Jesus fala sobre a autoridade que recebeu do Pai:

“Jesus, aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na terra.” (Mateus 28:18 )

Até mesmo os demônios reconheciam a autoridade de Jesus e obedeciam prontamente à sua ordem, deixando livres pessoas que antes estavam possuídas, levando as pessoas a ficarem admiradas:

“Todos ficaram grandemente admirados e comentavam entre si, dizendo: Que palavra é esta, pois, com autoridade e poder, ordena aos espíritos imundos, e eles saem?” (Lucas 4:36)

Reconhecer a autoridade suprema de Jesus sobre nossa vida é essencial para que possamos compreender que já não pertencemos mais a nós mesmos, mas a Ele, que nos comprou com o seu sangue derramado a cruz.

E esse reconhecimento de Sua autoridade deve nos conduzir a uma atitude de respeito e obediência para com nosso Rei, e de cuidado para com a Sua Igreja.

Reconheça a autoridade de Jesus em sua vida e viva de forma a glorificar ao Rei Eterno e ao Pai Altíssimo, pois essa é a atitude que se espera dos súditos

 

     3)   Um Rei Acessível e Disposto a servir

Os reis não recebiam pessoas do povo a qualquer momento e para tratar de qualquer assunto. O acesso aos reis não era algo fácil de ser conseguido, assim como hoje não é tão simples conseguir uma audiência com o Presidente da República ou o Governador do Estado. Na verdade, é muito improvável que uma pessoa comum como eu e você consiga uma audiência com o líder máximo da nação ou o governador.

Jesus, porém, era um Rei muito diferente porque as pessoas tinham facilidade em chegar até Ele. Jesus era um Rei acessível, que não colocava obstáculos a quem o buscava. Não era necessário agendar dia e hora para falar com o Rei Jesus. E Ele não negava atendimento a ninguém, sempre se mostrando disposto a ouvir e ajudar as pessoas.

É interessante lembrar que Jesus é o Rei dos reis, está acima de qualquer autoridade constituída na terra. Ele é superior aos presidentes, reis, imperadores, governadores, ministros, mas enquanto estes são de difícil e, em alguns casos, de impossível acesso a pessoas comuns, Jesus se mostra acessível a todos que confiam nEle e que O buscam.

Portanto, o Rei a quem servimos é acessível e continua disposto a nos atender. Jesus ouve as nossas orações a qualquer hora do dia ou da noite, todos os dias da semana, sem necessidade de agendamento prévio. Para falar com Jesus não precisamos implorar a algum assessor ou pagar propina a algum agente corrupto, pelo contrário, nosso acesso a Ele é livre e só depende de fé e sinceridade.

Será que nós temos aproveitado esse livre acesso que temos ao Rei Jesus? Quanto nós valorizamos os momentos que passamos na presença do Rei Eterno?

E além de ser acessível, Jesus é o Rei que está disposto a servir.

Os reis eram servidos, tinham todos à sua disposição, eram venerados por sua posição. Jesus, ao contrário, disse que veio para servir às pessoas. Ali no templo vieram cegos e coxos e Jesus os curou. Jesus restaurou a saúde, a visão, a dignidade daquelas pessoas escravizadas por enfermidades e defeitos físicos.

Jesus se dedicou a servir, ensinando as pessoas sobre o Reino de Deus, curando, libertando, amando de forma incondicional.

O exemplo de nosso Rei deve ser seguido por nós, seus súditos. Servir é uma das mais dignas e difíceis missões que os discípulos de Jesus devem aprender com o Mestre. Difícil porque requer desapego, renúncia ao ego, amor prático e humildade.

 

     4)   Um Rei Apegado à Palavra de Deus

A entrada de Jesus em Jerusalém cumpria o que havia sido profetizado sobre o Messias. Quando confrontado pelos líderes religiosos, Jesus invocou as Escrituras. Em diversas passagens vemos Jesus citando as Escrituras para falar de si ou para rebater os que o confrontavam, inclusive quando o diabo o tentou no deserto.

Logo no início, quando Jesus diz aos discípulos para irem buscar um jumentinho, é esclarecido que cocm isto se cumpria a profecia dada por Zacarias, que assim dizia:

“Alegra-te muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei, justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de jumenta.” (Zacarias 9:9)

Jesus se preocupou em fazer tudo conforme havia sido escrito na Palavra de Deus.

No texto, quando os sacerdotes e escribas questionaram Jesus sobre o fato de que as crianças clamavam “Hosana ao Filho de Davi”, o Rei assim respondeu:

“Ouves o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor?” (Mateus 21:16)

Aqui Jesus está citando o Salmo 8, e por meio das Escrituras está transmitindo aos líderes que o interpelavam a mensagem de sua divindade, porque nesse trecho o Salmo 8 está se referindo a Deus.

Certamente aqueles líderes religiosos ficaram ainda mais furiosos diante da resposta de Jesus, e mais à frente eles acabaram tramando a sua morte.

Todo o ministério de Jesus na terra foi baseado nas Escrituras. Em nenhum momento Jesus se afastou das Escrituras Sagradas, pelo contrário, Ele mostrou como as Escrituram falavam a seu respeito e como Ele era o cumprimento de tudo quanto havia sido profetizado a respeito ao Messias, o Rei de Israel.

Com isso o Rei Jesus nos ensina que a principal arma a ser utilizada para refutar os ataques dos adversários e, principalmente, do diabo, é a Palavra de Deus, que deve embasar nossa fé, nossa conduta, nossa esperança.

A Palavra de Deus é o guia do servo de Jesus. Da mesma forma que Jesus se apegou às Escrituras e as cumpriu, Ele requer que nós também, como seus discípulos, sigamos o seu exemplo e tenhamos na Palavra de Deus nossa regra de fé e prática.

A Palavra de Deus nos dá ensino, encorajamento, testemunho para edificar nossa fé, advertências para não nos desviarmos do caminho de Deus, confrontação de nossos pecados. A Palavra nos mostra quem realmente somos e, quando somos sinceros e humildes, ela nos ensina o que fazer para mudar o que está errado em nós.

Nas Escrituras encontramos o testemunho sobre o Rei Jesus. Nas Escrituras encontramos o remédio de Deus para o pecado humano, o caminho para a redenção e a vida eterna.

Assim, valorizemos a Palavra de Deus assim como nosso Rei Jesus a valorizou, e vivamos por ela assim como Ele viveu.

 

CONCLUSÃO

Jesus é o Rei Supremo, entretanto, se dermos sequência à leitura do Evangelho Segundo Mateus, veremos que, embora a multidão O tenha reconhecido como Rei, não compreendeu que o seu reinado não seria político, mas, sim, espiritual.

Aquela mesma multidão que acompanhou Jesus na entrada de Jerusalém, e que via nEle o Messias prometido, pouco tempo depois gritava “crucifica-o”, porque houve a decepção de ver que Jesus não era um revolucionário que iria tomar o poder de Roma e libertar Israel do Império Romano.

Eles acharam que aquela entrada de Jesus em Jerusalém representava o início de uma nova era política, onde os romanos seriam derrotados e Israel veria sua restauração como nação. Eles não entenderam que Jesus vinha libertar Israel e os gentios do pecado e lhes assegurar um lugar no Reino Eterno que estava por vir.

A percepção errada da multidão não impediu a concretização dos planos de Deus, pois Jesus se deu em sacrifício, morreu na cruz, mas ressuscitou e nos assegurou a redenção e a vida eterna, sendo Ele o Rei eterno ao qual servimos.

O Reino de Jesus não é deste mundo, como Ele próprio disse a Pilatos:

“Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.” (João 18:36)

Nós, que recebemos a Jesus como nosso Senhor, Rei e Salvador, devemos cultivar a consciência de que o Rei a quem servimos não morreu para nos dar privilégios neste mundo, mas para nos assegurar um lugar em seu Reino Celestial eternamente.

Entretanto, enquanto estamos aqui, devemos nos lembrar de que somos cidadãos desse Reino Eterno, e embaixadores de Cristo na terra, servindo-O com amor, dedicação e fidelidade, de maneira que o Rei seja exaltado e honrado por meio de nosso testemunho.

José Vicente

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