Texto base: Mateus 11.28-30
Durante seu ministério terreno,
Jesus foi procurado pelas multidões, por pessoas que almejavam libertação,
cura, atenção. Ele sabia que aquelas pessoas eram carentes e necessitavam da
sua palavra e de gestos amorosos de sua parte.
Jesus se dedicava a pregar a
Palavra a todos os que vinham a Ele, ministrava curas, procurava demonstrar às
pessoas que elas tinham valor. Jesus conhecia as necessidades das pessoas e não
as despedia sem antes agir em suas vidas para que experimentassem o Poder de
Deus.
Nos dias atuais vemos pessoas
esgotadas emocionalmente, depressivas, com problemas psíquicos, não suportando
a pressão que lhes é imposta. Pessoas que estão em busca de uma saída mas
acabam esbarrando em obstáculos criados pela sociedade em que estão inseridas,
pelos líderes a que estão sujeitas ou por crenças equivocadas que alimentam.
As palavras de Jesus no texto
lido se aplicam a todos aqueles que se encontram cansados, sobrecarregados, ou
seja, a todos os seres humanos, porque todos necessitamos do alívio que é
oferecido por Jesus. Ele chama os cansados e sobrecarregados para que venham
até Ele.
Podemos achar que Jesus estava se
referindo a dois grupos de pessoas, o grupo dos cansados e o dos sobrecarregados,
mas na verdade ele se dirige a um único grupo, formado pelas pessoas que estão cansadas
justamente porque se veem sobrecarregadas.
A Bíblia King James traz o versículo
28 da seguinte forma: “Vinde a mim todos os que estais cansados de
carregar suas pesadas cargas, e eu vos darei descanso.”
Consultando o dicionário,
constatamos que alguém sobrecarregado é quem está com excesso de carga.
Trata-se de quem tem um peso extra sobre seus ombros. É claro que a certa altura
o cansaço virá, pois a carga vai pesando cada vez mais, extenuando as forças físicas,
mentais e espirituais. Experimente fazer uma caminhada carregando uma mochila nas
costas. Ainda que dentro dela haja algo com meio quilo, depois de certo tempo estará
parecendo que tem cinquenta quilos, e o cansaço virá com maior intensidade do que
se não houvesse a mochila.
Várias coisas podem ocasionar uma
sobrecarga na vida de uma pessoa. Tentaremos falar sobre algumas delas:
1)
FATORES
DE SOBRECARGA E CANSAÇO
a)
Religiosidade:
as pessoas desejam ter uma vida espiritual saudável, ter comunhão com Deus, mas
muitas vezes acabam sendo submetidas a uma religiosidade inútil, que apenas vai
minando suas forças e não as leva a uma espiritualidade satisfatória.
No texto em questão, as pessoas estavam
sobrecarregadas com as muitas regras religiosas criadas pelos líderes judaicos.
Não se tratava da Lei de Deus, porque esta, como diz a Escritura, não é um
peso, todavia os doutores da Lei, fariseus, saduceus, criaram todo um sistema
de normas que tinham que ser cumpridas pelo povo. Eles vinculavam suas
tradições, suas regras, à Lei de Deus, de maneira que acabava parecendo que a
Lei era pesada.
Os judeus viviam sobrecarregados com uma
vida repleta de regras que extrapolavam aos Mandamentos de Deus. Em Atos 15
vemos os apóstolos e presbíteros reunidos para tratarem do assunto, e Pedro foi
sincero ao dizer que não deveriam por sobre a cerviz dos discípulos um jugo que nem mesmo eles e seus pais
puderam suportar (At 15.10).
Ainda hoje, muitas pessoas estão
sobrecarregadas com regras religiosas, normas criadas por homens e que não
representam a Palavra de Deus. Criam-se regras sobre roupas, comidas, cabelos,
exige-se do cristão que ele seja uma pessoa que ele não é, criam-se campanhas
para obter algo de Deus, estipulam-se comportamentos e atos que não estão
previstos na Bíblia, enfim, as pessoas são levadas a uma vida de cumprimento de
regras, pensando com isto agradar a Deus, e isso vai se tornando um peso sobre
seus ombros, de maneira que muitos desistem no meio do caminho e não querem
mais ouvir falar em Igreja.
b)
Pecado:
o pecado também se constitui em algo que sobrecarrega o pecador quando não há
confissão e arrependimento, ou quando o pecador tenta pagar pelo pecado com
seus esforços pessoais.
Nos dias de Jesus havia a necessidade de
oferecer sacrifícios para purificação do pecado, e até nisso os homens desprovidos
de verdadeira comunhão com Deus obtinham lucros, pois instituíram um comércio
de animais para serem oferecidos em sacrifício pelos que vinham adorar a Deus
no Templo.
Nos dias atuais ainda há muitas pessoas
que vivem sobrecarregadas pelo pecado. Muitas lutam para vencê-lo, mas não
possuem força suficiente para isso, e, por vezes, acabam se entregando. Outras
vivem tentando compensar seus pecados com a prática de atos considerados como
sacrifícios a Deus, como a prática de penitências, de boas obras, de uma
religiosidade vazia e desprovida da ação do Espírito Santo.
Essas pessoas a cada dia se
sobrecarregam com o pecado, pois não conseguem se livrar dele.
Há os que fazem, equivocadamente, diferenciação
entre pecados, achando que há uns mais inofensivos e outros maiores, e que somente
os “grandes” é que precisam de confissão e arrependimento, assim, vão acumulando
“pequenos” pecados, e quando percebem estão sobrecarregados, sua mochila está repleta
de pecados e o peso é cada vez maior, minando as forças espirituais.
c)
Sentimentos
negativos: diversos sentimentos podem gerar uma sobrecarga, afetando
profundamente a vida de quem os carrega. Sentimentos como culpa, mágoa, ódio, inveja, complexo de inferioridade, soberba, etc.
O sentimento de culpa é um dos maiores
pesos que uma pessoa pode carregar sobre si. O povo judeu daquela época era
levado a sentir culpa por não conseguir cumprir as regras impostas pelos
líderes religiosos. Também sentiam o enorme peso da culpa por seus pecados. Os
líderes somente sabiam apontar os erros das pessoas e, com isto, levavam-nas a
se sentirem cada vez mais culpadas.
A mágoa é um sentimento
que vai minando as forças de quem a nutre. Trata-se da falta de liberar perdão
a quem errou, e de pedir perdão a alguém com quem se cometeu um erro.
O ódio instila veneno constante no
coração de quem o alimenta.
A inveja leva a desejar o mal ao próximo
e a deixar de viver a própria vida para tentar viver a vida do outro.
O complexo de inferioridade leva a pessoa
a se considerar menor do que todos, sem valor, sem méritos, sem perspectivas,
sem possibilidade inclusive de ser amada por Deus.
A soberba leva ao autoengano e ao
afastamento em relação a Deus, pois Ele resiste aos soberbos.
Esse e muitos outros sentimentos se
constituem em cargas excessivas que diversas pessoas carregam sobre seus ombros
dia após dia.
d)
As lutas
da vida: Outra coisa que mina nossas forças é o fato de enfrentarmos lutas
em nossa vida. O que provoca o cansaço não é a luta em si, mas nossa tentativa
de lutarmos sozinhos, julgando que podemos vencer.
Dia a dia nos deparamos com desafios,
adversidades, perseguições, enfermidades, tragédias, etc. Algumas vezes
caminhamos bem, conseguimos resistir e obter poucas vitórias. Mas à medida em
que as lutas vão se avolumando, percebemos que não somos fortes o suficiente
para continuarmos lutando sozinhos. E mesmo recorrendo à ajuda de outras
pessoas, há lutas que são só nossas e nos levam à exaustão.
2)
JESUS
É A SOLUÇÃO
Quem está sobrecarregado e cansado
é tentado a pensar que não há mais solução. Existem pessoas que, em certa
altura, não conseguindo enxergar saída à sua situação, optam por deixar de
viver. Outras preferem partir em busca de soluções em diversas crenças humanas,
na ciência, na filosofia, e acabam não chegando ao conhecimento da Verdade.
Para todos os que estão cansados
e sobrecarregados, porém, Jesus diz: “Vinde a mim”, e faz uma promessa: “Eu vos
aliviarei”. Sim, Jesus é a solução para pessoas que já estão desfalecendo pelo
caminho, que não conseguem encontrar paz, descanso, alívio. Que olham em volta
e não encontram uma porta.
Jesus nos convida a tomar o seu
jugo e aprender dele, que tem mansidão e humildade. Jesus é o oposto dos
líderes judaicos daquela época e também de muitos líderes religiosos dos dias
atuais. Enquanto tais líderes jogam sobre o povo cargas extras, Jesus se
oferece para tomar essas cargas para si, e nos oferece o seu fardo, que é leve
e suave.
Enquanto os adeptos da
religiosidade vazia empurram regras e mais regras sobre as pessoas, Jesus
convida a amar a Deus e ao próximo, e com isto ter-se-á cumprido toda a Lei.
A mansidão de Jesus o leva a ter
paciência conosco, pois é conhecedor de nossas fraquezas e não veio para nos
destruir ou julgar, mas para nos resgatar do império do pecado, para nos
libertar da religiosidade vazia, que não conduz a Deus, e para nos dar a Vida
Eterna com o Pai.
No versículo 27 Jesus diz que “ninguém
conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o Filho e aquele a
quem o Filho o quiser revelar”.
Jesus revela o Pai a quem atende
à sua voz e vai a Ele, e essa revelação mostra o Deus que é amor, e não o Deus
duro e impiedoso que os líderes judaicos apresentavam ao povo naquele tempo,
nem o Deus tirano ou Deus de barganhas que é apresentado hoje por muitos
líderes cristãos. É um Deus que quer salvar, e não destruir. Que quer dar vida,
e não condenar à morte. Que está bem próximo, e não distante e inalcançável.
Jesus afirma que quem for a Ele
encontrará descanso. Ele se identifica com o Pastor referido no Salmo 23.1-2: “O
SENHOR é o meu pastor; nada me faltará. Ele me faz repousar em pastos
verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso”.
Ele se identifica também com a
pessoa de Deus descrita em Isaias 40.29-31: “Faz forte ao cansado e
multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens se cansam e se
fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no SENHOR renovam as
suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não
se fatigam.”
O jugo que Jesus nos dá é leve e
suave, porque Ele tomou sobre si todo o peso, todo o nosso pecado, nossas
culpas, a condenação que havia, e nos oferece a possibilidade de vivermos em
aliança com Deus, servindo ao Senhor com liberdade e alegria, livres do que
poderia embaraçar nossa caminhada, aptos a experimentar o amor de Deus em sua
plenitude e vivermos em fidelidade ao Pai.
Jesus é o nosso Descanso. NEle
cessam nossas tentativas de nos justificarmos diante de Deus, pois Ele nos
justificou com sua morte na cruz. “Justificados, pois, mediante a fé, temos
paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.” (Rm. 5.1)
Em Jesus cessam nossos esforços
inúteis de tentarmos pagar por nossos pecados, pois Ele pagou por nós. “Carregando
ele mesmo em seu corpo, sobre o madeiro, os nossos pecados, para que nós,
mortos para os pecados, vivamos para a justiça; por suas chagas, fostes
sarados.” (1 Pe 2.24)
Jesus toma nosso jugo sobre si e passa
a caminhar conosco. Nossas lutas passam a ser lutas dele. Nosso real valor é revelado,
pois passamos a ser filhos do Altíssimo. Tudo o que nos sobrecarregava e
cansava agora está nas mãos de Cristo, e Ele apenas requer que caminhemos com
Ele em fé e fidelidade, observando Seus mandamentos, que não são pesados.
CONCLUSÃO
Não continuemos lutando sozinhos,
ou ficaremos sobrecarregados e cansados, e acabaremos desistindo.
Entreguemos a Jesus nossas vidas,
nossas lutas, nossas famílias, nossos pecados, nossas fraquezas, nossas culpas.
Desistamos da justiça própria e passemos a viver plenamente em Cristo, porque
nEle temos vida verdadeira, e nEle podemos todas as coisas, porque Ele é quem
nos sustenta e conduz em vitória.
“Entrega o teu caminho ao SENHOR,
confia nele, e o mais ele fará.” (Salmo 37.5)
José Vicente
11.08.2013
Muito bom!!!! Deus continue abençoando!!!
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