domingo, 17 de abril de 2016

NÓS SOMOS A LUZ DO MUNDO?




Texto base: Mateus 5.14-16



Na passagem lida, Jesus estava proferindo o conhecido Sermão do Monte, por meio do qual ensinou às pessoas quais eram as características de um cidadão dos céus. Trata-se de uma sequência de ensinamentos preciosos e profundos, que tinham como finalidade conscientizar os ouvintes de que sua fé deveria ser acompanhada de sinais externos que referendassem essa fé, de maneira que não bastava dizer “eu creio”, mas seria necessário demonstrar que isso era uma realidade no dia a dia.
Após falar sobre as bem-aventuranças, Jesus afirmou que seus discípulos são o sal da terra, estimulando-os a cumprirem sua função de preservar este mundo, não permitindo que a corrupção e a maldade se alastrassem.
Chegamos, então, ao texto lido, onde Jesus usa a figura da luz para apontar outras características que devem estar presentes em seus discípulos.
A mensagem transmitida por Jesus na ocasião não ficou restrita àqueles discípulos que o ouviam, mas se estende a todos quantos creram nEle e se tornaram também seus discípulos no decorrer dos anos, ou seja, é aplicável a nós, Igreja de Cristo, que hoje temos a responsabilidade de prosseguir sendo testemunhas do Senhor diante de um mundo caído.
Vamos analisar alguns ensinamentos de Jesus nessa passagem.

1.       Temos uma grande responsabilidade (v. 1)
Jesus começa dizendo: “vós sois a luz do mundo”.
Essa fala de Jesus aparenta alguma contradição em relação ao que as Escrituras falam sobre a luz do mundo, afinal, a Bíblia apresenta a Jesus Cristo como sendo a luz, enquanto Ele afirma que nós, seus discípulos, somos a luz do mundo.
No capítulo anterior (4), Mateus, referindo-se à pessoa de Jesus, faz menção ao profeta Isaías, citando a seguinte profecia: “O povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da morte resplandeceu-lhes a luz.”
João, ao escrever o Evangelho, assim se referiu a Jesus: “A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela. Houve um homem enviado por Deus cujo nome era João. Este veio como testemunha para que testificasse a respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. Ele não era a luz, mas veio para que testificasse da luz, a saber, a verdadeira luz, que, vinda ao mundo, ilumina a todo homem.” (João 1.4-9)
E Jesus, falando acerca de si mesmo, assim afirmou: “Eu sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a luz da vida.” (João 8.12)
Ora, se a Bíblia afirma claramente que Jesus é a luz do mundo, e Ele próprio assim o disse, como pode Jesus ter dito que seus discípulos são a luz do mundo? Isso não parece contraditório?
Na verdade, não há contradição nenhuma na afirmação de Jesus. Ele, de fato, é a luz do mundo, que veio para dissipar as trevas e salvar os que andavam perdidos, sem rumo, não enxergando o caminho por onde iam nem o destino a que chegariam.
Acontece que nós, como discípulos de Cristo, temos sobre nós uma responsabilidade que não é nem um pouco pequena: nós devemos ser imitadores de Cristo.
Jesus declarou que o discípulo deve ser como o seu mestre (Mt. 10.25), e João escreveu que “aquele que diz que permanece nele, esse deve também andar assim como ele andou” (1Jo 2.6).
Quando Jesus declara que nós somos a luz do mundo, Ele não está afirmando que temos brilho próprio e que podemos, por nós mesmos, fazer algo capaz de transformar as pessoas. Ele ensina que, sendo Ele a Luz, e nós os seus discípulos, temos a responsabilidade de viver de tal forma que o brilho de Cristo em nós seja notado, ou seja, devemos refletir a verdadeira luz.
Antes que isso possa nos fazer sentir envaidecidos, convém esclarecer que o intuito de Jesus não é despertar esse tipo de sentimento em nós, pelo contrário, a afirmação feita por Ele deve nos levar à humildade e ao quebrantamento, posto que se trata de uma grande responsabilidade, já que temos que viver de maneira a imitar nosso  Mestre.
Jesus é a verdadeira luz do mundo, e nós, como seus discípulos, temos a incumbência de continuar a obra que Ele fez na terra. Nós somos seus sucessores na missão de pregar o Evangelho e levar os seres humanos a conhecerem o Deus Altíssimo.
A luz dissipa as trevas. Onde não há luz, não se enxerga o caminho e é muito fácil se perder, cair, ir rumo a um destino de infelicidade.
Jesus exige de nós nada menos do que Ele próprio fez enquanto esteve aqui: iluminarmos o mundo, trazendo vida nova às pessoas. Quando Ele diz: “vós sois a luz do mundo”, está dizendo: “vós tendes a incumbência de ser como Eu”.
E esta é uma grande responsabilidade.

sábado, 16 de abril de 2016

JESUS, O NOSSO EXEMPLO



JOÃO 13.12-20

Quando lemos a Bíblia, encontramos diversos personagens que chamam nossa atenção porque, em algum momento de suas vidas, fizeram a diferença e demonstraram que a fé em Deus é essencial ao ser humano.

São pessoas que, pela fé, superaram fraquezas, adversidades, exércitos, provocaram uma revolução na sociedade em que viviam, enfim, foram instrumentos de Deus para realização de coisas maravilhosas. Vários são citados em Hebreus 11 para demonstrar que a fé é o elemento vital no relacionamento com Deus.

Analisando os diversos personagens trazidos pela Bíblia, cabe uma pergunte: quem é o seu exemplo? Que personagem bíblico você gostaria de imitar? Abraão, Moisés, Davi, Sara, Rebeca, Elias, Eliseu, Paulo, João, Pedro, Jacó, Isaque...

Essas pessoas e muitas outras foram verdadeiramente instrumentos de Deus para a concretização de Seus projetos. A história de José, filho de Jacó, por exemplo, é muito linda e cheia de ensinamentos. Um jovem amado pelo pai, que tinha visões da parte de Deus e ainda não compreendia bem o significado, que foi odiado pelos irmãos ciumentos, vendido por eles como escravo, levado ao Egito, um lugar estranho e repleto de deuses pagãos, preso injustamente, acabou sendo elevado à condição de governador do Egito, e Deus o usou como instrumento para salvar não apenas a nação egípcia, mas principalmente o povo de Israel.

É tentador dizer “eu gostaria de ser como José”, ou “... como Davi”, ou ainda “... como Abraão”, etc, mas será que é esse o propósito de Deus para nós?

Na verdade, nenhuma dessas pessoas deve ser tomada como modelo ou padrão a ser seguido. Não temos que almejar ser como Davi ou Abraão ou qualquer outro personagem bíblico, porque todos eles eram como nós, humanos falhos e carecedores da Graça de Deus.

Davi foi um homem segundo o coração de Deus. Ele passou da condição de simples pastor de ovelhas à de maior rei de Israel. Ampliou o reino israelita, venceu exércitos poderosos, com sua fé foi um instrumento valioso nas mãos de Deus. Ele foi realmente um homem que manteve intimidade com o Todo Poderoso. Todavia, Davi tinha em suas mãos muito sangue, era um homem de guerra. Deus o impediu de construir o Templo justamente por ter sido um homem sanguinário:

“Porém Deus me disse: Não edificarás casa ao meu nome, porque és homem de guerra, e derramaste muito sangue.” (1 Cr 28.3)

Davi cometeu adultério, providenciou a morte do marido de Bate-Seba, foi um pai omisso em momentos que deveria ter imposto uma disciplina a seus filhos, enfim, sua humanidade era igual à nossa. Ele teve qualidades, mas também apresentou muitos defeitos. É possível que conheçamos pessoas cristãs que, em termos de conduta, sejam até melhores do que Davi.

Abraão foi chamado o pai da fé, amigo de Deus (Tg 2.23), a ele foi feita a promessa de Deus de ter uma descendência abençoada e em quem seriam abençoadas todas as famílias da terra. Mas era humano como nós, cometeu erros, mentiu, tentou dar uma ajuda para Deus no cumprimento da promessa de ser pai, gerando um grande problema com o nascimento de Ismael, problema este que permanece até hoje.

Elias foi um profeta em quem o poder de Deus se manifestou intensamente, foi responsável pela morte de 450 profetas de Baal (1 Reis 18), era um homem cuja fé o impelia a atos de coragem, entretanto, quando ameaçado por Jesabel, fugiu e entrou em depressão.

Enfim, todos os personagens bíblicos, conquanto tenham manifestado virtudes dignas de elogios, também cometeram erros e pecaram como qualquer um de nós. Assim, é óbvio que não faz sentido querer imitar quem é como nós.

O propósito de Deus para o seu povo é mais ousado: Ele quer que sejamos imitadores de Cristo. Sim, o Filho de Deus é o nosso modelo, é nos passos dEle que devemos andar, conforme a vontade do Pai.

Porquanto aos que de antemão conheceu, também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho” (Rm 8.29).

Em Lucas 6.40 Jesus faz a seguinte afirmação: “O discípulo não está acima do mestre: todo aquele, porém, que for bem instruído será como seu mestre”. Uma clara admoestação aos discípulos para que busquem ser como o Mestre, instruindo-se na Palavra e procurando imitar o Senhor com vistas a nos parecermos com Ele.

É claro que seguir o exemplo de Jesus não é tarefa fácil. Ele era perfeito mesmo enquanto homem, não cometeu pecado, era sábio, tinha virtudes que devemos procurar cultivar. Todavia, sendo exatamente esse o propósito de Deus para seu povo, podemos ter a certeza de que, uma vez que nos disponhamos a obedecer e cumprir a vontade do Altíssimo, Ele agirá de forma a cumprir seus desígnios em nós, levando-nos cada dia a um nível mais elevado de espiritualidade, comunhão com o Espírito e semelhança a Jesus.
      
      Do texto lido vamos destacar apenas algumas virtudes presentes em Jesus e que devem se fazer presentes naqueles que afirmam ser discípulos do Mestre. 

1)      SUBMISSÃO AO PAI 
 
Jesus deu o exemplo de submissão ao Pai. Ele veio cumprindo os desígnios de Deus, e a Escritura diz que foi “obediente até a morte e morte de cruz” (Fp 2.8).

Jesus cumpriu todo o projeto que Deus Pai havia arquitetado para a salvação do ser humano, e em nenhum momento se rebelou contra o Pai, pelo contrário, submeteu-se à vontade do Altíssimo durante toda a sua vida, até o cumprimento final, que se deu com a Sua morte na cruz do calvário.

Jesus não mediu esforços para obedecer ao Pai. Ele se submeteu por completo, apesar de ser igual ao Pai em essência e poder. Em João 5.19 Jesus afirma que aquilo que o Pai faz, o Filho igualmente o faz.