Texto base: Mateus 5.14-16
Na passagem
lida, Jesus estava proferindo o conhecido Sermão do Monte, por meio do qual
ensinou às pessoas quais eram as características de um cidadão dos céus.
Trata-se de uma sequência de ensinamentos preciosos e profundos, que tinham
como finalidade conscientizar os ouvintes de que sua fé deveria ser acompanhada
de sinais externos que referendassem essa fé, de maneira que não bastava dizer
“eu creio”, mas seria necessário demonstrar que isso era uma realidade no dia a
dia.
Após falar
sobre as bem-aventuranças, Jesus afirmou que seus discípulos são o sal da
terra, estimulando-os a cumprirem sua função de preservar este mundo, não
permitindo que a corrupção e a maldade se alastrassem.
Chegamos,
então, ao texto lido, onde Jesus usa a figura da luz para apontar outras
características que devem estar presentes em seus discípulos.
A mensagem
transmitida por Jesus na ocasião não ficou restrita àqueles discípulos que o
ouviam, mas se estende a todos quantos creram nEle e se tornaram também seus
discípulos no decorrer dos anos, ou seja, é aplicável a nós, Igreja de Cristo,
que hoje temos a responsabilidade de prosseguir sendo testemunhas do Senhor
diante de um mundo caído.
Vamos analisar
alguns ensinamentos de Jesus nessa passagem.
1. Temos uma grande responsabilidade (v. 1)
Jesus começa
dizendo: “vós sois a luz do mundo”.
Essa fala de
Jesus aparenta alguma contradição em relação ao que as Escrituras falam sobre a
luz do mundo, afinal, a Bíblia apresenta a Jesus Cristo como sendo a luz,
enquanto Ele afirma que nós, seus discípulos, somos a luz do mundo.
No capítulo
anterior (4), Mateus, referindo-se à pessoa de Jesus, faz menção ao profeta
Isaías, citando a seguinte profecia: “O
povo que jazia em trevas viu grande luz, e aos que viviam na região e sombra da
morte resplandeceu-lhes a luz.”
João, ao
escrever o Evangelho, assim se referiu a Jesus: “A vida estava nele e a vida era a luz dos homens. A luz resplandece
nas trevas, e as trevas não prevaleceram contra ela. Houve um homem enviado por
Deus cujo nome era João. Este veio como testemunha para que testificasse a
respeito da luz, a fim de todos virem a crer por intermédio dele. Ele não era a
luz, mas veio para que testificasse da luz, a saber, a verdadeira luz, que,
vinda ao mundo, ilumina a todo homem.” (João 1.4-9)
E Jesus,
falando acerca de si mesmo, assim afirmou: “Eu
sou a luz do mundo; quem me segue não andará nas trevas; pelo contrário, terá a
luz da vida.” (João 8.12)
Ora, se a
Bíblia afirma claramente que Jesus é a luz do mundo, e Ele próprio assim o
disse, como pode Jesus ter dito que seus discípulos são a luz do mundo? Isso
não parece contraditório?
Na verdade, não
há contradição nenhuma na afirmação de Jesus. Ele, de fato, é a luz do mundo,
que veio para dissipar as trevas e salvar os que andavam perdidos, sem rumo,
não enxergando o caminho por onde iam nem o destino a que chegariam.
Acontece que nós,
como discípulos de Cristo, temos sobre nós uma responsabilidade que não é nem
um pouco pequena: nós devemos ser imitadores de Cristo.
Jesus declarou
que o discípulo deve ser como o seu mestre (Mt. 10.25), e João escreveu que “aquele que diz que permanece nele, esse
deve também andar assim como ele andou” (1Jo 2.6).
Quando Jesus
declara que nós somos a luz do mundo, Ele não está afirmando que temos brilho
próprio e que podemos, por nós mesmos, fazer algo capaz de transformar as
pessoas. Ele ensina que, sendo Ele a Luz, e nós os seus discípulos, temos a
responsabilidade de viver de tal forma que o brilho de Cristo em nós seja
notado, ou seja, devemos refletir a verdadeira luz.
Antes que isso
possa nos fazer sentir envaidecidos, convém esclarecer que o intuito de Jesus
não é despertar esse tipo de sentimento em nós, pelo contrário, a afirmação
feita por Ele deve nos levar à humildade e ao quebrantamento, posto que se
trata de uma grande responsabilidade, já que temos que viver de maneira a
imitar nosso Mestre.
Jesus é a
verdadeira luz do mundo, e nós, como seus discípulos, temos a incumbência de
continuar a obra que Ele fez na terra. Nós somos seus sucessores na missão de
pregar o Evangelho e levar os seres humanos a conhecerem o Deus Altíssimo.
A luz dissipa
as trevas. Onde não há luz, não se enxerga o caminho e é muito fácil se perder,
cair, ir rumo a um destino de infelicidade.
Jesus exige de
nós nada menos do que Ele próprio fez enquanto esteve aqui: iluminarmos o
mundo, trazendo vida nova às pessoas. Quando Ele diz: “vós sois a luz do
mundo”, está dizendo: “vós tendes a incumbência de ser como Eu”.
E esta é uma
grande responsabilidade.