Texto base: Êxodo 3.1-12
Moisés
nasceu no Egito e era filho de pais hebreus, mas ainda criança foi exposto a
uma mudança de vida, pois saiu do seio de sua família e foi criado pela filha
do Faraó como se fosse seu próprio filho. Ele viveu por muitos anos como
príncipe no Egito, recebeu uma educação primorosa e tinha muitos privilégios.
Mas
a vida de Moisés mudou novamente quando, em certa ocasião, ele viu um feitor egípcio
ferindo a um hebreu e não suportou aquela injustiça, vindo a matar o agressor e
esconder seu corpo na areia. Logo ele foi descoberto e o Faraó ordenou a sua
morte, então ele fugiu para o deserto.
Foi
uma mudança radical. Moisés passou de príncipe do Egito a foragido vivendo no
deserto. Porém ele acabou encontrando Jetro, casou-se com sua filha, Zípora, e
passou a cuidar dos rebanhos do sogro. Assim ele experimentou uma nova fase em
sua vida.
Tudo
estava tranquilo, Moisés apascentava os rebanhos no deserto, quando uma nova
mudança veio sobre sua vida. Certo dia, Deus apareceu para ele em uma sarça
ardente que não se consumia, e a partir dali a vida de Moisés sofreu uma
guinada mais uma vez. De pastor de rebanhos ele passou à condição de libertador e líder de
uma nação inteira que pertencia a Deus.
A
exemplo de Moisés, nós também passamos por mudanças em nossas vidas de tempos
em tempos. Isto porque nós servimos a um Deus de novidades, que pretende ver
Seus filhos crescendo e se tornando melhores a cada dia, como verdadeiros
instrumentos para glorificar o nome do Altíssimo.
A
Palavra nos diz que quem está em Cristo é nova criatura e que tudo se faz novo:
“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as
coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” (2 Coríntios 5:17 )
Portanto,
quando entregamos nossa vida a Cristo passamos pela maior mudança que
poderíamos experimentar, pois Cristo nos faz novas criaturas, apagando nossos
erros passados e nos concedendo uma vida nova, onde tudo deve ser diferente.
O
propósito de Deus é que diariamente sejamos aperfeiçoados e preparados para
coisas novas que Ele tem reservado para nós.
Moisés
passou por várias mudanças ao longo de sua vida, desde sua adoção pela filha de
Faraó até a chegada nas proximidades de Canaã.
Portanto,
é necessário estarmos preparados para o novo de Deus, pois a qualquer momento o
Altíssimo pode nos surpreender com mudanças em nossas vidas.
1)
Não se apegue a objeções, mas confie em Deus
Um
dos maiores medos que o ser humano possui é com relação a mudanças. Tudo o que
é novo, desconhecido, que envolve sair da zona de conforto, causa medo e nos
leva a desejar permanecer no estágio em que estamos.
É
a notícia de que haverá mudança na direção da empresa em que trabalhamos, trazendo
o medo de não conseguirmos nos adaptar às novas exigências e sermos demitidos.
Ou então a necessidade de mudar de cidade, deixando-nos com receio de não
conseguirmos fazer novos amigos, de não termos a mesma segurança que
encontramos na cidade em que vivemos há vários anos, de não encontrarmos uma
igreja bíblica para congregarmos, etc. Ainda, pode ser o medo causado por
termos sido escolhidos para uma nova função na igreja.
Enfim,
todo tipo de mudança provoca medo porque envolve encarar coisas e situações que
não conhecemos, que são novidades para nós, e o novo dá medo, pois preferimos a
zona de segurança que encontramos em nossa rotina.
Moisés
não era diferente de nós e quando Deus anunciou mais uma mudança em sua vida,
ele simplesmente foi tomado pelo medo e começou a apresentar objeções,
buscando, com isto, convencer Deus de que ele não era a pessoa apropriada para
aquela missão, e, assim, poderia voltar à sua rotina de pastor de rebanhos, sem
maiores riscos. Deus queria fazer algo novo na vida de Moisés mas ele não
estava preparado ainda.
Moisés
apresentou cinco objeções: (i) ele não era ninguém importante
para se apresentar diante do Faraó e tirar os hebreus do Egito; (ii)
não sabia o nome de Deus para falar aos hebreus; (iii) os hebreus e
egípcios não acreditariam nele; (iv) ele não era eloquente para
falar aos hebreus e egípcios e (v) não era a pessoa apropriada para
aquela missão.
Quanto
à primeira objeção, Deus a resolveu fazendo uma promessa gloriosa: “Eu
serei contigo” (Ex. 3:12). A segunda objeção foi solucionada quando
Deus declarou o nome que Moisés deveria pronunciar diante do povo (Ex. 3:14). A
terceira objeção foi resolvida com sinais que Deus faria por meio de Moisés
diante do povo (Ex. 4:1-9). A quarta objeção foi tratada por Deus com a
promessa: “eu serei com a tua boca e te ensinarei o que hás de falar” (Ex.
4:12). E na quinta objeção a Bíblia diz que Deus se irou contra Moisés, e lhe
disse que Arão seria seu auxiliar (Ex. 4:14-16).
Na
verdade, a primeira promessa feita por Deus “Eu serei contigo” (Ex.
3:12) já deveria ser suficiente para que Moisés abandonasse o medo e encarasse
a mudança que estava para acontecer em sua vida, mas ele continuou a apresentar
objeções, que foram derrubadas uma a uma por Deus.
Quando
Deus quer fazer algo novo em nossa vida Ele não aceita nossas objeções, porque
os propósitos dEle nunca dependem de nossa capacidade ou força, mas estão
alicerçados apenas no Seu poder e na Sua vontade.
Não
é espiritualmente saudável nos apegarmos às objeções, mas devemos confiar que
Deus é conosco e nos capacita para os novos desafios. Afinal, se Ele está
permitindo que passemos por mudanças, certamente Ele caminhará conosco durante
todo o percurso que faremos.
É
interessante colocar diante de Deus nossos medos, mas não como pretextos para
tentarmos fugir das coisas novas que Deus está trazendo para nossa vida, e,
sim, como reconhecimento de que não somos capazes de fazer nada sozinhos, porém
nos colocamos à disposição para que o Altíssimo opere a Sua vontade em nós.
Confessemos
a Deus os medos que nos afligem, mas confiemos na promessa que Ele fez: “Eu
serei contigo”.
Portanto,
se queremos estar preparados para o novo de Deus, devemos abandonar as objeções
e confiar que Deus sempre estará conosco. Essa promessa foi repetida por Jesus
quando disse: “E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.”
(Mateus 28:20)
Diga
a Deus: “apesar do medo, estou à Sua disposição para fazer a Sua vontade,
porque sei que o Senhor está comigo e jamais me abandonará”.
2)
Precisamos ser tratados por Deus
Quando
Deus, da sarça ardente, falou com Moisés, este respondeu: “eis-me aqui” (Ex. 3.4).
Mas assim que Deus revelou a missão que tinha para Moisés, ele mostrou que não
estava preparado para o novo de Deus, porque passou a apresentar objeções com a
finalidade de se esquivar daquela mudança.
Durante
toda a conversa Deus foi tratando Moisés para que ele abandonasse o medo e
encarasse com fé a novidade que estava se colocando diante dele.
Quando
Moisés disse: “quem sou eu para ir a Faraó e tirar do Egito os filhos de Israel?” (Ex.
3.11), ele estava certo em reconhecer que não era ninguém e não tinha poder
algum, mas estava errado em achar que Deus estava lhe confiando aquela missão
com base no seu valor.
A
resposta de Deus deixou claro que o êxito da missão não dependia das qualidades
de Moisés, e que ele apenas precisaria obedecer ao SENHOR, pois Ele é que faria
tudo quanto fosse necessário para a libertação dos hebreus. Moisés seria um
emissário de Deus, assim como nós fomos feitos embaixadores de Cristo (2Cor
5:20).
Deus
fez Moisés parar de olhar para si mesmo e voltar seus olhos para o Altíssimo,
que é exatamente o que devemos fazer também. Não nos concentremos em nós
mesmos, nas nossas fraquezas ou qualidades, mas fixemos nossos olhos em Deus,
que é poderoso para fazer mais do que imaginamos.
Ao
responder à segunda objeção de Moisés, Deus diz o Seu nome, pelo qual Moisés
deveria apresentá-lo ao povo. Aqui Deus estava tratando com Moisés na questão
do relacionamento. Moisés precisava conhecer mais a Deus, e ali isso estava
acontecendo.
Nós
também precisamos saber quem é Deus para que possamos nos relacionar com Ele de
maneira mais profunda e apresentá-lo a outras pessoas. Quando nosso
relacionamento com Deus é superficial, não O conhecemos e não temos condições
de agir em Seu nome, de maneira que falharemos em nossa missão.
Moisés
ainda alegou que as pessoas não acreditariam nele, mas Deus disse que elas
veriam sinais que as convenceriam. Sinais que viriam do próprio Deus.
Da
mesma forma, nós também precisamos manifestar em nossa vida sinais que levem as
pessoas a saberem que tivemos um encontro com Deus e somos Seus embaixadores. O maior
sinal é a manifestação do fruto do Espírito, descrito em Gálatas 5:22-23 (amor,
alegria, paz, longanimidade, benignidade, bondade, fidelidade, mansidão,
domínio próprio). Mas para isso Deus precisa trabalhar nosso caráter, nossa
mente, nosso ser por inteiro.
E
também devemos nos dispor a ser instrumentos para manifestação dos sinais que
Deus desejar fazer, pois Ele pode querer nos usar para demonstrar o Seu poder e
se revelar às pessoas.
A
quarta objeção se refere à falta de eloquência, mas Deus a rebate mostrando a
Moisés que ele apenas precisaria caminhar com fé e obediência, e que da mesma
forma que Deus o estava enviando para falar ao Faraó, o mesmo Deus colocaria na
boca dele as palavras certas.
Jesus
fez uma promessa muito parecida aos seus discípulos: “por minha causa sereis levados à
presença de governadores e de reis, para lhes servir de testemunho, a eles e
aos gentios. E, quando vos entregarem, não cuideis em como ou o que haveis de
falar, porque, naquela hora, vos será concedido o que haveis de dizer, visto
que não sois vós os que falais, mas o Espírito de vosso Pai é quem fala em
vós.” (Mateus 10:18-20)
E
quando Moisés quis escapar dizendo que não era a pessoa apropriada, que Deus
deveria enviar outro melhor, Deus mostrou que ele não poderia fugir da
responsabilidade que lhe era imposta, e que ele não estaria sozinho, mas
contaria com seu irmão para auxiliá-lo na missão.
Além
disto, Deus estava deixando claro que Ele não comete erros quando escolhe
alguém para uma missão. Afinal, a afirmação de Moisés, de que ele não era a
pessoa certa, colocava em dúvida a escolha de Deus. Mas Deus não erra, e se Ele
escolhe uma pessoa, certamente Ele conduzirá tudo até o final.
Assim
também nós jamais devemos tentar fugir quando Deus tenciona fazer coisas novas
em nossa vida e por meio de nós, mas cumpre-nos reconhecer a nossa
responsabilidade perante Deus e o próximo, sabendo que o Senhor nos concedeu
muitos irmãos que podem nos apoiar e auxiliar em nossa caminhada, e que Ele
próprio está conosco para nos orientar e capacitar.
Em
todas as respostas que Deus deu a Moisés Ele deixou claro que o cumprimento
daquela missão não dependia da capacidade do próprio Moisés, mas Deus ia suprir
tudo o que era necessário para que ele conseguisse fazer tudo quanto lhe fora
ordenado. Deus tratou com Moisés para que ele estivesse pronto para o novo de
Deus.
Igualmente,
se queremos estar prontos para o novo de Deus, devemos nos submeter ao
tratamento de Deus, (i) parar de olhar para nós e voltarmos os olhos para Deus, (ii)
estreitar nosso relacionamento com o Pai, (iii) buscar a manifestação do fruto
do Espírito e demais sinais que mostrem que tivemos um encontro com Deus, (iv) caminhar com fé e obediência, (v) assumir nossa
responsabilidade e ter a convicção de que Deus não comete erros, e de que não
estamos sozinhos, mas Deus nos concede companheiros de jornada.
CONCLUSÃO
Servir
a um Deus de novidades implica em saber que durante toda a nossa vida
passaremos por períodos em que Deus fará coisas novas em nós e por meio de nós.
Precisamos estar preparados para o novo de Deus. Mudanças trazem crescimento, e
Deus quer que desenvolvamos nossa santidade e nosso conhecimento dEle a cada
dia.
Disponha-se
a ser instrumento nas mãos de Deus e lance fora o medo, pois novos tempos virão
e Deus nos quer firmes com Ele.
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