Às vezes fico perplexo em ver como as pessoas complicam tudo. Vivem querendo colher o que não plantaram, e ainda reclamam quando suas plantações produzem exatamente aquilo que foi semeado. Quanta confusão!
Há aqueles que semeiam discórdia, principalmente através de “simples” fofoquinhas, e vivem reclamando porque não conseguem ter paz em seus lares. Qual será a causa?
Também existem os que reclamam que não se sentem amados, que são tratados com dureza, mas esses mesmos vivem semeando o desamor, tratam mal a todos, não medem suas palavras, querem simplesmente expor suas opiniões, sob a desculpa esfarrapada de que é necessário ter franqueza, e acabam ferindo, magoando, entristecendo as pessoas com quem convivem. Dá pra obter um resultado diferente com esse tipo de semeadura?
Uns querem ser respeitados, mas não se dispõem a respeitar ao próximo. Outros querem ser valorizados, mas nunca valorizam o trabalho e as virtudes alheias.
É fácil encontrar os que querem ser tratados com fidelidade, mas não são fiéis a nada nem a ninguém. Plantam infidelidade e vivem desconfiados de todos!
Pais querem que os filhos sejam obedientes, que andem em boas companhias, que sejam estudiosos, que saibam respeitar as pessoas, mas permanecem omissos na educação e disciplina dos filhos, deixam que o mundo os eduque, não investem tempo para cultivarem a amizade sincera que deve haver entre pais e filhos, não brincam com os filhos, não conversam, dão mais valor ao trabalho e a outras coisas, dão exemplos ruins, e depois reclamam dos resultados.
Pessoas querem mudanças, desde que sejam os outros a mudar, pois, na prática, elas próprias não estão dispostas a mudar nada em suas vidas.
Da mesma forma, as pessoas querem receber bênçãos de Deus! Querem que Deus abençoe o trabalho, o lar, a saúde, as finanças, o namoro, etc., um anseio comum e saudável. Mas não estão dispostas a manter um relacionamento verdadeiro com Deus.
Eis o problema: é impossível colher aquilo que não foi semeado!
A lei da semeadura é uma dessas leis da vida que não podem ser alteradas pelo ser humano. Se você planta, colhe exatamente o que plantou. Se a plantação foi de melancia, acredite, não vai haver uma colheita de jabuticaba. Quem planta cacto não vai obter orquídea.
Paulo, apóstolo de Cristo, expôs essa lei ao dizer: “não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem semear, isso também ceifará”. (Gl 6:7)
É interessante notar que os resultados de uma semeadura ruim não afetam apenas ao semeador, mas os reflexos podem ser experimentados por muitas outras pessoas com quem ele convive ou até mesmo pessoas de fora de seus vínculos relacionais.
Assim, no momento da colheita os frutos são repartidos, voluntariamente ou não, entre muitas pessoas, sendo que, destas, a grande parte está inocente, porém acabam sendo atingidas direta ou indiretamente.
Pode-se exemplificar com o marido infiel, que vive em busca de aventuras extraconjugais. Ele sofrerá na carne as conseqüências de seus atos, porém estas também serão sentidas por sua família, que será fortemente abalada e, muitas vezes, destruída. Como a família é a base da sociedade, ruindo aquela esta também se esfacelará, perdendo seus valores.
O ser humano costuma buscar um culpado para todas as coisas ruins que acontecem. Desta forma, vemos Deus sendo responsabilizado pela miséria humana, pelas tragédias, pela situação de subumanidade em que vivem crianças indefesas na África, etc.
Trata-se da tão conhecida transferência de responsabilidade, praticada por Adão no início da existência humana, quando jogou sobre a mulher a culpa pelo seu deslize e, descaradamente, mas de forma velada, culpou Deus por ter feito a mulher, que o levou a pecar. Nos mesmos moldes, os seres humanos transferem para Deus a culpa pelo atual estado do mundo, e jogam para baixo do tapete toda a sujeira que eles mesmos produzem.
Ora, a humanidade tem semeado coisas ruins desde os tempos mais remotos, mas hoje isso é intensificado, pois a mentalidade das pessoas (com exceções) tem se tornado em uma verdadeira fonte de males que acabam retornando para a própria humanidade.
Não sei se já houve algum outro tempo em que os seres humanos tenham sido tão desprovidos de amor como no presente. Mas tudo o que se vê diante de nós é parte da colheita de séculos de uma semeadura de desamor, de descrença ou de crença em qualquer coisa que pareça ser agradável aos ouvidos de quem ouve, menos fé em Deus.
Na continuação do texto bíblico, é dito que “o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida eterna.” (Gl. 6:8)
Andar na carne é viver de forma a satisfazer apenas nossos desejos, buscar prazeres transitórios, e isso implica em caminhar conforme o curso deste mundo, adotando a sua filosofia do “vale tudo para ser feliz”. Vale mentir, trapacear, menosprezar, humilhar, renunciar à família, viver de forma promíscua, se perder em bebedeiras, ficar até de madrugada em bailes onde rola de tudo, desfazer casamentos por qualquer motivo, pisar em pessoas para subir, amar o dinheiro e não as pessoas, etc.
Esse tipo de semeadura, acreditem, não vai produzir os frutos de felicidade que as pessoas almejam, pelo contrário, vai resultar em morte. Morte espiritual e, não raras vezes, física.
Doenças, crises familiares, crises financeiras, solidão mesmo em meio à multidão, tristeza, depressão, mesmo quando parece que as coisas estão indo bem. Vícios, que significam escravidão. Desvalorização do ser. Nojo de si mesmo.
Tudo isso e muito mais é colhido por quem semeia na carne.
Hoje, pessoas vivem de maneira promíscua, nutrem uma vida sexual desregrada, se entregam a orgias e buscam satisfação a qualquer preço. Essa é a semeadura, que, inicialmente, pode aparentar algo bom, porque se espera que o prazer traga como resultado a felicidade. O grande susto vem no momento da colheita. As pessoas não acreditam quando recebem o resultado positivo do teste de HVI, e descobrem que estão condenadas a uma vida de sofrimento e dor até a morte.
Então, o marido infiel, que vivia na devassidão, acaba infectando sua esposa, e, não raras vezes, o filho, que ainda está no útero da mãe, gerando um resultado desastroso não apenas para si próprio, mas para sua família.
Esse é apenas um exemplo, dentre centenas de outros tipos de semeadura na carne, que resulta em uma colheita verdadeiramente maldita.
Semear no Espírito, por sua vez, é muito diferente. Significa observar a Palavra de Deus, a Bíblia, buscando viver conforme o que Ele nos determina. Deus é amor, e Seus mandamentos visam ao nosso bem, por isto não podemos olhar para os preceitos de Deus como se fossem algo pesado demais, pois se os praticarmos, sem dúvida o resultado trará a verdadeira felicidade, e não aquela alegria falsa e passageira oferecida pelo mundo.
Aquele que semeia no Espírito, guiado pelo Espírito de Deus, obedecendo aos mandamentos de Deus, esse colherá um fruto maravilhoso: a vida eterna. É o que nos diz o versículo oito, acima transcrito.
Semear no Espírito é viver em retidão perante Deus. É crer em Jesus Cristo e entregar sua vida a Ele.
O próprio Paulo, na mesma carta escrita aos Gálatas, no capítulo 5, diz o que vem a ser a semeadura na carne e no Espírito:
“Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, prostituição, impureza, lascívia, Idolatria, feitiçaria, inimizades, porfias, emulações, iras, pelejas, dissensões, heresias,Invejas, homicídios, bebedices, glutonarias, e coisas semelhantes a estas, acerca das quais vos declaro, como já antes vos disse, que os que cometem tais coisas não herdarão o reino de Deus. Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, domínio próprio. Contra estas coisas não há lei. E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Se vivemos em Espírito, andemos também em Espírito.” (Gálatas 5:19-25)
Se você tem dúvidas quanto ao que semear, achando que há muitos preceitos a serem observados, vai aqui uma sugestão: semeie o amor. Sim, o amor, que, conforme as Escrituras, “é o vínculo da perfeição” (Cl 3:14).
Também é nas Escrituras que descobrimos que “toda a lei se cumpre numa só palavra, nesta: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo.” (Gl 5:14)
Com que medida devo amar ao meu próximo? Com a mesma medida com que amo a mim mesmo. Esse foi o mandamento de Jesus. E o próprio Jesus colocou em termos práticos esse amor ao dizer: “tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.” (Mt 7:12)
É simples: faça aos outros o que você deseja que seja feito a você, e não faça o que não quer que lhe seja feito. Excelente medida de amor.
Amor é perdão, inclusão, auxílio, compreensão, delicadeza, caridade, misericórdia, justiça, atenção, solidariedade, e tudo o mais que fizer o bem a você e ao próximo.
Portanto, antes de reclamar do que tem colhido, verifique o que tem semeado. Ainda é tempo de cultivar coisas boas.
Quanto ao que você tem obtido de Deus, observe se você tem se disposto a estabelecer um verdadeiro relacionamento com Ele. Não fique esperando bênçãos se você investe todo o seu tempo em tudo, menos em conhecer Aquele que criou você. “Chegai-vos a Deus, e Ele se chegará a vós” (Tg 4:8).
Que a paz e o amor de Cristo reinem em seu coração.
José Vicente
05.06.2009
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