quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

JUSTIÇA: UMA MARCA DO CRISTÃO

"Eis a Rocha! Suas obras são perfeitas, porque todos os seus caminhos são juízo; Deus é fidelidade, e não há nele injustiça; é justo e reto." (Deuteronômio 32:4)

Em outra postagem (A IGREJA E A JUSTIÇA SOCIAL) falei sobre a justiça, abordando seus três aspectos, mas me detendo um pouco mais na justiça social. Gostaria de falar, então, da justiça como uma marca do cristão, daquele que serve a Deus, citando alguns textos bíblicos onde poderemos constatar que se trata de uma exigência para a vida de quem se diz filho de Deus.

O nosso padrão de justiça é elevado e, por vezes, quase impossível de alcançar, pois é exatamente o padrão de Deus. No texto bíblico acima transcrito, vemos que Deus é justo e reto. Ora, Ele requer de nós que O imitemos nessas qualidades, que sejamos justos e retos, e que não haja em nós nenhuma injustiça.

Logo no início da história bíblica vamos encontrar o exemplo de um homem que foi considerado justo e íntegro, Noé, conforme está escrito em Gênesis 6:9 ("Eis a história de Noé. Noé era homem justo e íntegro entre os seus contemporâneos; Noé andava com Deus"). Assim, por cultivar virtudes que vêm de Deus, Noé se destacou dentre uma geração corrompida e foi escolhido para ser salvo, juntamente com sua família, do dilúvio que estava por vir.
Observe-se que sempre se está abordando os três aspectos da justiça: legal, moral e social. Noé cumpria a vontade de Deus (legal), vivia em integridade e retidão (moral) e procurava socorrer os necessitados (material e espiritualmente), visto que, na iminência do dilúvio, ele se preocupou com as pessoas que pereceriam, procurando avisá-las, embora tenha sido ignorado (justiça social).

Deus deixou muito claro em Sua Palavra qual deve ser a conduta de Seus filhos:

"Não torcerás a justiça, não farás acepção de pessoas, nem tomarás suborno; porquanto o suborno cega os olhos dos sábios e subverte a causa dos justos." (Deuteronômio 16:19)

Pois bem. O panorama que se abre diante de nossos olhos hoje é totalmente contrário aos preceitos bíblicos. Vemos exatamente o oposto sendo realizado. A justiça é torcida de forma que os interesses econômicos e políticos sejam privilegiados, enquanto os menos favorecidos são oprimidos com a supressão da justiça. Faz-se acepção de pessoas em todos os níveis, em todos os setores, em todos os lugares. O Poder Judiciário faz acepção de pessoas, olhando a quem dirige seus julgamentos, sendo poucos os magistrados que conseguem se manter imparciais. O perverso é considerado justo, e o justo é esmagado ("o que justifica o perverso e o que condena o justo abomináveis são para o SENHOR, tanto um como o outro", Provérbios 17:15) Nas Igrejas se vê acepção de pessoas. A sociedade faz acepção de pessoas. É um mal crônico que tem acometido a todos.

"Informa-se o justo da causa dos pobres, mas o perverso de nada disso quer saber." (Provérbios 29:7)

Todos os dias ficamos sabendo das notícias de suborno, e da impunidade quanto a quem está envolvido em tal prática. Assim, o direito é torcido em favor de quem dá mais, recursos financeiros que deveriam suprir necessidades básicas da população são embolsados por uns poucos espertalhões, políticos são flagrados com dinheiro de suborno nas meias, na cueca e sabe-se lá onde mais esconderão o resultado de suas pilantragens.

Não há necessidade de irmos longe para vermos a desobediência dos homens aos preceitos de Deus. Aquele dinheirinho deixado no meio do documento do carro, que o policial rodoviário toma para si (uma simples oferta para sua omissão), é suborno. Aquela pequena quantia dada do funcionário público para agilizar o trâmite de algum processo administrativo ou para emissão de um simples documento, é suborno. Qualquer valor pago "por fora" a quem tem o dever de fazer algo é suborno. Aqueles agrados feitos a autoridades, sempre visando à obtenção de um olhar mais favorável, é suborno.

Quantas pessoas, para fugirem do imposto de renda, compram recibos de despesas que nunca tiveram, e o fazem com a maior naturalidade! Quantas mentiras são contadas para fugir de responsabilidades! Quantos votos são vendidos em épocas de eleição! E quantos são comprados! Corruptores e corrompidos não se envergonham do que fazem, tudo é normal.

Pessoas que deveriam cuidar das crianças praticam abusos contra elas. Esmolas são dadas com intenções outras que não a de simplesmente ajudar necessitados. Pessoas são enganadas, utilizando-se a fé como instrumento de manobra e controle de massas, para captação de recursos financeiros que darão excelente condição aos manipuladores, que se dizem pastores, bispos, apóstolos e coisas afins. A cultura do vale tudo está cada dia mais forte, inclusive entre os cristãos.

"Melhor é o pouco, havendo justiça, do que grandes rendimentos com injustiça." (Provérbios 16:8)

Onde está o homem justo nos nossos dias? Onde está o que vive com integridade e retidão?

"Como está escrito: Não há justo, nem um sequer, não há quem entenda, não há quem busque a Deus; todos se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem um sequer." (Romanos 3:10-12)

Meditemos nisto, e mudemos nosso proceder enquanto há tempo. Busquemos a justiça, vivamos com integridade e retidão, pois vem se aproximando o Dia em que o SENHOR exercerá a Sua justiça, e esta não falha, antes, é perfeita, e não está sujeita a suborno.

Em Cristo, que nos justificou com Seu sangue, mas requer de nós a prática da justiça como marca de Sua propriedade.

José Vicente
06.01.2010

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