domingo, 25 de setembro de 2011

O DISCÍPULO PERMANECE

João 8.31-36

“31) Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos; 32)  e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. 33) Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão e jamais fomos escravos de alguém; como dizes tu: Sereis livres? 34) Replicou-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo: todo o que comete pecado é escravo do pecado. 35) O escravo não fica sempre na casa; o filho, sim, para sempre. 36) Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.”

Jesus estava sendo arguido pelos judeus, pois havia dito ser Ele a luz do mundo, além de se identificar com o Pai. Após falar sobre o que haveria de acontecer, sua morte (não de forma clara, mas utilizando a expressão “quando levantardes o Filho do Homem”), alguns judeus creram nEle.
        Jesus conhece o coração humano, e após notar que alguns haviam crido (se bem que não haviam crido de verdade, mas apenas sentiram um entusiasmo passageiro), passou a falar sobre a necessidade de não somente acolher sua Palavra momentaneamente, mas de nela permanecer, a fim de conhecer a verdade e ser libertado.
      Os judeus – aqueles mesmos que haviam crido - não entenderam e passaram a questionar Jesus, sentindo-se ofendidos pela forma como Ele falava, pois enfatizava o fato de que eles precisavam de libertação.
          A passagem nos ensina algumas coisas muito importantes para a vida daquele que professa a fé em Jesus Cristo:


1)  O verdadeiro discípulo permanece na Palavra de Jesus

Como destacamos acima, aqueles judeus aparentemente haviam crido em Jesus, mas o que ocorreu na verdade foi que eles apenas se entusiasmaram com o que Jesus havia falado anteriormente. Aconteceu com eles o mesmo que acontece com muitas pessoas ainda hoje, que ouvem a pregação do Evangelho, que Jesus deu sua vida para nos salvar e libertar de nossos pecados, sentem emoção no momento, até mesmo choram, mas pouco tempo depois abandonam o Caminho e voltam às suas vidas distantes de Deus.
Jesus, conhecendo a natureza humana, e sabendo que aqueles homens não haviam crido nEle de verdade, lhes diz: “se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos”.
O que Jesus está dizendo é que não basta se emocionar com suas palavras, com a pregação do Evangelho. Não basta sentir empolgação e querer seguir a Jesus, mas é necessário PERMANECER NA SUA PALAVRA.
Permanecer é ficar, manter-se, não sair.
Permanecer na Palavra de Jesus tem vários aspectos:
a)   Reter a Palavra: após ouvir ou ler a Palavra, guardá-la na mente, no coração, e não deixar que simplesmente ela entre por um ouvido e saia pelo outro, não fazendo nenhuma diferença. O salmista, muitos anos antes, já vivia essa experiência e a retratou no Salmo 119.11: “Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti”.
b)   Praticar a Palavra: ter a Palavra no coração é fundamental para o discípulo, mas também há necessidade de colocar em prática aquilo que é ensinado por Jesus. “Tornai-vos, pois, praticantes da palavra e não somente ouvintes, enganando-vos a vós mesmos.” (Tiago 1.22)
c)    Não fazer acréscimos à Palavra: as Escrituras contêm a revelação de Deus aos humanos, bem como as orientações para uma vida santa e agradável a Deus. Não se pode fazer acréscimos ao que o Senhor falou, alterando a Palavra para satisfazer a objetivos pessoais. Não se pode pregar um Evangelho diferente daquele que Jesus deixou.  “Toda palavra de Deus é pura; ele é escudo para os que nele confiam. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te repreenda, e sejas achado mentiroso.” (Pv. 30.5-6)


2) A permanência na Palavra leva a conhecer a verdade e a libertação

Após dizer que é necessário permanecer na Sua Palavra, Jesus diz que aquele que assim procede, vem a conhecer a Verdade e obtém a libertação.
a)   A Verdade: em primeiro lugar, Jesus é a Verdade (João 14.6: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida”). Permanecer na Palavra nos leva a conhecer a Jesus de maneira muito mais profunda. Trata-se de uma relação de amor verdadeiro, pois o próprio Jesus diz: “Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele.” (João 14.21)
b)   A Verdade quebra nossa autosuficiência: os judeus, embora fossem religiosos, não tinham entendimento correto quanto ao relacionamento que se deve ter com Deus. Eles se baseavam no cumprimento da Lei (se bem que nunca a cumpriram como deveriam) e das tradições que criaram, e por isso achavam que estavam justificados perante Deus. Eles eram autosuficientes. Quem permanece na Palavra descobre que nada pode sem Jesus: “Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer.” (João 15.5)
c)    Libertação: quem permanece na Palavra de Jesus reconhece sua condição de pecador, sabe que necessita ser libertado do pecado e somente Jesus pode fazer isso. No versículo 36 Jesus expressa essa verdade, de que a única forma de obter libertação verdadeira é através dEle. Ainda, Jesus disse, em outra passagem: “O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar libertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para pôr em liberdade os oprimidos,” (Lucas 4.18). E Paulo, apóstolo de Cristo, também proclamou essa verdade: “Para a liberdade foi que Cristo nos libertou. Permanecei, pois, firmes e não vos submetais, de novo, a jugo de escravidão.” (Gálatas 5.1)

3)  Somente os filhos permanecem na Palavra

Nem todos são aptos a permanecerem na Palavra. Muitos ouvem e não dão atenção; outros, sentem emoção inicial mas logo se afastam, como disse Jesus na parábola do semeador. No que depender do ser humano, realmente não há como permanecer na Palavra, porque nossa inclinação nos leva a buscar o que satisfaça nossos interesses e desejos pessoais. Por isso Jesus diz que não são todos que conseguem permanecer, mas apenas os filhos (vv. 34-35).
a)   Os filhos permanecem, justamente por serem filhos: o filho possui laços indissolúveis com o pai. Por mais que o filho cometa erros, nunca deixa de ser filho. A parábola do filho pródigo mostra muito bem isso. O filho sente o amor do pai e esse amor o atrai.
b)   É filho todo aquele que crê em Jesus Cristo: a Palavra nos diz que quem crê em Jesus recebe a adoção de filho de Deus: “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, a saber, aos que crêem no seu nome;” (João 1.12).
c)    O filho é guardado por Deus: “Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua muita misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança, mediante a ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos, 1.4 para uma herança incorruptível, sem mácula, imarcescível, reservada nos céus para vós outros 1.5 que sois guardados pelo poder de Deus, mediante a fé, para a salvação preparada para revelar-se no último tempo.” (1 Pedro 1.5). Também Judas traz essa realidade: “Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, aos chamados, amados em Deus Pai e guardados em Jesus Cristo” (Judas 1.1).
d)   O escravo não permanece:
i)     porque é escravo do pecado e não se sujeita à autoridade de Cristo “Porquanto, desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a sua própria, não se sujeitaram à que vem de Deus.;” (Romanos 10.3)
ii)               não reconhece Jesus como o Filho de Deus;
iii)             não reconhece sua condição de pecador que carece da Graça de Deus (vide a parábola do fariseu e do publicano que foram ao Templo orar);
iv)             considera que sua religiosidade é suficiente para alcançar o favor de Deus (v.33);
v)               porque não é de Deus (v. 47 – “Quem é de Deus ouve as palavras de Deus; por isso, não me dais ouvidos, porque não sois de Deus.”).

Conclusão

Fomos chamados por Jesus para sermos filhos, por isso devemos permanecer em Sua Palavra, esforçando-nos por sempre confiarmos unicamente em Jesus para agradar ao Pai, porque nossas obras não são suficientes para isso.
             Ao ouvir a voz de Jesus, respondamos afirmativamente, para experimentarmos o privilégio de sermos filhos de Deus.

             Que o amor do Pai nos leve a permanecer sempre em Sua Palavra.

            José Vicente

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