"Em verdade vos digo: Quem não receber o reino de Deus como uma criança de maneira nenhuma entrará nele." (Mc 10:15)
Os seres humanos têm tendência a complicar as coisas, em qualquer área da vida. Quanto mais adulto quer se tornar o ser, maiores as complicações que ele cria.
Infelizmente, no campo da espiritualidade o ser humano também insiste em complicar tudo, inclusive aquelas coisas extremamente simples e singelas, que não são passíveis de serem estudadas, esmiuçadas, utilizadas em teses de doutorado e coisas do gênero.
Quando Jesus, o Verbo Eterno, se fez homem e habitou entre nós, Ele passou três anos pregando o Evangelho do Reino de Deus, falando e vivendo com simplicidade.
Na palavras de Jesus, o amor é a essência de tudo. Amor a Deus e amor ao próximo, ainda que o próximo seja seu inimigo.
Esse amor, uma vez posto em prática, livra a pessoa de ficar o tempo todo procurando saber se está ou não cumprindo cada preceito da Lei de Deus, e, por conseguinte, livra da servidão infrutífera à Lei, pois observar a Lei tem que ser sinônimo de vida, e não de morte e escravidão.
Assim, quem ama a Deus acima de tudo, obviamente não prestará culto e adoração a nada e ninguém que não seja o Deus Único e Soberano, criador dos céus e da terra. Se assim não proceder, a declaração de amor a Deus é falsa, porquanto, como diz a Escritura, Deus não divide a Sua glória com ninguém, Ele exige fidelidade, pois não há outro deus.
Quem ama ao próximo, tendo como medida o amor que tem por si mesmo, sem dúvida jamais fará ao próximo aquilo que não gostaria de experimentar em sua própria pele, e, em termos de ação, sempre buscará fazer ao próximo o bem que gostaria de receber para si.
As coisas são simples, a mensagem do Reino é simples, nós é que complicamos tudo.
Jesus disse: “Quem crê em mim tem a vida eterna” (Jo 6:47). Ele enfatizou a necessidade de ter fé. Mas uma fé autêntica, que não depende de sinais e sentimentos. Ele advertiu os religiosos de sua época, que viviam pedindo sinais. Eles não tinham fé, e não a teriam, por mais que vissem sinais, pois a verdadeira fé não está alicerçada em sinais, sensações e coisas do gênero, mas está firmada na Verdade da Palavra de Deus.
Assim como Jesus disse que quem nEle crê tem a vida eterna, Ele também disse que aquele que não crê já está condenado. É algo simples, que não necessita de nenhuma tese de doutorado para ser compreendido. A salvação é pela fé em Jesus Cristo, que se manifesta na vida para a Vida. A condenação é pela falta de fé em Jesus Cristo, que também se manifesta na vida, mas para a morte.
“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus.” (Jo 3:16-18)
Simples assim.
Jesus disse que se não formos como crianças, não entraremos no Reino dos Céus.
Crianças são simples, não vivem complicando as coisas. Elas recebem o amor dos pais sem ficar estudando fórmulas de como agradar aos pais. Elas não desenvolvem toda uma sistemática para estabelecerem um diálogo com os pais, pelo contrário, elas simplesmente conversam com eles, espontaneamente, alegremente, com vivacidade, sabendo que estão se comunicando com quem as ama, e retribuem esse amor com simplicidade.
Crianças se aconchegam nos braços dos pais buscando proteção, porque sabem que ali, naquele colo, estarão protegidas, pois os pais são capazes de dar a vida por elas.
Crianças não são cheias de pudores no relacionamento com os pais. Não são formalistas. Aliás, se há alguém que quebre qualquer protocolo ou regra de etiqueta, é a criança.
Crianças dependem dos pais, e pedem o que precisam. Se ouvem um sim, pulam de alegria, fazem a festa. Se ouvem um não, choram, esperneiam, mas no fim voltam ao aconchego dos braços dos pais, porque estes demonstram seu amor, independentemente de atenderem ou não àquele pedido específico, e estão sempre dispostos a abraçar os filhos.
Crianças se deixam conduzir pelos pais, pois confiam neles.
Sem simplicidade, não se verá o Reino de Deus.
A simplicidade da criança, que ama e se permite ser amada.
Por que insistimos tanto em ser formalistas com nosso Pai, que está nos céus? Parece ser tão difícil estabelecer um diálogo simples e espontâneo com Deus, sem os chavões usados continuamente e que se tornam vãs repetições!
Por que gastamos nosso tempo tentando estudar Deus - que não pode ser objeto de estudo, pois está acima de qualquer conhecimento humano, é inexplicável, não pertence ao mundo que conhecemos - em vez de nos ocuparmos simplesmente em crer nEle e buscar Sua presença em nossas vidas?
Por que vivemos tentando explicar a fé, se ela não é explicável, mas é algo que tem que ser simplesmente vivido? Ou se tem ou não se tem fé! Simples assim. Fé explicada, lógica, que se compreende com raciocínio e estudo, não é fé, é crença, e crença não salva.
Por que não somo simples como as crianças? Seríamos seres humanos muito melhores, teríamos um relacionamento muito mais autêntico com Deus, e não viveríamos angustiados tentando explicar o que não tem explicação, compreender o que não é compreensível (as coisas espirituais se discernem espiritualmente, e não com o intelecto), estudar o que não pode ser estudado.
Se fôssemos simples como crianças, nos contentaríamos em viver colados com nosso Pai, sendo abraçados por Ele e abraçando-O, recebendo dEle o melhor, e recebendo dEle a consolação e o cuidado quando nos sentimos feridos física ou espiritualmente.
Se cultivássemos a simplicidade, não ficaríamos tentando decifrar os desígnios do Pai, mas nos permitiríamos ser conduzidos por Ele, sabendo que o Pai nos ama e nos leva a lugares de refrigério.
Pense bem. Será que vale a pena continuar sendo um adulto chato, formal, meticuloso, lógico, frio e distante de Deus, ou é melhor ser como criança e correr para os braços do Pai?
Que IAVÉ, o Deus Altíssimo, nos abençoe ricamente, e nos restitua a simplicidade que perdemos quando deixamos de ser como crianças para com o Pai.
José Vicente
18/06/2009
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