Mateus 21.1-17
Ao
longo dos anos as pessoas sempre demonstraram um certo fascínio por histórias
envolvendo reis. A figura do rei parece atrair muito a atenção das pessoas, e
já foram escritos muitos romances que tinham como cenário um palácio e, algumas
vezes, um rei destemido, nobre, que enfrentava grandes batalhas e se preocupava
com seus súditos, ou um rei tirano que explorava o povo e era confrontado por
algum herói popular como Robin Hood, etc. Enfim, não faltam histórias sobre
reis na literatura mundial.
A
figura do rei ainda existe em alguns países, como a Inglaterra, e chama a
atenção das pessoas que têm curiosidade de saber mais sobre a vida da realeza.
O
próprio povo de Deus demonstrou uma admiração pela figura do rei, quando,
durante o período em que Samuel julgava a nação, pediu que fosse coroado um rei
para governar o povo, assim como acontecia com as demais nações ao seu redor, o
que deu início ao período da monarquia, sendo Saul o primeiro rei de Israel.
A
Bíblia toda é centrada na história de um Rei. Esse Rei, porém, é muito
diferente de todos os demais. É um Rei que vem da linhagem do rei Davi, mas é
superior a Davi.
É
um Rei cujo reino não é deste mundo, e que veio com uma missão muito árdua, de
dar sua vida para que muitos tivessem acesso ao seu Reino Eterno.
O
texto que lemos nos mostra o Rei Jesus entrando em Jerusalém, pouco tempo antes
de sua prisão e morte na cruz. Naquele momento a reação das pessoas que o
seguiam foi de reconhecimento de que Ele era o Messias, o Rei prometido a
Israel, tanto que vinham gritando: “Hosana ao Filho de Davi”, que significa “salva-nos
agora, Filho de Davi”.
Essas
palavras estão no Salmo 118, conforme vemos a seguir:
“Oh!
Salva-nos, Senhor, nós te pedimos; oh! Senhor, concede-nos prosperidade!
Bendito
o que vem em nome do Senhor. A vós outros da Casa do Senhor, nós vos abençoamos.
O
Senhor é Deus, ele é a nossa luz; adornai a festa com ramos até às pontas do
altar.” (Salmos 118:25-27)
Além
de clamarem “Hosana ao Filho de Davi”, as pessoas colocavam suas capas para que
Jesus passasse sobre elas, e espalhavam ramos ao longo do caminho, lembrando o
versículo 27 do Salmo 118,
Jesus
realmente é o Rei, como nos afirmam as Escrituras Sagradas. Em suas mãos está o
poder. O Pai lhe entregou o domínio sobre tudo o que existe, e Ele reina com
poder e majestade.
Mas,
Jesus é um Rei muito diferente, e isto pode ser percebido quando lemos sua
biografia nos quatro Evangelhos que narram sua vida entre os seres humanos. Do
texto lido vamos extrair alguns pontos que demonstram que Jesus é um Rei muito
diferente.
1)
Um Rei Humilde (v. 5)
No
versículo 5 está dito o seguinte: “Dizei à filha de Sião: Eis aí te vem o teu
Rei, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de animal de carga.”
(Mateus 21:5)
Jesus
foi um Rei muito diferente, porque Ele era humilde, tendo rejeitado por
completo qualquer sentimento de arrogância. Ele sabia que era superior a todos
os que ali se encontravam, mas não agia como se fosse melhor do que as pessoas
que o seguiam, Ele não reivindicava para si nenhum glamour, nenhuma ostentação,
pelo contrário, cultivava uma vida simples e se agradava da simplicidade em
tudo.
Jesus
era superior a todos os reis que o antecederam, inclusive o grande rei Davi,
mas isso não o fez se portar de maneira orgulhosa, pelo contrário, Ele sempre
agiu de forma humilde.
Em
qualquer país do mundo o Chefe de Estado, seja o presidente da república, o
imperador, o primeiro ministro ou o rei, quando sai em público é precedido por
uma escolta formada por agentes da polícia federal, soldados, assim como a
retaguarda também é coberta por pessoas que asseguram a proteção ao líder que
ali está. E geralmente esses líderes contam com ministros e assessores que são
muito bem preparados para ocupar essas funções.
E
então, vemos o Rei dos reis entrando em Jerusalém sem pompa, montado em
jumentinho, e não em carruagem real puxada por cavalos. Sem escolta de
soldados, mas precedido de pessoas comuns e crianças. Sem uma comitiva de
nobres conselheiros e assessores, mas apenas um pequeno grupo de homens rudes,
que estavam aprendendo a ser pessoas melhores, e não políticos a serviço de um
rei comum.
Em
Jesus vemos um Rei que não estava interessado em atrair as atenções para si,
mas queria em tudo que o Pai fosse conhecido e glorificado por todos.
Humildade
é uma virtude que a cada dia parece mais distante das pessoas. Entretanto,
quando nos lembramos de que servimos ao Rei dos reis, devemos ter em mente que
não há como sermos maiores ou melhores do que Ele. Aliás, conforme Ele próprio
afirma, o discípulo não está acima do seu Mestre, mas pode ser como o Mestre:
“O
discípulo não está acima do seu mestre; todo aquele, porém, que for bem instruído
será como o seu mestre.”
(Lucas 6:40)
A
humildade é um dos pilares da vida cristã. A Bíblia nos diz que essa virtude é
agradável a Deus, enquanto o orgulho é rejeitado pelo Altíssimo.
Quando
nossos olhos estão voltados para Jesus não há como sermos tomados pelo orgulho,
porque o exemplo de nosso Mestre estará sempre em nossa mente. Basta nos
lembrarmos de que o Rei dos reis foi humilde desde o seu nascimento até a sua
morte na cruz, e nos chamou a aprender com sua humildade.
Não
há sentido em estarmos debaixo do poder de um Rei humilde, mas agirmos como
servos arrogantes!
Nos
tempos em que a monarquia era o regime mais praticado no mundo, o rei era a
cabeça de seu povo, o líder maior, o exemplo. Ao longo da história de Israel e
Judá vemos reis que foram bons e outros que foram maus, e a conduta do povo variava
de acordo com a índole de quem o governava.
A
Igreja é governada pelo Rei Jesus. Ele é a cabeça da Igreja. E como Ele é
humilde, todos os seus súditos também devem aprender com Ele a humildade,
porque nós não somos maiores do que nosso Rei.
2)
Um Rei Dotado de autoridade divina
Jesus
expulsou do templo os que o estavam profanando, que haviam transformado o
templo em local de comércio, em fonte de lucro. Aqueles homens poderiam ter
resistido, ter enfrentado Jesus e se recusado a sair, mas não fizeram isso.
Afinal,
quem era aquele homem que se achava no direito de expulsar do templo aqueles “trabalhadores”
que estavam ali ganhando o pão de cada dia? O que os impedia de revidarem e
continuarem praticando seu comércio livremente?
Eles
viram autoridade em Jesus. Autoridade que não vinha dos homens, mas de Deus.
Autoridade que o povo reconhecia, e que incomodava os líderes religiosos, pois
era um risco à autoridade deles, pois esta tinha natureza terrena.
Aqueles
homens viram que Jesus chegara acompanhado de uma grande multidão, e que Ele
não era qualquer um. Eles ouviram as vozes que clamavam “Hosana ao Filho de
Davi”. E certamente eles já haviam visto as obras de Jesus, pois Ele já
estivera em Jerusalém em outras ocasiões.
Mateus
já havia registrado que o povo via autoridade em Jesus por causa da forma como
Ele ensinava, bem diferente dos líderes religiosos:
“Quando
Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da
sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade e não como os
escribas.” (Mateus 7:28,29)
A
autoridade de Jesus era inquestionável, e vinha do fato de que Ele era o Filho
de Deus, tinha um amor incompreensível pelo ser humano, ensinava as Escrituras
e era o primeiro a agir da forma como falava, dando o exemplo a todos. Jesus
impunha respeito sem usar força ou intimidação, mas apenas sendo coerente,
amando as pessoas e agindo com fidelidade ao Pai.
Em
Mateus 28.18 o próprio Jesus fala sobre a autoridade que recebeu do Pai:
“Jesus,
aproximando-se, falou-lhes, dizendo: Toda a autoridade me foi dada no céu e na
terra.” (Mateus 28:18 )
Até
mesmo os demônios reconheciam a autoridade de Jesus e obedeciam prontamente à
sua ordem, deixando livres pessoas que antes estavam possuídas, levando as
pessoas a ficarem admiradas:
“Todos
ficaram grandemente admirados e comentavam entre si, dizendo: Que palavra é
esta, pois, com autoridade e poder, ordena aos espíritos imundos, e eles saem?” (Lucas 4:36)
Reconhecer
a autoridade suprema de Jesus sobre nossa vida é essencial para que possamos
compreender que já não pertencemos mais a nós mesmos, mas a Ele, que nos
comprou com o seu sangue derramado a cruz.
E
esse reconhecimento de Sua autoridade deve nos conduzir a uma atitude de
respeito e obediência para com nosso Rei, e de cuidado para com a Sua Igreja.
Reconheça
a autoridade de Jesus em sua vida e viva de forma a glorificar ao Rei Eterno e
ao Pai Altíssimo, pois essa é a atitude que se espera dos súditos
3)
Um Rei Acessível e Disposto a servir
Os
reis não recebiam pessoas do povo a qualquer momento e para tratar de qualquer
assunto. O acesso aos reis não era algo fácil de ser conseguido, assim como
hoje não é tão simples conseguir uma audiência com o Presidente da República ou
o Governador do Estado. Na verdade, é muito improvável que uma pessoa comum
como eu e você consiga uma audiência com o líder máximo da nação ou o
governador.
Jesus,
porém, era um Rei muito diferente porque as pessoas tinham facilidade em chegar
até Ele. Jesus era um Rei acessível, que não colocava obstáculos a quem o
buscava. Não era necessário agendar dia e hora para falar com o Rei Jesus. E
Ele não negava atendimento a ninguém, sempre se mostrando disposto a ouvir e
ajudar as pessoas.
É
interessante lembrar que Jesus é o Rei dos reis, está acima de qualquer
autoridade constituída na terra. Ele é superior aos presidentes, reis,
imperadores, governadores, ministros, mas enquanto estes são de difícil e, em
alguns casos, de impossível acesso a pessoas comuns, Jesus se mostra acessível
a todos que confiam nEle e que O buscam.
Portanto,
o Rei a quem servimos é acessível e continua disposto a nos atender. Jesus ouve
as nossas orações a qualquer hora do dia ou da noite, todos os dias da semana,
sem necessidade de agendamento prévio. Para falar com Jesus não precisamos
implorar a algum assessor ou pagar propina a algum agente corrupto, pelo
contrário, nosso acesso a Ele é livre e só depende de fé e sinceridade.
Será
que nós temos aproveitado esse livre acesso que temos ao Rei Jesus? Quanto nós
valorizamos os momentos que passamos na presença do Rei Eterno?
E
além de ser acessível, Jesus é o Rei que está disposto a servir.
Os
reis eram servidos, tinham todos à sua disposição, eram venerados por sua
posição. Jesus, ao contrário, disse que veio para servir às pessoas. Ali no
templo vieram cegos e coxos e Jesus os curou. Jesus restaurou a saúde, a visão,
a dignidade daquelas pessoas escravizadas por enfermidades e defeitos físicos.
Jesus
se dedicou a servir, ensinando as pessoas sobre o Reino de Deus, curando,
libertando, amando de forma incondicional.
O
exemplo de nosso Rei deve ser seguido por nós, seus súditos. Servir é uma das
mais dignas e difíceis missões que os discípulos de Jesus devem aprender com o
Mestre. Difícil porque requer desapego, renúncia ao ego, amor prático e
humildade.
4) Um Rei Apegado
à Palavra de Deus
A
entrada de Jesus em Jerusalém cumpria o que havia sido profetizado sobre o
Messias. Quando confrontado pelos líderes religiosos, Jesus invocou as
Escrituras. Em diversas passagens vemos Jesus citando as Escrituras para falar
de si ou para rebater os que o confrontavam, inclusive quando o diabo o tentou
no deserto.
Logo
no início, quando Jesus diz aos discípulos para irem buscar um jumentinho, é
esclarecido que cocm isto se cumpria a profecia dada por Zacarias, que assim
dizia:
“Alegra-te
muito, ó filha de Sião; exulta, ó filha de Jerusalém: eis aí te vem o teu Rei,
justo e salvador, humilde, montado em jumento, num jumentinho, cria de
jumenta.” (Zacarias 9:9)
Jesus
se preocupou em fazer tudo conforme havia sido escrito na Palavra de Deus.
No
texto, quando os sacerdotes e escribas questionaram Jesus sobre o fato de que
as crianças clamavam “Hosana ao Filho de Davi”, o Rei assim respondeu:
“Ouves
o que estes estão dizendo? Respondeu-lhes Jesus: Sim; nunca lestes: Da boca de
pequeninos e crianças de peito tiraste perfeito louvor?” (Mateus 21:16)
Aqui
Jesus está citando o Salmo 8, e por meio das Escrituras está transmitindo aos
líderes que o interpelavam a mensagem de sua divindade, porque nesse trecho o
Salmo 8 está se referindo a Deus.
Certamente
aqueles líderes religiosos ficaram ainda mais furiosos diante da resposta de
Jesus, e mais à frente eles acabaram tramando a sua morte.
Todo
o ministério de Jesus na terra foi baseado nas Escrituras. Em nenhum momento
Jesus se afastou das Escrituras Sagradas, pelo contrário, Ele mostrou como as
Escrituram falavam a seu respeito e como Ele era o cumprimento de tudo quanto
havia sido profetizado a respeito ao Messias, o Rei de Israel.
Com
isso o Rei Jesus nos ensina que a principal arma a ser utilizada para refutar
os ataques dos adversários e, principalmente, do diabo, é a Palavra de Deus,
que deve embasar nossa fé, nossa conduta, nossa esperança.
A
Palavra de Deus é o guia do servo de Jesus. Da mesma forma que Jesus se apegou
às Escrituras e as cumpriu, Ele requer que nós também, como seus discípulos,
sigamos o seu exemplo e tenhamos na Palavra de Deus nossa regra de fé e
prática.
A
Palavra de Deus nos dá ensino, encorajamento, testemunho para edificar nossa
fé, advertências para não nos desviarmos do caminho de Deus, confrontação de
nossos pecados. A Palavra nos mostra quem realmente somos e, quando somos
sinceros e humildes, ela nos ensina o que fazer para mudar o que está errado em
nós.
Nas
Escrituras encontramos o testemunho sobre o Rei Jesus. Nas Escrituras
encontramos o remédio de Deus para o pecado humano, o caminho para a redenção e
a vida eterna.
Assim,
valorizemos a Palavra de Deus assim como nosso Rei Jesus a valorizou, e vivamos
por ela assim como Ele viveu.
CONCLUSÃO
Jesus
é o Rei Supremo, entretanto, se dermos sequência à leitura do Evangelho Segundo
Mateus, veremos que, embora a multidão O tenha reconhecido como Rei, não
compreendeu que o seu reinado não seria político, mas, sim, espiritual.
Aquela
mesma multidão que acompanhou Jesus na entrada de Jerusalém, e que via nEle o
Messias prometido, pouco tempo depois gritava “crucifica-o”, porque houve a
decepção de ver que Jesus não era um revolucionário que iria tomar o poder de
Roma e libertar Israel do Império Romano.
Eles
acharam que aquela entrada de Jesus em Jerusalém representava o início de uma
nova era política, onde os romanos seriam derrotados e Israel veria sua
restauração como nação. Eles não entenderam que Jesus vinha libertar Israel e
os gentios do pecado e lhes assegurar um lugar no Reino Eterno que estava por
vir.
A
percepção errada da multidão não impediu a concretização dos planos de Deus,
pois Jesus se deu em sacrifício, morreu na cruz, mas ressuscitou e nos
assegurou a redenção e a vida eterna, sendo Ele o Rei eterno ao qual servimos.
O
Reino de Jesus não é deste mundo, como Ele próprio disse a Pilatos:
“Respondeu
Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus
ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus;
mas agora o meu reino não é daqui.”
(João 18:36)
Nós,
que recebemos a Jesus como nosso Senhor, Rei e Salvador, devemos cultivar a
consciência de que o Rei a quem servimos não morreu para nos dar privilégios
neste mundo, mas para nos assegurar um lugar em seu Reino Celestial eternamente.
Entretanto,
enquanto estamos aqui, devemos nos lembrar de que somos cidadãos desse Reino
Eterno, e embaixadores de Cristo na terra, servindo-O com amor, dedicação e
fidelidade, de maneira que o Rei seja exaltado e honrado por meio de nosso testemunho.
José Vicente
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