Texto Base: Mateus 4.12-25
Após ser
batizado e passar pela provação no deserto, Jesus deu início ao seu ministério
terreno. Embora Mateus apresente o chamado de alguns discípulos logo após a
vitória de Jesus no deserto, é fato que Mateus não tem uma preocupação em fazer
uma narrativa cronológica, antes, ele dá maior ênfase aos fatos, pois entre o
episódio do deserto e o chamado narrado no texto houve os acontecimentos
descritos no Evangelho Segundo João, do capítulo 1.19 a 3.36, quando João
Batista ainda não havia sido preso (João
3.24).
De qualquer
maneira, vemos que Jesus escolheu discípulos para que estivessem mais perto
dele e aprendessem com Ele o que era necessário para que, quando Ele partisse,
eles dessem prosseguimento à Sua Obra. Os discípulos escolhidos tinham maior
proximidade com o Mestre, e foram os responsáveis pela continuidade da Igreja
de Jesus. Na verdade, os discípulos formavam a Igreja, pois esta é representada pela
união de todos os crentes em Cristo, em todos os lugares do mundo.
Assim, vemos
que o a intenção de Jesus era que a Sua Igreja prosseguisse com a Sua Obra após
a sua morte e ressurreição. Da mesma forma que Ele fez discípulos, deixou a
ordem para que Sua Igreja formasse discípulos (Mateus 28.19). Jesus desejava que Sua Igreja exercesse o mesmo
ministério que Ele exercia, indo por todo o mundo e anunciando o Evangelho.
Quando Ele disse aos discípulos: “vinde após mim” (v.19), estava
convidando-os a seguirem seus passos, andarem nos seus caminhos, viverem como
Ele vivia, pois isto os capacitaria a serem pescadores de homens, ou seja, a chamarem
outras pessoas à salvação oferecida pelo Altíssimo.
O chamamento à
formação de novos discípulos ainda não terminou. Continuamente Jesus está
chamando pessoas para andarem nos seus passos, e diariamente Ele reafirma o
chamado feito a nós para que O sigamos. E analisando o Ministério de Jesus
podemos aprender os principais pontos que Ele quer que Sua Igreja observe para
o fiel cumprimento de sua missão de andar nos passos do Mestre.
1) ENSINO (v. 23)
A Palavra nos diz que Jesus “percorria toda a Galiléia, ensinando nas
sinagogas”.
Jesus sempre
demonstrou preocupação com o ensino. Nos 4 Evangelhos podemos constatar que Ele
dedicou muito tempo a ensinar aos seus discípulos e às pessoas que se
aproximavam dEle. Na sequência do Evangelho de Mateus vamos ver uma grande
explanação de Jesus, ensinando aos discípulos e ao povo as verdades de Deus.
Jesus embasava seu ensino nas Escrituras, mas procurava mostrar às pessoas o
real significado do que Deus havia dito.
O que é que
Jesus ensinava? Do capítulo 5 até o 7 de Mateus, temos o conhecido Sermão do
Monte, uma enorme porção dos ensinamentos proferidos por Jesus. Ali, Ele ensina
o sentido da Lei de Deus, fala sobre o amor ao próximo, a vida de oração, a
forma como o cristão deve conduzir sua vida para glorificar a Deus, o exercício
da misericórdia, o perdão, a confiança no Altíssimo, a escala correta de
valores, enfim, Jesus fala amplamente sobre o modo de viver dos cidadãos dos
céus. Jesus se preocupa em desfazer ensinos equivocados sobre as Escrituras,
levando as pessoas a verem o que Deus realmente requer de nós.
O ministério
de ensino continua sendo fundamental na Igreja de Cristo. Ele requer que a
Igreja transmita os ensinamentos contidos nas Escrituras, sem as deturpações
promovidas por pessoas que querem adequar a Palavra às suas conveniências. É
incumbência da Igreja expor as Escrituras com fidelidade, não apenas
esclarecendo as pessoas que estão sendo enganadas, mas a própria Igreja deve
evitar o ensino de doutrinas errôneas, equivocadas, alheias ao verdadeiro
sentido do que Deus transmitiu por meio de Seus servos.
E para que a
Igreja possa ensinar com autoridade e fidelidade, é necessário que tenha
conhecimento. Ninguém ensina o que não sabe, porque ensinará errado. Jesus,
pouco antes, tinha dado mostras do seu grande conhecimento acerca das
Escrituras e seu sentido real. Quando Ele esteve no deserto, citou as
Escrituras para se opor a Satanás, e quando este resolveu também invocar as
Escrituras, fê-lo de forma tendenciosa, procurando distorcer o sentido da
passagem citada, mas Jesus, conhecedor da Palavra, desarmou o tentador.
Satanás
mencionou o Salmo 91, versículos 11 e 12, querendo induzir Jesus a provar a
verdade da Palavra de Deus se expondo ao risco. Jesus sabia que a Palavra
citada por Satanás não tinha a conotação que ele estava procurando dar, e que
aquilo era uma manipulação que desagradava ao Pai.
Não é difícil
encontrar pessoas falando heresias, mentiras, distorções absurdas, e ainda
dizendo: “está na Bíblia!”. Versículos isolados das Escrituras, separados de seu contexto, são empregados
para formulação de doutrinas heréticas.
A Igreja
precisa se aprimorar no Ministério do Ensino, porque continuamente o tentador,
por meio de pessoas diversas, lança ensinamentos errados no meio do povo de
Deus. Vemos líderes religiosos usando a Palavra para disseminar heresias, para
induzir as pessoas ao erro, buscando proveito próprio, e infelizmente muitos
caem nessas ciladas, porque lhes falta conhecimento. O Pai disse que o Seu povo perece por falta de conhecimento (Oséias 4.6).
E esse
conhecimento deve ser firmado não apenas na leitura da Palavra, mas no
esvaziamento das ideias pessoais e na entrega ao Espírito Santo para que Ele
nos revele o real sentido do que estamos lendo e ouvindo. A Igreja deve ensinar
o que Jesus ensinou. Jesus é a chave para a compreensão das Escrituras. Toda a
Palavra de Deus deve ser interpretada conforme Jesus, pois Ele é a Palavra Viva
e Encarnada.
Como Igreja de
Cristo, devemos nos esmerar no ensino da Palavra, jamais procurando vantagens
pessoais ou conveniências, mas buscando a glória do Altíssimo e a condução das
pessoas ao verdadeiro Caminho.
2) PREGAÇÃO DO EVANGELHO (v. 23)
O ministério
de ensino se refere à explicação do sentido das Escrituras, o esclarecimento
sobre as doutrinas bíblicas, sem adulterações e sem a intenção de obter alguma
vantagem com isso.
Mas além de
ensinar, Jesus também pregou o Evangelho do Reino dos Céus.
A pregação do
Evangelho implica na apresentação do plano de redenção que Deus formulou para a
humanidade, para que houvesse a reconciliação, o restabelecimento da comunhão
perdida no Éden com o pecado dos primeiros humanos. Envolve o esclarecimento da
real condição do ser humano por causa do pecado, a sua condenação e a solução
para a sua salvação, qual seja, a vinda do Filho de Deus em figura humana, sua
morte e ressurreição.
Jesus outorgou
à Igreja a responsabilidade pelo anúncio das Boas Novas, quando disse, em
Marcos 18.15: “Ide por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura”. Se
a Igreja tiver a preocupação de ensinar as Escrituras, mas se omitir de
anunciar as Boas Novas, de apresentar Jesus aos pecadores, estará falhando em
sua missão e desobedecendo ao Senhor.
O Evangelho é
a mensagem central a ser pregada pela Igreja. Jesus não comissionou sua Igreja
a ensinar caminhos para a riqueza, para o sucesso, para conquistas materiais,
pelo contrário, o foco é o anúncio das Boas Novas, de que Deus estava em Cristo
se reconciliando com a humanidade, e oferece a vida eterna aos que creem na
mensagem do Evangelho.
A Igreja não
deve, jamais, deixar de falar do pecado, da condenação e da redenção que há em
Cristo. Jesus chamava os pecadores ao arrependimento. A Igreja primitiva da
mesma forma pregava a mensagem do arrependimento para remissão dos pecados, e
durante toda a sua existência é obrigação da Igreja anunciar aos pecadores que
é necessário que se arrependam de seus pecados e se reconciliem com Deus.
Paulo
enfatizou que esse é o nosso ministério:
“Ora,
tudo provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos
deu o ministério da reconciliação, a saber, que Deus estava em Cristo
reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas transgressões,
e nos confiou a palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em
nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. Em nome de Cristo,
pois, rogamos que vos reconcilieis com Deus.” (1Cor 5.18-20)
Como Igreja de
Cristo, devemos ter compromisso com o anúncio do Evangelho, testemunhando
diante de todos o que Cristo fez pela humanidade, vivendo de modo digno da
Palavra em que cremos, praticando os ensinamentos recebidos do Mestre.
A Igreja de
Cristo é formada pelos salvos. Cada um de nós compõe a Igreja. Portanto, a
responsabilidade pela pregação do Evangelho é nossa.
3) CURA (v. 23)
Durante seu
ministério terreno Jesus operou curas maravilhosas, libertou pessoas que
estavam aprisionadas pelo Maligno, e suas obras eram sinais de que nEle se
cumpriam as profecias dadas por Deus nas Escrituras sobre a vinda do Messias.
Pessoas
enfermas vinham a Jesus de todas as partes, e Ele as curava. Cegos voltavam a
enxergar, paralíticos andavam, leprosos eram purificados, endemoninhados eram
libertos, surdos voltavam a ouvir, mudos falavam...
O ministério
de cura foi outorgado por Jesus à sua Igreja, para que ela, assim como Ele,
promova a libertação dos cativos, abra os olhos aos cegos, leve a purificação
aos impuros, enfim, faça às pessoas tudo o que Jesus fez.
E como isso se
dará? É claro que por intermédio da Igreja Jesus continua operando milagres em meio
ao povo. Ele é o mesmo ontem, hoje e sempre, e Seu Poder não diminuiu. Pela
oração da Igreja pessoas ainda são curadas de enfermidades diversas, por mais
graves que sejam. Pessoas desenganadas por médicos encontram a cura quando
recorrem a Jesus, e quando a Igreja, cumprindo a sua missão, ora pelos
enfermos.
As curas
feitas por Jesus diziam respeito a males que atacavam o físico e a mente. Eram
curas reais para enfermidades reais, porém todas elas tinham um significado
espiritual que vai muito além da simples restauração do corpo.
A cura de
cegos, por exemplo, aponta para a abertura dos olhos daqueles que estão vagando
pelo mundo sem conseguirem enxergar o Caminho, que estão com os olhos vendados
pelo Maligno e não conseguem ver o quanto estão separados de Deus.
Os
paralíticos, por sua vez, simbolizam aqueles que estão como se suas pernas não
lhes permitissem ir no sentido do Caminho certo, e ficam estagnados onde o
Maligno deseja que permaneçam, sem que possam avançar rumo à luz do Eterno.
Os surdos
representam aqueles que estão com os ouvidos fechados à verdade, que caminham
sem conseguir ouvir a voz do Senhor.
Os mudos são
os que não conseguem louvar a Deus e adorá-lo, não podem confessar que Jesus
Cristo é o Senhor.
Os
endemoninhados estão sob o jugo de Satanás, são brinquedos em suas mãos.
As pessoas
enfermas da mente simbolizam os que têm uma verdadeira confusão mental, uma abundância
de ideias e pensamentos sobre diversos caminhos que lhes são apresentados, em
sua cabeça há uma salada de filosofias, crenças, vivem como se fossem loucos,
creem em várias coisas e não encontraram ainda a verdade.
Os leprosos
são os que estão cobertos pelo pecado, o que os torna impuros, inaceitáveis
diante de Deus.
Desta forma, a
missão da Igreja abrange, sim, a cura de males reais do corpo e da mente, mas
envolve principalmente a cura espiritual. Pelo anúncio do Evangelho, pela
apresentação do Caminho, os cegos devem enxergar sua real situação e a porta
que é colocada diante deles, o próprio Jesus; os paralíticos têm suas pernas fortalecidas
para que possam caminhar rumo à Luz e saltar de júbilo diante do Senhor; os
surdos passam a ouvir as maravilhas da Palavra de Deus; os mudos passam a glorificar ao Altíssimo com
seus lábios, professam que Jesus Cristo é o Senhor; os endemoninhados são
resgatados do império das trevas e são transportados ao Reino dos Céus; os
confusos reconhecem a Verdade e a abraçam com alegria; os leprosos são
purificados de seus pecados.
A Igreja tem a
responsabilidade de levar aos pecadores a cura, que é a pessoa de Jesus Cristo,
nosso Salvador, e para fazer isso precisa andar nos passos de Jesus, viver como
Ele viveu, ser fiel aos seus mandamentos e manter profunda comunhão com Ele,
confiando em Sua promessa: “Eis que estou convosco todos os dias até a
consumação do século” (Mt. 28.20).
CONCLUSÃO
Jesus Cristo
nos chamou para sermos seus discípulos, para andarmos conforme Ele andou e
fazermos o que Ele fez. E Ele disse: “Em verdade, em verdade vos digo que aquele
que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, por eu
vou para junto do Pai.” (João 14.12) Não quer dizer que vamos superar
Jesus em poder e obras, mas significa que o ministério de Jesus na terra foi
curto, de apenas três anos, porém a Igreja aqui permaneceu para dar
continuidade à Sua Obra, e a Igreja já tem cerca de 2000 anos de existência
neste mundo, portanto, num espaço de tempo muito maior é claro que será
possível alcançar mais pessoas do que em três anos.
Nós devemos
honrar nosso chamado e procurar cumprir nossa missão como Igreja de Cristo com
fidelidade, pois para isso fomos vocacionados e assim agindo glorificaremos ao
nosso Senhor e Salvador.
“Aquele,
entretanto, que guarda a sua palavra, nele, verdadeiramente, tem sido
aperfeiçoado o amor de Deus. Nisto sabemos que estamos nele: aquele que diz que
permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou.” (1Jo
2.5-6)
“Ide, portanto, fazei discípulos de todas
as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo;
ensinando-os a guardar todas as coisas que vos tenho ordenado. E eis que estou
convosco todos os dias até à consumação do século.” (Mt. 28.19-20)
José Vicente
12.01.2014
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