quinta-feira, 24 de março de 2011

VITÓRIA OU DERROTA: OBEDIÊNCIA OU REBELDIA

Texto base: Josué 7

No texto em análise, vemos o povo de Israel totalmente extasiado após a fantástica vitória que Deus lhe concedera contra Jericó (Josué 6). O povo simplesmente precisou obedecer a Deus, fazendo exatamente o que Ele ordenara, e então o Senhor derrubou as muralhas de Jericó, permitindo a invasão à cidade e sua tomada por Israel, sob a liderança de Josué.

Entretanto, após tão esplêndida vitória, o povo de Israel experimentou uma humilhante derrota.

Josué enviou espias para que fizessem uma análise do povo de Ai, pois pretendia subir à batalha contra essa cidade, e foi informado de que o inimigo era fraco, não sendo necessário que muitos homens fossem destacados para a luta (v. 3).

Inexplicavelmente, os 3000 homens de Israel enviados para pelejar contra o exército de Ai tiveram que fugir do fraco exército inimigo, amedrontados como um povo covarde (v. 4-5).

O texto revela que após a derrota humilhante, Israel chorou, seu coração se derreteu, e Josué, líder de Israel, rasgou suas vestes e se pôs diante de Deus buscando uma resposta, uma explicação para o acontecido, afinal, Deus havia prometido estar com Seu povo e lhe conceder vitórias, a posse da terra prometida, mas parecia estar falhando no cumprimento de Sua Palavra.

Josué, por não saber o motivo para tamanho vexame, dirigiu-se a Deus lamentando a sorte do povo, e dizendo que aquilo acabaria por comprometer a reputação do próprio Deus (v. 7-9).

Em Sua resposta Deus deixou claro que estava cumprindo tudo o que anteriormente dissera, pois Ele não havia se comprometido a abençoar Israel incondicionalmente, antes, era necessário que o povo permanecesse em obediência aos Seus mandamentos, e aquela derrota, que fizera Israel chorar de vergonha, nada mais era do que a consequência da desobediência.

Podemos extrair várias lições dessa passagem bíblica, mas vamos destacar apenas três.

1 – Cada cristão tem grande responsabilidade pela unidade e harmonia da Igreja

É interessante notar que o povo de Israel ficou atônito diante da derrota sofrida, e quando Deus revelou que aquilo acontecera porque havia pecado no meio do povo, ninguém entendeu logo de início.

A leitura do texto mostra, porém, que apenas uma pessoa havia cometido pecado, um homem chamado Acã (v.1). O pecado dele consistia no fato de ter desobedecido a Deus, pois quando da batalha contra Jericó, o Senhor havia ordenado que ninguém de Israel se apropriasse das coisas condenadas que havia naquela cidade, mas Acã, cheio de cobiça, tomou dessas coisas e as escondeu, julgando que ninguém viria a saber. Mas Deus sabia.

Deus revelou, nesse episódio, uma realidade espiritual de extrema importância não apenas para aquele tempo, mas que perdura enquanto houver povo de Deus sobre a face da terra: cada cristão é responsável pela unidade da Igreja e por sua harmonia em santidade.

Uma primeira leitura do texto pode provocar certa revolta no leitor, afinal, quem pecou foi Acã, mas as consequências vieram sobre todo o povo. Como se diz no meio popular, os inocentes teriam pago pelo pecador.

A verdade, porém, é que o povo de Deus é um só, e há unidade entre os membros. Paulo ilustrou muito bem essa realidade ao afirmar que a Igreja é um corpo, do qual Cristo é a cabeça, e cada cristão é membro desse corpo (1 Cor 12.12-27).

Paulo também fala que cada membro é importante no corpo, tendo sua função, e deixa bem claro que é necessário haver harmonia entre os membros, pois o que ocorre com um membro afeta todo o corpo (1 Cor 12.26).

A ilustração do apóstolo é perfeita. Vamos aplicá-la ao nosso corpo humano. Cada órgão e membro de nosso corpo tem uma função específica e muito importante. Um problema no joelho afeta todo o restante do corpo, pois a pessoa pode ficar impossibilitada de se locomover, ou ter grande dificuldade em realizar trabalhos ou caminhar, se divertir, praticar esportes, etc.

Quando se leva uma martelada em um dedo da mão, é impossível impedir a reação do corpo todo, que sente claramente a dor daquele pequeno membro. E mesmo que haja a intenção de prosseguir no trabalho que se está realizando, muitas vezes a dor naquele dedo impede que se dê continuidade, pelo menos até que a dor passe. Enquanto houver dor, há dificuldade da mão em segurar objetos, e se de repente a pessoa se desequilibra da escada, a dor no dedo pode impedir que ele se agarre em algo para não cair, e assim todo o corpo sofre.

Uma dor lombar pode fazer com que o corpo todo fique de cama, sujeito a medicações que vão afetar os órgãos internos.

No corpo de Cristo, que é a Igreja, o que acontece com um membro afeta todo o corpo. O pecado de um membro influencia negativamente na unidade quanto à santidade. A disposição de um membro em cumprir ou não a sua parte, exercitando os dons recebidos de Deus, vai repercutir diretamente no crescimento do corpo, na manutenção de sua unidade e nas bênçãos derramadas sobre a Igreja e através da Igreja.

Ora, se dez pessoas estão comprometidas com o anúncio das Boas Novas, dedicando-se à evangelização, e o restante da congregação simplesmente se acomoda nos bancos do templo e acha que isso é suficiente, a Igreja experimenta dificuldades de crescimento em número. Porém a Cabeça do Corpo, que é Jesus, o dono da obra, tem meios para alcançar os incrédulos, mesmo que seja através de cristãos de outra denominação. O problema é que os bancos daquele templo onde os cristãos não querem exercitar seus dons continuarão com muitos espaços para serem preenchidos.

sábado, 19 de março de 2011

CORAÇÕES APLANADOS PARA O SENHOR

Texto base: Lucas 3.1-14

Quando João Batista começou o seu ministério de pregação do Evangelho de Deus, ele cumpriu o que foi dito pelo profeta Isaías, preparando os caminhos do Senhor e também os corações dos seres humanos para receberem o Rei da Glória.

João anunciava a vinda de Jesus Cristo, a Salvação de Deus, e através de sua pregação procurava demonstrar o que era necessário para que as pessoas pudessem ser salvas em Cristo.

Ocorre que a mensagem de João Batista era, inicialmente, dirigida a judeus, ou seja, ao povo de Deus. Que dizer, então? O povo de Deus precisava de salvação? Havia algo ainda a ser trabalhado nessas pessoas? Sim, havia muitas coisas que necessitavam ser mudadas na vida de Israel, assim como hoje há muitas coisas a serem modificadas na vida dos cristãos.

João demonstra que não basta ser denominado israelita para ter sua salvação assegurada, da mesma forma que não é suficiente ser denominado cristão, nos dias atuais, para ter certeza da salvação. Antes, é necessário que a vida de quem se diz filho de Deus demonstre essa realidade através de sinais práticos do dia a dia.

Com João Batista, nesse texto, aprendemos algumas lições importantes.

1 – Nossos corações precisam se manter aplanados
A missão de João Batista consistia em fazer o que o profeta Isaías dissera anteriormente, e para isso ele precisava levar as pessoas a terem uma transformação radical. Era necessário aterrar os vales, nivelar montanhas e colinas, tornar retas as estradas tortuosas e aplanar caminhos acidentados (v. 4-5).

Essas figuras da natureza representam, na verdade, o íntimo do ser humano, seu coração, sua vida. Jesus quer um caminho plano em nosso ser, Ele quer que andemos retamente.

Alguém que ainda não se entregou a Jesus Cristo vive de forma desagradável a Deus. Em sua vida há muitos vales, afunda-se no pecado, vai descendo cada vez mais; há montanhas e colinas de orgulho, altivez, de auto-suficiência; há estradas que não seguem em linha reta, mas são tortas, com muitos desvios, cheias de armadilhas que levam à perdição; e há caminhos danificados, cheios de buracos que fazem tropeçar a todo instante.

Assim é a vida do ser humano sem Cristo, cheia de pecado, de satisfação da carne, de religiosidade que não leva a Deus, de sentimentos que o afastam cada vez mais de Deus.

Para a manifestação da salvação de Deus, é necessário que essas vidas sejam transformadas, que haja arrependimento de pecados e modificação do estilo de vida, corrigindo-se os caminhos que antes eram totalmente errados. É necessário aplanar o coração humano para receber a Cristo.

Mas, e quanto aos cristãos, que já receberam a Cristo como seu Senhor e Salvador? As palavras de João Batista têm alguma relevância? É claro que sim, da mesma forma que tinha importância para os judeus, pois eles se julgavam salvos por serem descendentes de Abraão.

Ser denominado cristão não significa estar salvo. A salvação vem pela fé autêntica em Jesus Cristo. Muitas vezes um cristão acaba permitindo que se formem vales, montanhas, colinas, estradas tortuosas e caminhos esburacados em sua vida, e há necessidade de vigiar para que isso não aconteça, mas se acontecer, medidas urgentes devem ser tomadas para que o ser volte a ser aplanado. Isso é crescimento em santidade, é relacionamento verdadeiro com Deus.

O cristão deve manter uma vida de retidão e integridade perante Deus.

2 – A salvação produz transformação de vida
Como destacado no tópico anterior, não basta ser denominado cristão para ter a certeza de que a salvação está assegurada. A vida do cristão autêntico deve demonstrar na prática a transformação ocorrida. É no dia a dia que vamos saber se fomos realmente transformados ou não, se somos convertidos ou não. E não é nossa função julgar nosso próximo, mas devemos julgar a nós mesmos, para sabermos qual a nossa real situação perante Deus.

João Batista disse, no versículo 8, que há necessidade de produzir frutos que demonstrem arrependimento. Ora, arrepender-se é sentir tristeza pelos pecados cometidos e não desejar mais cometê-los, é mudar de direção e procurar não incidir mais nos mesmos erros. Se digo que me arrependi mas continuo fazendo sempre a mesma coisa que fazia, e que é pecado, então não houve arrependimento. Talvez tenha ocorrido simplesmente uma dor na consciência em um momento de exortação ou diante de alguma consequência ruim, mas depois me esqueci e continuei a errar da mesma forma.

Assim como não bastava o judeu dizer “Abraão é nosso pai”, para ser considerado salvo, não resolve, hoje, dizer “eu sou cristão” ou “eu sou crente” ou qualquer outra expressão parecida.

João Batista deixa bem claro que o juízo de Deus se aproxima, e que não poupará aqueles que, embora afirmem ser filhos de Abraão (hoje, cristãos), não demonstram em suas vidas nenhuma transformação que demonstre que o amor de Deus esteja neles.

Quem é salvo demonstra a sua salvação em uma vida de prática do amor. E não é necessário muito esforço, porque o Espírito Santo vai operando a transformação, moldando nosso caráter. Se para mim é extremamente difícil fazer a vontade de Deus, talvez eu esteja tentando conseguir à força aquilo que Deus concede gratuitamente, ou talvez eu esteja me enganando ou tentando enganar aos outros, mas não tenho como enganar a Deus.

A salvação de Deus se manifesta em nossa vida de forma prática, levando-nos a uma mudança de atitudes. Passamos a valorizar a solidariedade, a honestidade, a justiça, deixamos de desejar fazer o mal e nos empenhamos para que todos sejam alcançados pelo bem; abandonamos a cobiça; somos gratos a Deus pelo que Ele nos dá (v. 11-14).

O salvo pratica o amor. Jesus disse que esse era o sinal que levaria o mundo a saber quem era seu discípulo: a prática do amor (João 13.35).

Conclusão

Estão nossos corações aplanados? Temos vivido em integridade e retidão perante o Senhor? A salvação de Deus tem se manifestado em nossas vidas? Somos cristãos nominais ou realmente fomos transformados pelo agir do Espírito Santo?

Busquemos, a cada dia, manter nossos caminhos planos perante o Senhor, crescendo no conhecimento de Deus, na comunhão com o Senhor e com os irmãos, e na prática do amor para com toda a criação de Deus, tanto seres humanos como demais integrantes da natureza, pois tudo é obra das mãos de nosso Pai.

Que o Espírito Santo de Deus nos auxilie e nos leve cada vez mais para perto de Deus.

José Vicente