Texto base: Mateus
21.12-17
Esta passagem da vida de Jesus é
bastante conhecida. Quando Jesus retorna a Jerusalém e vai ao templo, encontra
ali os negociantes de animais e os cambistas, levando o templo a se parecer
muito mais com uma grande fonte de lucros do que a Casa de Deus.
Jesus expulsa essas pessoas do
templo e as repreende severamente, pois haviam transformado a Casa de Seu Pai
em covil de salteadores.
Ao assim se expressar, Jesus
reafirma o que o Altíssimo havia dito por intermédio do profeta Jeremias,
quanto ao aviltamento do templo, conforme se lê em Jeremias 7.8-11. Jesus
mostrou que a situação em ambas as ocasiões, embora distantes uma da outra por um
período de tempo razoavelmente longo, era a mesma: líderes religiosos
utilizavam o templo como uma fachada, visando esconder suas práticas
dissonantes em relação à Palavra de Deus.
Covil de salteadores vem a ser um
esconderijo ou abrigo de ladrões, de malfeitores. O templo de Deus foi
transformado em um local onde pessoas cheias de pecados, hipócritas, se
escondiam para tentar mascarar sua condição infeliz e tentar passar ao povo uma
imagem de religiosidade, de santidade, de reverência a Deus.
No início, quando se iniciaram as
práticas de vendas de animais e o câmbio, a finalidade era facilitar o ato de
adoração por aqueles judeus que vinham de localidades distantes, e que não
tinham como transportar durante a viagem animais para ofertar no templo. Esses
judeus que habitavam fora também necessitavam trocar as moedas estrangeiras que
possuíam por moedas locais. Assim, era um serviço conveniente e facilitador,
mas com o passar do tempo houve uma deturpação de sua finalidade, e se
transformou em uma grande fonte de lucros aos líderes religiosos e aos
negociantes.
Isto nos parece algo bastante
familiar, pois hoje os templos onde Deus deveria ser adorado foram
transformados em grandes negócios, fonte de lucros a líderes que se fazem
passar por religiosos, servos consagrados, mas na verdade são lobos que
pretendem devorar as ovelhas incautas que lhes dão ouvidos e lhes entregam tudo
o que possuem.
Jesus purifica o templo e
enfatiza o que deveria haver naquele lugar, atitudes e práticas bem diferentes
das que estavam ocorrendo naquele momento:
1)
Oração
(v. 13)
Jesus derribou as mesas dos
cambistas e expulsou os negociantes inescrupulosos, e afirmou que a Casa do Pai
era um lugar de oração, onde os crentes deveriam permanecer em comunhão com o
Pai, conversando com Ele e ouvindo Sua voz.
Hoje, quando a Igreja se reúne no
templo que consagrou a Deus, deve atentar para a prática da oração, instrumento
poderoso para estreitar os laços com o Altíssimo. É pela oração que expomos ao
Pai nossas ações de graças e súplicas, e recebemos dEle a orientação para a
vida, desde que nos mantenhamos em perfeita comunhão com o Eterno, prontos a ouvir
o que Ele tem a nos dizer.
A Igreja reunida no templo tem o
dever de orar uns pelos outros, e também interceder por este mundo, pelas
pessoas que ainda não creem, pelos enfermos, pelos prisioneiros, pelas
autoridades, conforme nos ensina Paulo (1Tim 2.1).
2)
Cura
(v. 14)
A Casa de Deus é um lugar onde
deve ocorrer cura. Jesus recebeu enfermos e os curou no templo.
A Igreja reunida no templo deve testemunhar
curas, tanto físicas como espirituais. Mas a ênfase está na cura espiritual,
que consiste na remoção de uma doença terrível chamada pecado, vindo a ocorrer
a regeneração, o novo nascimento, pelo poder do Espírito Santo.
Não há cura maior do que a
conversão de um pecador, pois o livra da morte eterna.
Curas de doenças físicas podem
acontecer, pois o mesmo Deus que operava nos tempos bíblicos está em ação hoje.
Eu mesmo já recebi a cura de dores fortes na mão direita, que provavelmente
seriam lesão por esforço repetitivo e estavam me atrapalhando muito no
desempenho de meu trabalho (tenho que digitar bastante), mas de um dia para o
outro a dor sumiu e não voltou mais, com a Graça de Deus, e nem precisei ir ao
médico ou tomar medicamentos, pois o Pai atendeu minha oração.
Não digo com isto que as pessoas
devam ir aos templos em busca de milagres! Antes, nossa presença em um templo
onda a Igreja congrega tem como finalidade única adorar a Deus, e nessa
adoração podemos receber curas, conforme a vontade do Pai.
Já ouvi diversos testemunhos de
pessoas que foram curadas pela intercessão da Igreja. O povo de Deus reunido no
templo, orando em favor dos enfermos, adora a Deus e cumpre sua missão de rogar
pela salvação, libertação e cura dos seres humanos.
Muitas pessoas chegam ao templo
carregadas de culpa, mágoas, rancor, egoísmo, inveja, maledicência, e muitas
outras enfermidades da alma. Jesus tem a cura para tudo isso, e essa cura
ocorre quando se adora ao Altíssimo verdadeiramente, quando se é exposto à
Palavra de Deus, que penetra em nosso ser e nos purifica.
É triste quando a pessoa entra no
templo enferma da alma, e sai sem nenhuma transformação.
3)
Acolhimento
(v. 14)
Jesus acolheu pessoas enfermas,
pessoas marginalizadas pela sociedade, pecadoras, para transformar suas vidas.
No templo onde a Igreja adora a
Deus deve haver acolhimento àqueles que ali comparecem, independentemente de
sua condição social, emocional, física ou financeira. Todos devem ser recebidos
com amor, aquele amor que Jesus disse que seria a marca de seus verdadeiros
discípulos.
Assim como Jesus, a Igreja deve
ser acolhedora, e não mais um instrumento de exclusão.
Não significa, obviamente,
acolher o pecado que as pessoas carregam consigo, mas acolher os pecadores para
que, pela prática do amor e da misericórdia, sejam tocados e regenerados pelo
poder do Espírito Santo de Deus, e, assim, se transformem em novas criaturas,
como nós fomos transformados ao termos nossos olhos abertos pela Graça de Deus.
Jesus sempre acolheu os
pecadores, mas também sempre disse, após curá-los, para não pecarem mais, o que
significa que Ele quer uma mudança de vida daqueles que O conhecem. Ninguém que
conhece a Jesus pode continuar a ser a mesma pessoa, porque se continuar, não
conheceu verdadeiramente ao Senhor, apenas teve um contato superficial com Ele.
A Igreja acolhedora transforma
vidas e faz diferença na sociedade em que está inserida. A Igreja acolhedora
cumpre sua missão, ordenada por Cristo.
4)
Louvor
(vv. 15-16)
Quando Jesus estava no templo,
crianças começaram a louvá-lo, provocando a inveja e ira dos religiosos de
plantão.
O templo é um lugar de louvar ao
Senhor continuamente, com cânticos, com ações de graças, com nosso modo de
viver.
Quando a Igreja se reúne no
templo ela deve louvar a Deus com toda sua alma, com todo seu coração. Um
louvor autêntico é uma adoração em espírito e em verdade, porque parte de
corações sinceros, que amam a Deus e desejam glorificá-lo com suas vidas.
O templo não é lugar para que
homens sejam louvados. Dirigir o louvor aos líderes religiosos é um pecado
sério, pois somente a Deus é devido o louvor, e Ele não divide a Sua Glória com
ninguém.
Infelizmente, a realidade atual é
de líderes sendo louvados, elevados a uma condição que não lhes pertence.
Homens e mulheres usam os púlpitos para obterem glória para si mesmos, manipulam
os crentes com a distorção do Evangelho e recebem todo o louvor, mediante
artimanhas que enganam aqueles que permanecem na superficialidade da Palavra e
do relacionamento com o Altíssimo, e que são facilmente seduzidos por promessas
vãs e pelo que os olhos veem, sem investigar se tais sinais são, de fato,
vindos de Deus.
Todo o louvor deve ser dado a
Deus Pai, e ao Seu Filho, Jesus Cristo, nosso Salvador.
5)
Purificar
o templo do Senhor
Até aqui falamos do templo feito
de tijolos e cimento, ou mesmo de madeira. Um lugar onde a Igreja se reúne para
atos de adoração ao Altíssimo. Mas sabemos que o Eterno não habita em templos
feitos por mãos humanas (Atos 17.24-25), antes Ele escolheu para si templos que
Ele próprio edificou: nossos corpos (1Cor 3.16; 1Cor 6.19).
Cada crente em Deus é templo do
Espírito Santo, morada do Altíssimo. Deus não habita em prédios, mas em Seus
filhos.
Por esta razão, esse templo,
edificado por Deus, deve ser mantido limpo, purificado, a fim de que o SENHOR
seja glorificado continuamente.
É necessário expulsar desse
templo (nosso corpo) a hipocrisia, a religiosidade, os sentimentos de inveja,
egoísmo, raiva, mágoa, ciúmes, malícia, todas as obras da carne, tudo aquilo
que sabemos ser pecado.
O templo do Espírito Santo não
pode ficar cheio de coisas que o contaminam. O Espírito não pode ficar
dividindo espaço no Seu templo com aquilo que não pertence a Ele, mas que implica
em pecados, entulhos dos quais muitas vezes temos dificuldade de nos livrar.
Quando os judeus iam ao templo
oferecer sacrifícios ao Altíssimo, prestavam um ato da adoração a Deus, que
consistia no reconhecimento de sua condição de pecadores e na necessidade
urgente da Graça Deus.
A adoração verdadeira consiste em
reconhecer que estamos errados, e Deus, certo, com o pedido de perdão e a
atitude de buscar a vontade do Pai.
Não há adoração sincera sem
reconhecimento de nossa condição diante de Deus e sem pedido de perdão.
O templo do Espírito Santo deve
ser purificado e ornamentado com o fruto do Espírito.
Conclusão
Qual é a nossa postura quando
comparecemos ao templo físico para congregarmos com nossos irmãos? O que
buscamos? O que oferecemos a Deus?
Qual a situação atual do templo
do Espírito Santo? Como você está diante de Deus?
Repense suas motivações com
relação à sua ida até um templo para prestar o culto coletivo ao Altíssimo, e
não se esqueça de que, mesmo após sair daquele templo, você está constantemente
em culto a Deus, porque você é o templo em que Ele habita e deve ser
glorificado.
Que o Eterno nos abençoe e nos
ajude a mantermos o templo sempre limpo e ornamentado, para honra e glória
dEle, eternamente.
José Vicente
31.05.2012
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