segunda-feira, 31 de agosto de 2009

HOJE



“Que cada qual examine os seus pensamentos, e os achará sempre ocupados com o passado e com o futuro. Quase não pensamos no presente; e, quando pensamos é apenas para tomar-lhe a luz a fim de iluminar o futuro. O presente não é nunca o nosso fim; o passado e o presente são os nossos meios; só o futuro é o nosso fim. Assim, nunca vivemos, mas esperamos viver, e, dispondo-nos sempre a ser felizes, é inevitável que nunca o sejamos." Blaise Pascal

Nossa vida passa rapidamente. A Bíblia nos diz que somos como a neblina, que no mesmo instante em que está sobre a terra, já não está mais, sendo dissipada rapidamente (Tiago 4:14). Essa brevidade muitas vezes só é percebida quando já estamos no fim de nossa carreira.

Muitas pessoas vivem presas ao passado, lamentando o que fizeram ou deixaram de fazer. Outras só sabem pensar no futuro, no que gostariam de fazer, em como desejam que as coisas sejam. Poucos se concentram no hoje.

O problema é que o futuro é construído a partir do hoje. Os frutos que colherei no futuro são o resultado da minha semeadura hoje. Se nada semeio, nada colherei. Se apenas visualizo os frutos que desejo colher, mas não lanço as sementes que possam produzir esses frutos, o futuro, como o imagino e anseio, não acontecerá.

Na verdade, o futuro é incerto. Não sabemos quando morreremos. Não sabemos o que nos ocorrerá no próximo minuto. Como disse Pascal, de tanto pensarmos no futuro, acabamos não vivendo o hoje.

O passado não pode ser mudado. O futuro está escondido de nós, e somente Deus o conhece. Está diante de nós o hoje, no qual devemos tomar decisões, o qual deve ser vivido, e que não pode ser desprezado.

Viva sua vida com sabedoria. Alegre-se porque Deus lhe deu mais um dia de vida. Ame as pessoas e não deixe que mágoas façam morada em seu coração, achando que amanhã poderá resolver a situação. Hoje você pode mudar tudo. Amanhã, só Deus sabe.

“É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã.” (Renato Russo)

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

UMA IGREJA QUE FAZ DIFERENÇA

Texto base: Atos 1:1-14

Introdução

O texto lido narra o início da Igreja Cristã. Jesus havia ressuscitado, e durante quarenta dias Ele instruíra seus discípulos acerca das verdades eternas. Muitas coisas que, antes, eles não compreendiam, agora Jesus lhes ensinava com clareza. Ao término dos quarenta dias, Jesus subiu ao céu, diante de seus seguidores, e ordenou que eles permanecessem em Jerusalém aguardando a promessa do Pai, para, depois disso, servirem como testemunhas do Senhor na pregação do Evangelho.
Obedecendo à ordem do Mestre, os discípulos voltaram para Jerusalém e foram a um local onde se reuniam, ali permanecendo por dez dias. Havia, ali, 120 pessoas, incluindo os apóstolos, os demais discípulos (homens e mulheres) de Jesus.
No capítulo 2 de Atos vemos o nascimento da Igreja Cristã. O Espírito Santo foi derramado abundantemente sobre aqueles que estavam ali reunidos, e a partir de então eles passaram a pregar o Evangelho de Jesus, com toda ousadia, intrepidez e sabedoria, cumprindo a ordem de Jesus, de pregar o Evangelho a toda criatura.

A Igreja, naquele tempo, fazia uma grande diferença no mundo em que vivia. Muitas pessoas se convertiam pelo testemunho da Igreja. No primeiro sermão, ministrado por Pedro, três mil pessoas se entregaram a Cristo. A vida comunitária da Igreja deixava perplexos os de fora, pois entre os cristãos não havia necessitados, todos se ajudavam mutuamente. Através da Igreja, Deus operava milagres, salvava vidas, destruía a soberba dos que se julgavam sábios, havia muitas demonstrações do poder de Deus. A Igreja era, ao mesmo tempo, admirada pelos incrédulos, que viam uma comunidade onde sobressaia o amor, não apenas entre os cristãos, mas para com todas as pessoas, e também era odiada, porque seu padrão de conduta moral denunciava a corrupção humana e as mazelas espirituais da sociedade em que estava inserida.
Hoje, olhando para a Igreja Cristã, talvez tenhamos dificuldade em visualizar algum resquício daquela Igreja atuante e transformadora cuja história está registrada no livro de Atos. A Igreja parece já não fazer tanta diferença no mundo. As pregações não tocam nos corações dos incrédulos de forma a que eles reconheçam sua pecaminosidade e se convertam a Jesus. Os atos dos cristãos muitas vezes depõem contra o testemunho bíblico. Muitas pessoas entram e saem das igrejas sem terem experimentado nenhuma mudança, sem terem sido convencidas pelo Espírito Santo de que necessitam de transformação. Enfermos continuam enfermos, tanto física quanto espiritualmente.
Por que será que a Igreja de hoje não corresponde à Igreja primitiva? Por que será que, naquele tempo, Deus operava poderosamente através da Igreja, mas hoje muitas vezes tem-se a impressão de que o próprio Deus está ausente em relação à Igreja? Será que a Igreja já não é mais necessária? Será que Deus desistiu da Sua Igreja e está desenvolvendo um novo plano para alcançar e salvar as pessoas?
O versículo 14 mostra qual era a atitude da Igreja no seu início: unanimidade, que também pode ser entendida como unidade. A Igreja é o Corpo de Cristo na terra, e esse Corpo se caracteriza pela sua unidade.
Com certeza Deus não desistiu da Igreja. O que está acontecendo atualmente não é algo novo. Já nos tempos da Igreja primitiva, após um período de intenso crescimento da Igreja, infelizmente, os apóstolos e demais líderes levantados por Deus, conforme vemos nas epístolas paulinas e na história da Igreja, lançavam muitas exortações e admoestações aos cristãos, no sentido de que retomassem o caminho da unidade e da santidade.
Analisando o versículo 14 do capítulo 1, vamos ver que a unidade foi essencial para que a Igreja nascesse e para que ela produzisse os frutos esperados no mundo em que vivia. A Igreja precisa ter unidade. Paulo, quando escreveu aos Filipenses, no capítulo 2, versículo 2, de sua carta, rogou aos cristãos que “penseis a mesma coisa, tenhais o mesmo amor, sejais unidos de alma, tendo o mesmo sentimento.” Sem unidade, a Igreja não manifesta o poder de Deus e, consequentemente, não faz diferença no mundo.
Em nosso texto base é empregada a palavra unanimidade, mas em que os cristãos devem ser unânimes? Obviamente não se trata de terem todos as mesmas opiniões sobre tudo. Deus fez os seres humanos individualizados, cada qual com sua personalidade e forma de pensar, porém, há pontos básicos na vida cristã em que é imperativo que haja unanimidade, que todos pensem a mesma coisa e tenham o mesmo sentimento, caso contrário, a Igreja estará dividida, e, como disse Jesus, “todo reino dividido contra si mesmo ficará deserto, e toda cidade ou casa dividida contra si mesma não subsistirá” (Mt. 12:25).
Vamos analisar, então, partindo do exemplo que temos da Igreja em Atos 1:14, algumas áreas em que a Igreja precisa ter unanimidade, para, assim, agir como canal da graça de Deus neste mundo.

1- Unanimidade quanto à fé

1.a – Fé em Deus

A fé em Deus é essencial à Igreja. Não se trata de simplesmente acreditar que Ele existe, pois até os demônios creem nisso, mas de crer que Deus é:
- único – não há outro Deus, senão YAHWEH, o Altíssimo (Dt. 4:39; Mc. 12:29).
- soberano – Deus tem o controle sobre todo o universo, sobre toda a história, e nada acontece sem a Sua permissão (II Reis 19-25; Mt. 10:29).
- onipotente – nada é impossível a Deus, embora muitas coisas sejam impossíveis aos homens (Lc. 1:37; Mt. 19:26).
- onisciente – não existe nada que esteja fora do conhecimento de Deus. Ele vive na eternidade, não sujeito à limitação de tempo que se vê em relação aos humanos. Todos os fatos que para nós são passados, presentes e futuros são do conhecimento dEle (Salmo 139).
- onipresente – Deus não conhece limitação física. Ele está em todos os lugares ao mesmo tempo. Nada acontece sem que Ele veja (Salmo 139).
- Também não se trata da fé pagã que se vê hoje no meio cristão, em um deus feito à imagem e semelhança do homem, que sofre as limitações humanas, não tem poder para impedir acontecimentos, tem que assistir o desenrolar da história sem poder intervir, os fatos não estão sob seu controle. Essa é uma crença que não pode encontrar abrigo no meio da Igreja, pois é contrária à Palavra de Deus. Esse tipo de fé deve ser rejeitada.
- A Igreja primitiva cria em Deus como Ele É, e não como as pessoas desejavam que Ele fosse.

1.b – Fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus
- Crer em Deus é essencial, mas também é fundamental crer em Jesus Cristo, seu único Filho, que se fez homem, sofreu terrivelmente e foi morto na cruz para pagar por nossos pecados, tendo ressuscitado ao terceiro dia, garantindo o nosso acesso à graça salvadora de Deus.
- A Igreja primitiva estava unida nesta fé. Eles haviam estado com Jesus ainda em vida por um considerável período, e, após sua morte e ressurreição, durante 40 dias Ele lhes ministrou ensinamentos para a vida cristã. A Igreja não poderia ter sido iniciada se não houvesse a indispensável fé em Jesus Cristo. Portanto, a Igreja cria que, nEle, se cumpriam as profecias contidas nas Escrituras, e que, fora dEle, não havia e não há salvação, conforme sermão de Pedro que está registrado em Atos 2:14-41.
- Hoje, não parece haver unanimidade no seio da Igreja Cristã quanto a essa verdade. Jesus não tem sido apresentado como o único Caminho para a vida eterna. Antes, Ele tem sido apresentado por muitos como um validador de benefícios terrenos e transitórios, um guia para negócios de sucesso, e tem sido colocado em um nível equivalente ao de entidades pagãs que são muito conhecidas de incrédulos ímpios.
- Não há como a Igreja Cristã fazer diferença neste mundo se não houver unanimidade nessa fé em Jesus Cristo como redentor e único capaz de nos livrar da ira vindoura.

1.c – Fé na palavra de Deus
- Aqueles homens e mulheres que estavam ali reunidos criam na Palavra de Deus.
- As Escrituras testificavam a vinda do Messias, e eles creram que Jesus era o cumprimento da Palavra.
- As Escrituras testificavam que Deus derramaria o Espírito Santo sobre todos os que cressem em Jesus, e eles creram também nessa Palavra, que foi repetida por Jesus quando estava subindo aos céus e determinou que eles aguardassem o cumprimento da promessa.
- A Igreja Cristã do início tinha fé em tudo o que Deus havia dito através dos profetas, constante das Escrituras Sagradas.
- Hoje, Satanás tenta lançar dúvidas entre os cristãos quanto à autenticidade da Palavra de Deus. Ele procura induzir as pessoas a acreditarem que a Bíblia é um livro comum, ou, então, que o que ali está escrito não corresponde exatamente ao que Deus falou, assim como fez com Adão e Eva no início do mundo (Gn. 3:1-5).
- A Igreja do Senhor precisa crer na Palavra de Deus, pois é através dela que recebemos a revelação de Deus e o seu desejo para a vida da Igreja. A Bíblia é o manual da vida cristã, e expressa o que Deus quer que saibamos e como vivamos.
- Uma Igreja que não está firmada na Palavra de Deus não consegue cumprir seus objetivos, pois seus procedimentos terão como base valores que partem dos seres humanos, opiniões pessoais, experiências e coisas do gênero.

2- Unanimidade quanto aos objetivos

2.a – Unanimidade na busca da presença de Deus
- Por que você vem ao templo? Por que você se reúne com outros irmãos em grupos de oração e estudos da Palavra? O que você busca? Qual a sua motivação?
- Muitas pessoas se reúnem com os outros membros da Igreja em um templo ou em casa semanalmente, mas nem sempre estão todos unidos em torno de objetivo primordial: buscar a presença de Deus.
- Há diversos motivos que levam as pessoas a comparecerem ao templo ou participarem de reuniões de oração e estudo da Palavra: cumprimento de um dever religioso; pressão dos pais; pressão do cônjuge; não há outra programação mais interessante; é necessário aplacar a ira de Deus com o “sacrifício” semanal; etc.
- Há pessoas que, durante o culto, não estão com suas mentes concentradas em buscar a presença de Deus e a ação de Seu Espírito, mas estão pensando em seus compromissos para o dia seguinte; no programa que está sendo exibido na televisão; na roupa que a pessoa do lado está usando; no comportamento do irmão ao lado; na performance do ministério de louvor; e em tantas outras coisas que dispersam a mente.
- Se a Igreja, quando se reúne, não está envolta em um ambiente em que há unanimidade de objetivo quanto à busca da presença de Deus, não é de se admirar que as pessoas entrem e saiam do mesmo jeito, sem terem experimentado nenhuma transformação, sem terem ouvido a voz do Espírito a lhes ministrar ensinamento e abertura de entendimento.
- Jesus disse: “onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou eu no meio deles” (Mt. 18:20).
- Entretanto, as pessoas acreditam que o simples fato de se reunirem e dizerem que o fazem em nome de Jesus é suficiente para que Ele efetivamente esteja presente, manifestando Sua Graça e Seu Poder. A reunião que conta com a presença de Jesus é aquela em que os participantes estão unânimes no desejo de que Ele se faça presente. É uma reunião feita de forma consciente, onde tudo o mais é esquecido e o que se deseja é que o Senhor participe e aja nas vidas dos presentes.
- Jesus não está interessado em formalismos, em cultos mecânicos e sem vida, em cumpridores de tabela. Ele quer servos consagrados, que O busquem em espírito e verdade, que tenham nEle a razão única de estarem ali congregados, e que realmente anseiem por serem transformados em cada encontro.

2.b – Unanimidade na busca do cumprimento das Promessas de Deus
- Em Atos 1:14 havia essa unanimidade. Todos ali desejavam ardentemente a presença manifesta de Deus e, além disto, o cumprimento de Sua Palavra em suas vidas.
- Ninguém estava ali com outra intenção. As pessoas deixaram de lado seus afazeres, não se preocuparam com o que os outros haveriam de pensar quanto às suas atitudes, e permaneceram durante 10 dias orando e aguardando que a Promessa de Deus se cumprisse.
- Quando Jesus estava subindo aos céus, Ele disse que “não se ausentassem de Jerusalém, mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim ouvistes” (Atos 1:4).
- Em Atos 1:8 Ele disse: “mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra.”
- A Promessa do Pai a que Jesus se referiu constava das Escrituras, como vemos em Joel 2:28-32. A Igreja estava unanimemente firme nesse propósito, de receber o cumprimento da promessa de Deus.
- Em Sua Palavra Deus faz inúmeras promessas. Ele promete salvação, transformação de vida, cura física e espiritual, orientação, sabedoria, proteção, livramento, fortalecimento da fé, utilização da Igreja como canal de graça e salvação aos incrédulos, e muito mais.
- A Igreja do Senhor precisa ter unanimidade no desejo de que a Palavra de Deus se cumpra em suas vidas. As pessoas precisam almejar com ardor que tudo o que Deus prometeu seja concretizado, e para isso a oração perseverante deve ser posta em prática, como o fez a Igreja Cristã Primitiva.
- A Palavra diz: “regozijai-vos na esperança, sede pacientes na tribulação, na oração, perseverantes” (Rm 12:12). A Igreja precisa perseverar unanimemente na oração, que é o canal de comunicação com Deus. A Igreja primitiva orava sem cessar. Nos dez dias em que esperavam o derramamento do Espírito havia oração perseverante (Atos 1:14). A vida diária da Igreja era de comunhão e oração (Atos 2:42). Quando Pedro e João foram libertados da prisão, a Igreja se reuniu e, unanimemente, orou (Atos 4:24-30); e há muitos outros registros da Igreja orando unânime pela causa do Evangelho.
- Em Gênesis 32:26 vemos o episódio em que Jacó luta com o Anjo do Senhor, e, ao amanhecer, o Anjo lhe diz: “Deixa-me ir, porque a alva já subiu”. Jacó insiste: “Não te deixarei ir, se não me abençoares”. Podemos interpretar isso como uma referência à nossa vida de oração, onde há necessidade de perseverança para obtermos uma resposta do Senhor. Jesus nos exortou a sermos perseverantes (Lc. 18:1-8).
- As promessas de Deus são cumpridas na vida da Igreja quando ela ora com unanimidade, quando seus membros revelam unidade de sentimentos. Então, se observam transformações, curas, conversões, e o poder de Deus é manifesto, porque a Igreja está buscando unanimemente o que Deus prometeu.

2.c – Unanimidade no desejo de cumprir a ordem de Jesus
- Jesus disse: “e sereis minhas testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (Atos 1:8).
- Jesus também disse: “Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16:15).
- A Igreja do Senhor não pode se acomodar e deixar de pregar o Evangelho, mas é necessário que haja unanimidade no intuito de cumprir essa ordem dada por Jesus.
- A Igreja Cristã primitiva tinha essa mentalidade. O resultado da reunião registrada em Atos 1:14 foi a pregação do Evangelho com poder e autoridade, levando muitos a crerem no Senhor Jesus e obterem a salvação.
- Em Atos 4:24-30 encontra-se o registro da Igreja reunida para, unanimemente, clamar a Deus que lhe concedesse ousadia e intrepidez para anunciar a Palavra, e também que Deus manifestasse Seu Poder, confirmando a pregação da Igreja.
- A Igreja crescia porque todos buscavam cumprir a ordem de Jesus, sempre rogando a Deus que os capacitasse para isso.
- Hoje, a impressão que se tem é de que houve uma certa acomodação. A Igreja parece não se importar com a ordem de ser testemunha de Jesus. É como se a Igreja não quisesse se envolver, sendo que, para se obter apoio a trabalhos missionários, é necessário que se façam muitos apelos, caso contrário, os enviados do Senhor a lugares longínquos ficariam desprovidos de apoio da Igreja.
- Há grande necessidade de que a Igreja retome o caminho bíblico de pregação do Evangelho, orando unanimemente para que Deus a utilize como meio de salvação, para que servos sejam levantados pelo Senhor para as missões, para que haja sustento aos missionários, para que a Igreja cause impacto na sociedade na qual está inserida através de uma atitude diferente, de amor, misericórdia e união.
- A Igreja atual não vai crescer de verdade enquanto não houve unanimidade no objetivo de salvar vidas.

Conclusão
- Embora a Igreja atual esteja aquém daquela Igreja iniciada no dia de Pentecostes, é possível retomar o caminho e voltar a fazer diferença neste mundo.
- A Igreja precisa voltar a ter unidade, consciente de que é o Corpo de Cristo na terra, e de que esse Corpo é uno, indivisível.
- A Igreja precisa se conscientizar de sua missão e abandonar o sentimento de auto-suficiência, as doutrinas pagãs, as divisões, facções, e voltar ao primeiro amor, ouvindo a advertência que o Senhor fez à Igreja de Éfeso: “tenho, porém, contra ti que abandonaste o teu primeiro amor. Lembra-te, pois, de onde caíste, arrepende-te e volta à prática das primeiras obras; e, se não, venho a ti e moverei do seu lugar o teu candeeiro, caso não te arrependas.”(Ap 2:4-5)
- Enquanto isso não acontecer, a Igreja não vai ser canal de graça, de salvação, de cura, de transformação, antes, será um local repleto de pessoas enfermas, mas que não conseguem ser restauradas.
- Há muito mais a ser observado pela Igreja, além do que foi aqui descrito (unanimidade na esperança, no amor, na santidade, etc), mas, se houver o retorno à busca do que é essencial, todo o mais será acrescentado.
- Que o Senhor abençoe e tenha misericórdia de Sua Igreja, concedendo-lhe ânimo, fé e disposição para ser luz do mundo e sal da terra (Mt. 5:13-16).

José Vicente Ferreira
Igreja Presbiteriana de Porecatu
23.08.2009

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

A SEGURANÇA DA SALVAÇÃO

Infelizmente, há algum tempo os homens vêm negando a Soberania de Deus, porque o orgulho humano não permite ao homem aceitar que o maior tesouro do universo não dependa de sua livre escolha e decisão. Então, o homem ainda vive achando que pode escolher a Deus, sem, contudo, aceitar que Deus é quem escolhe. Paulo, apóstolo que semeou o Evangelho de Cristo entre judeus e gentios e fundou muitas Igrejas, relata, em Gálatas, que ele havia sido escolhido por Deus antes mesmo de seu nascimento, vindo a manifestação do chamado já na idade adulta (Gálatas 1:15-17).

Se dependesse de Paulo, e de suas convicções humanas, ele teria morrido na ignorância quanto à salvação que há em Jesus Cristo, mas esse mesmo Jesus, sendo Deus Soberano, escolheu Paulo antes que ele nascesse, chamou-o no momento apropriado e manteve a fé desse servo, preservando-o para aquele Dia.

Jesus foi muito claro ao afirmar que quem crê NELE é salvo. Observem os textos a seguir:

"Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece." (João 3:36)

"Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida." (João 5:24)

"Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna." (João 6:47)

Notem que Jesus não diz que quem NELE crê terá ou poderá ter a vida eterna. Ele diz que essa pessoa TEM, no tempo presente. Não é um evento futuro ou condicional. A única condição, na verdade, é a fé em Jesus Cristo.

Ainda, Jesus diz que ninguém pode arrancar uma ovelha de suas mãos:

"As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu as conheço, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai. Eu e o Pai somos um." (João 10: 27-30)

Bem, a menos que Jesus tenha faltado com a verdade (o que é simplesmente impossível), posso crer que uma ovelha nas mãos DELE jamais perecerá (jamais se perderá ou deixará de ser DELE). Se sou salvo, significa que estou nas mãos de Jesus. Ora, das mãos DELE ninguém pode me arrebatar. Isso significa que Satanás não pode me arrancar das mãos de Jesus. Significa que eu próprio não posso me arrancar das mãos DELE. O meu pecado não pode me arrancar das mãos DELE. Ninguém pode. Como disse Paulo em Romanos 8, nada pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus, absolutamente nada.

Então, vem aquele argumento infundado: quer dizer que posso pecar e fazer o que quiser, pois não perderei a minha salvação?

Quem pensa assim é tolo e, na verdade, nunca foi salvo. A Bíblia deixa muito claro que o salvo vive como salvo. A regeneração provoca exatamente uma transformação de vida e de mentalidade, de forma que pensamentos como o que foi posto acima (posso fazer tudo sem perder a salvação) nem passam pela mente de um salvo.

Se um salvo pensasse assim, significaria que ele tem amor ao pecado, e não há como amar ao pecado e a Jesus, pois ambos são incompatíveis.

Não estou dizendo que um salvo não peca. Digo, conforme as Escrituras, que ele NÃO VIVE em pecado, afundado no pecado, pois o Espírito Santo, que nele habita, produz arrependimento e rejeição ao pecado.

As Escrituras nos revelam que Deus exige de nós a perseverança na fé, e isto é verdade. Devemos resistir até o fim de nossa carreira. Todavia, as Escrituras também deixam muito claro que o próprio Deus nos capacita para que possamos perseverar, pois, se dependêssemos de nossa força, vontade e aplicação, certamente pereceríamos.

"De maneira que nenhum dom vos falta, esperando a manifestação de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual vos confirmará também até ao fim, para serdes irrepreensíveis no dia de nosso Senhor Jesus Cristo. Fiel é Deus, pelo qual fostes chamados para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo nosso Senhor." (1 Coríntios 1:7-9)

"E para que sejamos livres de homens dissolutos e maus; porque a fé não é de todos. Mas fiel é o Senhor, que vos confirmará, e guardará do maligno." (II Tessalonicenses 3:2-3)

"E o Deus de toda a graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua eterna glória, depois de haverdes padecido um pouco, ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará, fortificará e fortalecerá." (I Pedro 5:10)

Portanto, amados irmãos, uma vez salvos, para sempre somos salvos, sim, pois a nossa salvação não depende de nossa capacidade, mas está nas mãos de Deus, que é o único que pode nos confirmar e guardar até o dia final. Não fosse isso, ninguém seria salvo.

Esqueçam o argumento de que a garantia da salvação leva os crentes a pensarem que podem faze o que quiserem, inclusive ficar parados esperando o tempo passar, pois isso não condiz com o pensamento de um salvo, conforme as Escrituras. Somente quem está 100% na carne pensa isso. E esse, obviamente, ainda não foi alcançado pela salvação que há em Cristo Jesus.

Deixemos de colocar o homem como dono de sua vida, pois o homem não é dono de nada, tudo pertence a Deus, inclusive nossa salvação, que Ele nos dá gratuitamente em Jesus, mediante a fé, que também não é nossa, mas vem de Deus. Leia Efésios 2:1-10.

Para finalizar, quero fazer uma ilustração que poderá facilitar o entendimento: utilizemos um bem material de valor muito elevado. Para mim, é impossível adquirir um jatinho particular, que custa alguns milhões de dólares. Se depender de minha condição, nunca vou adquiri-lo. É algo inatingível para mim. Um amigo bilionário, todavia, resolve me presentear com um jatinho (um presente incomum e que, na realidade, ninguém me daria). Muito bem, agora tenho um jatinho, e isso me deixa muito feliz. Entretanto, não tenho condições de construir um angar para guardá-lo, nem de pagar o aluguel de um angar. Também não tenho condições de cuidar da manutenção da aeronave, que, como se sabe, envolve custos elevados. Não tenho como abastacê-la. Não tenho como pagar impostos decorrentes da propriedade dela. Pôxa, recebi um presente de grego! Meu amigo bilionário, muito bem intencionado, me deu um presente que eu nunca poderia comprar, mas se esqueceu de um detalhe: não tenho como manter esse presente, e acabarei por perdê-lo!

Vejam bem: creio que as pessoas que leram essa ilustração conseguiram entender o seu significado. Se não tenho condições de adquirir um bem material, também não tenho condições de adquirir a salvação com meus esforços, pois a salvação é infinitamente mais valiosa do que qualquer bem material. Ora, se não tenho como adquirir a salvação, também não sou capaz de, uma vez recebida gratuitamente de Deus, mantê-la incólume até o fim, pois não sou capaz nem mesmo de manter um bem material, que é perecível, embora muito valioso, mas que não vale tanto como a salvação.

Deus seria imprudente (isso seria um absurdo) se simplesmente entregasse em minhas mãos um bem tão valioso, que custou o sangue de Seu próprio Filho, e não me fornecesse os meios para guardar e preservar esse bem. Assim, Deus me concede gratuitamente a salvação, através da fé que Ele mesmo me dá, e também me outorga o selo que é a garantia de que meu resgate foi pago, e de que não tenho mais nada a pagar, que é o Espírito Santo. Esse mesmo Espírito me dirige os passos e me afasta do que pode me contaminar, e me guarda para o grande Dia do Senhor.

O Espírito Santo, com o qual somos selados, nos revela a vontade de Deus, assim como nos ensina a viver para Deus, produzindo em nós o fruto do Espírito. Ele nos convence do pecado e nos leva ao arrependimento. Não significa que Ele nos manipula, pois continuamos a ter vontade própria e podemos fazer opções que não agradam a Deus, mas, quando isso ocorrer, o Espírito nos levará a ver que agimos conforme a carne e, com amor, demonstrará que há necessidade de mudança. A linguagem do amor é facilmente compreensível, mas se mesmo assim resistirmos, um puxão de orelha do Pai celeste nos fará ver o erro, e, assim, retomaremos o caminho correto.

"Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos elegeu nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e irrepreensíveis diante dele em amor; e nos predestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade, para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as riquezas da sua graça, que ele fez abundar para conosco em toda a sabedoria e prudência; descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; nele, digo, em quem também fomos feitos herança, havendo sido predestinados, conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo o conselho da sua vontade; com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que primeiro esperamos em Cristo; em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória." (Efésios 1:3-14)

"E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção." (Efésios 4:30)

Irmãos, deixemos o evangelho antropocêntrico de lado, e nos concentremos no Evangelho de Jesus Cristo, onde ELE é o centro de tudo, é Soberano e não segue a mentalidade humana.

Abraço a todos, e que o Espírito Santo, no qual fomos selados para o Dia do Senhor, nos dê entendimento para não mudarmos a Palavra de Deus conforme nosso orgulho, e nos leve a reconhecer que não temos condições de adquirir nem de manter a salvação por nossos esforços, e devemos, por isto, confiar unicamente em Jesus Cristo.

A paz de Cristo a todos.
José Vicente
06/07/2009

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

DEUS ENDIVIDADO?

“Portanto, que diremos sobre nosso pai humano Abraão? Se de fato Abraão foi justificado pelas obras, ele tem do que se orgulhar, mas não diante de Deus. Entretanto, o que diz a Escritura? ‘Abraão creu em Deus, e isso lhe foi creditado como justiça’. Ora, o salário daquele que trabalha não é considerado como favor, mas como dívida. Todavia, ao que não trabalha, mas crê em Deus, que justifica o ímpio, sua fé lhe é creditada como justiça.” (Romanos 4:1-5)

A Carta de Paulo aos Romanos é de uma riqueza teológica profunda. Nessa epístola, o apóstolo disserta sobre os fundamentos da fé cristã, pontos básicos e essenciais que devem estar bem claros e firmados na mente daquele que professa sua fé em Jesus Cristo como seu Senhor e Salvador.

Paulo fala sobre a criação e como ela revela a Deus. Ele discorre sobre como o pecado entrou no mundo, e como ele foi transmitido por herança a toda a humanidade. Pondera sobre as consequências do pecado na vida presente e naquela que há de vir, não permitindo que ninguém se engane quanto à certeza da ira divina sobre os filhos da desobediência. Quando tudo parece apenas julgamento e condenação, Paulo apresenta a misericórdia de Deus, que, por Sua Graça, salva da ira aquele que a Ele se achega com coração sincero e arrependido, através de Jesus Cristo. O apóstolo apresenta uma bem estruturada explanação sobre a ausência de discriminação por parte de Deus, que não faz separação entre judeus e gentios, tendo chamado todos ao arrependimento. Ele também fala sobre aspectos práticos da vida cristã, englobando o cotidiano do ser humano convertido a Jesus.

Um dos grandes objetivos de Paulo nessa epístola é demonstrar de forma clara e definitiva que a salvação não depende da prática de boas obras, visto que ninguém tem nada a oferecer a Deus a fim de obter o bem mais precioso que alguém pode alcançar, que é a vida eterna.

Assim, dentre as diversas explanações que Paulo faz sobre o tema, encontramos aquela que está no capítulo 4, versículos 1 a 5, onde ele se refere a um personagem bíblico muito conhecido de todos (principalmente dos judeus daquela época), para ilustrar a forma como Deus justifica e salva uma pessoa independentemente da prática de obras.

Abraão, como se sabe, é chamado de “nosso pai da fé”. Foi um homem muito temente a Deus, e que manifestou sua fé em Deus em situações que poderiam ensejar reações bem diferentes daquelas que ele teve. Quando Deus mandou que Abraão deixasse seus parentes e sua terra, e fosse para um lugar que ele próprio nem sabia onde se localizava, mas que seria mostrado por Deus, ele não ficou questionando ao Senhor, mas obedeceu e partiu para onde Deus determinou.

Ainda, sendo já velho, e ante a esterilidade de sua esposa Sara, Abraão achava que não teria descendentes, mas Deus lhe prometeu que ele seria pai de uma grande nação. Ele creu e a promessa foi cumprida, vindo o filho Isaque. Anos mais tarde, novamente sua fé foi posta à prova: Deus mandou que ele sacrificasse o filho Isaque, a quem tanto amava. Ele obedeceu, na certeza de que, assim como Deus fizera nascer um filho a um casal que não poderia tê-lo, também tinha poder para fazê-lo ressurgir dentre os mortos. Deus não deixou que ele sacrificasse o filho, providenciando um cordeiro como substituto para o holocausto, tendo ficado muito evidente a grandeza da fé de Abraão em Deus.

Então, Paulo invoca o exemplo de Abraão, que viveu 430 anos antes de ser dada a Lei, que somente foi promulgado através de Moisés após o êxodo do Egito, para demonstrar que foi unicamente pela sua fé em Deus que ele foi justificado, e não pela prática de obras. Assim, não fazia sentido os judeus tentarem impor aos gentios convertidos o cumprimento dos preceitos da Lei, sustentando que isso era necessário para que fossem salvos, pois a salvação nunca se deu por obras, e sim pela Graça de Deus, mediante a fé.

Para deixar mais claro o que pretendia demonstrar, Paulo diz: “o salário daquele que trabalha não é considerado como favor, mas como dívida”. O que isto significa? É simples: quem trabalha tem direito à remuneração pelo serviço prestado. Assim é que funciona entre patrões e empregados. O patrão, após o trabalho realizado pelo empregado, torna-se devedor com relação ao salário, e, se não pagar, pode ser cobrado até mesmo judicialmente. Da mesma forma, se a nossa justificação e salvação fossem baseadas nas obras por nós realizadas, Deus estaria em dívida para conosco!

Esse tipo de pensamento levaria à conclusão de que Deus teria dívida até para com os ímpios, aqueles que não vivem conforme a Palavra de Deus e, muitas vezes, nem creem nEle, mas que praticam obras de caridade, contribuem financeiramente com instituições beneficentes, fazem penitências, etc. Pode haver algo mais absurdo do que isto? Deus sendo devedor aos homens!

Ora, foi Deus quem criou o homem, e não o contrário. Deus criou todo o universo, e entregou ao homem este mundo para que dele cuidasse e nele vivesse bem. O ser humano não é dono de nada, ele na verdade está inserido nessa imensa criação que pertence a Deus. O criador nada deve à criatura. Se a criatura existe, ela, sim, deve isso ao criador.

Alguém poderia imaginar Deus endividado? Seria possível visualizar Deus sendo cobrado por crentes ou mesmo por ímpios, por causa de boas obras que estes tenham feito em vida, e tendo que abaixar sua cabeça, resignado, pagando ao homem o que lhe deve? Isso soa extremamente herético, e não tem como ser aceito por quem tem um mínimo de conhecimento bíblico e temor a Deus.

Mas Paulo usa esse raciocínio exatamente para demonstrar o quão absurda é a idéia que muitos judeus tinham naquela época (e muitos religiosos, inclusive cristãos, ainda têm hoje), de que é possível obter a justificação de nossos pecados perante Deus através da prática de boas obras, do cumprimento de leis religiosas, usos e costumes, sacrifícios pessoais, penitências, etc.

Deus não deve nada a ninguém.

Boas obras não pagam nem apagam pecados, muito menos compram um lugar no céu. Como está escrito no livro de Jó, “se pecares, que efetuarás contra ele? Se as tuas transgressões se multiplicarem, que lhe farás? Se fores justo, que lhe darás, ou que receberá ele da tua mão? A tua impiedade faria mal a outro tal como tu; e a tua justiça aproveitaria ao filho do homem.” (Jó 35:6-8)

Não estou dizendo que não se deva praticar boas obras. Sim, elas têm que ser praticadas o tempo todo, mas não como forma de obter salvação ou conseguir o favor de Deus, e, sim, como obediência à Sua Palavra e para que se evidencie que realmente cremos nEle. Mas, quanto às obras como demonstração da fé, falaremos em outra oportunidade.

Refutando esse tipo de pensamento (de que seja possível obter justificação e salvação através de obras pessoais), o apóstolo afirma: “Todavia, ao que não trabalha, mas crê em Deus, que justifica o ímpio, sua fé lhe é creditada como justiça”. Quando Paulo diz “ao que não trabalha”, não está se referindo, logicamente, ao nosso trabalho diário para obter o sustento material, mas, sim, à prática de obras com o propósito de auto-justificação perante Deus.

Paulo diz claramente que, pela Graça de Deus, e unicamente pela Graça, mediante a fé, somos justificados, ou seja, somos feitos pessoas justas diante de Deus, nossos pecados não nos são imputados, e escapamos da condenação que está reservada para os que permanecem em rebeldia contra Deus (Jo 3:36).

Há pessoas que têm fé em muitas coisas. Alguns têm fé em si mesmos e em sua capacidade de fazer coisas que garantam sua salvação (pura ilusão!); outros creem em objetos; há os que creem em pedaços de madeira ou em artefatos feitos à base de argila, cerâmica, ferro ou coisa parecida, aos quais atribuem qualidades e poder inexistentes; também se encontram aqueles que têm fé em alguma coisa, que nem eles mesmos sabem o que é. No meio da cristandade se encontram os que creem em um deus que não é Deus, mas é um ser subserviente, feito para servir aos humanos e compactuar com toda a maldade do homem. Um Jesus criado pelos homens para ser o validador de projetos humanos falíveis e de simpatias evangélicas que não passam de paganismo disfarçado de cristianismo.

Entenda-se, no entanto, que não é a qualquer tipo de fé que Paulo se refere, mas, sim, a fé em Jesus Cristo, o Filho de Deus que veio ao mundo como homem, sofreu, foi morto na cruz, ressuscitou ao terceiro dia e está sentado à direita do Pai no trono celeste, de onde virá, em dia que ninguém conhece, senão o Pai, para julgar os vivos e os mortos, proferindo a sentença final, que será de condenação aos que não creem nEle, e de absolvição aos que, pela fé nEle, e somente nEle, foram justificados, purificados de seus pecados, e viverão eternamente na presença de Deus.

Não se trata do Jesus criado segundo as conveniências humanas, que é o Jesus da prosperidade, da saúde de ferro, da vingança pessoal, dos empresários fraudadores, dos líderes religiosos exploradores da boa fé alheia, mas, sim, o Jesus segundo as Escrituras, que perdoa, liberta, cura, ama incondicionalmente e não exige nada em troca, apenas a fé daquele que O busca.

Através de Jesus Cristo, o Verdadeiro, até mesmo o pior dos ímpios pode obter a redenção dos pecados, a justificação e a salvação, mediante a fé autêntica, que gera arrependimento, transformação de vida, e é resultado da Graça de Deus derramada sobre cada coração.

Graça é favor imerecido. É quando Deus nos concede algo de bom que não merecemos. No caso, Ele nos dá a salvação, não porque sejamos boas pessoas ou porque façamos boas obras, mas porque Ele nos ama e deseja a nossa salvação, tanto que enviou Seu Filho para morrer em nosso lugar e pagar pelos nossos pecados, como nosso substituto, não restando, assim, sacrifício a ser feito por nós, que apenas somos chamados a ter fé exclusivamente nEle.

A justiça feita em Cristo garante que possamos nos apresentar justificados perante Deus, sem mais nenhuma acusação contra nós, porque Ele pagou o preço por nós.

Portanto, Deus não está, nunca esteve e nunca estará em dívida para conosco. Nós, sim, tínhamos para com Ele uma grande dívida, mas Jesus pagou essa dívida (Col 2:13-14), e o que nos resta é crer nEle e agradecer eternamente pelo presente recebido.

Que YAWEH, o Deus Altíssimo, abençoe a todos, e abra o entendimento àqueles que ainda não compreenderam a Graça de Deus, e ainda tentam obter perdão e salvação com esforços próprios, não descansando na fé em Jesus Cristo.

José Vicente
07/08/2009