Base: Mateus 10.1-4
Jesus Cristo
veio ao mundo com uma missão bem definida, e a cumpriu cabalmente, não restando
nada a ser feito em termos de oferta pelo pecado, já que o Cordeiro de Deus foi
imolado na cruz a fim de redimir todos os que nEle creem. Jesus se mostrou ser
o Único Caminho para a reconciliação com Deus, e por meio de Sua morte e
ressurreição Ele nos proporcionou a Vida Eterna.
A fé cristã se
alicerça nessa verdade, todavia, para que essa Boa Nova chegasse a todos os
lugares do planeta, Cristo deixou na terra a Sua Igreja, composta por todos os
que nEle creem e que O tem como Senhor e Salvador.
Essa Igreja é
formada pelos que foram chamados por Cristo para serem Seus embaixadores, os
proclamadores do Reino, aqueles que têm a responsabilidade de dizer a todos que
Jesus morreu e ressuscitou para nos dar a salvação, e um dia voltará para
buscar a Sua Igreja, assim como para julgar os vivos e os mortos, cientes de
que todos os que rejeitam o Cristo receberão sobre si a condenação por sua vida
de pecados e rebeldia.
Analisando o
texto bíblico, porém, percebemos que Jesus, ao escolher aqueles que levarão o
Evangelho adiante, não se preocupa em chamar pessoas grandemente instruídas nem
de destaque na sociedade. As escolhas de Jesus surpreendem a todos, pois Ele
não olha para os seres humanos como nós olhamos, Ele não busca pessoas
extremamente capacitadas, mas vislumbra corações aptos a serem trabalhados para
que o Poder de Deus seja manifesto.
A passagem que
lemos nos traz algumas lições importantes, que devem estar fixas em nossa
mente, porque também nós somos chamados, a exemplo daqueles homens, para
anunciarmos as Boas Novas, e embora não nos sintamos capacitados, a Palavra nos
mostra que devemos nos dispor e obedecer, porque quem nos capacita é Cristo.
Vamos ver
alguns pontos relevantes do texto bíblico.
1) Jesus chama pessoas improváveis
Os discípulos
de Cristo não eram pessoas diferenciadas, pelo contrário, eram homens comuns, a
maioria tinha pouca instrução, e seus temperamentos eram variados. Não havia
nada especial naqueles homens, e provavelmente eles não seriam considerados
como boas opções de líderes, de prosseguidores da Obra do Filho de Deus.
Os homens
chamados por Jesus para serem seus discípulos e apóstolos tinham defeitos como
qualquer ser humano. Eles não eram pessoas influentes na sociedade, não
ostentavam títulos ou qualquer poder.
Pedro era
impulsivo, ambíguo – tinha fé, mas ao mesmo tempo fraquejava; era corajoso, mas
ao mesmo tempo tinha medo -; afirmou que morreria por Jesus, mas o negou quando
Ele foi preso, e depois se arrependeu amargamente.
Tiago e João
eram bem dispostos, mas cogitavam ter a primazia entre os demais, causando mal
estar e levando Jesus a adverti-los. Em certa ocasião propuseram a Jesus usar o
poder celestial para trazer o mal a uma aldeia por vingança, pois tinham se
recusado a receber o Mestre, precisando ser repreendidos por Jesus (Lucas
9.54).
Tomé era um
homem que precisava de provas para acreditar. Quando Jesus ressuscitou, Tomé não
acreditou no testemunho dos demais discípulos, afirmando que somente creria se
visse Jesus e tocasse em seus ferimentos.
Mateus era um
coletor de impostos, e como todo publicano, não era bem visto pelo povo, pois
geralmente os coletores exigiam mais do que era devido, defraudando as pessoas.
A maioria dos discípulos
chamados eram pescadores. Não havia doutores em teologia. Jesus não escolheu
escribas nem mestres, mas pessoas comuns, improváveis, sem maiores
qualificações, e de quem não se poderia esperar muita coisa. Eram diferentes
uns dos outros, com opiniões e atitudes distintas.
Da mesma forma
Jesus continua agindo hoje. Ele escolhe e chama pessoas como nós, que não temos
grandes atrativos como seres humanos, somos pessoas comuns. Nós que temos
falhas, medos, pecados, temos dificuldades com nossos temperamentos, somos
infiéis, mentirosos, não confiáveis, desprovidos de grandes conhecimentos sobre
Deus e Seu Reino.
E mesmo que
tenhamos algum título que as pessoas valorizem, isso não é considerado por
Cristo, pois diante dEle todos somos iguais. Depois de sua ressurreição, Cristo
vocacionou Paulo para ser apóstolo. Paulo era um homem culto, um doutor da Lei,
todavia ele mesmo testificou em suas cartas que o seu conhecimento anterior ao
encontro com Cristo era considerado refugo, e que somente depois que sua vida
foi entregue a Cristo é que ele soube o que era o verdadeiro conhecimento, a
verdadeira sabedoria e a verdadeira riqueza.
Os títulos
humanos não são nada para Cristo. Diante dEle todos são pecadores e necessitam
desesperadamente da Graça Salvadora.
Mas muitos
acham que possuir títulos, posição social, é algo relevante para ser usado por
Deus. Ora, para ser instrumentos de Deus não somos escolhidos por nossas
prerrogativas ou qualificações, e Jesus mostrou exatamente isto ao escolher um
grupo de homens que não tinham status nem
eram notáveis, antes, eram comuns.
Jesus usa
pessoas imperfeitas.
2) Jesus conhece a quem Ele chama
Jesus não chamou pessoas sem saber de
suas características. Ela sabia quem era cada um dos escolhidos. Jesus conhecia
o caráter de Pedro, Tiago, João, Filipe, Bartolomeu e todos os demais que Ele
chamou para serem seus discípulos e apóstolos.
Jesus não foi surpreendido com as
atitudes dos que Ele chamou. Ele não ficou perplexo diante da negativa de
Pedro, muito menos diante dos arroubos de fidelidade desse mesmo Pedro.
Dentre os discípulos, um não estava
comprometido com o Reino de Deus da forma que Jesus veio ensinar, mas pensava
em um reino político, tinha pretensões opostas ao que o Mestre pregava, e isso
o levou a entregar Jesus aos que queriam prendê-lO e matá-lO. Judas fazia parte
do grupo de discípulos, mas foi o traidor. Ele não estava imbuído da mesma
mentalidade dos demais. Há uma passagem em que Judas é chamado de ladrão,
porque retirava valores da bolsa de ofertas coletadas (João 12.4-6).
Porém Jesus não foi surpreendido com a
atitude de Judas, porque Ele o conhecia e sabia exatamente o que Judas faria.
Cada um de nós é ampla e profundamente
conhecido por Jesus. Ele sabe o que se passa em nosso coração, conhece nossos
medos, nossas dúvidas, nossas fraquezas, nossos anseios, nossos dramas, nossos
traumas.
Nós não surpreendemos Jesus com nossas
atitudes, com nossos momentos de recuo, com as recaídas em algum pecado. Não há
nada em nosso ser que seja desconhecido por Jesus. Nada oculto, ainda que no
mais íntimo do nosso ser, que esteja encoberto aos olhos dEle. Ele sabe se
somos como Pedro ou como Judas.
Por vezes as pessoas se mostram
temerosas de desenvolver algum trabalho na Igreja porque não se consideram
capazes nem dignas. Há pessoas que pensam que talvez Jesus não saiba de algum
defeito escondido que possuem, e que se Ele soubesse elas seriam rejeitadas.
O Salmo 139 se aplica como uma luva
aqui, pois revela o amplo conhecimento de Deus sobre cada um de nós, até mesmo
em áreas escondidas, que a ninguém revelamos.
Em João 1.43-51 temos a passagem em que
Filipe leva seu irmão Natanael até Jesus, e o Mestre, assim que o vê, afirma: “Eis um verdadeiro israelita, em quem não
há dolo!”. Natanael ficou perturbado e Jesus disse: “Antes de Filipe te chamar, eu te vi, quando estavas debaixo da
figueira”. A reação de Natanael mostra que Jesus estava falando de algo que
provavelmente ninguém sabia, o que demonstra o conhecimento que Jesus tinha de
Natanael antes mesmo deste lhe ser apresentado.
Jesus não se engana conosco.
3) Jesus transforma a quem Ele chama
Os homens
escolhidos por Jesus passaram três anos caminhando com Ele, sendo instruídos e
conhecendo mais a fundo os valores do Reino.
E enquanto
caminhavam com Cristo, eram transformados. Homens temerosos se transformaram em
ousados pregadores das Boas Novas. Homens infiéis, que fugiram quando Jesus foi
entregue para ser morto, se tornaram testemunhas fiéis de Cristo, morrendo por
Ele. Homens com pouca instrução foram feitos pregadores audaciosos, capazes de
falar com sabedoria e intrepidez até mesmo diante de autoridades.
Jesus
trabalhou o temperamento daqueles homens.
Jesus os
chamou como eram, mas não os deixou daquele jeito, pois não poderiam ser
instrumentos de Deus sem que fossem antes transformados em novos homens.
Da mesma
forma, Jesus nos chama no estado em que nos encontramos, mas Ele quer nos usar
como instrumentos para a glória de Deus, como embaixadores do Reino, e para
isto Ele molda nosso caráter, age em nossas fraquezas, em nossos medos, envia o
Seu Espírito Santo para nos instruir e transformar.
Todos nós, que
fomos chamados por Cristo para sermos Suas testemunhas, precisamos ser
lapidados. Devemos caminhar com Cristo, aprender dia a dia a nos conhecermos
mais, e a conhecermos profundamente o nosso Senhor, submetendo-nos à ação do
Espírito Santo.
Cristo quer
fazer de nós instrumentos úteis ao Reino de Deus. Ele quer que nos esvaziemos
de nós mesmos para sermos cheios do Espírito Santo. Ele quer que nossa
caminhada seja acompanhada da manifestação do Poder de Deus, levando vida onde
estivermos, assim como o fizeram aqueles que Ele vocacionou no início da
Igreja.
Os apóstolos
foram os homens que deram prosseguimento à obra de Cristo na terra, levando a
Igreja a crescer e se espalhar por todo o mundo, mas só conseguiram isso porque
foram profundamente transformados pelo poder de Deus e viram o caráter de
Cristo ser formado e fortalecido neles a cada dia.
Assim também
nós, que hoje somos chamados por Cristo para sermos Seus embaixadores, necessitamos
passar pela completa transformação de nosso ser, com o caráter de Cristo sendo
moldado em nós, de maneira que possamos efetivamente ser utilizados como
instrumentos de honra na Casa do Altíssimo, jamais trazendo vergonha ao Nome de
Deus, mas trabalhando para engrandecê-lO cada vez mais entre as nações.
Os doze
apóstolos de Cristo – exceto Judas, que tinha outra finalidade – transformaram
o mundo por meio da pregação do Evangelho, anunciando a Cristo. E nós, feitos
embaixadores de Cristo, somos transformados dia a dia para que o mundo conheça
a Cristo por meio de nós.
Jesus nos faz
novas criaturas.
CONCLUSÃO
A obra de
Cristo não terminou, e a cada dia ele comissiona mais pessoas para que deem
prosseguimento a esse trabalho, anunciando a morte e ressurreição do Filho de
Deus, e a sua volta futura, quando então fará separação entre o joio e o trigo,
lançando fora todo aquele que rejeitar a Palavra da Fé, que não O reconhecer
como Senhor e Salvador, que se mantiver em inimizade contra Deus.
Para isto,
Jesus continua chamando pessoas comuns, cujos defeitos são por Ele conhecidos,
e que serão por Ele transformadas profundamente, a fim de que se tornem
instrumentos do poder de Deus e glorifiquem ao Altíssimo.
Ouvindo a voz
de Cristo respondamos afirmativamente, e nos submetamos sempre ao Seu senhorio,
porque Ele deseja demonstrar, por meio de nossas vidas, o Seu imenso amor ao
ser humano e a oportunidade oferecida de reconciliação com Deus.
“Esquadrinhas
o meu andar e o meu deitar, e conheces todos os meus caminhos. Ainda a palavra
me não chegou à língua, e tu, SENHOR, já a conheces toda.” (Salmo
139.3-4)
“Sonda-me,
ó Deus, e conhece o meu coração, e prova-me e conhece os meus pensamentos; vê
se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho eterno.” (Salmo
139.23-24)
Que o Cristo
nos faça compreender a importância do nosso chamado, e nos capacite para sermos
instrumentos de glorificação de Deus.
José Vicente
24.04.2016
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